29 de janeiro de 2013

A responsabilidade é do Poder Público

Parentes pranteiam seus mortos em Santa Maria. Uma tragédia anunciada
Bastou que mais de duas centenas de vidas de jovens cheios de futuro fossem ceifadas em Santa Maria (RS) para que o brasileiro, mais uma vez, parasse para se perguntar o que nos leva a enfrentar tais tragédias. Mas a resposta está além dos que foram presos e serão processados: é a omissão do Poder Público. Tanto que somente depois de tudo acontecer, autoridades de diversos setores e calibres se ergueram de seus berços esplêndidos para exigir "rigorosas providências" para que isso não aconteça mais.
Uma cidade está em choque. A população se divide entre o pasmo e o choro convulsivo. E eu não acredito, com toda a sinceridade, que essas tantas mortes, esses tantos sofrimentos, esse trauma imenso, modifique por um milímetro a maneira de pensar de nossa classe política. Dá declarações protocolares, emite notas oficiais e enviam gestos de solidariedade. Mas, paralelamente a isso, já se voltam a pensar na manutenção de seus privilégios, na diminuição sempre progressiva de sua carga de trabalho e nos acordos, muitos deles inconfessáveis, que são feitos para a manutenção e repetição dos mandatos. Os mais de três mil atos legislativos engavetados no Congresso Nacional, depois do cinismo do final do ano, continuam nas mesmas gavetas. Haverá, dentre tanta coisa diferente, alguma lei regulamentando casas de shows? Boates? Pedindo ou definindo regras de segurança? Se há, está na gaveta por pressão de empresários do setor. Eles têm o dinheiro. Eles têm a força!
Embora seja inevitável dizer que o Ministério Público tem sido um dos guardiães dos direitos do cidadão, também é inevitável concluir que ele funciona bem melhor sob as luzes dos holofotes. Sem ela muitas vezes entra em letargia. Pode-se dizer que essas luzes dão força a boa parte de seus membros.
Hoje sabemos que incontáveis cases de shows, boates e congêneres são potencialmente perigosas. E não têm saídas ou portas de emergência porque a comanda é mais importante do que a vida humana. E há seguranças, brutamontes bem treinados, para garantir que sejam pagas.
Basta olhar pela TV e ver que a boate Kiss estava cercada por dois prédios laterais e sem segunda rota também aos fundos. Entrava-se e saia-se apenas por uma porta estreita à frente. Ela, a boate, era um cubículo para jovens, um barril de pólvora esperando explodir. E nenhuma autoridade gaúcha daquela cidade universitária viu isso antes de centenas de futuros deixarem de existir. Os feridos sobreviverão? Caso positivo, quanto de sequelas carregarão pela vida afora?
Os donos da boate pocilga Kiss são apenas cúmplices. Os membros da banda Gurizada Fandangueira, partícipes da irresponsabilidade geral e não atores isolados. Os verdadeiros culpados, ou mergulharam em suas férias de donos do mundo, ou então dão entrevistas, aproveitando o momento e pensando nas próximas eleições. Quanto às vítimas, milhões choram por elas. Mas serão as últimas? Infelizmente, creio que não.          

15 de janeiro de 2013

Os aposentados da "Belíndia"

Trabalhadores da Petrobras tiram as roupas. Querem aposentadoria maior
Seria caro e relativamente demorado corrigir uma das maiores e mais escandalosas aberrações da vida brasileira: a péssima qualidade do ensino público, praticamente inexistente em algumas regiões brasileiras: mas seria possível fazer. Em vez disso os últimos dois governos (Lula e Dilma) preferiram instituir guetos estudantis no País. Primeiro, o regime de cotas para negros. Até filhos de pais alemães se declaram negros hoje. Depois vieram cotas para outras minorias. No ensino público federal o ingresso pelo mérito puro e  simples tende à extinção. Pior é que muitos negros concordam com isso. Em viver num Brasil onde houve um longo caminho até o combate do racismo e hoje é dividido, pelo menos no ensino, por raças.
Seria caro e relativamente demorado promover a Justiça para os aposentados do INSS. Pessoas que passaram a vida toda contribuindo para esse Instituto, e pagando caro para ter um final de vida digno, agora não têm acesso a serviço médico de qualidade e estão vendo seus vencimentos minguarem a cada ano. Por demagogia, o governo aumenta o salário mínimo acima da inflação e corrige os outros benefícios, sobretudo dos aposentados, rigorosamente na inflação ou a nível menor que ela. Dentro de pouco mais de duas décadas, segundo os pessimistas, todos estarão nivelados por baixo. Receberão apenas o mínimo.
Algumas pessoas, ao longo de grande parte de suas vidas, contribuíram para o INSS sobre vinte salários mínimos. Era uma carga pesada, inclusive para as empresas. Depois esse teto caiu à metade. Os contribuintes não tiveram direito assegurado ao proporcional e nem a Previdência devolveu o que foi cobrados além do novo teto. E não adiantou lutar. A mesma Justiça que assegura para si e para os funcionários do serviço público todos os direitos adquiridos, negou-os à massa imensa dos trabalhadores da iniciativa privada.
Esse é o governo do PT. O mesmo governo do mensalão, dos incontáveis escândalos de corrupção e que paga milhões para que o dinheiro público, o meu e o seu,  custeie reformas milionárias nos apartamentos funcionais de deputados federais e senadores, que terão até banheira de hidromassagem. Eles que já ganham quinze salários gordos por mês, contra treze magros do outro Brasil. Nessa "Belíndia" em que vivemos, a "Bélgica" a cada dia que passa aumenta mais sua distância financeira em relação à "Índia",
Os servidores da Petrobras, uma das empresas públicas que melhor pagam no Brasil, um belo dia resolveram protestar contra as aposentadorias deles e ficaram sem roupas diante da sede da empresa. Mas pelado de barriga cheia é uma coisa. Nu que não tem dinheiro sequer para comprar roupas e é obrigado a se alimentar do que pode e não do que quer comprar, outra muito diferente.
Não é esse o Brasil que construímos para nossos filhos!    
    

12 de janeiro de 2013

Chávez vai governar do céu! Ou do inferno!

Suposta foto de Hugo Chávez morto. Não se sabe se é real nem o autor
Relutei em escrever esse texto, pois jornalistas se apegam aos fatos. Sei disso sobejamente. Mas como muita gente está pensando como eu, vamos lá: Hugo Chávez está morto e embalsamado em Cuba, aguardando a hora ideal para "morrer" oficialmente e ser transportado para seu país. Se por ventura eu estiver errado e os fatos vierem a me desmentir, peço desculpas antecipadamente. Mas pensar assim não é imaginar algo insólito.
A foto do texto vem da Argentina onde um jornal deu essa notícia. Pode ser claramente montagem feita a partir de foto real, pois esse tipo de falsificação de imagem é hoje produzida de forma quase perfeita. E se não é, seria o caso de saber como quem fotografou conseguiu entrar no hospital e fazê-la, com tanta clareza assim.
Mas há indícios da morte do presidente da Venezuela. Quando, depois da cirurgia, o hospital informou por meio de nota que haviam surgido várias complicações no quadro de saúde do presidente venezuelano, o seu colega cubano Raul Castro foi até a residência de Fidel Castro e, em seguida, os dois se dirigiram ao hospital. Perguntado sobre porque estava ali, Fidel disse ter ido se despedir de um camarada que considerava como irmão. Nessas situações a gente só se despede de moribundos ou cadáveres. Velórios servem para isso. Não tem sentido se despedir de quem vai sair do hospital.
Além disso, Cuba depende hoje quase tão umbilicalmente da Venezuela, como dependia da União Soviética antes de seu desmembramento. A falta de Chávez vai provocar um vazio difícil de ser preenchido. E a ele se seguirá grande instabilidade política naquele país. Como os venezuelanos vão resolver esse problema ainda não está claro. Mas terão de enfrentá-lo. E será difícil fazer isso com Nicolás Maduro, um vice-presidente que não foi eleito. Ou ele será um gênio político daqui para a frente, ou então é bom lembrar que as coisas (e pessoas, por que não?) ficam podres depois de ficarem maduras.
Mas Chavéz é um caso quase único na política latino-americana. Os venezuelanos o amam e o odeiam tanto, que vão querê-lo "governando" do do céu ou do inferno. Com Simon Bolivar ao lado.                  

5 de janeiro de 2013

Como o macaco no galho

Guarapari, balneário mais conhecido do Espírito Santo, não tem prefeito. O que venceu a eleição, Edson Magalhães, é acusado pela Justiça Eleitoral de estar tentando seu terceiro mandado. Além disso, pesam outras acusações contra ele, mas a que determinou sua impossibilidade de ser empossado reside no fato de ele haver substituído o prefeito anterior, cujo mandado foi cassado, e depois ter sido eleito. Como tentou novamente, para todos os efeitos pretendia ser uma espécie de Hugo Chaves municipal.
Mas esse nem é o ponto principal. Magalhães era filiado ao PPS. Com a marcação das novas eleições, e para poder (?) apoiar seu antigo vice, Orly Gomes, que é do DEM, se desfiliou do partido de origem e passou a ser o mais novo "Democrata" capixaba (Democratas são, em muitos casos, ex-colaboradores da ditadura militar que mudaram de nome). Oportunismo de última hora, política em proveito próprio ou de grupos, é uma constante na vida pública desse nosso pobre Brasil, sobretudo nos últimos 20, 30 anos. É irônico, mas depois da ditadura.
O PPS, Partido Popular Socialista, é o atual nome do antigo Partido Comunista Brasileiro, o PCB ou Partidão. A sigla foi trocada numa convenção nacional, por maioria, de modo que a decisão não pode ser questionada. Questiona-se o que surgiu daí: um partido político como todos os outros, habitado por grande maioria de ativistas de carreira, sem ideologia alguma, em alguns casos meros oportunistas e, como mostra o exemplo citado, capazes de pular de galho em galho no sabor de interesses corporativos. São como macacos. Eles usam a força das pernas e o equilíbrio do rabo em busca de comida.
O Partidão tem história. Bela história! Como pode ser visto na ilustração dessa matéria, na festa dos seus 90 anos, no ano passado, a sigla atual convivia com a marca da foice e do martelo, representante do trabalho no socialismo de Estado. O Partidão foi uma grande legenda na luta contra a ditadura militar que infelicitou o Brasil de 1964 a 1985. É triste vê-lo agora como está, caçando cargos e fazendo alianças com pessoas e legendas, algumas de aluguel, e praticamente todas sem vínculo algum com seu passado idealista.
Aqui no Espírito Santo o PPS está ainda mais desfigurado. Suas lideranças regionais, a partir do presidente Luciano Rezende, atual prefeito de Vitória, foram aos poucos alijando do processo decisório praticamente todos os velhos militantes. Comunistas históricos deixaram de ter voz. Socialistas, mesmo social-democratas, não fazem mais parte do diretório. Não se aceita quem contesta. A decisão de um pequeno colegiado, um grupelho, é lei para todos. Reclamou, deixa de ter peso no Partido. Passa a ser nada.
É uma pena que meu velho Partidão desça a escada. O atual prefeito de Vitória foi eleito em outubro passado com um lema dizendo, dentre outras coisas, que aquela era a opção da mudança. Sua propaganda berrava: "Muda Vitória!". Alguns entenderam o recado em todas as suas nuances. Edson Magalhães já mudou!                    

1 de janeiro de 2013

Dilma e o pote de ouro

Arco-íris de 1º de janeiro em Vitória. No final dele há um pote de ouro!
Depois de muitos dias de calor abrasador, o ano novo amanheceu hoje em Vitória (ES), nesse 1º de janeiro de 2013, com o céu nublado, temperatura agradável (25 graus centígrados) e um belo arco-íris no céu. Ele "andou" para a esquerda e foi embora depois de deixar algumas pessoas com água na boca.
Não deve, claro, ter sido visto em Brasília onde a maioria estava de ressaca, dormindo até tarde depois da festança do final do ano. Afinal, como diria minha avó materna de tão saudosa memória, "todos somos filhos de Deus".
Mas existem os que são mais filhos do que nós. Um deles é a presidente(a) Dilma Roussef. Li um dia desses que ela manda buscar, se não me engano em São Paulo, o cabeleireiro que faz com que suas madeixas fiquem mais apresentáveis. O sujeito é pego em casa ou no trabalho, levado ao Aeroporto de Congonhas (imagino que seja vôo de carreira), embarca para Brasília. Vai possivelmente de taxi ou veículo oficial até o Palácio da Alvorada, trabalha os cabelos presidenciais, possivelmente almoça ou janta muito bem, recebe pelo trabalho e é levado de novo até o aeroporto de Brasília. Estamos quase no fim: então ele voa de novo para São Paulo, de onde é levado para seu trabalho ou sua casa. TUDO COM O DINHEIRO DA GENTE! Sim, porque a digna presidente não paga contas. Tem cartão corporativo.
Sugiro, inspirado na bela imagem do arco-íris e como para homenagear o inicio do ano, que a presidente(a) ou um de seus assessores, tente achar o final do belo espetáculo. Consta que lá há um pote de ouro e com ele muitos penteados poderão ser feitos com todas as despesas pagas. Alguns dizem que isso não passa de uma lenda. Mas não custa tentar. Só uma coisa: como o final do espetáculo da refração luminosa pode ser muito longe, não vale fazer a viagem com dinheiro público. Tem que ser brincadeira de final de semana.
E vamos em frente!