31 de agosto de 2014

Marina e o messianismo

Temo, e muito, o messianismo. Marina Salva mudou dois pontos de seu programa de governo alegando que houve engano em sua elaboração, no tocante à união homoafetiva e criminalização de homofobia. O segundo ponto é muito perigoso, pois pode deixar crimes impunes. Já há, pelo país afora, ataques violentos contra homossexuais partidos até mesmo de neonazistas. Isso precisa de uma criminalização específica, capaz de conter algo que por vir a representar uma onda.
 A candidata garante que vai respeitar o Estado Laico - pombas, está na Constituição! -, etc. e tal. Mas há perigo em suas últimas ações. Sou heterossexual, mas minhas preferências são minhas. Não posso impor minha forma de pensar aos outros. O mesmo se diga do inverso. Governar significa respeitar a todos e se curvar à vontade da maioria, agindo em favor desta. Mesmo não gostando, mesmo remando contra convicções pessoais. Significa respeitar as mudanças surgidas com o progresso e com o pensar a cultura, a forma como ela se expressa em sociedade.
O Brasil não é a Assembleia de Deus. Deve-se respeito a essa religião, mas ela não governa. Nem ela nem nenhuma outra. Todas são formas de expressão teológica num País de imigrantes de diversas raças e pensarem religiosos. O que forma nossa nacionalidade e a paz que ela transmite é o aceitar esse tecido social como ele é sem, conflitos étnicos ou religiosos. Não podemos permitir a formação do caldo de cultura que gere disputas nessa área. Sob hipótese alguma.
Também temos que permitir o progresso científico sem freio algum. Sem limites impostos, sobretudo partidos de valores estranhos a ele. O Brasil precisa do progresso da ciência e do investimento na formação do cidadão desde o início da vida escolar até o após o fim do Terceiro Grau.
Por fim, assusta a mim até a forma de vestir da Marina. E não é preconceito meu. Quero, para todos nós, um Brasil que nos represente, seja nosso. Na foto desse texto, a candidata parece uma missionária. Um Silas Malafaia de saias, ainda que sem o viés Tio Patinhas dele. Não pode ser dessa forma. Ela hoje é favorita à presidência pelo fato de, à grande parte do eleitorado, representar o novo. Mas o novo pode ser um farol virado para trás. Eis o risco. O perigo que ainda há tempo de evitar que se concretize. O novo tem que representar um Norte seguro e que nos leve a todos ao progresso. Um País em vias de recessão econômica precisa de tudo, menos de instabilidade social capaz de agudizar ainda mais os riscos que corremos hoje.
Aqueles que assessoram Marina têm uma tarefa urgente a cumprir. Comecem agora!   

27 de agosto de 2014

O fator Marina Silva

Marina Silva foi agressiva no seu primeiro debate de televisão como candidata à presidência da República. Tentou, quem sabe, fazer a diferença. Aécio Neves, o mais claro e calmo, mostrou seus projetos de forma mais, digamos, didática. Dilma Roussef, de branco, mostrou-se o que é: a dona da Ilha da Fantasia e de cujas fantasias as pessoas aos poucos se afastam. Pessoas de vários espectros políticos e sociais. Até o Bolsa Família vaza votos...
O fator Marina Silva é vital nessa eleição. Substituindo Eduardo Campos ela mostrou ter muito capital de voto. Sua imagem a ajuda: politicamente é uma pessoa imaculada. Será muito difícil construir acusações contra ela fora do universo da radicalização que se inicia no agronegócio e termina no messianismo. Se os que a cercam, como estão cercando na foto do intervalo do debate enquanto os assessores de Aécio Neves fazem o mesmo com ele, conseguirem que ela reconheça méritos na necessidade da produção do agronegócio sustentável e o respeito ao Estado é laico, creio eu que a montanha de votos poderá crescer.
O que diferencia Marina de Lula? Simples: ambos eram pobres, ambos vieram de regiões carentes de tudo, ambos chegarem às cidades em carrocerias de caminhões. Lula se imiscuiu em movimentos sindicais e tornou-se um profissional demagogo da área. Com o tempo, um mentiroso, um comerciante de cargos, um comprador de apoios políticos. Um falastrão, um boquirroto. Marina se alfabetizou aos 16 anos, estudou, teve malária, quase viu  Chico Mendes ser assassinado. Cresceu como pessoa, como ser ideológico, como defensora intransigente de seus pensamentos e crenças. Talvez intransigente demais. Mas suas mãos podem ser mostradas limpas. Não mandou pagar mensaleiros, não colocou dinheiro sujo nem na cueca nem na calcinha de ninguém.
O capital político de Aécio vem do PSDB, da família Neves, do nome de Tancredo e de suas passagens competentes pelos poderes Legislativo e Executivo. É um homem preparado, mas vai ser atacado até o final da campanha. Sua arma será a calma e os argumentos sólidos. Se conseguir...
O fator Marina Silva vai decidir a eleição. Hoje ela já fala no Jornal Nacional. Justo, pois o antigo candidato está morto. Hoje ou ela começa a se mostrar alternativa de peso ou alguém que ataca demais e às vezes fala de forma difícil de as pessoas comuns entenderem. Isso no Brasil é péssimo.
Hoje o fator Marina Silva se mostra de novo. No Palácio do Planalto pernas vão tremer. Um fantasma chamado segundo turno entre Marina e Aécio já deve ter sido enxotado a vassouradas. A tiros de canhão. Mas esse fantasma começa a existir. E pode se materializar, embora agora raras pessoas pensem nele. Tanto que a pesquisa do Ibope para o segundo turno das eleições desconheceu essa hipótese. Mas as próximos pesquisas podem encontrar-se com ela.           

17 de agosto de 2014

Não vamos renunciar ao Brasil

Nós, brasileiros, já sobrevivemos a muitas tragédias. A morte de Eduardo Campos destrói uma família linda, movimenta fora de hora o tabuleiro sucessório presidencial brasileiro, lança nuvens cinzas sobre o que vem pela frente e coloca no colo de Marina Silva o momento mais crítico de sua vida. Numa situação que, aposto qualquer coisa, ela teria feito de tudo para fugir, para interferir, se possível fosse. Nos dias que se seguiram à tragédia do final da manhã de quarta-feira em Santos, nos seus raros pronunciamentos, ela quase foi às lágrimas. A dignidade a conteve.
Marina sabe que tem uma opção. E que vai exercê-la. Sabe que se tornou o fiel da balança no jogo no qual ainda não se pode prever a próxima jogada e todos esperam pela reação das pesquisas. O olhar arguto de Marina está preocupado. Tomara seu lado messiânico ceda ao outro, inteligente e ético, e que habita o mundo político brasileiro em busca do aumento do espaço da dignidade.
Esse domingo mostrou ao Brasil novamente a serenidade triste de Marina ao lado da família Campos. Em momento algum ela desceu do pedestal onde estava e nem tentou galgar os de outrem. Seu silêncio se encerrará no curso dessa semana, pois a definição do quadro político se faz urgente. E de Norte a Sul do Brasil espera-se pelo novo quadro. Quem diria: será a fala da nova candidata, e a de mais ninguém, que o Brasil estará esperando. O Horário Político Gratuito baterá recordes de audiência. Os exércitos de entrevistadores montarão os próximos quadros de pesquisas eleitorais. O que vem por aí? Quem arrisca um palpite? Os olhares dos eleitores mais comprometidos com o Brasil estarão em busca de tudo, menos do choro calhorda de Lula.
Sim, Eduardo Campos disse que não podemos renunciar ao Brasil. Não nos esqueçamos disso.          

5 de agosto de 2014

A criança em Gaza

Se a gente ler bem, com certo cuidado, vai notar que crescem nas revistas, jornais e demais meios de Comunicação ditos "tradicionais" e sérios os textos e falas (não vamos deixar as grandes redes de TVs fora disso) preocupados com o crescimento da influência dos artigos das redes sociais e blogs "às vezes irresponsáveis". Partamos de algumas constatações: se as redes sociais preocupam tanto os meios de Comunicação ditos tradicionais é porque elas têm peso. E se a cada edição destes pelo menos uma reportagem tem que falar disso, "analisar" aquilo, é porque está incomodando. Estariam as redes sociais e os blogs invadindo a esfera de interferência e poder de jornais, revistas, rádios, TVs, internet, etc.? É claro que sim! Isso é o que incomoda.
Vamos partir de outra constatação simples: a esmagadora maioria dos jornalistas que ocupa hoje as redações da "imprensa tradicional" e, portanto, dita séria, tem blog. Ocupa as redes sociais. Permite que sua competência, seriedade e compromisso com a verdade irrefutável - não é assim que pensam? - invada o ambiente onde pululam aqueles não tão afetos a esse tipo de preocupação.
Vamos ao caso do Oriente Médio. A foto desse texto mostra Gaza. Não é montagem, não foi trazida de outra realidade, não visa agredir. Num cenário de destruição, um homem adulto sustenta uma criança sem reação alguma. Estará ela morta? Não estou mostrando sangue, vísceras expostas, nada. Uma criança aparentemente inerte é sustentada por um adulto. Pai? Irmão mais velho? Desconhecido? Membro de grupo de salvamento?
Esse tipo de imagem desperta um sentimento paralelo perigoso chamado antissemitismo. Isso é Gaza. A gente sabe, pois não é bobo, que o ódio aos semitas cresce. E também aos sionistas. Mas outro efeito paralelo não pode ser desprezado: a reações contra o islamismo e suas diversas facções pulula em todos os cantos. Em síntese, o corpo daquela criança carrega dentro de si o ovo da serpente. A diferença atual é que aos palestinos restam os foguetes e túneis. Aos israelenses, uma das máquinas de guerra mais poderosas do mundo. Competentemente utilizada!
Talvez o ideal para aqueles que fazem Comunicação, que se dedicam ao menos em parte a divulgar e comentar fatos não seja serem juízes dos bons e dos maus meios. A menos que alguns se vistam definitivamente de puristas e renunciem a redes sociais e blogs.
Enquanto isso não acontece, esse velho jornalista que vai agora encerrar o breve comentário da criança nos escombros de Gaza tem a lamentar apenas o mau jornalismo. Tanto aquele feito nos "meios tradicionais e profissionais" quanto nos demais: redes sociais e blogs. Lamenta o antissemitismo e o ódio aos muçulmanos porque ambos carregam dentro de si o germe do genocídio. Lamenta a imagem da criança. Sem sangue aparente, sem intestinos expostos ela denuncia que lutar contra as raízes da guerra é muito mais importante do que esgrimir sobre quem melhor as combate e em que meios. Aquela criança exprime a razão de nossas preocupações.    

2 de agosto de 2014

Telefonemas falsos. Ninguém aguenta mais!

Já denunciei isso de todas as formas. Pelo Facebook, por esse Blog, de todos os modos. Já fiz texto  intitulado "Cuidado com telefonemas falsos", etc. Não tem forma de qualquer autoridade constituída fazer o que quer que seja contra isso. Seu telefone toca e quando você atende ele fica em silêncio. Mudo ou é desligado. Depois toca de novo. E vai tocando. Um telefone usado por minha mãe para falar com a neta só hoje já tem registro de oito ligações que, claro, não foram atendidas.
Todas as mais recentes estão vindo do DDD 081: 33210400 (duas vezes), 21380252 (duas vezes), 32167500 (duas vezes), 31984500, 34133400 e 31984750. É todo dia isso. Todas as horas. Você pode ligar para quem quiser, reclamar e não adianta. 081 é do Ceará. Só peço uma coisa ao filho de uma que ronca e fuça autor dessa programação: bote as ligações no número do telefone de sua casa, da casa dos seus filhos, de seus pais, dos seus melhores amigos, se é que os tem. Mas deixe os outros em paz. A gente não quer passar a vida atendendo ligação muda ou que desliga.
Alguém deveria tomar alguma providência. Só nesse meu Blog mais de mil pessoas já mantiveram contato reclamando disso, pois discam safados os número e os encontram aqui. Tem 011, 021, 031, 061, 027, um monte de DDD. E a gente sabe que essas ligações são dadas de centrais ou não, para diversos motivos. Inclusive para golpes. A Polícia Federal já deveria estar investigando isso. A Anatel também. Qualquer órgão. Está na hora dessa zorra parar. Ninguém aguenta mais.