27 de outubro de 2014

Você gosta de corrupção?

Pensei em abrir esse artigo listando os episódios de corrupção dos últimos 12 anos, todos ligados às administrações Lula e Dilma. Desisti; a lista seria grande demais. Como diria o autor dessa espécie de mantra, "numa antes na história desse País" tanto dinheiro público foi desviado. Vamos, então, resumir as coisas: fiquemos no Mensalão, que quase provocou o impeachment do ex-presidente Lula, e no Petrolão, que ainda pode render muito para a presidente(a) Dilma Rousseff. Vamos nos esquecer, por exemplo, do caso Celso Daniel, o cadáver que ainda anseia por Justiça do túmulo onde está.
Você gosta de corrupção? Se  não gosta, saiba que a presidente reeleita ontem para seu segundo mandato carrega essa marca nas costas. E o motivo de praticamente todos os casos de corrupção do Brasil é um só: o governo, desde a posse de Lula, negocia qualquer coisa, principalmente com o Congresso - mas também com empresas patrocinadoras de campanhas -, para que seus projetos, seus planos, sejam todos aprovados, incondicionalmente. Esse é o preço do dinheiro público e está barato.
Sinto um certo nojo, mas não me canso de recordar um episódio: "O presidente me prometeu aquela diretoria que fura poço e tira petróleo. É essa que eu quero!" As palavras são do ex-presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, em conversa com a então ministra Dilma, em 2005. Lula havia prometido a diretoria a um apaniguado dele. Um "indicado político". Dilma Rousseff tentou argumentar dizendo que se tratava de diretoria de área técnica e não poderia ser negociada (é esse o termo correto?) mas não adiantou. Severino levou o que queria e dinheiro da Petrobras foi roubado. Ora, ninguém sabia?
Negue quem quiser, não importa: nossa maior empresa pública, aquela pela qual os brasileiros iam às ruas faz mais de meio século para gritar "O petróleo é nosso!" está quebrada. Quebrou-a o atual governo.
Os jornais de hoje circulam com a notícia da reeleição da presidente e suas palavras de discurso de final de contagem de votos: "Sem exceção, chamo todos os brasileiros para nos unirmos em favor de nossa pátria, nosso País, nosso povo. Não entendo que essas eleições tenham dividido o País ao meio".
Ora, se ela diz com isso que vai deter os casos de corrupção e governar defendendo antes de mais nada o interesse público, então vai precisar enfrentar as próprias forças que a sustentam. Vai ter que se ver diante das denúncias que hoje tomam conta das manchetes de jornais, revistas, rádios, TVs., internet, etc. Não vai ter forças para tanto. Talvez, nem vontade. O discurso de Dilma, ontem à noite, foi mais uma fala de campanha. Promessa de palanque. Um momento de júbilo. Logo, logo, alguém vai lhe pedir de novo a diretoria que fura poço. Vai levar. E se nada for denunciado, é vida que segue...    
    

22 de outubro de 2014

O filme de terror dos aposentados

Parece um filme de terror: 60 por cento dos pensionistas e/ou aposentados do Brasil estão endividados. Muitos deles sequer conseguem mais controlar as dívidas. Organismos como os de cobrança judicial atendem à fila de desesperados que tentam fazer acordos de pagamento. Os que fizeram dívidas diretamente descontadas de seus proventos, esses não têm nem a quem recorrer. O chamado "crédito consignado" simplesmente faz o dinheiro desaparecer como num passe de mágica.
Vocês sabem por que aposentados e pensionistas de forma geral estão nessa situação? Porque não fazem greve. Não têm peso político. Nada conseguem contra o anual achatamento de seus vencimentos. Eles não representam a horda dos que votam graças a Bolsa Família e outros "benefícios".
O atual governo, que tenta a perpetuação de seu modelo de poder para uso próprio, utiliza-se da política de valorização do salário mínimo e dos chamados "programas sociais" com interesse meramente eleitoreiro. E como o dinheiro da Previdência não é suficiente para atender a todas as demandas, sobretudo as mais justas, o imenso contingente de pensionistas e aposentados que recebem pouco ou  quase nada acima do mínimo sofre. O projeto do governo, a maldade que ele esconde e jamais confessa, é ir achatando os proventos até que todos ganhem o mínimo. Isso, claro, exceto aqueles que detêm poder e estão aquartelados nos três poderes. No topo da pirâmide jurídico-social.
Os discursos que se faz hoje falam principalmente em Bolsa Família. E quem os ouve vê esse instrumento como uma profissão. Nada é pedido como contrapartida a quem recebe, muito menos capacitação profissional, educação formal de descendentes. Nada. Só de enaltece os programas e se pede voto. E voto de miseráveis, qualquer discurso vazio consegue. O PT se mantém no poder assim.
Enquanto nada muda, cresce a fila dos pobres nas agências da Previdência, nas filas de bancos e nas salas de espera de instituições de cobrança judicial. Homens e mulheres que passaram a vida inteira trabalhando agora sofrem penúria dolorosa justamente no final da vida, quando ainda têm que enfrentar os gastos decorrentes de enfermidades crônicas, próprias da idade.
Esse é o Brasil desumano que se tenta vender todos os dias aos incautos como se fosse um modelo de desenvolvimento e justiça social. O Brasil do dinheiro ainda não roubado.       

7 de outubro de 2014

A triste constatação da verdade

Um jornal de Vitória, A Gazeta, estampou hoje manchete chamando o Bolsa Família de "Bolsa Votos" Mais ou menos como a ilustração que o leitor encontra nesse texto. Em situação normal um título denúncia deveria merecer desmentido rápido por parte do Governo. Vai merecer? Não vai porque aquela afirmação, desgraçadamente, é verdadeira. Há 12 anos os governos do PT usam o Bolsa Família para conquistar voto de cabresto em todo o Brasil. Sem pudor algum.
Água Doce do Norte, constatou o jornal, tem pouco mais de 43 por cento de sua população "assistida" pelo Bolsa Família. Quase a metade de quem vive lá! Água Doce é um município pobre onde Dilma Rousseff não perde eleição alguma. Nem Lula. Nem quem eles indicarem.
Programas assistenciais são necessários num país com as carências do Brasil e onde falta dinheiro para tudo. Não falta, claro, para roubar. Mas qualquer programa assistencial tem que ser um caminho que o indivíduo trilha em direção à sua autonomia financeira. Um rito de passagem, nada mais que isso. O miserável recebe ajuda até ter um ofício, até ser inserido no mercado de trabalho e conseguir se sustentar, e à sua família, com seus próprios braços. Por seus esforços.
Não é isso o que acontece com o Bolsa Família. Ele visa principalmente eleger candidatos do PT e seus aliados e manter o atual governo no poder indefinidamente. Não há contrapartida para o rio de dinheiro dispendido mensalmente a não ser o voto em cada eleição. Ele chega a ser pedido de forma descarada: "Se nós perdermos as eleições acaba o Bolsa Família". O pobre coitado vota. O governo esgrime argumentos dizendo que esse programa, na verdade, visa a inserir as pessoas no mercado de trabalho e vem fazendo isso com grande competência. Quem acredita nesses argumentos também crê que o mensalão não existiu e que a Petrobras nunca foi tão bem de finanças quando hoje. Também crê que o próprio programa assistencial não é vítima de gatunagens várias.
O Bolsa Família tem que ser repensado. Ele não é emprego, não é profissão e não pode ter 13º salário como Marina Silva pediu num momento de alucinação eleitoreira. Só pode existir se estiver acompanhado de todo um esforço de governo no sentido de dar trabalho, dar dignidade, a quem não a tem. Só o trabalho dignifica o homem. Receber uma quase esmola, nunca.
Desgraçadamente isso não será feito caso Dilma Rousseff vença as eleições no segundo turno, presumo. Resta torcer para que Aécio Neves o faça. Esse assunto vai ser discutido até o dia da eleição sempre de forma "demoníaca" ou demagógica. Mas passada essa fase de vida marqueteira, talvez o Brasil possa viver, em breve, numa situação em que manchetes como a de hoje não existam mais.
Tomara eu não esteja vendo miragens!