30 de outubro de 2006

Às cartas, Presidente!

Certo, errado, justo, injusto, não importa mais. Quase 59 milhões de brasileiros disseram domingo, 29 de outubro de 2006, que Luiz Inácio Lula da Silva vai ser presidente do Brasil, pela segunda vez consecutiva, de 1º de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010. Agora resta a ele, o presidente, decidir por que porta deseja entrar para a história passado esse período que tem início e fim marcados. Pelo menos pelo calendário oficial.
Ele pode entrar para a história como o primeiro presidente oriundo da classe operária que fez mais pelo Brasil do que todos os demais, ou então como alguém que chegou à presidência como esperança e saiu tal qual um Collor de Mello.
Um artigo de Frei Leonardo Boff, "A derrota da Casa-Grande", publicado hoje (30/10) em alguns jornais brasileiros, diz que a Senzala derrotou a Casa-Grande, numa alusão à obra magistral de Gilberto Freyre. E assegura, com a propriedade de quem conviveu com o presidente, que Lula é um homem extremamente inteligente. Capaz. E ignorantes são aqueles que o julgam ignorante. Pode ser.
Mas Lula faz parte de um partido político que ainda não encontrou seu lugar na sociedade democrática. Comporta-se às vezes como se estivesse sob ditadura militar. E embora abrigue gente da melhor qualidade, também é porto para uma série de desqualificados. O que vem fazendo a diferença ao longo dos anos.
Não existem "aloprados" na política. Existem honestos e criminosos. Não existem "erros", conforme conceituado pelo presidente Existem atos lícitos e crimes.
Saber a fronteira entre esses dois mundos é necessário ao Governo. Até agora ele teimou em desconhcer sequer a existência do limite.
Vivemos em um regime presidencialista. Quem decide é o presidente. Assim sendo, caberá a esse homem inteligente decidir, ele mesmo e talvez com poucos o influenciando, de que forma entrará para a história. Se pela porta da frente, reverenciado, dentro de quatro anos, ou pela porta dos fundos, até mesmo antes disso e como já aconteceu no Brasil recente.
As cartas estão na mesa. É pegar e jogar o jogo.

27 de outubro de 2006

O insólito...

Sexta-feira, 27 de outubro de 2006, 13 horas, loja da griff Copenhagen no Shopping Vitória, área nobre de Vitória (ES). Uma cliente bem vestida toma café expresso com delicateses e discute política com uma das baristas que a atende.
A barista defende convictamente a candidatura de Geraldo Alkmin. A cliente faz o mesmo em relação à de Lula. E chega a dizer: "Vocês e o resto do pessoal não aceitam mesmo, mas vai dar ele mais uma vez!"
Insólito! Definitivamente insólito!

O mais zangado de todos

Onde foi que eu errei?
Essa pergunta deve estar sendo feita a todo momento por membros do PSDB, PMDB, PFL, PP e outros partidos menos votados, e será ainda mais vezes feita depois de passada a ressaca da contagem de votos da eleição presidencial brasileira de 2006.
Acredito, firmemente, que o mais zangado consigo próprio seja o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sociólogo internacionalmente respeitado, casado com uma antropóloga de renome, passou oito anos no Palácio do Planalto sem atinar para o fato de que está hoje na imensa legião de excluídos do Brasil e na solução desse problema o passaporte "deste país", como gosta de dizer Lula, para uma situação de prosperidade, estabilidade política e crescimento nacional. Fernando Henrique não fez pelos miseráveis nem um décimo do que poderia ter feito.
Lula usou isso. "Nasci como vocês, sei o que vocês sofrem, falo (errado...) como vocês, vou solucionar os problemas de todos vocês". E tome Bolsa Família. Nunca antes um programa meio esmoler rendeu tanto e tão grande quantidade de votos
De incompetente ninguém pode chamar Lula.

Cadáveres aos montes

Está a cada dia mais difícil para as autoridades dos Estados Unidos, particularmente de Nova Iorque, explicar como foi possível eles "esquecerem" centenas de corpos de vítimas do 11 de setembro, enterradas nas proximidades de onde ficavam as Torres Gêmeas. Depois que alguns ossos foram localizados, não se parou mais de encontrar cadáveres. Até o dia 26/10 eram mais de 200 restos humanos. No total, ainda há 1.150 corpos por serem localizados daquela carnificina.
Haverá processos, claro. Uma senhora, Adele Milanowycz, espécie de porta-voz dos familiares dos mortos, mantém até um site na internet para falar diariamente sobre o evento e o trauma dos familiares. Depois que as novas buscas terminarem, um batalhão de advogados deverá requerer indenizações milionárias por culpa de mais esse candente episódio de incompetência explícita das autoridades dos EUA.

16 de outubro de 2006

Coitado do Brasil (3)

Ouvido de um deputado(a) federal reeleito(a) no primeiro turno das eleições gerais deste ano e que toma posse no início da próxima legislatura:
- O aumento vai sair, sim. O próximo presidente, seja Lula ou Alckmin, não vai ter maioria no Congresso. Ou ele aprova ou não governa.
O cidadão(ã) referia-se ao projeto de reajuste salarial que tramita no Congresso Nacional e que reajusta os vencimentos dos parlamentares de R$ 12.847,20 para R$ 24.500,00, equiparando-os aos dos ministros do Superior Tribunal Federal (STF). Trata-se de um aumento de 90,7% num país onde o salário mínimo é de R$ 350,00.
Aliás, registre-se, os últimos reajustes faraônicos concedidos pelo Governo, no caso para o Judiciário, foram concedidos depois de pressões.

11 de outubro de 2006

O novo cruzado

Vai de vento em popa a cruzada do jornalista Joe Sharkey, do The New York Times, que usa indiscriminadamente o seu blog na internet para defender os pilotos norte-americanos envolvidos no acidente com o Boeing 737-800 da Gol, no qual morreram 154 pessoas em região sul da Selva Amazônica.
Sharkey parece fazer parte do perfil de jornalistas daquele país - ao que tudo indica, a maioria deles encastelados no Times - que tratam o Brasil com profundo preconceito. Isso vem se verificando já há algum tempo, em episódios diversos, inclusive alguns envolvendo a Presidência da República.
Como última providência, Sharkey retirou do blog as correspondências enviadas por brasileiros protestando contra seu posicionamento, sob a alegação de serem elas caluniosas, difamatórias e ameaçadoras. Ele vê fantasmas. Talvez seja um admirador das brincadeiras do Dia das Bruxas. Talvez seja alguém que leva tão a sério os critérios de patriotismo a ponto de desconsiderar a verdade dos fatos.
Em se tratando de americanos do Norte, tudo é possível.

10 de outubro de 2006

Coitado do Brasil (2)

Até o último domingo, dia do primeiro turno das eleições gerais e presidenciais do Brasil, o país estava na estaca zero no que diz respeito à crise entre a Petrobrás e o governo da Bolívia, no tocante à crise do gás e à produção de gasolina.
De repente, não mais que de repente, das trevas fez-se a luz. E nos dias que se seguiram ao primeiro turno, à reação do candidato Geraldo Alckmin contra o presidente Lula, a Petrobrás incrementou os entendimentos com o governo poliviano, a ponto de se dizer que, hoje, estamos às portas de um acordo.
Será um acordo de interesse brasileiro?
Ou será um acordo que, no caso de uma vitória tucana nas eleições do dia 29 deste mês de outubro, quando haverá o segundo turno do pleito presidencial, deixará o "companheiro" Evo Morales com a faca e o queijo nas mãos, com o contrato que sempre sonhou e sem que o novo governo do Brasil possa - pelo menos teoricamente - reclamar nossa dignidade e nossa soberania?
Às apostas, senhores!

6 de outubro de 2006

DICA: novo espaço político

Para quem não conhece, Arlindo Villaschi é capixaba, Professor Associado e Pesquisador de Economia da UFES (licenciado), Doutor em Economia pela Universidade de Londres, Mestre em Economia pela Universidade da Califórnia, Especialista em Problemas do Desenvolvimento Econômico pela CEPAL/ILPES. Ele está recomendando um site sobre política que tem tudo para dar certo.
Trata-se de uma iniciativa de "um jovem profissional de informática" como diz o Arlindo e poderá ser nova e preciosa contribuição numa área em que todos nós, brasileiros, precisamos de espaços alternativos, tanto para adquirir conhecimentos quanto para debater assuntos relacionados ao futuro político do Brasil.
Vamos ler, portanto.

4 de outubro de 2006

Permissividade que mata

Vejamos: se eu não posso desligar o velocímetro do carro, não posso desligar o marcador de gasolina nem os outros equipamentos, por que um piloto pode fazer isso com o Transponder e utros equipamentos para cometer uma loucura do tamanho da cometida pelo comandante e co-piloto do Legacy que derrubou o 737-800 da Gol?
A maioria dos acidentes de aviação ocorrem em aproximação. Muitos, mais muitos pilotos mesmo, deixam desligados instrumentos importantíssimos como são os casos, por exemplo, do Transponder e do Traffic Alert and Collision Avoidance System, o TCAS, hoje presentes em qualquer avião moderno. Eles têm que ficar desligados obrigatoriamente no solo, mas são vitais para auxílio ao vôo, quando só devem ser tornados inoperantes se apresentarem defeitos que prejudiquem esse mesmo vôo.
Os instrumentos têm comandos à mão dos pilotos que podem decidir, até mesmo para fugir da ação dos radares, se os mantêm ligados ou se os desligam. E aí mora o perigo. Os regulamentos de aviação são permissivos demais. E essa permissividade, aliada à irresponsabilidade, mata muito. Sexta-feira última, matou 155.

Hora de tira-teima

Agora Lula tem que explicar todos os escândalos nos quais seu Governo se meteu nos últimos tempos, e dizer que não sabia é pouco.
Agora Geraldo Alkimin tem que explicar ao menos os 400 vestidos que sua esposa teria ganho como presente de um estilista paulista.
Tudo isso vai ser checado na hora da eleição de 29 de outubro.
Eles só não precisam explicar as alianças que estão fazendo para chegar ao poder. Como a maioria das coisas que acontecem em política nesse país, beiram a promiscuidade. Situação em que, faça-se Justiça, o governador Paulo Hartung não aceitou nem chegar perto quando perguntaram a ele, na TV, se votaria no presidente regional de seu partido - o inescrupuloso PMDB - no Espírito Santo.