30 de março de 2010

O julgamento do inexplicável


Quando a menina Isabella Oliveira Nardoni, essa belezinha aí ao lado, foi morta, em fins de março de 2008, passei alguns dias diante da TV vendo o noticiário e torcendo para que a Polícia conseguisse localizar o tal ladrão que, segundo o pai da criança, invadiu o apartamento dele e a matou por porradas, esganadura e a jogando pela janela do sexto andar do edifício.
A Polícia nada encontrou. Ladrão que não rouba não existe. Imaginei então que o matador seria um pedófilo. Não era, não existia também. A menina não sofreu nenhum tipo de abuso sexual. Só mesmo porradas, a esganadura e foi jogada pela janela.
No julgamento do pai e da madrasta, acusados de responsáveis pela morte, ambos novamente reiteraram que são inocentes. E seu advogado disse que não há provas no processo que os liguem à morte. Só há provas mostrando que a menina de cinco anos morreu mesmo porque levou porradas, sofreu esganadura e foi jogada pela janela.
Quem mais poderia ter matado Isabella? Os meio-irmãos pequenos, menores que ela, um deles bebê? Claro que não. Talvez a gente jamais entenda como um pai relativamente culto e a madrasta idem conseguem cometer um crime bárbaro daqueles. Se a gente fechar os olhos, parece algo nascido de filme de terror absurdo. Parece mentira.
Mas não foi nada disso. Aconteceu mesmo, na maior cidade do Brasil, quando uma garotinha de cinco anos foi passar o final de semana na casa do pai, para matar as saudades dele, dos meio-irmãos e da madrasta. Sem que nada pudesse, possa ou um dia vá poder explicar porque o crime aconteceu. Nem as sentenças dadas ao final do julgamento dos dois, às vésperas da passagem dos dois anos da morte da "Isa", serve de consolo.
Não há consolo para o inexplicável.

11 de março de 2010

A cara do Brasil


A sequência quase interminável de besteiras ditas diariamente pelo presidente Lula alimenta os meios de Comunicação do que eles mais gostam: polêmica. Digo isso de cadeira por ser jornalista profissional e por ter militado por quase três décadas em jornal diário.
Mas não é só isso: a legião de repórteres e outros profissionais de Comunicação que o procuram deliciam-se também com o seu despreparado intelectual. É esse pauperismo de ensino formal e falta de conhecimentos autodidatas que faz com que ele seja capaz de dar as mais desbaratadas declarações o que, invariavelmente, leva a constrangimentos. E a boas risadas.
O exemplo de comparar presos políticos cubanos com criminosos comuns das penitenciárias de São Paulo é um caso exemplar. De deixar pasmos a todos. E Lula viveu, notem bem, a ditadura militar brasileira. Se ele quer defender o regime cubano, e isso é possível, basta citar o bloqueio econômico dos Estados Unidos àquele país, as masmorras de Guantânamo e o fato de que Cuba era um prostíbulo dos EUA à época de Fulgêncio Batista para completar dizendo que uma situação assim sempre vai gerar regimes fechados. Sobretudo, fechados a contestações. Mas, para Lula, para seu QI e sua irresistível tentação de improvisar, isso são detalhes.
Apesar do apoio popular no Brasil a esse presidente - movido sobretudo a estômago cheio - e do estonteante e até certo ponto inexplicável respeito recebido por ele no exterior, o dignatário máximo brasileiro é uma figura caricata. Talvez a mais caricata de todas, desde a época da proclamação da República.
Lula prova de forma cabal que um país com ensino formal deficiente e legiões de pobres ignorantes, é capaz de eleger qualquer um. Sobretudo quem tem a sua cara.