17 de junho de 2010

2014, a Copa do Mundo da Corrupção


Desde que o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, criou-se a estranha discussão acerca das cidades que sediarão os jogos, bem como uma imensa lista de exigências que atingiram sobretudo e principalmente o estádio do Morumbi, em São Paulo. E ele tem as mesmas virtudes e os mesmos defeitos dos demais grandes estádios brasileiros. Mesmo tentando disfarçar, a CBF demonstra não querer jogos lá. É contra, e pronto! Não permite discussão.
O clube paulista já apresentou três ou quatro projetos de adaptação do estádio às novas exigências - como o da imagem que ilustra esse texto, à esquerda - e a cada divulgação surgem pedidos novos. Até que o inevitável aconteceu: o Morumbi não vai sediar jogos da Copa do Mundo. A CBF anunciou a decisão tomada, segundo se diz, em Zurique.
O que há por trás de tudo isso?
Muitos jornalistas e profissionais de áreas outras, mas todos independentes, alertam para um fato: a CBF simplesmente não quer o Morumbi na Copa de 2014. Existem interesses pecuniários ancorados em uma grande construtora/empreiteira de obras públicas brasileira, com contratos em praticamente todas as áreas do serviço público, para que uma arena gigantesca e milionária seja erguida em Pirituba, região da Grande São Paulo. Teria estádio, estacionamento, área de eventos diversos, inclusive musicais, lojas e outros. Mas teria, principalmente durante as obras, grandes chances de faturamento para aqueles que dela tomassem parte, inclusive em superfaturamento de obras, pagamento de comissões e outros.
A Copa do Mundo, faz anos, tornou-se um espetáculo bilionário. Hoje em dia as emissoras de TV e fabricantes de materiais esportivos, além de outros como empresas de bebidas e setores de serviços, abastecem a Fifa com bilhões de dólares (ou euros, se for o caso). E vale tudo para aumentar esse faturamento, essa ganância desmesurada por dinheiro. O céu é o limite!
Mas até onde vai isso? Nós sabemos que, no Brasil, superfaturamentos, caixas dois, pagamentos de propinas e outros, são comuns. E os discursos de última hora ou de conveniência não escondem que altas autoridades do País estão envolvidas nisso agora e sempre. Vamos nos relembrar dos escândalos mais recentes? Ocuparia muito espaço...
Mas há se ter respeito para com o esporte. Denunciar o que está por trás das exigências feitas ao Morumbi e a possibilidade de que dinheiro público seja desviado numa Copa do Mundo da Corrupção é um dever de todos nós. Ainda mais porque ela vai ser jogada aqui.
A Copa da África do Sul está sendo realizada, mas todos os orçamentos foram estourados. Houve lá uma festa com dinheiro do contribuinte, sobretudo do pobre. É um dever de cada brasileiro consciente lutar para que isso não se repita.