28 de agosto de 2012

O conto-do-vigário das assinaturas

Um belo dia minha mãe, que tem 90 anos, entrava em um supermercado. Um cidadão, ao lado de uma banca improvisada com revistas velhas, perguntou a ela se não desejava fazer alguma assinatura. Ela disse não. Mas ele insistiu em dar uma revista a ela de "presente" e pediu seu cartão de crédito. Bobamente ela o deu. Imediatamente ele o passou na máquina de registro de tarjas e disse, vitorioso:
- A senhora acaba de fazer duas assinaturas!
A coitada precisou pegar o cartão de volta, ir ao banco, cancelá-lo e fazer outro. Somente assim não veria parcelas, sabe-se lá de quanto, serem descontadas em cada boleto de pagamento que recebesse. E não foi só isso. Um belo dia, antes do fato do supermercado, ela recebeu um telefonema da Folha de S. Paulo. Tinha ganho uma assinatura de "presente" porque seu marido, meu pai já falecido, havia sido assinante muitos anos. Agradeceu e, sem experiência, passou o número e a bandeira de seu cartão de crédito. No final do mês seguinte veio a conta do presente. Alta, de mais de R$ 100,00 mensais. E deu trabalho cancelar tudo.
Em outro caso, minha mulher se preparava para embarcar de Vitória para Belo Horizonte. Foi abordada no aeroporto por uma senhora que a convenceu a assinar um contrato para recebimento de duas publicações da Editora Três, além de ganhar um "presente" para dar à nossa filha: uma mochila. Somente depois que ela voltou, mostrei a ela que, no site da empresa, setor de assinaturas, era possível fazer o mesmo negócio, com brinde e tudo o mais, pela metade do preço.
Não consigo entender porque empresas grandes, conceituadas, representantes de publicações com largo prestígio no País, precisam se valer desse tipo de artifício para vender assinaturas. As pessoas que abordam cidadãos em aeroportos, supermercados e outros locais, não têm ética, compostura, nada. São apenas desonestas e querem ganhar dinheiro fácil. Nem empregadas das editoras são, porque esse tipo de serviço é terceirizado. Mas, desgraçadamente, as representam.
Deveria haver nesse País leis proibindo esse tipo de prática. Se uma empresa quer dar um "brinde", "presente" ou dê lá o nome que der à prática, em troca de uma compra, jamais poderia alterar o preço do produto ou embutir a mercadoria extra no custo final. Da forma como as coisas se passam, esses "presentes" não passam de embustes. O que é desonestidade. Na mais pura acepção da palavra.  
Minha mulher jura que nunca mais vai cair nesse tipo de conto-do-vigário. Mas há um dano: a Editora Três se nega a cancelar a assinatura porque, no seu custo, estaria embutido o do "presente" recebido no aeroporto e constante do contrato. O que cobre seis meses das dez parcelas contratadas. É muita desfaçatez! Tomem cuidado!         

21 de agosto de 2012

Veja: essa é a face da tortura

Ustra olha pra a câmera. Ele sente remorso pelo que fez?
Um dia desses estava lá a face da tortura: o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo durante o período mais duro da ditadura olhava fixo para a câmara fotográfica que registrava sua presença numa sala de julgamento. Ustra já foi condenado em duas instâncias por cinco membros da família Telles, todos torturados por ele ou a mando dele naquela instalação militar.
Quem acompanha esse caso diz que, apesar das vitórias dos Telles, quando o processo for julgado em Brasília o coronel sera considerado inimputável. Isso porque a Lei da Anistia não permite que ninguém seja condenado por crimes cometidos durante a ditadura. Foi esse o acordo feito com a sociedade civil quando o regime militar brasileiro caiu de podre depois de 21 anos, entre 1964 e 1985. E por isso talvez Ustra nem tenha que pagar os R$ 100 mil a que foi condenado por ter torturado e matado Luiz Eduardo da Rocha Merlino. O processo foi movido pela viúva e pela irmã supliciado.
Pau-de-arara, método cruel de tortura  

Esse coronel sente remorso? Quando ele se olha no espelho, o que enxerga? Um homem ou uma barata? Durante a época da ditadura os militares que comandavam os centros de tortura os chamavam de Departamento de Operações Internas para que a sigla DOI fosse formada. Não era a toa. Era para deixar claro que doía mesmo. Daquela dor que nunca mais deixa o corpo do torturado, porque o humilha. E muita gente foi torturada nua, no pau-de-arara ou tomando choques elétricos na região genital. Por isso sempre me pergunto: o que Ustra vê no espelho de casa?
Sou amigo pessoal de um jornalista que foi preso e torturado durante a ditadura militar. Morava numa pensão e o cardápio do dia era sempre colocado num quadro negro. Quando o levaram queriam saber qual era o código. O que queria dizer arroz, feijão, batata frita, bife e salada. Ele gritava que era comida mas não adiantava. Por fim, esmagaram um seu dedo batendo nele com a coronha do fuzil.
Meu amigo Gildo Loyola passou um longo tempo num hospício. Sim, a tortura enlouquece. Aqui no Brasil há registros disso. E registros que chocam. Pouco faz se Ustra não for condenado. Olhem para a cara desse energúmeno. Todos sabemos que ele é um torturador.  

14 de agosto de 2012

O Projeto Lula: um Reich para o Brasil

Hitler no auge. O projeto dele ruiu com a II Grande Guerra
Adolf Hitler sonhava com um Terceiro Reich de mil anos. Como fazer isso? Num regime totalitário, você pode unir o povo em torno de seu projeto através da mentira que, de tanto ser dita se transforma em verdade, ou através do amor ou ódio a alguma coisa. Hitler, por intermédio da mentira, uniu o povo alemão no ódio aos judeus. E isso o manteve no poder até a morte. Morte que chegou com o fim da II Grande Guerra e de um enorme massacre, inclusive de seu povo.
Lula tinha um projeto de chegar ao poder e manter o PT lá através dos anos. Pelo menos 40, dizem. Sem poderes totalitários, sem meios de usar a força, ele podia utilizar a mentira. Usou e muito bem. Mas precisava conquistar o apoio legislativo, pois na sociedade de Direito isso conta.
O Legislativo brasileiro, e já disse isso antes, é um Poder à venda. Infla seu próprio Poder com cabos eleitorais e outros apaniguados. Infla sua própria estrutura com cabos eleitorais e outros apaniguados.Troca apoio político por cargos comissionados, por postos em ministérios ou secretarias e em empresas públicas de segundo e terceiro escalação. Lula fez tudo isso. Mas como não queria correr riscos maiores comprou, diretamente e à vista, todos os aqueles que estavam è venda. Eram muitos e por isso ficou caro. Do incorformismo de um dos corruptos nasceu e denúncia que desmascarou o mensalão. Se ao final o escândalo vai levar o Projeto Lula ao fim do poço, só saberemos com o correr dos meses. De qualquer forma, o Reich Petista vai morrer na praia porque, no Brasil de hoje, há leis acima dos homens.
Lula com o ministro Gilmar Mendes nos "tempos bons" (foto de O Globo)
Mas como evitar que nosso Poder Legislativo continue como está? Ou os governantes continuam cedendo e pagando ou surge um no Palácio do Planalto para dizer: "Não pago mais! Não nomeio mais! Não troco mais cargos por apoio!". Vão tentar parar o País, inviabilizar o governo dele, mas se ele usar os meios de que dispõe, sobretudo o direito de ir às rádios e TVs para denunciar a pressão corrupta à exaustão, mais cedo ou mais tarde a população se levantará e o ajudará a transformar o País. A dar ao Brasil um Executivo que governe, um Legislativo que legisle e fiscalize o Executivo, um Judiciário que julgue. Nada além disso, pois isso é tudo.
O problema é: quem vai tomar essa decisão? Quem irá à luta para tentar mudar a estrutura de poder corrompida do Brasil? Quem será a cabeça que o País dos vícios tentará colocar no cepo, mas que se erguerá dele graças ao apoio incondicional e livre de mentiras e ódios dos cidadãos? As inscrições estão abertas. E ainda não surgiu no horizonte político essa figura.
Pior para nós. A continuar assim poderemos acabar com o Projeto Lula ao término do mensalão, teremos a oportunidade de desmontar o esquema de aparelhamento e controle dos organismos estatais mas, mais cedo ou mais tarde surgirá outro igual ou parecido. Collor era parecido. E esse demagogo futuro tentará, sem dúvida alguma, criar mais um Reich para o Brasil.     

4 de agosto de 2012

Falta um no julgamento do Mensalão

O STF começa o julgamento do maior dos escândalos com 38 réus em vez de 39   
O julgamento do mensalão, iniciado dia 02 de agosto deste ano em Brasília, está mostrando e vai mostrar o Brasil como ele é realmente. A Ação Penal 470, aos cuidados do Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de suas 50 mil páginas, é uma síntese de todas as mazelas acumuladas ao longo dos anos por uma democracia insipiente e que se sustenta, não no mérito, nos princípios ideológicos que deveriam nortear a vida dos partidos políticos, mas no desvario e na corrupção desenfreada.
Temos um Poder Executivo corruptor e um Legislativo sempre às ordens para ser corrompido. Junto a eles, um Judiciário que, em inúmeras ocasiões, já foi pego com a mão na massa, com alguns de seus membros vendendo sentenças e cometendo outros tipos de crimes inconcebíveis para um setor da sociedade que detém o poder de decidir sobre a liberdade e o patrimônio do cidadão comum.
Apesar de em muitos documentos e declarações de acusados e testemunhas o nome do ex-presidente Lula ser citado como alguém que desde o início conhecia o esquema de compra de apoios parlamentares com dinheiro público e privado e o incentivou, ele não faz parte da lista de réus. São 38 os que estão sendo julgados. Deveriam ser 39. Afinal de contas, de um presidente da República espera-se um mínimo de decência. Sabedor de que o Poder Legislativo estava sendo comprado para que as propostas do governo fossem todas aprovadas ele, caso tivesse princípios, impediria isso. Diria que o País tem que ser governado com honestidade e que um partido político nascido na luta contra a ditadura militar, teve, tem e terá o dever de não delinquir em hipótese alguma.
Falta o grande chefe, ou o omisso, nesse julgamento
Ao contrário, em todas as ocasiões em que foi perguntado sobre o assunto, o então presidente disse que o mensalão jamais existiu. Que ele é fruto da perseguição da imprensa a seu governo. Segundo suas palavras, os meios de comunicação jamais se conformaram com o fato de ele ter sido eleito e reeleito. As provas contidas nos autos não apenas desmentem isso, mas também afirmam duas verdades incontestáveis. A primeira, que o mensalão existiu, é fato, e teve o "amém" do presidente. A segunda, que sem as denúncias dos meios de comunicação esse processo jamais teria chegado onde chegou. Todos os envolvidos viveriam pelo resto de seus dias impunes, nadando em dinheiro roubado. É isso que o hoje ex-presidente não aceita. Contra isso ele luta sua luta inglória.
O julgamento do Mensalão, o maior escândalo político de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e peculato, todos crimes explicitados pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, talvez não leve ninguém à cadeia. Talvez. Mas certamente passará o Brasil a limpo. Mostrará aos brasileiros que esse "complô das elites" contra o "governo popular" do primeiro operário que chegou à presidência só existe na cabeça daqueles que querem apagar a luz do sol. As provas são incontáveis.
E o que se está fazendo é tentar tapar do sol com a peneira.