5 de dezembro de 2008

Pauperismo metafórico


O dia 04 de dezembro de 2008 foi triste para a história brasileira. Falando no Rio de Janeiro, em público, com imagens de TV sendo gravadas, o presidente Lula comparou a crise econômica mundial a "uma diarréia" (que classe!). Imaginou-se um "Dom Quixote pregando sozinho o otimismo." (nunca deve ter lido Dom Quixote!). E completou justificando esse otimismo usando de mais um artifício de metáfora insana: perguntou ao público se eles preferem que o médico, ao receber o paciente grave, diga a ele que vai tratá-lo com remédios ou, então, que afirme: "Meu...sifu!". Foi o fim da picada.


São de Lula, sobre a crise econômica atual, as seguintes afirmações:


30 de março de 2008: ”Bush, meu filho, resolve a sua crise”;
17 setembro 2008: “Que crise? Pergunta pro Bush”;
29 de setembro de 2008: “O Brasil, se tiver que passar por aperto, será muito pequeno”;
30 de setembro de 2008: ”A crise é muito séria e tão profunda que nós ainda não sabemos o tamanho”;
22 de setembro de 2008: ”Até agora, graças a Deus, a crise não atravessou o Atlântico”;
4 de outubro de 2008: ”Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”;
5 de outubro de 2008: “Queremos que esse tema da crise seja levado ao Congresso”;
8 de novembro de 2008: “Ninguém está a salvo e todos os países serão atingidos pela crise”;


Recordo-me de um jornalista, Walmor Miranda, que tinha algumas tiradas interessantes. Gostava muito do jornal A Gazeta, onde trabalhava, e quando via alguém fazendo alguma coisa que pudesse prejudicar ou comprometer sua empresa, dizia: "Coitada d'A Gazeta!"


Faz muitos anos que o velho Walmor morreu. Mas hoje sinto vontade de dizer, diante desse pauperismo metafórico que não impede o presidente de bater recordes de popularidade ao mesmo tempo em que coleciona uma incrível quantidade de besteiras e insanidades ditas em público, o inevitável:


- Coitado do Brasil!

27 de novembro de 2008

O CFJ, a má fé e os sofismas


Vira e volta, anda e pára, e o assunto "liberdade de informação" ou de "expressão" volta à baila. Na maioria das vezes, trazido ao público pelos chamados "órgãos de comunicação". Foram eles que torpedearam recentemente as tentativas de se criar um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), assunto enviado e que chegou a ser aprovado pelo Congresso Nacional.


O que estaria por trás disso?


Duas coisas e dois vícios de origem: o primeiro, partido dos proponentes do Conselho, todos eles comprometidos com o PT - melhor dizendo, com o atual Governo - e que pretendiam fazer desse Conselho um veículo de controle da informação. O segundo, partido dos combatentes do Conselho, todos eles poderosos meios de comunicação - melhor dizendo, antigos beneficiários da ditadura militar - e que querem acabar com a regulamentação da profissão de jornalista.


São esses dois vícios de origem, e não a idéia do Conselho, o que deturpa a discussão.


Existe Conselho Federal de Medicina para fiscalizar o exercício daquela profissão. O mesmo se diga com relação ao de Engenharia, de Odontologia, de Arquitetura. E a Ordem dos Advogados do Brasil, que é o conselho federal dos juristas. Todos têm como incumbência impedir que gente estranha, não habilitada, invada uma profissão regulamentada.


Claro que quem quer controlar a informação invade um dos pressupostos básicos da democracia. Mas quem quer torpedear a regulamentação de uma profissão e se esconde por detrás de sofismas para alcançar esse objetivo, faz o mesmo.


Melhor agiriam os autores das propostas do Conselho Federal de Jornalismo se mostrassem sua cara e suas intenções. Melhor fariam os que o combatem com proposições escusas se agissem da mesma forma.


Nem os primeiros continuariam a se comportar como tem quer a volta de um estado policialesco, nem os segundos prosseguiriam agindo como se estivessem defendendo a democracia hoje, depois de viver duas décadas à margem dela, apoiando quem a estuprava.


Mas que um Conselho Federal de Comunicação, ou um Conselho Federal de Jornalismo, como instrumento de defesa de uma profissão regulamentada é uma necessidade, isso ninguém tem dúvida. Ninguém agindo de boa fé.

4 de novembro de 2008

O desafio dos Estados Unidos


Faz muito tempo: Cassius Clay (esse moço aí ao lado), que logo depois se tornaria Muhammad Ali ao se converter ao islamismo, pontificava no boxe onde era campeão mundial dos pesos pesados. Estava invicto e já era comparado a Rock Marciano, que nas décadas de 1940/50 foi considerado o maior boxeador de boxe de todos os tempos nos Estados Unidos.

Como o computador também se firmava naquela época, alguém teve a idéia de remeter ao melhor de todos de então os dados dos dois lutadores. O computador "aprendeu" boxe e foi programado para fazer uma luta hipotética entre Clay e Marciano. Depois de algum tempo, deu o veredito: Rock havia vencido a luta por pontos. Por poucos pontos, mas venceu.

Foram perguntar ao perdedor - pois o ganhador já havia morrido num acidente aéreo - o que ele achava do resultado. Cassius, que era negro, respondeu: "Esse computador foi construído no Alabama". Numa alusão ao racismo exacerbado daquele Estado norte-americano. Rock Marciano, primeiro ídolo real do boxe no país, era branco.

Isso se passou décadas atrás. Quando ainda havia, nos Estados Unidos, banheiros para brancos e negros. Colégios para brancos e negros. Ônibus para brancos e negros. Cassetetes policiais para brancos e negros. Hospitais para brancos e negros. Numa época em que os "afro-americanos" ou "coloreds" não tinham direito algum.

Os tempos mudaram, as leis também, pessoas como Martin Luther King morreram por um país mais digno, mas mesmo assim os Estados Unidos - como de resto em parte também o Brasil - ainda não são um país de liberdades e igualdades raciais. Esse é o desafio que Barak Obama representa. O de ajudar os EUA a virarem a página. Se eles querem o reconhecimento do mundo, devem começar essa tarefa respeitando seus próximos compatriotas, suas diferenças e sua sociedade multi-racial. Depois vai ser mais fácil obter o respeito fora de lá.

23 de outubro de 2008

Oração do Povo Brasileiro



Está na internet a "Oração do Povo Brasileiro". Impagável!!! Enquanto vocês olham aí ao lado dona Marisa e "Nosso Guia" sorridentes, vamos rir um pouco lendo o texto abaixo. Não precisa ser de joelhos. Rindo muito, os joelhos doem.
Não sei quem é o autor. Ou autores. Mas eles são muito, muito engraçados. E, na sua irreverência, contam um pouco de nossa história recente. Do que sabemos, do que já lemos e também do que não lemos porque ninguém publicou. Vamos lá:

Oração do povo brasileiro


Pelo projeto político do deputado Clodovil
Pelo 'espetáculo do crescimento' que até hoje ninguém viu
Pelas explicações sucintas do ministro Gilberto Gil
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo jeitinho brejeiro da nossa juíza
Pelo perigo constante quando Lula improvisa
Pelas toneladas de botox da Dona Marisa
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo Marcos Valério e o Banco Rural
Pela casa de praia do Sérgio Cabral
Pelo dia em que Lula usará o plural
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo nosso Delúbio e Valdomiro Diniz
Pelo 'nunca antes nesse país'
Pelo povo brasileiro que acabou pedindo bis
Senhor, tende piedade de nós!

Pela Cicarelli na praia namorando sem vergonha
Pela Dilma Rousseff sempre tão risonha
Pelo Gabeira que jurou que não fuma mais maconha
Senhor, tende piedade de nós!

Pela importante missão do astronauta brasileiro
Pelos tempos que Lorenzetti era só marca de chuveiro
Pelo Freud que 'não explica' a origem do dinheiro
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo casal Garotinho e sua cria
Pelos pijamas de seda do 'nosso guia'
Pela desculpa de que 'o presidente não sabia'
Senhor, tende piedade de nós!

Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar
Pelo espírito pacato e conciliador do Itamar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar
Senhor, tende piedade de nós!

Pela 'queima do arquivo' Celso Daniel
Pela compra do dossiê no quarto de hotel
Pelos 'hermanos compañeros' Evo, Chaves e Fidel
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas opiniões do prefeito César Maia
Pela turma de Ribeirão que caíu na gandaia
Pela primeira dama catando conchinha na praia
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo escândalo na compra de ambulâncias da Planam
Pelos aplausos 'roubados' do Kofi Annan
Pelo lindo amor do 'sapo barbudo' por sua 'rã'
Senhor, tende piedade de nós!

Pela Heloisa Helena nua em pêlo
Pela Jandira Feghali e seu cabelo
Pelo charme irresistível do Aldo Rebelo
Senhor, tende piedade de nós!

Pela greve de fome que engordou o Garotinho
Pela Denise Frossard de colar e terninho
Pelas aulas de subtração do professor Luizinho
Senhor, tende piedade de nós!

Pela volta triunfal do 'caçador de marajás'
Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais
Pelo Galvão Bueno que ninguém agüenta mais
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna farra dos nossos banqueiros
Pela quebra do sigilo do pobre caseiro
Pelo Jader Barbalho que virou 'conselheiro'
Senhor, tende piedade de nós!

Pela máfia dos 'vampiros' e 'sanguessugas'
Pelas malas de dinheiro do Suassuna
Pelo Lula na praia com sua sunga
Senhor, tende piedade de nós!

Pelos 'meninos aloprados' envolvidos na lambança
Pelo plenário do Congresso que virou pista de dança
Pelo compadre Okamotto que empresta sem cobrança
Senhor, tende piedade de nós!

Pela família Maluf e suas contas secretas
Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca
Pela mãe do presidente que nasceu analfabeta
Senhor, tende piedade de nós!

Pela invejável 'cultura' da Adriana Galisteu
Pelo 'picolé de xuxu' que esquentou e derreteu
Pela infinita bondade do comandante Zé Dirceu
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna desculpa da 'herança maldita'
Pelo 'chefe' abusar da birita
Pelo novo penteado da companheira Benedita
Senhor, tende piedade de nós!

Pela refinaria brasileira que hoje é boliviana
Pelo 'compañero' Evo Morales que nos deu uma banana
Pela mulher do presidente que virou italiana
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo MST e pela volta da Sudene
Pelo filho do prefeito e pelo neto do ACM
Pelo político brasileiro que coloca a mão na 'm'
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo Ali Babá e sua quadrilha
Pelo Gushiken e sua cartilha
Pelo Zé Sarney e sua filha
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas balas perdidas na Linha Amarela
Pela conta bancária do bispo Crivella
Pela cafetina de Brasília e sua clientela
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo crescimento do PIB igual do Haití
Pelo Doutor Enéas e pela senhorita Suely
Pela décima plástica da Marta Suplicy
Senhor, tende piedade de nós!

Para que possamos ter muita paciência
Para que o povo perca a inocência
E proteste contra essa indecência
Senhor, dai-nos a paz !!!

16 de outubro de 2008

A exoneração do coronel


A Vale, antes conhecida como Companhia Vale do Rio Doce, abriu hoje (16/10/2008) em Vila Velha, região metropolitana da Grande Vitória, mais particularmente no Shopping Praia da Costa, a exposição “200 Anos de Imprensa no Brasil”, com um café da manhã que reuniu convidados e freqüentadores do local em geral.
Composta por vários tubos de plástico que são mantidos cheios por ventoinhas elétricas (veja foto do local), a exposição, de muito bom gosto, traça um perfil superficial mas interessante da imprensa brasileira, sobretudo e principalmente para os que não a conhecem e que, infelizmente, são muitos. Com explicações e reproduções de belas capas.
Mas são 200 nos de história e muita coisa tem que ficar para trás. Nas conversas que surgiram quando da abertura da mostra, entre os jornalistas que estavam presentes, provocou grandes gargalhadas a recordação de dois fatos. De dois jornais tornados humoristicamente célebres.
Na época da composição a quente, quando as letras eram compostas em chumbo, não era de todo incomum alguma cair. E as palavras ficavam incompletas. As revisões eram feitas sobre as páginas montadas e muitas vezes os revisores ou jornalistas encarregados delas deixavam passar os erros. Em comum havia antes, como há hoje, o fato de que jornalistas trabalham correndo muito. E essa correria acaba sendo a mãe de todos os erros.
Quando morreu Pablo Picasso, A Gazeta publicou com destaque: “Morre Picasso, o maior pintor do mundo”. Na hora da revisão, o jornalista e editor do jornal, Nabor Vidigal, não viu que uma letra havia caído do “pintor”. E saiu em A Gazeta: “Morreu Picasso, o maior pinto do mundo”.
Pior ocorreu com O Diário, que não circula mais. Ninguém sabe de quem foi o erro, mas era época dura de ditadura militar e um coronel do Exército, comandante da Polícia Militar, pediu exoneração ao então governador Christiano Dias Lopes Filho, porque sua mulher não havia se adaptado ao Espírito Santo. O governador concedeu a exoneração a pedido.
Em O Diário, o editor escreveu: “Comandante da PM é exonerado a pedido”. Quando o título desceu para a oficina e foi composto alguém deixou cair um “d” de "pedido". Alguém da revisão não viu isso. E no dia seguinte o jornal estampava, em pleno regime de exceção e em letras garrafais o título: “Comandante da PM é exonerado a peido”.
Muita gente teve daquela redação que ficar alguns dias escondida da fúria do coronel e seus auxiliares até que a poeira baixasse. E ela custou a baixar... Na ocasião custava mesmo...

24 de setembro de 2008

Gratuidades escondidas


Quem quiser tirar uma cópia da certidão de nascimento ou de casamento, não precisa mais ir até um cartório, pegar senha e esperar um tempão na fila. O cartório eletrônico já está no ar! Nele, você resolve essas (e outras) burocracias, 24 horas por dia, on-line. Cópias de certidões de óbitos, imóveis e protestos também podem ser solicitados pela internet. Para pagar é preciso imprimir um boleto bancário. Depois, o documento chega por Sedex. Basta digitar o endereço eletrônico.

Esse, parece, é um serviço da maior importância. Divulguemos.

Para o Auxílio à Lista, telefone 102 ? Não! Agora é: 08002800102. Vejam só como não somos avisados das coisas que realmente são importantes. Na consulta ao 102, pagamos R$ 1,20 pelo serviço. Só que a Telefônica não avisa que existe um serviço verdadeiramente gratuito. Não custa divulgar esses fatos para mais gente ficar sabendo. Importante: documentos roubados - BO - dá gratuidade - Lei 3.051/98. Você sabia disso? Acho que grande parte da população não sabe. É que a Lei 3.051/98 nos dá o direito de, em caso de roubo ou furto (mediante a apresentação do Boletim de Ocorrência), gratuidade na emissão da 2ª via de documentos como Habilitação (R$ 42,97); Identidade (R$ 32,65) e Licenciamento Anual de Veículo (R$ 34,11). Para conseguir a gratuidade, basta levar uma cópia (não precisa ser autenticada) do Boletim de Ocorrência e o original ao DETRAN p/ Habilitação e Licenciamento e outra cópia à um posto do IFP.

Fácil, não? Fácil mas pouca gente sabe.

16 de setembro de 2008

Sem bússola!


Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética se acusavam mutuamente de imperialistas. E ambos o eram. De um lado havia os interesses imperiais capitalistas e, de outro, os comunistas. A guerra foi fria o tempo todo porque o poder real, aquele representado pelas bombas atômicas, sempre serviu como um resfriador de tensões. Muito mais do que as certezas ideológicas, foram as nucleares as garantidoras da paz.

Nas constantes crises sul-americanas o termo voltou à moda. Seja para que a Venezuela de Hugo Chaves acuse os Estados Unidos, seja para que o Evo Morales da foto mantenha seu frágil poder na Bolívia. E nos dois casos não existe a questão imperial como ela se colocava no passado, como ela deve ser entendida se quisermos estudar o fenômeno à luz de um entendimento político mais claro.

Chavez quer ser o sucessor de Fidel Castro. Poderá até conseguir, isso caso no âmbito do poder em seu país e nas áreas de influência mais próximas. Porque os cubanos vão querer fazer o sucessor de Castro dentro das fronteiras do país deles.

As crises sul-americanas, em cujo ápice hoje se encontra a boliviana, na verdade são uma luta por afirmação, pela imposição e/ou descoberta do papel de cada um no cenário político regional. Sim, porque a Guerra Fria pode até voltar. Mas hoje é passado.

Talvez nosso maior problema resida no fato de que os principais atores políticos sul-americanos da atualidade não conseguem encontrar seu espaço exato de atuação numa América do Sul ainda envolta em vários problemas, tanto econômicos quanto étnicos/culturais.

E enquanto tudo isso acontece à nossa volta, até mesmo com a influência nefasta de bolhas econômicas que levam o terror às principais economias mundiais, qual é o espaço do Brasil nessa arena? Poderia ser um espaço de relevância, se o governo brasileiro o conhecesse. Mas não conhece. Navega nesse mar de incertezas buscando terra firme sem bússola. Porque a gente só encontra os caminhos nessas águas quando sabe onde quer chegar.

11 de setembro de 2008

Coisa melhor


"Por isso é que a água é salgada? É por causa do pré-sal? Eu pensei que fosse por causa do xixi que as pessoas fazem na praia no domingo."

"Estamos cavando tão fundo que qualquer dia vai ter um japonezinho na broca da Petrobrás e vamos ter problemas internacionais."

Os dois, digamos, acessos fonéticos seríssimos reproduzidos acima, são do presidente Lula. Foram cometidos na plataforma P-34, da Petrobrás, quando ele veio ao Espírito Santo pela última vez para "retirar" uma amostra de petróleo do pré-sal (lá está o homem na foto, ao lado de uma funcionária da estatal petrolífera).

Todo mundo riu. Todo mundo, não. Uma amiga minha de longa data, jornalista, sentiu-se mal em ver o presidente de sua República expor pela milionésima vez, em público, seu lado gaiato. Diante de um grande número de pessoas e da imprensa internacional. E não foi só ela. A outras pessoas, as "piadas" pareceram mais uma vez sem nível, sem propósito, de total mau gosto.

Não, não é preconceito. Mas o Brasil merece coisa melhor.

21 de agosto de 2008

O STF e o resgate da dignidade


O Supremo Tribunal Federal (STF), que funciona nesse belo prédio da foto, proibiu, agora de forma clara e definitiva, o nepotismo nos três poderes da República. Está proibida a contratação de parentes de 1º, 2º e 3º graus para o Judiciário, Legislativo e Executivo. Exceções apenas nos chamados cargos políticos, que seriam ministros e secretários de estados e municípios. Portanto, de agora em diante as pessoas tomam posse nos cargos públicos e não dos cargos públicos.

Essa decisão deveria ter sido tomada pelo Poder Legislativo, pois dorme lá, em berço esplêndido, regulamentação de texto constitucional que jamais foi concretizada. Data da Constituinte de 1988. Mas como a classe política prefere o suicídio moral ao exercício ético de suas obrigações, mais uma vez o Judiciário fez seu papel.

E isso não é tudo.

É possível que o Legislativo tente derrubar a lei que proíbe à classe política fazer dos partidos seu quintal de casa. Que impede a troca de legendas a cada eleição, sempre de maneira sorrateira e com propósitos inconfessáveis. A alegação, sem sentido, é fragilíssima: os políticos não querem usar uma camisa de força. Muito engraçado... Nos Estados Unidos eles a usam desde a proclamação da Independência, e lá o Partido Republicano é muito mais importante do que George W. Bush, da mesma forma que o Partido Democrata está acima de Bill Clinton.

Porque na Democracia Representativa - e vamos colocá-la em letras maiúsculas, sim - os partidos ficam acima dos homens e não o inverso. Até porque a eles - os partidos - cabe ter e defender uma ideologia política, um programa discutido e aprovado, uma diretriz abrangendo todos os níveis de sua atividade, uma norma de conduta à qual todos devem se submeter, dentre outros requisitos. E que aos filiados cabe seguir. E isso só é possível, na Democracia Representativa, com legendas fortes, atuantes e fidelidade partidiária. Nunca em um país onde viceja a pornografia política, as legendas de aluguel e o oportunismo político. Sobretudo e principalmente, a subserviência ao Poder Executivo, corporificada no atrelamento de apoio trocado por cargos e vantagens inconfessáveis.

Temos que lutar pela manutenção da lei que obriga os políticos a serem fieis aos seus partidos de escolha e não os trocarem a cada eleição. Aos princípios da fidelidade partidária. Só isso garante a ética na vida pública. O mais é prostituição política.

O Judiciário e o nepotismo


A decisão do Supremo Tribunal Federal, este imponente prédio de Brasília, confere um pouco mais de dignidade à atividade pública no Brasil. Está proibido o nepotismo nos três poderes e a súmula que normatizará a decisão, uma vez editada, não dará mais campo a discussões. De uma vez por todas, políticos - sobretudo - tomarão posse apenas nos cargos e não dos cargos.
O trágico é que essa deveria ter sido uma decisão tomada pela classe política. Repousa em sono profundo no Poder Legislativo Federal o projeto de lei que tornaria norma a decisão tomada ontem pelo Judiciário. Como o Legislativo não cumpriu seu dever constitucional, outro poder fez isso por ele. E mais uma vez a classe política sai arranhada de um episódio onde poderia ser autora de ato normativo, dignificante, ético e resgatador da respeitabilidade da classe.
Enfim, é assim que se prefere.
Mas o STF precisa ficar atento. "Na calada da noite", como diria vovó, políticos sem escrúpulos tramam derrubar a norma legal que proíbe a troca de partidos como se faz a troca de cuecas. Alegando não querer ficar manietados, políticos municipais, estaduais e federais pretendem continuar tratando os partidos políticos como propriedades pessoais, como entidades a serviço de seus anseios particulares. Isso precisa ser evitado de todas as formas, com força legal.
A Democracia Representativa se sustenta, no campo político, na figura dos partidos, devendo estes serem sempre

7 de agosto de 2008

A omissão grave


Acompanhando pela TV - ou outro meio de Comunicação - o noticiário dos Jogos Olímpicos de Pequim, esses da bela ilustração ao lado, a gente nota uma coisa muito interessante: o assunto "esporte" praticamente divide espaço, meio a meio, com o assunto "política". E é imensa a disposição dos coleguinhas jornalistas brasileiros, principalmente das grandes redes de Comunicação - sobretudo a maior delas - de falar sobre a falta de liberdades individuais, coletivas (da sociedade civil, enfim) dos chineses que vivem sob o regime comunista desde a ascensão de Mao Tse Tung ao poder. Às vezes isso chega a torrar a paciência daqueles que conhecem fatos políticos, a lítica como objeto de estudo, e busca apenas o esporte nesse caso. Nessa cobertura jornalística em particular.

Mas há uma omissão grave: os brasileiros que foram a Pequim para os jogos, receberam uma espécie de "cartilha" do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), pelo qual eles estão proibidos de quase tudo. Não podem falar de política, não podem usar adesivos, não podem isso, não podem aquilo, não podem aquilo outro. O "não" é a tônica do impresso. Por essas normais, os direitos de cidadania que as redes de TV tanto reclamam para a população da China - o que, em última análise, é problema deles -, no caso dos brasileiros, ficaram aqui.

Agora o interessante: ninguém critica isso. Ninguém acusa o COB. Ninguém pergunta aos atletas do Brasil se, para eles, essas restrições significam um atentado às liberdades que a Constituição de 1988 consagrou para todos nós, os brasileiros do Oiapoque ao Chuí.

Parece que as preocupações para com a liberdade começam a terminam na China. Entre os chineses. Aliás, como era aqui na época da ditadura militar que durou de 1964 a 1985, quando nenhum órgão da grande imprensa a contestava. Todos permaneceram caladinhos. Quietinhos. Até quando viram que o regime havia, literalmente, apodrecido.

Só aí se tornaram paladinos das liberdades civis.

30 de julho de 2008

A execução do soldado Slovik


O presidente dos Estados Unidos, George Bush, autorizou a execução do soldado Ronald A. Gray, acusado de quatro assassinatos e oito estupros num intervalo de oito meses nos anos 1980. Militares só podem ser executados nos EUA com autorização presidencial. As notícias relativas ao assunto falam que essa será a primeira execução em meio século.

Pois vamos à outra: no final da II Guerra Mundial, um soldado americano, Eddie Slovik, entrou em pânico durante um combate e fugiu da batalha. Conseguiu reunir coragem e se apresentou aos superiores, dois ou três dias após. Acusado de alta traição, de deserção, foi julgado e condenado à mote. Acabou sendo o único soldado dos Estados Unidos morto por seus parceiros durante o conflito, diante de um pelotão de fuzilamento formado por chocados, transtornados companheiros seus.

O general George Smith Patton Jr., um psicopata de alta patente que já havia esbofeteado outro soldado num hospital de campanha ao saber que ele estava internado "por causa dos nervos", pediu a morte do jovem porque, caso contrário, "eu nunca mais teria como olhar para os olhos de um soldado corajoso". Slovik, filho de imigrantes russos - eis seu verdadeiro crime - havia sido batedor de carteiras em Nova Iorque e tido algumas passagens pela prisão. Quem quiser conhecer melhor a história da barbaridade que ele sofreu em fins de 1944 pode ver o filme "A Execução do Soldado Slovik (The Execution of Private Slovik, EUA, 1974)", cujo cartaz ilustra esse texto. Trata-se de uma obra feita com honestidade.

24 de julho de 2008

O gênio esquecido


O cidadão na foto aí ao lado foi um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 - Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) é o escritor brasileiro considerado um dos mais importantes nomes da literatura desse país e identificado pelo crítico Harold Bloom, além de outros tão importantes quanto este, como o maior escritor que a humanidade já produziu.
De sua vasta obra, que inclui ainda poesias, peças de teatro e crítica literária
, destacam-se o romance e o conto. É tido como um dos criadores da crônica no país, além de ser importante tradutor, vertendo para o português obras como Os trabalhadores do Mar, de Victor Hugo e o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente na também chamada de Casa de Machado de Assis.

Reparem na data da morte dele. Repararam? Pois vai ser completado um século. E o Brasil simplesmente não homenageia isso. Quem passar pelas livrarias vai encontrar dificuldades para localizar mais de dois ou três títulos seus, isso se tiver sorte.

Mulato num país escravocrata, pobre, gago e epiléptico, ele tinha tudo para ser um fracassado na vida. Mas era um gênio. Quem um dia quiser ter uma aula sobre como escrever narrativa, pode ler alguma coisa dele. Não precisa nem ser muito. Basta um conto. Só a "amostra grátis" já serve como um curso de pós-graduação.

Mas ele era brasileiro, coitado. E como ocorre com a maioria dos brasileiros de valor incontestável, de estatura que merece ser copiada, foi simplesmente esquecido.

18 de julho de 2008

Um câncer brasileiro



As obras do novo aeroporto de Vitória foram paralisadas, outra licitação terá de ser feita e mais uma vez os capixabas terão um ano de canteiro parado pela frente antes que tudo seja reiniciado. E o novo aeroporto é uma necessidade imperiosa num Estado que cresce a ritmo acelerado. O atual, este visto na foto, não atende mais às necessidades.
Mas que motivos levaram à paralisação das obras? Por que o Tribunal de Contas da União, o TCU, denunciou superfaturamento nos preços cobrados pelo consórcio que venceu a primeira licitação pública?
Fácil: porque esse é o retrato do relacionamento das empreiteiras de obras públicas e o poder no Brasil. Um relacionamento marcado, sobretudo e principalmente pela promiscuidade. Uma troca de favores inescrupulosa, que troca, dentre outras coisas, verbas de campanha por obras públicas.
Além disso, e como parte dessa promiscuidade, os contratos celebrados entre os “consórcios” e o poder público favorecem o superfaturamento na medida em que permitem reajustes sem delimitar fronteiras, sem fazer constar responsabilidade, inclusive jurídicas, para o não cumprimento de itens contratuais, e ao dar poderes quase absolutos às empreiteiras.
Elas são as donas do Brasil. Ganham licitações fazendo acordos de cartas marcadas, superfaturam as obras, paralisam os canteiros quando bem entendem e ainda recorrem à Justiça para parar tudo enquanto itens contratuais são discutidos e o dinheiro público é jogado no esgoto.
Isso não é novo no Brasil. E não se limita às grandes obras públicas como a do aeroporto de Vitória. O consórcio que superfaturou os preços agora vai ditar as cartas para aceitar um rompimento sem recurso à Justiça. E deverá estar presente à nova licitação, concorrendo outra vez. E se ganhar, ganhará um contrato que vai favorecê-lo novamente, como sempre ocorre.
A isso se dá o nome de corrupção. Um câncer brasileiro com características próprias, mas forte e resistente do que os existentes em outros países.

11 de julho de 2008

Carta ao Bradesco


A carta abaixo foi enviada ao Bradesco por um correntista. Fica aí a sugestão à Febraban - reforçada pelo slogan dela, que pode ser visto na ilustração acima: "Um sistema financeiro saudável, ético, eficiente é condição essencial para o desenvolvimento econômico do país" - para enviá-la a todos os bancos:


CARTA ABERTA AO BRADESCO

Senhores Diretores do Bradesco,

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria assim: todo mês os senhores, e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira, mecânico, costureira, farmácia etc). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao pagante. Existente apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
Por qualquer produto adquirido (um pãozinho, um remédio, uns litros de combustível, etc) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até um pouquinho acima. Que tal?
Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade.
Minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho. O padeiro me atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão, assim como, todo e qualquer serviço.
Além disso, me impõe taxas. Uma 'taxa de acesso ao pãozinho', outra 'taxa por guardar pão quentinho' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo em seu Banco.
Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os senhores me cobraram preços de mercado. Assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pãozinho.
Entretanto, diferentemente do padeiro, os senhores não se satisfazem me cobrando apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma 'taxa de abertura de crédito' equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pãozinho', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco.
Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura da padaria', pois, só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.
Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como papagaios'. Para liberar o 'papagaio', alguns gerentes inescrupulosos cobravam um 'por fora', que era devidamente embolsado. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos gerentes inescrupulosos. Agora ao invés de um 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00. Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 'para a manutenção da conta' semelhante àquela 'taxa pela existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros (preços) mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quentinho'. Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me atendeu me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer. Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de seu Banco.
Por favor, me esclareçam uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc. e tal. E, ademais, tudo o que estão cobrando está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central.
Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem seu negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam garantidas em lei, tais taxas são uma imoralidade.

Atenciosamente.

3 de julho de 2008

Duas notícias


Eram duas as notícias a serem classificadas distantes no espaço mas não no tempo. Num dos casos, sem qualquer tipo de dúvida: o resgate de Ingrid Betancourt, na foto da AP com os dois filhos, tratava-se mesmo uma vitória contra o terrorismo. No outro havia a dúvida: teria sido aquele tresloucado palestino que atacou dezenas de pessoas com um trator - logo um trator - um terrorista ou simplesmente um homem que, de repente, perdeu a estribeira?

Gosto de ver os noticiários das TVs brasileiras em dias (noites) como a de ontem, 02 de julho.

Para a Globo, não restam dúvidas. O terrorismo foi derrotado na Colômbia. Mas até as convicções globais, tão sionistas em seus comentários, balançaram um pouco no caso seguinte: quem era o maluco do outro lado do mundo? Teria sido ele o autor de "um dia de fúria", como chegou a ser proposto. Aquele ataque, positivamente, não tinha "a cara" do hamas. Faltavam as bombas... Atacar com trator? Não faz sentido!

O homem do trator quebrou a unanimidade ao ter seu momento de fúria. Morto, não vai poder explicar seus gestos. E logo será esquecido porque o noticiário, por vários dias, se concentrará agora na certeza: em Ingrid e na vitória contra os terroristas das FARC. A visão ocidental de terror, aqui, não faz concessão alguma à dúvida.

Do tratorista não restará muita coisa. Aliás, o chefe de Estado de Israel já determinou que, "como manda a lei, sua casa deve ser demolida". Ou seja, não vai restar nem ao menos a casa. De forma que pouco importa se o indivíduo era terrorista ou não - tenha esse termo o significado que tiver para quem o usa - quando o terrorismo de estado, no caso de Israel, decide sua sentença, sem julgamento algum, mas com base "na lei".

Apesar dos seis anos de cativeiro, Ingrid poderá explorar sua unanimidade mundial da forma como bem entender. Inclusive indicando-se sucessora de Álvaro Uribe na presidência da Colômbia, quando as próximas eleições chegarem. Que azar, presidente!

18 de junho de 2008

Ao vencedor, as batatas


O "apocalipse" se aproxima. Tive exata noção disso ao acompanhar, dia após dia, o noticiário de nossas TVs acerca da alta do preço dos alimentos. Eles sobem, sobem, sobem a não mais parar. Mas tudo pára de subir um dia. Até porque a alta dos preços mata primeiros aqueles que não têm nada. E os outros, os que têm, ou fazem um acordo ou fazem a guerra.

Lembrem-se do grande Joaquim Maria Machado de Assis: "Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".

É claro que a solução para a alta dos alimentos não se encontra nas proximidades dos discursos de Lula. Nem na "vontade política" de Bush. Tem relação com o petróleo, claro; com a fome na Índia e na China, lógico; com a queda da produção, óbvio; mas nascerá um dia. Preferencialmente de um acordo voltado primeiro aos que nada têm. Os demais são parte do todo.

Caso contrário, ao vencedor, as batatas...

28 de maio de 2008

Picaretas On Line


Meu caro leitor: existe na Internet um domínio de picaretas chamado Quiz. Pois bem, os donos dessa coisa cujo logo vai aí ao lado, pretensamente recebem uma inscrição sua para sorteios de porcarias como pen drives. E eles ficam mandando torpedos seguidos para seu celular. Cada torpedo depois é cobrado pela operadora a R$ 0,43. Some os inúmeros por mês e você vai ver para onde sobe sua conta.

No tal site não há endereço, telefone, nada. Somente o lugar para inscrever seu telefone e concorrer. Todo tipo de sacanagem pode ser feito. Eu tive que ligar para minha operadora e cancelar o recebimento dos torpedos. Tome cuidado. Se você cair nesse conto-do-vigário, a identificação da origem da ligação virá na sua conta como sendo "Plantão Mobi". Espalhe isso. Divulgue para todo mundo. Vamos impedir a propagação desse tipo de desonestidade que vem crescendo no Brasil de hoje.

Repito: o Quizpremiado é picaretagem. E da grossa.

27 de maio de 2008

A Educação e o apedeuta


Um belo dia, desses recentes, Carlos Vereza deu entrevista ao programa Soares. Entrevista que não foi ao ar, pasmem, na emissora que defende com tanta veemência a liberdade de imprensa. À certa altura, criticando o presidente Lula, disparou Vereza:

- Estamos vivendo a época da glamourização do apedeuta!

Talvez, quem sabe, seja por isso que a entrevista não foi ao ar. Sempre que se lembra, à respeito do presidente, sua pífia escolaridade, a declaração é taxada de preconceituosa.

Mas reporto-me ao episódio apenas para introduzir-me em um tema que pretendo curto: na semana da primeira década de existência da revista Época, várias pessoas ouvidas falaram das perspectivas futuras do Brasil e praticamente ninguém se esqueceu de dizer que nossas chances de crescimento estão umbilicalmente atadas ao investimento em Educação.

Correto; faltam-nos vergonha na política, recursos energéticos, infra-estrutura urbana e rural, oferta de postos de trabalho e outros itens mais. Mesmo assim ninguém se esquece de dizer que o melhor caminho em direção ao crescimento, inclusive para corrigir todos os outros erros - ou ausências - é o investimento em Educação. Em escolas capazes de produzir cidadãos de excelência, como essa aí da foto, a UFV. Assim fizeram todos os países que antes eram pobres e hoje exibem condições ímpares de oferta de conforto para seus cidadãos.

Qual é nosso desafio, portanto? Encontrar os meios e modos de fazer isso? Não, eles já existem.

Encontrar a vontade política de fazer isso? Não, ela parece apenas hibernar.

Acordar o apedeuta? Tocar sua mente? Talvez seja isso.

20 de maio de 2008

Picaretagem com marca da PF


Corre pela Internet um e-mail com pretensa mensagem da Polícia Federal, marcado com o escudo da corporação (esse aí ao lado) e o seguinte teor:

"Delegacia de Polícia Federal

Departamento de Investigação a Crimes de Informática.
Prezado (a) Senhor(a): Através do novo sistema de investigação e monitoramento virtual, verificamos que, o endereço IP, utilizado por sua máquina, acessou um site de conteúdo ilegal, segundo a nossa Constituição Federal, através do nosso Código Civil.
Através de um rastreamento investigativo, efetuado por nosso sistema, foi verificado também o acesso dessa conta de e-mail, no mesmo dia, onde, em contato com seu provedor de internet/e-mail, conseguimos seus dados pessoais. Por isso, estamos encaminhando a V.S.ª este e-mail, com o intuito de esclarecimentos sobre a investigação aberta sobre tal acesso.
Solicitamos a V.S.ª que efetue a confirmação de seus dados pessoais, informados no Formulário Eletrônico, bem como respondendo as questões solicitadas, para efeito comprobatório de tal esclarecimento solicitado, através do link fornecido abaixo.
O não preenchimento no prazo de 48 horas, implicará na intimação de seu comparecimento em uma Unidade da Delegacia de Polícia Federal de sua região, através de um de nossos agentes."

Quando você olha acima, no endereço de envio, está lá a picaretagem: De: Polícia Federal (comercial@zamba.com.br)

Gente, cuidado com isso.

Polícia Federal, alerta com isso!

7 de maio de 2008

Duas considerações


Carlos Vereza, inteligente e culto ator brasileiro, concedeu entrevista ao programa de Jô Soares recentemente. Sobre isso, duas considerações.
No curso da entrevista, fazendo críticas ferinas - e infelizmente corretas - ao Governo, ele disse: "Estamos vivendo a glamourização do apedeuta!" Uma constatação que muitos já tiveram. Muitos têm. E poucos dizem de público para não serem tachados - equivocadamente - de preconceituosos. Ninguém nesse país pode chamar o presidente Lula de ignorante. E ele é!
A segunda consideração é terrível. A entrevista não foi ao ar. Tem no total mais de cinco minutos, discorre sobre assuntos da atualidade e denuncia as mazelas desse governo. Não foi ao ar. Jô Soares trabalha na Rede Globo, a emissora que defende com unhas e dentes a liberdade de expressão. Que se diz inimiga das ditaduras (terá sido assim durante a nossa?) e não se conforma com a cassação de um canal de televisão da Venezuela.
O que aconteceu? Foi um momento de fraqueza? Um breve retorno ao passado?

Diferencial de qualidade


Joel Santana (olha ele aí), o folclórico técnico campeão pelo Flamengo (e pelos outros três grandes clubes do Rio de Janeiro) concedeu longa entrevista a uma emissora de TV fechada nas vésperas de sua ida para a África do Sul. Contou a história de uma vida sofrida.

Resumo da ópera: começou pobre, não conseguiu se firmar no Vasco da Gama e foi parar no América de Natal onde se tornou ídolo por quatro anos. Sentiu que não teria futuro depois de parar de jogar sem o diferencial de qualidade de um diploma universitário. Investiu em seu sonho e se formou em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Iniciou, então, a carreira de treinador. Empolgado emendou com mais ou menos isso:

- Eu me formei. O resto do pessoal não fizeram curso...

Pensava eu, na minha ignorância, até aquela noite, que o diferencial de qualidade do Joel fosse apenas a prancheta com a qual desfilou por todos os cantos. Ledo engano. Ele também é professor de Educação Física e credita a isso sua vitoriosa carreira de treinador.

Vamos dar esse conselho aos garotos que se iniciam no futebol capixaba e que tem mais ou menos o nível do potiguar. Se o pessoal não seguirem o conselho, azar.

5 de maio de 2008

Preta e Costinha


Confesso ter certa ojeriza por programas de TV do estilo "reality show". Mas ontem, domingo 04/05/2008, não consegui trocar de canal ao passar pelo SBT. No "Domingo Legal", um homem que vive de lixo era procurado por Gugu Liberato (esse cidadão sem paletó e de gravata aí na foto) e foram ambos à casa onde ele - o entrevistado - morava. Houve choros em profusão. Emoção daquelas pessoas humildes por conhecerem uma figura pública - e notória - da televisão. Iam ganhar uma casa de presente, já que a sua atual está caindo aos pedaços. Mas não esperei para ver essa parte. Meu estômago é sensível...

O incrível, no entanto, é que Preta, a esposa, e Costinha, o marido - e se parece mesmo com o velho personagem do humor - eram pessoas articuladas. Falavam corretamente, concatenavam suas idéias e contavam de maneira clara uma vida marcada por muita dureza, 47 anos de casamento, quatro filhas já casadas e um final de vida de dar pena: uma velha se virando em casa para complementar a aposentadoria de um salário mínimo num improvisado salão de cabeleireiro e um homem fuçando o lixo. Nenhum dos dois consegue trabalho regular, embora estejam há anos se apresentando para um lugar seja lá onde for.

Fiquei vendo aquilo com o pensamento num fato: minha filha mais velha está fazendo seu segundo curso superior e pretende, no trabalho de conclusão em Psicologia, desenvolver um estudo sobre a falta de espaço para as pessoas de certa idade no mercado de trabalho desse Brasil que só dá certo na visão de alguns horários nobres.

Preta e Costinha são a imagem desse país. À margem do processo produtivo, embora com vontade de trabalhar, vivem de migalhas e ainda precisam torcer para a casa, construída faz meio século pelo pai do catador de lixo, não lhes caia na cabeça numa noite de temporal. Não sei que tipo de casa ganharam ou ganharão do programa do SBT. Nem interessa.

Eles estão sendo ajudados por um demagógico esforço de audiência e não por uma efetiva política de Estado de inclusão de trabalhadores no mercado de trabalho. E isso tudo acontece, incrível do incrível, ao mesmo tempo em que o Ibope de Lula sobe. Bom, dessa parte entendo muito, porque Comunicação é minha área. Mas fica para uma próxima oportunidade.

25 de abril de 2008

De ética e de fronteiras


As críticas feitas por cardeais da Justiça Brasileira aos poderes Executivo e Legislativo por ocasião da posse do ministro Gilmar Ferreira Mendes (foto) na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e a repetição dessas críticas pelo próprio ministro Gilmar menos de 24 horas depois coloca a nu dois problemas que os brasileiros terão de enfrentar, mais cedo ou mais tarde: a falta de compromisso ético e de independência de boa parte dos membros dos três poderes da República e a não existência de uma fronteira legal clara de exercício do poder em cada uma das esferas de poder, o que leva a desencontros e à reiterada intervenção do Judiciário no Executivo e no Legislativo.

O ministro Mendes e seus pares têm razão quando criticam o Executivo por exorbitar de seus poderes no uso discricionário de Medidas Provisórias, dentre outras mazelas. E também quando o alvo é o Legislativo, que faz tudo no seu dia-a-dia, menos trabalhar como é o hábito dos demais brasileiros. E quando se fala trabalhar, no caso de parlamentares, isso significa legislar. Mais uma vez, dentre outras mazelas.

O Judiciário, por atos não muito raros de seus membros, igualmente conquistou a desconfiança da população. O corporativismo que o marca e as regalias que possui e às quais não renuncia - muito pelo contrário, tenta ampliar - são seus dois principais pecados. Aqui no Espírito Santo assiste-se, já há algum tempo, ao espetáculo de um cidadão que não é julgado porque todos os desembargadores se dizem impedidos. O réu é irmão de um deles.

Nós, brasileiros, precisamos de uma campanha de civismo. De um movimento de cunho nacional, não obrigatoriamente de caras-pintadas, mas de caras-de-todos-com-vergonha, para mudar esse quadro. Para exigir e cobrar comportamento ético aos membros dos três poderes e também para fazer com que a Constituição delimite de forma clara onde começam e onde se findam as responsabilidades de cada um deles. Obrigando cada esfera a assumir suas obrigações.

Ou isso ou, talvez em médio prazo, poderemos viver uma crise institucional de grande envergadura. Não seria a melhor solução, mas a História - basta consultá-la - mostra que os grandes impasses também solucionam problemas. É que às vezes sai sangue...

16 de abril de 2008

O (baixo) nível retratado


- Para quem antes falava "menas laranja" falar "en passant" é uma evolução linguística.

Eis aí mais um acesso verbal dos mais sérios do excelentíssimo senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o sorridente da foto. E mais uma vez cometido em discurso diante de platéia de pessoas simples e para a qual ele joga, diga-se a bem da verdade, com grande competência.

Disse isso depois de questionar exigência de que fiscais encarregados de fiscalizar o ITR terem de possuir diploma de curso superior num país "onde o Presidente da República não tem".

Maravilha!

Seria interessante informar aqui que um professor de ensino público de Pernambuco, Estado natal de sua excelência, recebe um piso de R$ 599,00. O menor do Brasil. À guisa de informação, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que avaliou 57 países, deixou o Brasil em 53º lugar em Matemática, 52º em Ciências e 48º em leitura. É imensa a quantidade de crianças e adolescentes nesse país que terminam o ensino fundamental sem saber interpretar um texto. Já o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revelou recentemente que o aluno médio brasileiro termina a 4ª série sem dominar as quatro operações básicas: somar, subtrair, multiplicar e dividir.

Problema nenhum: eles são o retrato do nível do excelentíssimo senhor Presidente da República.

15 de abril de 2008

A testemunha silenciosa (ou silenciada)


Chama-se Pietro a única provável testemunha da violenta morte da menininha Isabella Nardoni (aí ao lado, junto com a mãe em foto de família). Ele tem três anos de idade e, se seu pai e sua mãe estão mentindo, estava na cena do crime quando a meio-irmã foi agredida, jogada pela janela do 6º andar de um prédio e morta. E estava acordado, pois uma criança de 3 anos não consegue permanecer dormindo com uma briga aos gritos da mãe com o pai e com os berros desesperados da irmã mais velha, pela qual sentia muito amor.

Existe uma especialidade (?) chamada psiquiatria e/ou psicologia forense, capaz de desvendar casos como este. Um policial disse há alguns dias não cogitar ouvir essa criança porque o procedimento vai traumatizá-la. Ora, se ela presenciou um crime, ainda mais envolvendo uma irmã, pai e mãe, traumatizada já está. Embora, em defesa da tese policial, haja opiniões especializadas dizendo que um trauma pode aumentar se o menino for ouvido agora. Ele estaria, então, sendo preservado ao máximo.

A Polícia afirma de forma categórica, nesse caso que entorpeceu o Brasil, que um pai e uma madrasta, sem motivo algum aparente, mataram de forma brutal uma menina de 5 anos. E nenhum dos dois estava bêbado ou havia ingerido qualquer outro tipo de droga. Não é possível compreender isso.

Alexandre e Anna Carolina, por outro lado, gritam que são inocentes e que não praticaram o crime. Para eles, uma terceira pessoa entrou no apartamento pertencente aos dois e, também sabe-se lá porque, torturou e matou a menina. Que gritava, segundo vizinhos: "Papai, papai, papai, pára, pára..." Parece alguém chamando pelo pai. Gritando por socorro a ele.

Se os pais mataram a menina, Pietro viu. Se não foram os dois, ele também ouviu a gritaria e viu que a irmã não estava mais no apartamento quando foi trazido junto com o irmão ainda bebezinho. Há uma testemunha. Silenciosa ou silenciada. Não se sabe ao certo.

8 de abril de 2008

Vamos visitar museus?




Vocês gostam de museus? Querem visitar os maiores do mundo, aqueles que contam com os acervos mais valiosos, mesmo sem gastar em passagens, hospedagens, vistos e outras coisas mais? A emoção não é a mesma, mas vale a pena ver. A gente pode fazer essa viagem, seguindo o roteiro que vem abaixo. A foto que ilustra esse texto é um detalhe do Hermitage, da Rússia, um dos maiores museus do mundo e também dono de um acervo de valor incauculável. Basta ir clicando e acessando esses museus:


Vale a visita a dois museus: Castro Maia - Açude e Chácara do Céu. São dois primores. O do Açude tem uma localização bucólica, porcelanas da Cia das Ìndias, Debrets, etc... Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro De linhas retas, jardins de Burle Marx, tem Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Portinari e outros. Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro. Prédio em estilo renascentista. Tem Victor Meireles,Rodolfo Amoedo, Almeida Jr. Eliseu Visconti. Coleção de barrocos italianos e 8 obras de Franz Post. Esse site dá boas indicações de museus. Petrópolis - RJ - Imperdível. Tem até espetáculo de son et lumière duas vezes por semana. Museu de Arte de São Paulo - São Paulo - Velasquez, Rembrandt, Rafael, Cézanne, Monet, Renoir, Van Gogh, Matisse, Picasso... MAM - Museu de Arte Moderna - São Paulo Veja obras de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Tomie Otake. E vai por aí...
Divirtam-se

4 de abril de 2008

Borra de café contra a dengue!


Vivemos época de apreensão relativa ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, doença que, na forma hemorrágica, chega a matar e tem provocado muitas mortes no Brasil. Então, anote uma dica simples e eficiente: com borra de café você impede que o mosquito transmissor se reproduza, trazendo perigo. Mata-o como larva mesmo, da forma como está aí acima.
A receita é usar uma solução de duas colheres de sopa de borra para meio copo de água – e ir dobrando a dose sempre que preciso – ou então aplicar a borra diretamente em vasos de plantas, sem diluir em água. E também em outros locais onde o mosquito se reproduz. No caso dos vasos, você ainda estará adubando as plantas, de graça. Maiores informações sobre o assunto podem ser colhidas em www.apromac.org.br/dengue.htm.
Isso não é brincadeira. É sério e dá resultados. Como a maioria dos brasileiros tem o saudável hábito de beber café, pode matar esse mosquito depois do último gole.

20 de março de 2008

Imigração ilegal tem solução


Pode parecer brincadeira - se bem que de mau gosto - mas as autoridades brasileiras perdem tempo discutindo quando a cafetina ou prostituta brasileira - ou ambas as "profissões" - Andréia Schwartz vai voltar ao Brasil. Até um cônsul já perdeu tempo envolvido com o assunto. Como se fosse importante... Num país de tanto problema preocupante, nos envolvemos com coisas desse gênero.
Anualmente, milhares de brasileiros imigram para países estrangeiros, ilegalmente, em busca de trabalho - do fácil ou do difícil, tanto faz - e correndo todos os riscos. A maioria é presa, passa por humilhações e volta para casa. Dias, semanas, meses ou anos depois está de volta à aventura, novamente no exterior sem autorização para ficar. Situação que nunca acaba.
Mas nunca acaba porque as autoridades são lenientes. Vamos propor uma coisa: o indivíduo "X" é preso num país estrangeiro como imigrante ilegal e deportado. Na chegada ao Brasil, tem seu passaporte tomado e cancelado por cinco anos. Depois dos cinco anos, se voltar a ser preso imigrando ilegalmente de novo, perde o passaporte por dez anos. Na terceira vez, por vinte anos. Na quarta, por quarenta anos. E aí deixa de ser problema porque já morreu. Felizmente!
O inverso também pode ser feito: todo estrangeiro deportado do Brasil por estar aqui ilegalmente tem todos os dados de seu passaporte registrados e lançados num banco de dados. Não consegue mais visto de entrada e, chegando a qualquer aeroporto, é embarcado de volta. Se insistir, passa uns dias em algumas de nossas confortáveis cadeias antes de pegar o avião de volta para a casa de onde não deveria ter saído.
É preciso agir assim. Só podemos ser duros se formos honestos. Caso contrário, como protestar quando brasileiros forem tratados como cachorros no exterior?
Senhores deputados e senadores, fazedores de leis às vezes pura e simplesmente imbecis, isso é uma tarefa dos senhores. Mãos à obra! Esse tipo de trabalho não dá tanta notoriedade quanto uma CPI mas vale a pena ser feito. Corrige um problema grave e que se eterniza no Brasil. Gratos pela atenção.

13 de março de 2008

Simplesmente fantástico!


Simplesmente fantástico esse "inocente" exercício de "conhecimentos".

Faça o teste você mesmo, seguindo esses passos:

1º - Vá ao Google;

2º - Digite: politico honesto

3º - clique em 'Estou com sorte' e não em 'pesquisa Google', como seria o natural

4º - veja o resultado com a máxima atenção.

E não é que está certo!

11 de março de 2008

Faesa descumpre leis por R$ 3,00


É desconfortável dizer, mas uma das maiores e mais conceituadas instituições de ensino médio e superior do Espírito Santo desrespeita as leis. A Fundação de Assistência e Educação, conhecida como Faesa e dona do belo logo acima, queria cobrar para imprimir, em sua tesouraria, documento com informações referentes aos pagamentos de mensalidades do ano passado a destinado à minha declaração de Imposto de Renda.
A funcionária da Tesouraria cobrava uma taxa de R$ 3,00 de um aluno pelo documento, quando cheguei. Pedi o da minha filha. Ela disse que custaria R$ 3,00, com nota fiscal e tudo. Nota fiscal de uma ilegalidade! Eu disse que não iria pagar, não sairia de lá sem o documento, que aquilo era ilegal e que exigia falar com um responsável.
Resumo da história: os dados de minha filha foram passados por telefone para um senhor, José Luiz Andrade que, em outro setor, forneceu-me o documento exigido, com todos os dados constantes, mas em papel sem timbre e longe do ambiente onde o computador só emite a versão oficial mediante pagamento da taxa ilegal.
Tenho comigo o documento fornecido. Não o escaneio e divulgo no blog para não expor minha filha. Mas exponho a Faesa. Lamento que ela se porte dessa forma. Uma instituição de ensino como ela, com o conceito que tem no Estado, deveria se portar com ética e respeito às normas legais vigentes.
Ainda que exercendo, caso assim o desejasse, o sagrado direito de discordar delas.

10 de março de 2008

Que Brasil é esse, minha gente!


Pode parecer incrível, mas é verdade. Iniciando um trabalho de coleta de dados de livro de teor histórico que pretendo produzir, entrei em contato com um dos sites do Senta a Pua (esse símbolo simpático aí ao lado), que representa a Força Aérea Brasileira na II Guerra Mundial. "Senta a Pua", hoje popularmente "mete bronca", era o lema dos pilotos brasileiros na Itália.

A pessoa que me atendeu não podia ajudar-me. Não tinha as informações que necessito porque o fato pesquisado restringiu-se a Vitória, Espírito Santo, embora tivesse relação com a Guerra. Mas em certo ponto de seu relato, deixou-me gelado. Leiam-no:


"No Ministério da Aeronáutica eu não saberia dizer (se eu conseguiria obter alguma coisa). Porém, pela experiência que tive com os materiais do 1º Grupo de Caça, acho difícil. Imagine você que os livros contendo todas as missões do Grupo (na II Guerra Mundial) iam ser jogados fora e, se não fosse um dos Veteranos tê-los guardado este tempo todo, estas informações só estariam disponíveis nos Arquivos Norte-Americanos."


Não sei se é para rir, se é para chorar. Ou então se é apenas para ficar pasmo, como estou. Mas o Ministério da Aeronáutica ia jogar fora, no balde de lixo e no lixo da história, todos os dados da aviação brasileira na Segunda Grande Guerra. O livro das missões do 1º Grupo e Caça teria desaparecido, não fosse a mão salvadora de um ex-combatente.

Durma-se com um barulho desses! Que Brasil é esse, minha gente?

6 de março de 2008

Conheça o Clube do Livro


Quero convidar a todos, sobretudo àqueles que lêem esse blog, regularmente ou não, por puro amor à literatura - qualquer que seja o gênero dela - a uma viagem. Busquem e encontrem tempo para dar um passeio ao meu, seu, nosso Clube do Livro . Por sinal, ei-lo visualizado aí acima, na imagem postada para vocês.
Foi criado recentemente por um grupo de viajantes da Internet, alguns dos quais viajam mesmo, e muito, pelo mundo agora, encontrando tempo para ler livros e discutir conteúdos, trocando idéias, contestando pontos de vista, falando sobre verdades e mentiras, o que é sempre discutível porque as minhas verdades não são as suas e nem as suas são as minhas.
Mas é isso o que vale. Dê uma clicada no link e conheça-nos. Estamos à sua espera.

22 de fevereiro de 2008

Para Nelson Calado

Porque ele falava muito, chamaram-no Nelson Calado no meio da aviação. Porque ele acreditava em todos, saiu do quase nada, tornou-se um homem de posses e depois empobreceu novamente. Porque ele amava a família acima de tudo, sua morte, no dia 13 de fevereiro deste ano de 2008, provocou dor intensa em muita gente querida.
Era um excelente piloto. Formado em uma das primeiras turmas do Aero Clube do Espírito Santo, em 1943, participou do esforço de guerra brasileiro na II Guerra Mundial, mesmo sem sair daqui, como membro da Patrulha da Madrugada, um grupo de aviadores que voavam todos os dias, dentre outras coisas patrulhando as costas capixabas para vigiar os portos de uma possível incursão de algum submarino alemão. Por sorte não avistou nenhum e a guerra terminou logo, porque os aviões da patrulha não tinham armamento algum.
Trabalhou com construção civil. Construindo pontes e outras iniciativas no Espírito Santo e Minas Gerais. A primeira estação de tratamento de água de Cachoeiro de Itapemirim, comandou as obras de construção do Cais do Avião, em Santo Antônio, e mais uma série de outras atividades afins e correlatas. E também importantes.
Foi gerente, no Espírito Santo, de uma das primeiras empresas regulares de aviação, a Aerovias Brasil. Na época, com o amigo Djalma Cabral, fundou a Vitur, primeira agência de turismo receptivo do Estado. Trouxe para o Brasil, da Espanha, juntamente com um sócio e amigo, Flávio Torres Ribeiro de Castro, um revolucionário – à época – método de beneficiamento de ferro a frio, fundando, junto com esse sócio, a empresa Armaduras Helitraço, em São Paulo. Fabricou por aqui os primeiros karts e organizou a primeira corrida regular no velódromo do Ibirapuera.
Foi fabricante de peças de alumínio para motores de automóveis Simca quando a esmagadora maioria dos equipamentos do gênero eram feitos em aço. Trabalhou com queimadores industriais, com vendas diversas, com ultraleves e outras atividades mais, sempre ligadas a metais ou aviação. Conhecia tanto do que fazia que, não raro, as pessoas perguntavam a ele em que universidade havia se formado em engenharia. E ele tinha apenas o 2º grau técnico. Ria disso, gostosamente. Afinal, discutia engenharia com engenheiros...
Nos últimos anos, foi um espectador da vida. Espectador crítico e jamais renunciando aos seus princípios, alguns deles hoje relevados. Casou-se e amou a mesma mulher por 64 anos, oito meses e sete dias. Também isso é hoje considerado "ultrapassado".
No dia de seu sepultamento, depois de morrer com complicações várias provocadas por uma queda doméstica aos 88 anos de idade, estavam no velório e no sepultamento menos de cinco dezenas de amigos. Não houve tempo de avisar a todos. As homenagens foram daqueles que realmente o amaram e de algum diletos amigos destes.
Faço aqui o registro da morte de Nelson Calado. Também conhecido como Nelson de Albuquerque Silva, fluminense de Campos dos Goitacazes, brasileiro que viveu intensamente e amou a terra pela qual chegou a patrulhar parte da costa capixaba durante uma guerra sem nunca ter recebido um único “muito obrigado” oficial. Faço isso eu: muito obrigado, meu pai. Você deixa vários exemplos. Que possam ser seguidos.
Legenda: na foto, Nelson Calado está em pé à direita, ao lado da mulher. Sentado, seu cunhado Waldyr. É a última foto do velho Nelson.