25 de dezembro de 2013

Os culpados pelas tragédias

Basta olhar para a foto que ilustra esse texto e que tomei emprestada ao Século Diário para ver que encosta alguma como essa resiste oito, dez dias de chuvas intensas sem ceder e deslizar até o chão. É uma inclinação exagerada, sem cobertura vegetal adequada, sem obras de contenção e em dias seguidos de chuvas o chão vai ficando encharcado e se tornando instável até ceder. Então vira sepultura para os moradores do local, sobretudo crianças sem chances de defesa. Essa é uma foto de Colatina, de uma encosta onde cinco corpos, três deles de crianças, ainda não foram localizados.
Ontem a presidente da República esteve no Estado. Fez um voo de meia hora em helicóptero, passou o restante do tempo consultando o relógio, disse meia dúzia de coisas óbvias sem demonstrar um mínimo de emoção e depois foi embora não sem antes dizer que já deu muito dinheiro ao Espírito Santo (p... que p....!), que vai ceder pontes desmontáveis do Exército e que nunca antes havia visto uma tragédia como a nossa. Ao ser questionada sobre o fato de que essa é a primeira vez que visita o Espírito Santo em três anos de governo, respondeu que, antes dela, nenhum presidente veio até aqui em véspera de Natal. Durma-se com um barulho desses...
Já disse e repito: o poder público é o único responsável por isso tudo. Não se pode permitir construções em encostas como essa de Colatina. E elas existem aos milhares. Obras públicas devem ser feitas sempre com grande qualidade, tanto para durarem quanto para justificarem os investimentos. E o assoreamento dos rios deve ser combatido como uma política de Estado. Fazendo apenas isso o poder público impedirá grande parte das tragédias que acontecem.
Mas ele não age assim. Faz vista grossa  para as invasões das encostas pensando nas próximas eleições. Permite o assoreamento dos rios porque combater a prática custa, na maioria das vezes, tocar em interesses de poderosos. E exigir qualidade nas obras públicas vai contrariar grandes empreiteiras que assim ficarão sem como ganhar dinheiro em operações tapa-buraco, quando grande parte do pagamento vai para fundos de campanha ou conta bancária de políticos.
Nossas tragédias se repetem por esses motivos. Todos sabemos disso e ainda não se fez nada efetivo para construir um Brasil que fique a salvo de tragédias assim. Elas acontecerão sempre que a intensidade das chuvas ultrapassar limites aceitáveis e vemos isso hoje na Inglaterra e na França. Mas lá os danos são muito menores em comparação com os nossos. Lá há um compromisso entre aqueles que governam e aqueles que são governados, uns protegendo os outros.
Quero desejar um feliz ano novo a todos. E que em 2014 nós voltemos às ruas para exigir ética, honestidades e responsabilidade àqueles que nos governam. EXIGIR mesmo, com todas as letras maiúsculas. Que os baderneiros fiquem em casa sem nos atrapalhar, por favor. Vamos voltar às ruas sim, minha gente. E de preferência durante a Copa do Mundo.
        

19 de dezembro de 2013

Políticas públicas e o bem público

São recorrentes no Brasil os casos - sempre graves - de inundações, deslizamentos de terra, desmoronamentos e mortes nas cidades e no campo. Em todos os casos, rigorosamente todos, há um culpado e ele se chama Poder Público. É errado culpar o azar, São Pedro ou tentar encontrar outra desculpa esfarrapada. Os responsáveis ocupam os palácios de onde deveriam representar a todos.
Foto minha de uma Vitória parada sob chuva muito forte em via expressa
Especialistas em questões urbanas são unânimes em dizer que, em casos de cataclismos, temporais longos e que saiam muito do padrão das regiões, não há equipamento urbano capaz de resistir. Danos vão ocorrer. Mas quanto mais as cidades são bem construídas, mais elas defendem seus cidadãos de tragédias. Isso acontece nos países onde os cuidados dessa natureza são praticamente uma norma de administração. Uma obrigação.
No Brasil, muitas vezes demagogicamente, permite-se a construção de casas e outros imóveis em regiões de encostas, onde o risco de deslizamento é grande quando chuvas demoradas encharcam o solo e o tornam instável. O saneamento básico não é feito de forma eficiente. Os sistemas de coleta e escoamento de água, a mesma coisa. O capeamento das vias, sobretudo asfáltico, é de péssima qualidade. Os rios são assoreados e permite-se que as pessoas construam em suas margens. Muitas regiões das cidades costeiras e interioranas, e isso acontece na Região Metropolitana da Grande Vitória, estão abaixo da preamar ou então do nível mais elevado dos rios. Quando uma chuva forte se soma à maré alta ou atinge cabeceira de rios, alaga tudo. E o poder público não constrói estações de bombeamento capazes de impedir ou minorar esses danos. Aqui no Espírito Santo, Vitória e Vila Velha são os maiores exemplos de danos dessa natureza. Mas Cariacica e Serra também sofrem com isso. E só estamos falando da Região Metropolitana, sem relacionar os inúmeros casos do interior do Estado onde às vezes eles são mais graves.
O poder público é, além de demagogo, covarde. Em Vitória, a maior estação de bombeamento de água, capaz de impedir alagamentos, fica em frente ao prédio da Rede Gazeta de Comunicação. Como a região alagava e a empresa jornalística gritava contra isso, ela foi protegida. Os que não têm o mesmo poder de fogo continuam à mercê dos danos que as temporadas de chuvas provocam.
Seria preciso mudar as mentes. Mas de políticos e seus assessores já ouvi várias vezes que o mais importante para eles é sobreviver renovando mandatos. Ainda que isso custe a vida de outros. E custa. No Espírito Santo, hoje, já estamos contabilizando mortos. Desabrigados podem chegar a cinco mil. E a meteorologia indica que até domingo teremos chuvas fortes em todo um Estado já bastante castigado.
Até quando? Até quando o cidadão, indo às ruas, sem a "ajuda" de arruaceiros, conseguirem conscientizar o povo brasileiro de que é preciso mudar, mandando para casa a corja política que nos infelicita - não são todos os políticos, diga-se de passagem. É preciso quebrar blindagens, identificar patifes e fazer políticas públicas que visem o bem público. O conforto e a segurança daquele que paga impostos.
Só isso.

12 de dezembro de 2013

O Grande Chefe

Deve ser desconfortável para o delator do Mensalão, Roberto Jefferson, ficar numa prisão onde ele não poderá comer salmão defumado, geleia real e sucos com água de coco. Muito desconfortável. O advogado dele já avisou que são recomendações médicas. Então ele não poderá ir para uma prisão comum, terá de ser outra, incomum.
Conta-se uma anedota acerca de um chefe de estado que mandava que tudo em seu país fosse construído com material da pior qualidade. Era um tal programa tipo Minha Casa Minha Vida Que se Dane. Mas um dia ele chamou às pressas o ministro do setor de obras no Palácio do Entardecer e disse a ele que o projeto da nova penitenciária estava errado. Era tudo uma porcaria. A penitenciária deveria ser construída como aquela que existe em Mônaco. O ministro perguntou o motivo e o presidente respondeu: "A gente nunca sabe do dia de amanhã!"
Roberto Jefferson está acordando para o dia de amanhã. Ele é delator, dedo-duro. Na Papuda, mais 15 presos também acordam. Um deles, José Genoíno ainda está em casa com "graves problemas de saúde". Outro futuro preso, mais valente, João Paulo Cunha, já se comparou a Nelson Mandela: "Se ele ficou 27 anos na prisão posso ficar também." E é uma ótima ideia.
É possível que o Brasil esteja finalmente acordando para uma realidade com a qual ele já teria de ter ficado frente a frente faz muito tempo: não se pode ter um País onde habitem ao mesmo tempo os Roberto Jefferson e as pessoas desesperadas que aparecem nas TVS todos os dias chorando porque as chuvas fortes das últimas 48 horas destruíram suas casas, seus móveis, seus sonhos. Notem uma coisa: a esmagadora maioria delas não tem dentes. Esse é o Brasil da Papuda. Ao menos até agora.
Ainda sonho ver o Grande Chefe lá também.     

2 de dezembro de 2013

Fernandinho também quer pizza

Além da Ordem dos Advogados do Brasil, instituições e pessoas de moral ilibada têm cerrado fogo contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa (que aparece na foto), por causa de seu comportamento à frente do processo 470, o que julgou os "mensaleiros" e os condenou. Ele é acusado de ter atropelado princípios legais e de ter tratado mal seus pares, inclusive com o uso do termo "chicana" em mais de uma oportunidade ao longo do processo que foi transmitido ao vivo pela TV, diga-se de passagem com grande audiência..
Não sou advogado e não entro nesse mérito.
Obviamente ninguém é perfeito. Mas o processo do chamado Mensalão correu por oito anos. Os réus tiveram suas causas defendidas por alguns dos mais renomados juristas do Brasil. Fizeram uso de todos os recursos em lei permitidos e somente foram presos após não haver mais defesa a ser feita. Aliás, minto: condenados que deveriam cumprir pena em regime fechado o fazem no regime semiaberto porque ainda há "embargo infringente" a ser considerado.
Pergunto: tirando os presos do Mensalão, quanto mais dos internos da Papuda puderam recorrer até seus processos chegarem ao Supremo antes de serem presos? Quantos solicitaram julgamento de"embargo infringente" por seus advogados antes de serem finalmente mandados para a cadeia? Quantos foram recebidos na Papuda com uma rodada de pizzas? Quanto tiveram visitas liberadas, inclusive em dias em que isso não é permitido? Quantos, finalmente, são conhecidos por nós?
Que o presidente do STF é grosso, na mais pura acepção da palavra, disso não resta dúvida. Ele já chegou a ser descortês - para dizer o mínimo - até mesmo com jornalistas. Um deles foi mandado "chafurdar na lama" pelo ministro. Não se trata de pessoa de trato fácil.
Mas o mensalão existiu, todos - menos o PT - concordam. E o Brasil em raras oportunidade prendeu poderosos. Todos concordam. E era necessário dar um "basta" à impunidade dos altos escalões do País. Todos concordam. Então, vamos concordar também que possíveis deslizes do ministro, suas palavras duras e o fato de ele ter mantido alguns presos de regime semiaberto em fechado por 48 ou 72 horas antes de corrigir o fato, é um mal menor.
Fala-se até em afastamento do ministro. A OAB quer patrocinar isso? Quer ser parte disso? Se acontecer um fato dessa natureza até Fernadinho Beira Mar vai soltar foguetes de onde se encontra. Sim, porque ele também gosta de pizza e detesta regime fechado.    
        

30 de novembro de 2013

O crime ainda oculto

Vamos nos esquecer por algum tempo do fato de o helicóptero (na foto) de Gustavo Perrella -  ou da empresa dele, como preferirem - ter transportado em um voo longo, dois bandidos e 446 quilos de cocaína. Vamos nos esquecer do fato de que ele alega até agora não saber da carga do avião, embora admitindo ter emprestado o aparelho ao piloto e ao copiloto para a missão de transporte de carga que talvez, na visão dele, tenha sido de hóstias consagradas para a paróquia de Afonso Cláudio.
Vamos nos esquecer disso tudo.
Eu estava encafifado desde o dia do acontecimento e entrei no site da Robinson, empresa dos Estados Unidos que fabrica esses aparelhos. Fui no modelo R66 - os meios de Comunicação o mostram como sendo o que era usado - e pedi o peso máximo de operação aérea. Estava lá: "Passengers and Baggage with Maximum Fuel 927 lb (420 kg)". Ora, se o aparelho voava com 446 quilos de pasta base de cocaína e dois tripulantes e calculado que o ser humano adulto pesa em média 70 quilos, havia 586 quilos a bordo entre gente que não presta e droga que mata. Um excedente de 166 quilos.
O avião, um helicóptero de apenas duas pás no rotor principal, fez um trajeto de longa duração, com escalas, em condições críticas. Repito: em condições críticas. Teria sofrido fratura estrutural e caído se, por exemplo, fosse alcançado por um temporal ou submetido a turbulência acima de moderada.
Ninguém havia pensado nisso ainda? Pois é bom que fatos dessa natureza sejam muito bem avaliados. Se aquele avião pilotado por dois criminosos, com pelo menos mais dois ou três lhes dando suporte, tivesse sofrido um dano maior sobre uma região urbana, gente inocente poderia ter morrido. Até mesmo caindo sobre uma fazenda um helicóptero carregado de combustível explode e mata as pessoas. Há muito mais crimes envolvidos nesse episodio do que julga nossa vã filosofia.

    

21 de novembro de 2013

Bandido não caça bandido. Não caça nem cassa

José Dirceu se apresenta à Polícia para ver enviado à Papuda. "Que injustiça"
Bandido não caça bandido. Não caça nem cassa.
Depois que os primeiros "mensaleiros" foram presos pela Polícia em cumprimento a determinação do Supremo Tribunal Federal, já vimos de quase tudo. Só não consigo me recordar de já ter visto ladrão de galinha ser levado a avaliação médica para saber se pode continuar preso ou se vai para casa cumprir prisão domiciliar na favela. Ladrão de galinha só cospe sangue quando apanha da Polícia. E sai da cadeia, se sair vivo, quando termina a pena. Geralmente meses depois disso.
José Genoíno compara o hoje com o ontem. A Papuda com as prisões da ditadura. Há uma distância abissal entre ambas. No caso atual ele foi preso porque é corrupto e isso está provado num processo que tramitou por oito anos. No caso passado, foi preso político porque combatia uma ditadura militar. Ao longo de mais de quatro ou cinco décadas de caminhos curvos e turvos, só mesmo ele sabe onde esqueceu a dignidade. Ele, José Dirceu e tantos outros que lutaram contra um regime político de exceção e depois descobriram que isso poderia ser um grande negócio. Não era uma questão ideológica. Não para eles. Era um investimento. E todos apostaram nos empregos, dinheiros públicos e compra de parlamentares para sedimentar um governo que pretendia e pretende se perpetuar.
O mensalão só existiu porque há gente que se vende no Parlamento Brasileiro. Muita gente. Incontáveis políticos municipais, estaduais e federais. E por isso o Executivo barganha com eles. Quando não para dar dinheiro público - o caso dos "mensaleiros" -, quase sempre para trocar apoio por cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão. Com porteira fechada. Com verba parlamentar intocada. E para nomear tantos "cargos comissionados" quantos houver. Para cônjuges, amásias, filhos, genros e noras, primos, cabos eleitorais e o que mais houver. A relação política entre Executivo e Legislativo no Brasil é um caso único de promiscuidade a céu aberto.
Por isso o Poder Legislativo não quer cassar o mandato de José Genoíno - e não vai querer cassar também os dos demais políticos antes de ouvir a si próprio. Ao seu corporativismo. E o apoio incondicional aos compradores de apoio desnuda um outro drama ético brasileiro: políticos entram e saem da Papuda todos os dias em vans alugadas com o dinheiro público. Vão ver os "correligionários". Visitas de parentes também não respeitam dias e horários. Isso só vale para familiares dos demais presos. Afinal, quem mandou roubar galinha? Ser batedor de carteira? Ladrão sem fraque e cartola? Assaltante de padaria?
O STF ou, melhor dizendo, seu presidente, vai continuar levando tiros vindos de todos os lados petistas e da "base de apoio". Se o esquema cair, como enriquecer em quatro ou oito anos? É uma questão de sobrevivência. E bandido não caça bandido. Não caça nem cassa.
   

7 de novembro de 2013

O Estado Cartorial

A fila numa das fábricas de dinheiro espalhadas pelo Brasil. Elas são grandes
A Rede Globo vem fazendo uma série de reportagens sobre a burocracia no Brasil e uma deles falou sobre o poder quase indiscriminado dos cartórios brasileiros que atuam como um poder à parte, com o "direito" de decidir sobre a vida dos cidadãos. Um tabelião deu entrevista arrogante falando da investidura que tem em função de seu cargo. A tal "fé pública".
Isso me remete a assuntos próximos. Aqui no Espírito Santo uma instituição à qual sou ligado e uma outra, de amigas minhas, vem passando o diabo com certo cartório. A primeira ficou meses para conseguir registrar uma eleição de diretoria, com as mudanças necessárias. Outra tenta sem sucesso, já faz tempo, corrigir um erro de endereço. Coisa que deveria ser banal, de decisão em poucos minutos, uma vez apresentados os dados.
Mas o procedimento funciona assim: a pessoa leva ao cartório, por exemplo, a ata de uma eleição e outros documentos exigidos por lei. Paga taxas, emolumentos e reconhecimentos de firma. Dias depois o responsável ela é chamada ao cartório, que apresenta a ela um ou dois erros encontrados. Uma vírgula fora do lugar, um número equivocado, uma bobagem qualquer. Essa pessoa pode retificar na hora? Claro que não. Leva o papelório todo embora, corrige e retorna. Paga novamente taxas, emolumentos, reconhecimentos de firma e solicita de novo o registro. Dias depois eles encontraram um terceiro ou quarto erro. Começa tudo outra vez. E aí mora a má fé, o enriquecimento ilícito da estrutura cartorial do Brasil.
Por que a instituição tem que pagar tudo várias vezes? Por quê? Para dar dinheiro ao cartório. E porque ele não encontra todos os erros de uma vez só? Porque tem que ganhar mais dinheiro. E cartórios, em qualquer lugar do Brasil, são fábricas de dinheiro. No caso que estou relatando, a lei deveria permitir a correção imediata, no local, das falhas encontradas. Dar ao cidadão comum também a tal "fé pública". Se ele fraudar, se ele mentir, se ele cometer qualquer crime, responderá na forma da lei. Muito simples. E os cartórios, também por uma questão ética e de não exploração das pessoas, físicas ou jurídicas, deveriam ser impedidos de cobrar mais de uma vez por um só serviço apenas porque algo teve de ser corrigido.
O Brasil é um Estado Cartorial. E toda a vez que se tenta mudar leis reduzindo o poder dessas instituições o mundo vira de cabeça para baixo. E o Congresso, responsável por fazer leis, acaba cedendo, postergando. O Congresso, como todos nós sabemos, é uma instituição muito "sensível".
Isso é um absurdo. Nem mesmo a questão dos concursos públicos para preenchimento de vaga de cada tabelião titular dos cartórios consegue avançar. Eles continuam sendo capitanias hereditárias intocáveis. Um bisavô meu era tabelião do Cartório de Registro Civil de Salvador, Bahia. Minha avó se lembrava do dia em que ele, o Doutor Francisco Gomes Villela, reuniu os filhos e disse que gostaria de ter um deles bacharel em Direito. A esse caberia a herança de tocar o cartório depois da morte dele. Simples assim.
Simples assim no Brasil Cartorial!
            

2 de novembro de 2013

Também não gosto de evangélicos

Assisti faz dois dias a uma nervosa conversa entre dois evangélicos num supermercado. Eles protestavam entre si contra uma coluna da jornalista Ruth de Souza, publicada em Época, e na qual ela falava, dentre outras coisas, que não gosta de evangélicos. Os dois usaram várias vezes o termo retaliar.
Também não gosto dos evangélicos. Mas não porque eles pensam diferente de mim, ateu que sou, mas porque desprezam a opinião alheia e têm como meta chegar ao poder no Brasil para, com isso, moldar o País aos seus dogmas, independente de continuarem ou não a ser minoria. E sem ouvir opiniões contrárias. Não é por outro motivo que existe uma "bancada evangélica" no Congresso Nacional e esse grupo defende as bandeiras do pensamento evangélico sem se importar minimamente com a opinião pública.
Os evangélicos combatem de todas as formas os gays e os avanços de suas conquistas de cidadania. E eles pagam impostos como todos os demais brasileiros.  Da mesma forma, desenvolvem uma luta sem quartel para que não passe pelo Congresso Nacional e não se torne lei texto algum que reconheça na mulher o direito de interromper a gravidez. Esse são só dois exemplos.
Aliás, o Brasil reconhece apenas três situações nas quais a gravidez pode ser interrompida: gestação de feto anencéfalo, concepção por estupro e risco de vida comprovado para a mulher caso ela leve a gravidez a termo. Tudo o mais é considerado crime. E na maior parte dos casos é mesmo. Pois os evangélicos não admitem nem ao menos essas três hipóteses. E fazem de tudo para torpedear qualquer iniciativa pró. Aprendi ao longo da vida a não desejar ao próximo o que não desejo a mim. Mas gostaria de ver algumas pessoas como as que dirigem as principais correntes evangélicas do Brasil recebendo de um médico a notícia de que sua mulher espera uma criança sem cérebro. Só um exemplo. Talvez essa pessoa dissesse: "Problema algum, também nasci assim!"
Aliás, existem centenas de correntes evangélicas espalhadas pelo Brasil. Seus dirigentes descobriram a mina de ouro que é governar as opiniões e os medos das pessoas, sobretudo e principalmente as de pouca cultura, e reinam sobre elas como nababos. Vendem perdão celestial, milagres e tudo o mais. Depois embarcam em seus aviões particulares para suas mansões no exterior. São diferentes uns dos outros sobretudo por questões pecuniárias. Mas estão todos unidas na decisão de crescer até ocupar o Poder Federal no Brasil. Então, adeus Estado laico!
Esse é o grande risco. E por isso também não gosto de evangélicos.   

27 de outubro de 2013

Idosos perdem seus espaços

Secretarias estaduais e municipais, autarquias e demais órgãos públicos do Executivo, Legislativo e Judiciário estão distribuindo a todo mundo cartões plastificados para seus chefes, gerentes, chefetes e apaniguados com os dizeres: "Estacionamento Vaga Especial". E os carros dessas pessoas, em número sempre crescente, são colocados nas vagas de idosos, que têm cartões específicos e retirados nas prefeituras mediante prova de idade superior a 60 anos ou de deficiência física.
No caso da Prefeitura de Vitória, no meu Espírito Santo, a pessoa pode até mesmo imprimir o formulário que deve ser preenchido e levar tudo pronto para pedir o cartão. Mas só há duas classificações claramente impressa no documento: Idoso e Deficiente. É preciso deixar claro o seguinte: no caso desses cartões das prefeituras, cujos modelos estão na foto acima, num está escrito Idoso e no outro há o símbolo do deficiente, que é um cadeirante. Nos aos quais me refiro não há nenhuma das indicações e o tamanho do documento é outro, menor.
O negócio da vaga especial cresceu tanto que não há mais idoso que encontre lugar para estacionar. Sábado último vi uma garota, 25 anos no máximo, estacionar numa vaga de idoso em frente ao Tribunal de Contas do Espírito Santo, na Enseada do Suá, retocar a maquiagem e depois sair deixando o cartão de "Estacionamento Vaga Especial" à mostra. Eram nove horas e ela não teve o menor constrangimento!
Um amigo informou que esses cartões estão sendo produzidos às centenas. O número só cresce. Não sei até onde a informação é verdadeira, mas sei que depois das oito ou nove horas, idoso algum estaciona nas vagas destinadas a eles. Elas já foram todas tomadas pelas pessoas que portam as identificações recentemente criadas. Só as vagas de deficientes físicos são poupadas. As outras, não.
E isso sem falar que o mesmo acontece em supermercados, estacionamentos rotativos de prédios comerciais, etc. Nesses últimos casos, todo mundo estaciona em todas as vagas e sem o menor pudor de colocar identificação, já que os órgãos de fiscalização não entram para fiscalizar.
É mais uma festa da mordomia brasileira. Aquela que surge de mansinho, como quem não quer nada e, quando a gente percebe, cresceu tanto que, para acabar com ela, é preciso ir à Justiça. Receita petista já com dez anos de consagrada!  

 

11 de outubro de 2013

Amarildo e a paz dos cemitérios

Durante o regime militar, incontáveis brasileiros foram mortos pelas forças repressivas a serviço da ditadura militar. Mas, ao menos dentre os que conhecemos até o momento, não havia nenhum Amarildo. E não se trata de um nome tão incomum. Agora, 28 anos depois de o poder ser passado aos civis, acrescentamos esse novo cidadão aos milhares de brasileiros que continuam desaparecendo nas mãos das polícia pagas com nossos impostos para supostamente nos protegerem.
Amarildo, ironia do destino, deve ter sido morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, no Rio de Janeiro. Em certas ocasiões não gosto de humor negro, mas devem ter dado àquele pobre favelado a paz dos cemitérios. Afinal, UPP também pode ser para isso.
Ele não é o primeiro a ser morto nas proximidades de UPPs do Rio de Janeiro. E está longe de ser o único também em cidades onde não há essas instalações policiais militares, pois as de outras denominações existem em quase todos os lugares. Como em Vitória, onde moro. Como onde moram vocês, meus leitores. A ditadura passou mas deixou um rastro fétido dos crimes que eram cometidos (e acobertados) naquela época, mesmo em se sabendo que hoje eles podem ser cometidos, mas não acobertados.
Dias depois do desaparecimento de Amarildo, dois oficiais militares também do Rio de Janeiro foram surpreendidos "plantando" um morteiro no chão para incriminar uma pessoa que participava de protestos contra o Governo. Podia até ser baderneiro, não importa. Polícia existe para fazer com que as leis sejam cumpridas e não para "plantar" provas. E quando isso é feito por oficiais, não fica a menor dúvida de que eles servem de inspiração a seus subordinados.
A chefia da PM carioca disse que vai investigar o acontecido. Investigar o que foi flagrado? Se foi flagrado a prova está no flagrante. Basta pura e simplesmente prender e processar. Oficiais que se prestam a esse tipo de coisa não merecem mais do que a expulsão.
E digo isso por um motivo muito simples: enquanto as autoridades não forem duras com a banda podre da Polícia, ela vai crescer. Crescer e se multiplicar. Amarildo foi morto porque era um favelado, desconhecedor de seus direitos e, pelo menos em tese, confundido com um criminoso que também não poderia ser assassinado. Teria de ser processado para que houvesse um julgamento. E o Brasil abriga milhares de "amarildos" aqui, ali, acolá. Eles vão continuar a morrer se nada for feito.
Afinal de contas, eles não têm direito a embargos infringentes! E nem, muito menos, a consagrados e milionários escritórios de advocacia.           

23 de setembro de 2013

De onde viria o dinheiro?

De onde viria esse dinheiro? Ou, melhor dizendo, de onde virá caso um processo judicial dê ganho de causa a quem o move? De um  passe de mágica, claro, não virá.
A revista Época dessa semana, edição especial número 800, publica na coluna do jornalista Felipe Patury uma nota na qual é dito que a marqueteira Bete Rodrigues, responsável pela campanha de Iriny Lopes à Prefeitura de Vitória, cobra na Justiça à candidata uma quantia de R$ 3,8 milhões. Em entrevista, a marqueteira diz que o valor real é de qualquer coisa em torno de R$ 6,4 milhões.Teria sido contratada e não paga depois da eleição e da derrota da candidata.
R$ 6,4 milhões é muito dinheiro para uma campanha de prefeita de Vitória. Sim, a campanha envolve aluguel de imóveis, equipamentos os mais variados, estúdios, gravações de rádio e TV, uma grande gama de pessoas para todos os serviços, gráficas, veículos para deslocamentos e muito mais. Nos dias de hoje, o arsenal de meios para se tentar eleger um candidato é vasto. E caro.
Mas o que intriga é o seguinte: ou Iriny Lopes acredita em Papai Noel ou ela sabia, desde antes da eleição, que não tinha chance alguma de vencer. De início, o favorito era o candidato do PSDB, Luiz Paulo Velloso Lucas. De erro em erro ele foi cedendo espaço para o candidato do PPS, Luciano Rezende, até ser derrotado no segundo turno. Iriny jamais figurou como uma candidata capaz de ganhar. Nem ela nem todos os nanicos que concorriam, incluindo aí até mesmo um estelionatário. Além do mais, ela nunca foi a candidata consensual do PT, seu partido. Muito pelo contrário.
Então, desenhado esse quadro, como foi possível a ela contratar um serviço caro como esse? De onde imaginava que tiraria o dinheiro para pagar? Do nosso bolso? E como a empresa da marqueteira Bete teve coragem de fazer a campanha sabendo que a candidata não venceria, sem desconfiar de que também não receberia?
Um dia ouvi isso de uma pessoa próxima: "Promessa de palanque não se escreve". Prova inequívoca de que a política brasileira é feita no mínimo por mentirosos. Melhor acreditar, por corruptos. E em promessas de pagamento de dívidas de campanha de candidatos que não vão ganhar, nessas a gente deve acreditar? Nessas os marqueteiros devem se fiar ao assinar contratos? Ou são informados eles, no curso das negociações, por que ralos ou esgotos o dinheiro chegará?
A política brasileira precisa ser saneada. Para ingressar na Justiça cobrando R$ 3,8 milhões a marqueteira da campanha do PT em Vitória acredita ter sido lesada. Para não pagar, a candidata derrotada acredita que já pagou. Ou então, o mais provável, acabou não tendo acesso ao dinheiro prometido depois do seu resultado desastroso nas urnas.
Nada disso importa. Os pés de barro ou de lama de nossa política sempre aparecem por baixo dos lençóis depois de episódios como esse. Por isso é preciso sanear as campanhas brasileiras, quer sejam elas de nível municipal, estadual ou federal. Passa um rio de lama por baixo delas. E todas, claro, estão ligadas ao Poder Legislativo. O mais vilipendiado de todos.

 

18 de setembro de 2013

Não temos ídolos!

Ao dar seu voto com o qual aceitou os tais "embargos infringentes" e com isso proporcionou sobrevida aos condenados no processo do mensalão o ministro Celso de Mello (foto) disse, dentre outras coisas, que a aceitação desse instrumento jurídico não defende o cidadão tomado isoladamente, mas a todos os cidadãos. Um dia antes, outro ministro, Gilmar Mendes, havia dito que caso os recursos fossem aceitos deveria o Supremo Tribunal Federal agir com extrema presteza no novo julgamento porque esse Tribunal não é um colegiado de pizzas nem uma instância jurídica "bolivariana".
Estaríamos todos apenas diante de filigranas jurídicas caso esse processo, que leva o número 470, não fosse tão emblemático. Ele vai nos dizer se os poderosos são mesmo intocáveis no Brasil e se Zé Ninguém tem mesmo os direitos iguais aos de Zé Dirceu, ainda que não possa gastar rios de dinheiro - as vezes nem filetes - para contratar as maiores e mais caras bancas advocatícias brasileiras.
De nada adianta discutir aqui os méritos contidos em cada um dos votos. O Supremo de hoje, com os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Teori Zavascki e Roberto Barroso não é o mesmo de antes deles chegarem. Apesar de serem intocáveis as posições dos demais ministros que votaram a favor dos recursos, o mesmo não se pode dizer dos citados. Eles foram feitos ministros sem méritos efetivos para tal, talvez com a exceção de Zavascki. E isso é dizer o mínimo. O escritório do ministro Barroso ganhou, sem licitação, um contrato de R$ 2 milhões com a União. Após ele ser nomeado ministro.
A Justiça não deve ouvir o clamor das ruas? Quase todo mundo assegura que deve sim. A Justiça deve se curvar ao clamor das ruas? Dizem os magistrados que nem sempre pode ou deve fazer isso. Mas o processo do mensalão, em suas milhares de páginas e centenas de tomos, contém mais provas de corrupção e desvio de dinheiro público do que tinha o Tribunal de Nuremberg em termos de provas de crimes de guerra para condenar os líderes nazistas ao final da II Guerra Mundial.
É interessante notar que antes desse voto final - até o momento - do STF na apreciação dessa matéria, os brasileiros haviam eleito o STF como seu colegiado de ídolos. A reserva moral que a nação necessitava em meio ao cipoal de sujeira que emana dos poderes Executivo e Legislativo.
Não, não temos ídolos!exigir um novo Brasil. Precisamos fazer com que os brasileiros comuns, aqueles de junho, voltem às ruas para pedir um novo Brasil. Atropelando os que querem acompanhar os protestos apenas para cometer violências, mas mostrando aos donos do poder que esse País está cansado. Quer novas leis, novo pacto social, novos líderes. Nova divisão de poder e riqueza.
Um país que não crê nos que o governam pode se tornar um país ingovernável.           

6 de setembro de 2013

O dia de amanhã

Conta uma velha anedota que um ditador de uma republiqueta qualquer chamou sua assessoria ministerial para decidir como seria distribuído o dinheiro do país no ano vindouro. Mandou que fossem feitas estradas de péssima qualidade, hospitais piores ainda, escolas de desabar um ano depois, demais bens públicos sem qualidade alguma, tudo para economizar dinheiro porque as contas dele nos paraísos fiscais andavam abaixo de um bilhão de dólares, o que era inconcebível. Mas, antes de terminar, determinou: quero penitenciárias de alto luxo, com todo o conforto do mundo moderno, como se fossem suítes de hotéis cinco estrelas. Quem sabe tipo essa aí da foto.
Os assessores não entenderam nada e perguntaram: "Mas qual a razão disso, excelência?". "É que ninguém sabe do dia de amanhã", respondeu o ditador.
Em Brasília, celas de presídios estão em reforma. Vão ter banheiros privativos e outras comodidades mais. Diz-se que é para receber presos deficientes físicos, tadinhos. Mas a gente pode acreditar nisso da mesma forma como acreditamos que não viriam médico cubanos para o Brasil.
O processo do Mensalão está na reta final (?) e, ao que parece, vai haver gente graúda tendo que cumprir pena em penitenciária caso alguns dos ministros não voltem atrás em votos já proferidos, sabe-se lá por conta de que tipos de "reflexões". Essas pessoas não podem correr o risco de ir para celas iguais à de Natan Donadon, aquele deputado federal condenado por roubo de dinheiro público e que reclama da péssima qualidade da "xepa" servida no presídio da Papuda, em Brasília. Deve ser ruim mesmo, principalmente para quem comia tão bem com o dinheiro dos outros.
É o tal negócio: ninguém sabe do dia de amanhã!      

22 de agosto de 2013

Os verdadeiros vândalos

Durante duas semanas seguidas a Revista Época vem dissecando um escândalo: o desvio de dinheiro da área internacional da Petrobras para abastecer contas bancárias de deputados do PMDB, pois a Diretoria Internacional pertence, se é que a gente pode usar esse termo, a esse partido. O denunciante nega ter falado, mas suas declarações estão gravadas e este velho jornalista deste blog jamais viu, em toda a sua vida, um meio de comunicação criar mentiras deste porte com tanto maquiavelismo. A denúncia é verdadeira e até os mármores do Congresso Nacional sabem que aquele lugar abriga mais gente corrupta, capaz de qualquer coisa, do que gente honesta. Infelizmente. Desgraçadamente.
Roubar sempre se roubou no Brasil. As relações entre o Poder Legislativo e as grandes empresas, dos setores publico e privado, jamais deixaram de ser promíscuas. Mas, ao que parece, com quase toda a certeza, isso ganhou mais força, mais expressão, com a chegada do PT ao poder em 2003. O processo do Mensalão está aí mesmo para não me deixar mentir. Há provas aos borbotões.
Os escândalos com dinheiro público cheiram pior, melhor dizendo, fedem mais do que os privilégios injustificáveis que envolvem Legislativo, Executivo e Judiciário. Nenhum dos três poderes está a salvo de acusações facilmente comprováveis. O velho argumento de que "é legal", não justifica. Pode estar na lei, mas as leis são feitas, no Brasil, por quem não tem ética. Basta ver que recentemente um parlamentar federal declarou cinicamente que esse negócio de ética é muito relativo.
Por isso as pessoas continuam morrendo como moscas nos nossos hospitais públicos que mais parecem centros de tortura. E para onde não vão vereadores, deputados, senadores, juízes, ministros e outros graúdos do Pais. Diz-se que falta verba para a saúde pública. Mas é o dinheiro público que mantém José Sarney, um milionário, em tratamento médico no Hospital Sírio Libanês.
Por isso o povo vai às ruas. Por isso protesta, usa faixas, cartazes, pede um novo Brasil. Um país mais honrado. Todos concordamos que a violência gratuita, as depredações, são atos de vandalismo que em nada ajudam. Mas os verdadeiros vândalos estão nos cargos vitais desse país, e não nas ruas com as caras escondidas por panos pretos, enfrentando uma Polícia que às vezes se excede.
         

31 de julho de 2013

É contra um mundo desigual que todos lutam!

Vandalismo e roubo em lojas.  Apenas ações de irresponsáveis ladrões
Quando a gente começa a ter de aceitar que os atos de depredações e vandalismos registrados nos últimos meses são cometidos por grupos sempre infiltrados nos protestos populares contra o Governo e que eles estão sendo orquestrados por setores ligados a grupos anarquistas, MST, ex-militantes das Farc ou Tupamaros eu pelo menos sinto um arrepio. Nós não vivemos mais um estado de exceção, não há presos políticos lotando cadeias, as instituições civis são sólidas e o País pode ser reformado sem violências de quaisquer espécies.
Os grupos que podemos chamar de extremistas ou simplesmente baderneiros, em vez de ajudar o brasileiro a reformar seu Estado, faz o inverso: coloca medo nas pessoas comuns. Não as deixa voltar às ruas.
Os brasileiros não suportam mais seu mundo desigual. Onde príncipes protegidos pelo Estado têm direito a tudo e o cidadão comum, a nada. Os brasileiros não suportam mais trabalhar quase meio ano para pagar impostos que são mal aplicados quando não são roubados. Os brasileiros querem um País de todos, com a riqueza sendo dividida de forma justa, com a aplicação do dinheiro dos impostos servindo para a promoção do bem comum. O que os leva às ruas para protestar é ver que os privilégios a cada dia aumentam mais, o nível da Educação se deteriora, os hospitais são pardieiros, não há geração de empregos, não há plano de cargos e salários nas principais instituições públicas e o Executivo continua com a prática imoral de cooptar adesões a seus planos com a nomeação de incapazes. De ladrões de gravata.
Não. Não é com violência que isso vai mudar. Muda sim e rápido, mas com o povo nas ruas protestando por ser esse um direito seu, fazendo passeatas, mostrando cartazes, promovendo greves e gritando a plenos pulmões para os políticos ouvirem, que as eleições estão chegando.
É contra um mundo desigual que todos lutam. Mas não se reforma esse mundo com a sua destruição. O brasileiro tem o direito de viver num País justo aproveitando tudo o que ele possui. Sem violências, sem coquetéis Molotov, sem danos ao patrimônio público. Repito mais uma vez o que disse Ulisses Guimarães no nascer dessa nossa Nova República: "Só o povo nas ruas mete medo nos políticos".           

25 de julho de 2013

Um Brasil muito mais digno

O ministério Dilma reunido. O fotógrafo não consegue colher todos eles 
Nós temos, no Espírito Santo, a Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho. Se há meios de englobar tudo com eficiência, essa é a estrutura ideal. Mas se Lula ou Dilma tivessem dado de cara com algo parecido em âmbito federal, tinham feito dela cinco ministérios. Fácil, fácil!
Uma foto da presidente com sua trupe de ministros, como a que tomo emprestada para esse texto, é difícil de caber num clique só. O fotógrafo precisa de um equipamento de última geração e de se distanciar muito para abrir o ângulo. Como se usasse uma grande angular.
Os brasileiros que estão indo às ruas pedir saúde, educação, geração de empregos, transporte, combate à corrupção e prestação de serviços de qualidade que justifiquem a boçal carga de impostos que os brasileiros enfrentam, precisam saber que muitos dos nossos dramas nascem nessa reunião. Nessa foto. Pois é com 39 ministérios, alguns totalmente despropositados, que se compra votos do Poder Legislativo.
Só para ilustrar: um deputado federal custa aos contribuintes R$ 4,6 mil por dia. EU DISSE CADA UM. Eles têm, além de salários mensais de R$ 26 mil, verba de gabinete de R$ 78 mil (para cabos eleitorais e apaniguados diversos. Podem contratar 25 pessoas cada um), cota parlamentar de R$ 31 mil e auxílio moradia de R$ 3.690,00. Muitos deles, donos de residências às vezes monumentais em Brasília, nem assim abrem mão do dinheiro desse "auxílio" tão "necessário".
Pensam que acabou? Não, não acabou. Eles têm assistência médica (no ano passado, custaram-nos R$ 1.476.539,39). Não usam o SUS, claro; usam o Sírio-Libanês. Têm cota de R$ 31.626,61 mensais (passagens, telefonia, serviços postais, escritórios, etc.) e o direito de tirar 15 mil cópias por mês na gráfica da Câmara ou do Senado, além de outros tipos de impressão. Nós pagamos toda a conta.
Queridos e queridas jovens ou não que estão indo às ruas para protestar contra impostos, passagens de ônibus, pedágios diversos e outros absurdos do Brasil: é aqui que você precisam atacar. A luta tem que ser contra a raiz de todos os nosso problemas e não em combate às suas consequências, seus efeitos nefastos. Façam como os médicos: em  vez de combater os sintomas, ataquem as doenças.
Se não fizermos nada, tudo fica como está. Lembrem-se do que um dia disse Ulisses Guimarães: NADA METE MAIS MEDO EM POLÍTICO DO QUE O POVO NAS RUAS. E o povo tem que lutar nas ruas, com passeatas, gritos, protestos diversos, cartazes, megafones, em frente aos prédios dos podres poderes constituídos (normalmente eles não chamados de palácios). Todos os dias e noites, sem parar. Só não vale bomba, coquetel molotov, pedras e outros meios violentos.Não somos bandidos, não. Lutamos contra os bandidos. Não coloquemos a população contra nós.
O ex-presidente Lula deu uma entrevista e na qual perguntou, cinicamente como sempre faz: "O que seria do Brasil se não fosse o PT?". Seria, indivíduo Lula, um Brasil muito mais digno!             

23 de julho de 2013

O Brasil bota fé nos brasileiros!

Por que ninguém vaiou o Papa Francisco? Por que, desde a chegada do avião da Alitalia que o trouxe ao Brasil só foram ouvidos aplausos? Por que, até mesmo quando o carro que o transportava de vidros abertos ficou retido no trânsito ele correu risco algum  de agressão? Por quê?
O nome que se dá a isso é respeito.
E bastou o Papa Francisco deixar o Palácio das Laranjeiras para descansar de uma longa e cansativa viagem para começarem os protestos e a queima de um boneco simbolizando o governador do Rio de Janeiro: "Queima Cabral, governador do capital!", gritavam os manifestantes.
Os movimentos de protestos são justos e lógicos. Diria mais, oportunos. Mas temos que lutar de todas as formas para que eles não se confundam com vandalismo, quebra-quebra, destruição de patrimônios públicos e privados. Recordo-me de que um dia um torcedor do Flamengo jogou algo num campo de jogo e o restante da torcida o denunciou. Ele foi retirado do estádio. Façam o mesmo: chamem a Polícia e denunciem quando as depredações começarem. A isso não se dá o nome de "dedurismo", como acontecia num passado recente. A isso se dá o nome de patriotismo.
O Chefe de Polícia do Espírito Santo diz que vândalos daqui foram pagos para depredar o Palácio Anchieta, um prédio histórico. Por R$ 10,00 ou R$ 20,00? Sei lá. Mas se isso realmente aconteceu resta botar as mãos em quem pagou. Pronto, chegaremos aos verdadeiros criminosos. Então, bastará saber a serviço de quem ou de que interesse estão esses marginais.
De nossa parte, vamos fazer diferente. O Estado moderno precisa dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário como necessita de oxigênio. O que já foi constatado é muito simples: o brasileiro não suporta mais os políticos que tem. Aqueles que ele mesmo - infelizmente - colocou em câmaras, assembleias ou no Senado. Ótimo: vamos tirá-los de lá. As eleições chegarão e eles voltarão para casa, de onde jamais deveriam ter saído. Senão por nada, ao menos por um mínimo de pudor.
Jovens e não jovens do Brasil: continuem nas ruas. Protestem. Ocupem espaços. Gritem por saúde, educação, geração de empregos, segurança, fim da corrupção endêmica. Mas gritem mesmo, a plenos pulmões. Até meados de 2014 muita coisa será conquistada que não o escárnio de um plebiscito de araque. Mas não se desesperem: o que a gente não conseguir agora, consegue nas urnas. Colecionemos os nomes dos membros das quadrilhas. A gente tira todos eles de lá.
E aí, sim, teremos um legislativo digno da gente. Com partidos igualmente comprometidos com programas, com ideologia e não com a conquista de apoio
s espúrios.
O Brasil bota fé nos brasileiros!

19 de julho de 2013

Os criminosos são vocês!

Pelados onde se "legisla" de madrugada, jovens gaúchos protestam
Vereadores de Porto Alegre, a linda Capital do Rio Grande do Sul, estão decidindo que medidas tomar contra os estudantes que ocuparam o prédio da Câmara Municipal e, em mais uma rodada de protestos, a encerraram ficando sem roupas diante da parede onde estão os quadros com os retratos dos ex-presidentes daquela, digamos com um pouco de ironia, "Casa de Leis".
O que acharam os vereadores: houve um desrespeito para com o Legislativo porto-alegrense. Uma chacota, digamos assim. E as pessoas que fizeram isso têm que pagar, de preferência sendo processadas por atentado ao pudor ou algo parecido. O Código Penal deve oferecer várias alternativas para amparar essa hipocrisia.
Desrespeito e atentado ao pudor é o que o Poder Legislativo faz conosco, os brasileiros!
Praticamente todos os dias emanam dos legislativos municipais, estaduais e federal denúncias de tráfico de influência (isso quando não se trafica algo mais sério), suborno, acordos escusos, ilegalidades as mais diversas, nepotismo, aumento de verbas parlamentares, de servidores (sic!) nos gabinetes, de uso indevido de veículos e de cometimento dos mais diversos crimes por parte de nossos representantes que na verdade não nos representam como, por exemplo, homicídio. E até por encomenda...
Mas quem fica nu diante dos retratos dos presidentes da Câmara comete um crime.
Não senhores vereadores, deputados estaduais, federais e senadores; os criminosos são os senhores. Duvido que dentre aqueles estudantes sem roupas, fazendo seu protesto final antes de ir embora para casa, haja um único que cometeu durante a vida um décimo dos crimes de alguns dos retratados acima deles. Nenhum deles é capacho do Poder Executivo e nem vota a favor de tudo o que vem do Judiciário, sem análise alguma, com receio de um dia necessitar de uma benesse qualquer.
Nu eu nasci. Nus nascemos todos nós. Um jovem nu não tem como esconder dinheiro na cueca. Na bolsa. Um jovem sem roupas em público não pode se esconder das câmaras de filmagem e fotográficas de TVs, jornais, revistas, etc.e, portanto, não tem nada a esconder. Simples assim!
Nosso País precisa de gente que possa ficar nua sem exibir mais do que seu próprio corpo. Sem deixar que esse corpo exale o cheiro nauseabundo das demagogias, das votações feitas às pressas e de madrugada, das comissões por obras públicas, do conhecimento antecipado dos vencedores de licitações, do enriquecimento ilícito escondido por detrás de laranjas e empresas de fachada. Esses jovens pelados, de laranjas só entendem os frutos das laranjeiras. Talvez seja esse o crime que eles cometeram.
Ainda bem!
E que os protestos continuem. Que eles não parem. Nós temos um País a reconstruir e tudo deve ser feito sem violência e sem criminosos infiltrados entre gente honesta. Como diria Ulisses Guimarães, o que mais mete medo nos políticos é o povo nas ruas. Às ruas todos, portanto!            

14 de julho de 2013

Vamos dar uma vaia neles!

Representantes das diversas centrais sindicais em seu palco preferido
Em meados da década de 1980, quando os sindicatos de trabalhadores recuperaram sua autonomia legal, uma grande parcela dos sindicalizados, como eu, lutaram para impedir que as entidades sindicais se aliassem e se subordinassem a partidos políticos. Em vão. Logo surgiam no horizonte brasileiro nomes como "Sindijornalistas - filiado à CUT". O PT, então em ascensão e aspirando conquistar o poder, passou a dominar grande parte das instituições sindicais brasileiras. A política sindical, trabalhadora, abria caminho para a militância política, nem sempre sindical, nem sempre trabalhadora.
A parca adesão, semana passada, da população à greve geral das centrais sindicais é um dos frutos desse erro: os sindicatos brasileiros e suas centrais são hoje confundidos com partidos políticos. E como estes últimos são as instituições menos respeitadas pelos brasileiros, uma coisa contamina a outra.
Não acredito que a questão sindical vá prejudicar o movimento de protestos que nasceu com a juventude brasileira e se espalhou País afora, distante de partidos políticos e sindicatos. Mas hoje, se esse monte de siglas de centrais quiser efetivamente ajudar o movimento de reformas, pode fazer apenas uma coisa: ficar distante da garotada, do brasileiro comum que vai às ruas protestar sem ter em mente a conquista imediata de um espaço ou cargo político para chamar de seu.
Tenho dito que o brasileiro não deve se dispersar. Bem como não pode aceitar provocações e participar de atos criminosos. Deve continuar a fazer o que vem fazendo: denunciar. Sobretudo e principalmente a classe política que vive num mundo à parte, separado da realidade, acumulando privilégios e vantagens. Agora mesmo vários deputados federais e senadores disputam lugares num voo da FAB para ir ao Rio de Janeiro com o nosso dinheiro ver a missa que o Papa Francisco vai rezar.
Católicos de todo o mundo, uni-vos: vamos dar uma sonora vaia neles. Vamos vaiar até não poder mais.
E lutar. E sempre continuar lutando, principalmente num momento em que, quando a gente pega a nota fiscal depois de uma compra, vê o peso dos impostos. Mais do que isso: sabe para onde vai esse dinheiro e que ele vai para onde não deveria ir. A corrupção do Brasil é endêmica e só pode ser derrotada com luta.
Uma democracia não se faz sem sindicatos. Mas não são esses e nem essas centrais sindicais que queremos. Uma democracia não se faz sem partidos políticos e seus filiados. Mas não são os partidos que temos e os políticos que eles elegem os que queremos. Podemos mudar isso tudo com a decisão, o engajamento e a disposição mostradas desde o início dos protestos no Brasil.
Vamos construir um País novo, digno, que nos represente. Nas ruas, todos os dias, protestando, mostrando cartazes e lembrando aos maus políticos: as eleições estão por chegar. E os senhores, por partir.              

12 de julho de 2013

O Congresso não nos representa

Não se dispersem. Não aceitem provocações. Não esmoreçam. Lembrem-se de que a luta atual, com parte do povo desse País nas ruas, se desenvolve sobretudo e principalmente contra o Poder Legislativo. E ele vai fazer tudo, ético ou não, legal ou não, para refender seus privilégios. Os poderes Executivo (aquele dos 39 ministros) e Judiciário acompanham mas terão de aceitar o que mudar.
No Poder Legislativo do Brasil, incluídos aí os níveis municipal, estadual e federal, o mais bobinho dá nó em pingo d'água. Os mais sabidos chegam a dirigir seus poderes. E só não pilotam os jatos da FAB porque não sabem. E porque têm pilotos profissionais para cumprir a tarefa de motoristas. Por isso fizeram parte da cortina de fumaça da presidente Dilma Rousseff, que criou o plebiscito de araque para nos enganar. Para ganhar tempo. Para tirar o foco da questão de onde ele estava.
Percebam: até agora, na "correria" do Congresso, nada do que já foi aprovado toca num único e miserável privilégio dos senhores parlamentares. Para não ser injusto, retifico: eles agora não podem mais "eleger" maridos, esposas, filhos, sobrinhos, mamãe, papai e outros como suplentes de senadores. Mais nada. Suas vantagens estão intocadas. A sacanagem rola solta em todos os lugares.
Por isso é preciso centrar fogo em questões específicas, claras. Como o fim do fator previdenciário porque aposentado come. Se não comer, morre. O não o combate à terceirização e as demais bandeiras que são também das centrais sindicais, que entraram, diga-se em nome da verdade, de forma oportunista no movimento. Mas é preciso gritar sempre que o Brasil é um país corrupto, de corruptos e que nossa educação vale nota zero, nossa saúde mata quem não pode pagar por ela, os programas de geração de empregos são verdadeiras piadas e a segurança não protege ninguém. Nem mesmo os policiais militares que disparam contra o cidadão na foto que ilustra esse texto podem se considerar protegidos. São tão roubados quanto todos os demais em seus salários de fome.
Vejo-me jovem em uma passeata. O PM me cercou e ergueu o bastão de madeira. Eu disse rápido: "Você também é um espoliado como eu!". Ele respondeu: "E vou preso se não bater em você!". Baixou o bambu.
Não se dispersem, por favor. Parem as cidades. Parem tudo.
Sei fazer coquetel molotov e como derrubar cavalos da cavalaria que ataca. Mas isso passou. Foi na época da ditadura militar e ela morreu de inanição em 1985. Agora os tempos são outros e as armas que devemos usar não devem queimar ou fraturar patas. Temos a razão ao nosso lado.
Vamos dizer que o Congresso não nos representa. Que ele só representa a si próprio. E começar, devagar e sempre, a lutar contra os privilégios que essa gente acumula ano após ano, com dinheiro tirado dos nossos bolsos. Vamos usar a internet, as redes sociais, as passeatas, as faixas, os megafones, tudo o que puder repercutir e arranhar cada vez mais o que ainda resta de conceito nessa gente. Eles são hoje o pau do galinheiro. Estão perto de ser o cocô do cavalo do bandido. Falta pouco.
À luta. Ergam as bandeiras. E, no caso específico dos capixabas que não querem mais pagar o pedágio da Terceira Ponte, não se esqueçam de exigir, nessa auditoria que está sendo feita pelo Governo, que se diga também quem assinou os contratos atuais com a Rodosol. Essa(s) pessoa(s) precisa(m) se explicar.          

7 de julho de 2013

"Isso é que é vida"

O show de viagens particulares com jatos da FAB promovido por autoridades federais brasileiras não é novidade. Desde 1985 o País livrou-se de uma ditadura militar que durou 21 anos e ceifou inúmeras vidas. Mas nem mesmo a Constituição de 1988 conseguiu fazer com que a classe política tivesse a mínima noção da diferença entre "público" e "privado". Ao contrário, a apropriação do que é público para ser transformado em privado só faz aumentar com o passar dos anos.
O ministro fulano de tal, o presidente da Câmara sicrano, o do Senado beltrano e todas as suas famílias usam os jatos executivos da Força Aérea porque consideram ser esse um direito inalienável deles. Vão com eles a jogos, casamentos e outros eventos. O espetáculo, inclusive o cinismo da devolução do dinheiro das "passagens", faz lembrar uma foto que circulou na internet ainda durante o primeiro governo Lula mostrando um de seus filhos no antigo Sucatão, refastelado numa poltrona e dizendo: "Isso é que é vida!"
Essa cultura, se podemos chamar assim, justifica tudo o mais. Inclusive os desmandos cometidos pelos poderes Executivo e Judiciário. Graças a ela, cada gabinete municipal, estadual ou federal tem um bando de assessores. Alguns nem sabem o que assessoram. Graças a ela, veículos oficiais são usados para tudo, inclusive para levar mulheres e demais parentes de autoridades ao supermercado. Cabos eleitorais de campanhas políticas esforçam-se ao máximo para eleger seus candidatos, pois sabem que o pagamento virá depois, com nomeações para os chamados "cargos comissionados". No Brasil, existem aos milhares para pagar esses auxiliares de campanha com dinheiro público. O meu, o seu, o nosso.
Mas não fica nisso. Grande parte do serviço público é loteado. Ministérios, secretarias e outros órgãos, todos eles devem ter vagas à disposição dos senhores vereadores, deputados (estaduais e federais) e senadores. E, já que eles podem, devem poder também membros dos outros poderes. Esses preferencialmente abrigam seus apaniguados sob suas asas. Mais fácil de controlar.
Quando a gente vê hoje milhares de pessoas fazendo passeatas, mostrando cartazes pelas ruas, lutando para mudar o Brasil e expulsando bandeiras de partidos políticos das manifestações, é contra isso também que se luta. Antes, os privilégios eram mantidos à baioneta calada ou sob tortura. Hoje, pela força de leis que, não raro, são votadas de madrugada e logo saem nos diários oficiais.
Se você acha que combate apenas a corrupção, quer mais saúde, melhor educação, geração de empregos, segurança e outros itens caros a todos nós, está errado. Mudar o Brasil significa também dar ao povo brasileiro condições de retomar o que é seu, de fazer com que o público seja público e o privado, privado. E isso só será conseguido com um movimento que cresça a cada dia à caça dos milhares de privilégios imorais e aéticos que foram aos poucos sendo acrescentados à vida e aos contracheques de milhares de pessoas, enquanto descansava, desatenta, nossa Pátria Mãe Gentil.
Vamos à lutar. Ela só está começando!          

5 de julho de 2013

Os ratos e os hábitos noturnos

Ratinhos saem para se alimentar. No esgoto a comida já era pouca
Os ratos têm hábitos noturnos. Eles só saem para as ruas à luz do dia quando sua população aumenta tanto que a comida disponível se torna insuficiente para alimentar a colônia toda. Os mais comuns, sobretudo em áreas urbanas, são o camundongo, o rato de esgoto e o rato preto. Atualmente os de Brasília estão tendo noites muito ocupadas. Planejam enquanto nos tentam convencer de que pretendem abrir mão de parte de seus privilégios. Digo, refeições.
Não se iludam. Ou a população brasileira continua nas ruas pressionando as diversas instâncias de poder, ou ela luta por reformas institucionais necessárias e urgentes ou os ratos vão continuar falando macio e depois sair às ruas quando a comida diminuir. Então, num País que já tem o Ministério das Tilápias, pode-se criar o das tainhas, galinhas, porcos, etc. Tudo isso vale dinheiro.
A ordem geral nas instâncias de poder é mudar no varejo. E quanto menor for esse varejo, melhor. Alguém já falou em diminuir o número de ministérios, sobretudo aqueles criados para subornar políticos e partidos com dinheiro público? Não, claro que não. A não ser indiretamente o PMDB demonstrou "boa vontade". Abre mão de um dos seus ministérios de aluguel. Para quem ele vai é irrelevante. Contanto continuem sendo 39 no total. e por enquanto...
Em Vitória, no Espírito Santo, luta-se, dentre outras coisas, pelo fim da cobrança de um pedágio cobrado aos que trafegam na chamada Terceira Ponte e que penaliza a todos. De início, os deputados eram todos a favor desse término. Agora já há resistências, dúvidas constitucionais, etc. Alguém pediu vistas à matéria e por trás da mudança de comportamento pode-se notar ratos trafegando à noite pelos esgotos que cercam o Poder Legislativo. Talvez vindos da ponte. A obra já foi paga, pois o pedágio existe há anos. E ela o cobra nos dois sentidos embora na esmagadora maioria dos casos esses pagamentos sejam feitos em sentido único. Afinal quem vai, volta. E essa ponte liga duas cidades de uma região metropolitana. Trabalha-se em uma e vive-se na outra.
A revista Época desta semana listou os cinco maiores pleitos dos brasileiros: combate à corrupção, melhores meios de transporte, educação de qualidade, saúde de Primeiro Mundo e segurança para todos. Os cinco podem ser atendidos, pois temos recursos para tanto.
Fiquemos acordados. A Terceira Ponte de Vitória/Vila Velha é apenas um exemplo de como o que se promete não é cumprido. Como não há vontade política. Afinal, se romper o contrato é inconstitucional, cabe à Justiça dizer isso. Vamos continuar nas ruas. Vamos pressionar. Não vamos parar. Evitemos apenas atos de provocação, violência, pois eles só favorecem o outro lado. Àqueles que querem continuar a usar jatos executivos da FAB para ver os jogos da Seleção com o meu, o seu, o nosso dinheiro. Aliás, como sempre se acharam no direito de fazer.
Lembrem-se: os ratos têm hábitos noturnos.             

28 de junho de 2013

Dia e noite. Dia após dia. Noite após noite.

No Congresso das mordomias, discute-se como fazer para que aumentem
Ontem dissemos que para começar a reformar o Brasil deveríamos ir primeiro pela Copa do Mundo. Auditar com seriedade a pirâmide de gastos vai permitir determinar com exatidão como se rouba no Brasil em obras públicas. A partir daí, vai ser possível chegar às ferrovias, rodovias, escolas, hospitais, quaisquer outros gastos com dinheiro público, inclusive o PAC, essa podre fachada de ajuda aos mais sofridos.
Mas não se pode parar por aí. O Brasil é um horror em termos de injustiças sociais. Aqui uma Índia convive com uma Bélgica num sistema de aposentadorias onde os inativos do setor público chegam a ganhar fortunas contra migalhas do setor privado. Mudar isso é difícil, mas precisa ser feito. Com urgência. Afinal, os estômagos de todos têm as mesmas necessidades. Biologicamente somos iguais.
Pode-se argumentar que não há dinheiro. Que o Brasil tem um déficit estrutural impossível de ser corrigido em menos de uma década. Mentira. Todos os anos o setor público incha de forma descarada o chamado
"Custo Brasil" para aumentar mordomias e corromper por intermédio de compra de apoios.
Temos 39 ministérios. Num deles, o da pesca, o ministro entrou dizendo que não sabia colocar um anzol na linha. Mas isso é passado. Hoje ele já consegue criar tilápias em larga escala em sua propriedade particular. Foi feito ministro para que o Governo pudesse contar com o apoio de seu partido político que, como outros, é ligado a seitas evangélicas criadas para tirar dinheiro dos incrédulos. Em outro ministério, o da pequena e média empresa, o ministro é, ao mesmo tempo, vice-governador de São Paulo. De vez em quando precisa renunciar para tomar conta  do governo quando o governador viaja.
Num país sério tudo isso seria proibido. Num Estado onde a dignidade no trato com a coisa pública fosse norma, o(a) presidente da República sofreria impeachment. E os desmandos não param por aí. As mordomias dos membros do Legislativo, Executivo e Judiciário desafiam o bom senso. E só fazem aumentar. Juiz ganha auxílio refeição. Empregado de salário mínimo, não. Todos os que exercem cargos de importância superior ou média em qualquer um dos três poderes tem carro e motorista à disposição. Pagos com nosso dinheiro. E ainda várias outras verbas além de legiões de assessores e outros tipos de auxiliares.
É contra tudo isso que se deve lutar. Dia e noite. Dia após dia. Noite após noite. E denunciando para que essa orgia seja conhecida em todo mundo. Corrupção existe em qualquer lugar, mas corrupção como a brasileira, endêmica, só mesmo aqui ou em algumas repúblicas ou monarquias de um dono só.
Vamos lutar, minha gente, que a luta só está começando.
Mas sem vandalismo, sem destruir patrimônio público ou privado, pois o novo Brasil deve ser erguido a partir deste, feito por nós. E não por sobre os seus escombros.
Por fim, filtrem os discursos vindos de Brasília, sobretudo os do Palácio do Planalto ou de partidos políticos que usam horário gratuito de TV. Por trás de todos eles está apenas e tão somente a vã tentativa, que um dia vai ser desesperada, de manter as coisas pelo menos em parte como estão agora. São sofismas e nada mais.
Lutem contra eles também. Dia e noite. Dia após dia. Noite após noite.      

27 de junho de 2013

Vamos começar a limpeza pela Copa

O povo brasileiro não confia nos partidos políticos. E é compreensível. O povo brasileiro não confia nos membros desses partidos políticos. E é compreensível. Se tudo é facilmente entendido, está na hora de iniciar a reforma do Brasil. A reforma ética, moral. E ela está aí, à frente de todos nós.
Os estádios da Copa do Mundo, mesmo os que estão recebendo jogos, ainda não foram terminados. Há pelo menos obras de entorno por fazer. E não existe nada mais fácil do que realizar uma auditoria séria em todas as contas, em todas as notas fiscais, em todos os demais documentos para pegar as provas de sobrepreço, de uso de laranjas, notas fiscais frias e outras falcatruas mais.
Sim, porque no Brasil, e já faz séculos, rouba-se dinheiro em obras públicas. Uma Copa do Mundo não pode custar a fábula que está custando a nossa. Mais de três vezes o custo das anteriores. Se ficarem provados os desvios, o roubo de dinheiro público, com o montante que os corruptos colocaram nos bolsos vai ser possível fazer escolas padrão Fifa, hospitais padrão Fifa, estradas padrão Fifa e ainda colocar nas cadeias padrão Brasil todos os ladrões que puderem ser identificados.
Todos os dias, todas as horas, uma falcatrua é denunciada no Brasil. E não se faz nada ou então se faz muito pouco. Desde o início dos protestos dos brasileiros Brasília está vazia. No Congresso Nacional constam-se com os dedos os parlamentares que ainda não se esconderam em tocas de ratos. Ninguém sai às ruas. O ex-presidente Lula, um conhecido boquirroto, há muito tempo não fala. Nada fala porque não tem o que falar. Está acossado, sendo investigado, em final de carreira política.
Meus queridos: o Brasil precisa ser sustentado num Poder Executivo, num Poder Judiciário e num Poder Legislativo. E existe gente honesta para isso. Mas é preciso, antes, colocar as mãos nos bandidos. Naqueles que roubam, que mentem, que fazem mau uso do dinheiro público e que condenam o Brasil a ser sempre carente onde poderia ser rico, onde poderia oferecer serviços de Primeiro Mundo ao seu povo.
Não assaltem, não destruam, não roubem. Fazendo isso todos nós vamos ser iguais aos grandes ladrões de Brasília e aos outros que infelizmente moram nas favelas e traficam. Vamos aproveitar esse momento: se conseguirmos começar a pegar as ratazanas pelos desvios de dinheiro nas obras da Copa do Mundo, o trabalho depois ficará mais facilitado. Façamos isso. Vale a pena.  

22 de junho de 2013

A democracia sem partidos

Desde o início da crise institucional que levou milhões de pessoas às ruas do Brasil em protesto contra a deterioração das instituições maiores do País, questiona-se o fato de manifestantes estarem sendo alijados dos movimentos e passeatas, às vezes violentamente, por portarem bandeiras e outros símbolos de partidos políticos brasileiros. Uma democracia não se faz sem partidos, e isso é certo. Mas democracia alguma se faz com partidos prostituídos como os existentes hoje no Brasil.
Antes de criticar os manifestantes, antes de considerar antidemocráticas as manifestações dos que se dizem apartidários, é preciso avaliar o que têm sido nos últimos anos - digamos, décadas - os partidos políticos brasileiros que crescem em número ao mesmo tempo em que minguam em qualidade. Na maioria esmagadora dos casos, não passam de legendas de aluguel, feudos com donos municipais, estaduais e federais, instituições à venda por preço módico e com posições e votos a serem trocados por nomeações de primeiro, segundo e terceiro escalões tanto em municípios, quanto em estados, quanto na Federação.
Tenho lido artigos de pessoas pelas quais nutro grande e sincero respeito. Como, por exemplo, o jornalista Luiz Carlos Azedo, hoje em Brasília. E ele nos remete a figuras tétricas como as da ditadura hitlerista para ilustrar como são os estados sem partidos. E todos nós queremos um Brasil onde a democracia se sustente sobre instituições sólidas. E o Poder Legislativo, sobre partidos dignos.
Um partido precisa ter uma ideologia e filiados a ela ligados. Precisa de um código de conduta ética e de filiados com ele comprometidos. Precisa ter um programa municipal, estadual e nacional discutido e decidido em reuniões amplas e tornado princípio a ser seguido por todos como uma religião. Quantos partidos políticos brasileiros são assim hoje? Quantos, ao contrário, estão à disposição do Executivo para trocar votos por indicações políticas? Quantos sequer analisam os diversos pleitos vindos do Judiciário por que seus membros respondem a processos vários, na maioria dos casos por corrupção ativa e passiva?
Dou um exemplo meu: durante a vida toda fui filiado ao Partido Comunista Brasileiro, PCB ou Partidão. Na época dura da ditadura nos defendíamos ao abrigo da fiel legenda do MDB. Depois o PCB virou PPS. Agora, MD que uns dizem ser Mobilização Democrática e outros, Manipulação Democrática. Quando alguém me pergunta qual foi a mecânica que gerou essa troca de legendas, essa renúncia ideológica, esse samba do crioulo doido de programas e alianças nos mais diversos estados, o que respondo?
Se não sei eu, como o saberá o cidadão comum?
Sim, uma democracia se faz com um Poder Legislativo forte, atuante, fiscalizador do Executivo e gerador ou reformador de leis em atuação consonante com o Judiciário. E é isso o que não temos no Brasil de hoje. Por isso e somente por esse motivo os partidos foram expulsos das passeatas e hostilizados. Eles têm que ser mudados. A ampla reforma pela qual o Brasil precisa passar passa por eles também. Não apenas pela aposentadoria do lixo que os habita, mas também pela recuperação de sua forma e destino histórico.        

21 de junho de 2013

Quem são os novos "Cabo Anselmo" ?

Às vezes me pergunto e o faço com a certeza de que a pergunta tem procedência: quantos "Cabo Anselmo" às avessas haverá infiltrados nas recentes passeatas organizadas pelo povo brasileiro, mais precisamente por essa linda juventude que hoje desperta revoltada com  a situação caótica do Brasil?
Por que lutam os brasileiros? Eles se horrorizam com os custos superfaturados da Copa do Mundo e de todas as obras direta ou indiretamente ligadas a ela. Eles não suportam mais a corrupção desenfreada que nasce no Governo Federal, comerciante de cargos públicos, e desce até o nível municipal em todo o País. Eles têm nojo de ver seus compatriotas tratados como gado em abatedouro quando procuram por hospitais da rede pública. Eles choram de raiva com as escolas públicas. Eles arrancam os cabelos de desespero a cada ministério que a presidência da República cria para comprar votos de parlamentares no Congresso Nacional. Eles não suportam mais pagar impostos sobre impostos, e mais impostos e mais impostos, sabendo que grande parte dessa massa de recursos acaba nos bolsos daqueles milhares que os desviam das obras públicas. Eles não suportam mais o absurdo e a iniquidade, senhores membros do Poder Executivo. Eles não querem mais saber de seus discursos oportunistas, de seu clientelismo e do uso imoral que fazem com dinheiro público, senhores membros do Poder Legislativo. Eles dão as costas, com vergonha, à impunidade que persiste apesar de todos os pronunciamentos, senhores membros do Poder Judiciário.
Mas então, se meu País inteiro se levanta contra isso, onde cabem o vandalismo, a depredação de bens públicos, a queima de veículos nas ruas, os saques de estabelecimentos comerciais, de agências bancárias e de tudo o mais que vem sendo destruído nos últimos dias?
E onde estão os arautos da "dignidade" nacional? Para onde fugiu o ex-presidente Lula, um falastrão de primeira ordem? Por detrás de que esquina se esconde, com outros falando por ela, a presidente Dilma Roussef? Em que buraco de tatu estão metidos aqueles senhores que (des)comandam o Congresso Nacional? Se nem o ministro Guido Mantega abre mais a boca para vomitar asneiras, a coisa está feia. Para lá de feia. Aliás, os cartazes e faixas que criticam diretamente essas pessoas, o comando do Brasil, a TV não vem mostrando nos noticiários que varam tardes e noites. Por quê?
Mas nada, nada justifica o vandalismo. Ele não vem da vontade de mudar, do inconformismo dos brasileiros, da repulsa que todos nós sentimos diariamente ao ouvir rádio, ler jornais e revistas, ver TV, etc. Esse inconformismo é digno e o sentido da revolta está sendo solapado. Há infiltrados nos movimentos que nascem dos corações da juventude do Brasil e o interesse dessas pessoas é desacreditar o momento que vivemos, colocar a sociedade dividida para enfraquecer a onda que cresce.
De onde estão vindo os novos "Cabo Anselmo"? Quem sabe do mesmo subterrâneo que gerou, por exemplo, o boato sobre o fim do Bolsa Família, provocando ataques à Caixa Econômica Federal. A história registra esses episódios. São todos eles frutos da desonestidade, do apego sem limites ao poder e suas mordomias e do desapego para com o interesse público. Da vontade intestina de continuar ganhando dinheiro fácil. E a história não pode ser esquecida agora.   

19 de junho de 2013

No, I'm not going to the world cup!

Vassouras verde e amarelas numa Brasília que não vê o novo Brasil
O título dessa coluna é o de um filmete postado por uma brasileira moradora de Nova Iorque no You Tube, de nome Carla Dauden (neste link (clique aqui). Não, ela não vem ao Brasil para ver a Copa do Mundo.  Tem vergonha na cara!
E esse, meus amigos, é um dos muitos motivos dos protestos que pipocam hoje pelo País afora, de Norte a Sul, do Oiapoque ao Chuí. Além dele há o preço das passagens urbanas, a corrupção desenfreada, a criação de ministérios com o único intuito de comprar apoios políticos e a anacrônica atividade parlamentar no Brasil onde tudo, rigorosamente tudo, é trocado por cargos pagos com dinheiro público. E como financiar essa prostituição descarada: com impostos. A cada dia mais impostos, maiores impostos, mais injustos impostos, mais desavergonhados impostos, mais punitivos impostos, sobretudo para os pobres porque o percentual dos pseudo protegidos de Lula sempre representa mais na conta do fim do mês.
Todo mundo sabe que as obras da Copa do Mundo são superfaturadas. Que o PAC também o é, além de as construções populares terem qualidade tão ruim a ponto de não resistirem a um vendaval. Todo mundo sabe que na divisão de cargos dos governos federal e estadual, principalmente, grande parte do butim dos partidos fica nas mãos de gente sem o menor escrúpulo. E que rouba mesmo. Tanto que o ex-senador Severino Cavalcanti, pedindo uma diretoria da Petrobras, certa feita pleiteou "aquela que fura poço!".
Para que serve a nossa classe política? Ela deveria ser a guardiã do Norte do País. Deveria fazer e reformar leis e fiscalizar o Executivo para garantir o bom uso do dinheiro público. O que faz? O inverso. Vende-se por postos de primeiro, segundo e terceiro escalões e consegue até mesmo paralisar votações de claro interesse nacional para que seus privilégios sejam não apenas mantidos, mas ampliados.
O trabalho parlamentar tem sentido quando tanto o Executivo tem independência a quanto o inverso. Tem sentido quando o Judiciário também tem independência a ele e o inverso igualmente ocorre. Nada impede que um deputado ou senador indique profissional habilitado para função pública necessária. A política de indicações como condição para atuar é o que prostitui a atividade. O acordo político existe em todos os lugares. Em todas as democracias. Mas precisa ter limites éticos claros. 
Essa meninada que vai às ruas hoje - exceto aqueles que agridem, depredam, roubam ou cometem outros crimes - são a garotada de sempre. Assim como no passado, eles têm um Norte. Todos devemos dar o nosso apoio a eles. Ontem o inimigo era ditadura militar, que morreu de inanição. Depois foi Collor, que renunciou para não ser cassado. Agora é o Governo Dilma. Não por ser esse e pela presidente ser ela, mas por representar tudo o que de podre o brasileiro quer ver pelas costas.