Em agosto de 1991 a União Soviética se desintegrava e um presidente "caçador de marajás" divertia Brasília com suas corridas matinais coreografadas com camisetas de encomenda. As ideologias de esquerda eram atacadas de forma virulenta e o filósofo Roland Corbisier escrevia no Jornal do Brasil um artigo intitulado "Tempo de Apostasia". Nele, usava a metáfora maravilhosamente bem construída de convidar a todos os que acreditavam nos ideais de esquerda para se amarrarem aos mastros de suas ideologia e, a exemplo de Ulysses, herói da Odisséia, de Homero, resistir aos cantos das sereias. Elas eram e são muitas.
Em 1991 como em 2015, vivemos tempos de apostasia. Na época, tentava-se desacreditar os princípios do socialismo com base na derrocada da União Soviética. Como se tudo o que havia sido pregado até então fosse balela e o capitalismo, este sim, a última palavra em justiça social.
Hoje nós vemos a derrocada dos governos do PT. Um partido político nascido no discurso das reformas e da ética vem sendo aos poucos devorado por seus próprios canibais. De escândalo em escândalo, de prisão em prisão, ele não apenas se desmantela, mas alimenta a fogueira daqueles que pretendem usar a ocasião para mais uma vez atacar os ideais de esquerda.
Como Ulysses, devemos nos amarrar aos mastros de nossas convicções e resistir aos cantos das sereias. Elas eram muitas em 1991, como são agora. Com o mesmo discurso travestido de oportunismos e usando o episódio da falência moral do governo brasileiro como bengala. Dizia Corbisier: "...certos de que, apesar de todas as crises pelas quais está passando o mundo (o pensamento) socialista, o capitalismo não é a última palavra da História".
Nos últimos 12 anos, não nos roubaram apenas bilhões de reais para alimentar corruptos e um esquema de compra do Poder Legislativo. Tiraram-nos o poder de sonhar, o direito de acreditar num Brasil plural e igual em oportunidades, pois a derrota dessa gente é hoje associada a uma nova derrocada da esquerda. Como se tivéssemos uma União Soviética dentro de nós.
Não é assim. A verdadeira esquerda é digna, é ética, tem compromisso com o futuro e com a Justiça Social, essa com iniciais maiúsculas. Esses que nos julgam representar não são e nunca foram a esquerda, embora alguns tenham sido presos políticos. São apenas homúnculos e nada mais.
O mastro do navio está aí mesmo. Vamos deixar o canto das sereias passar. Ainda há muito a escrever na História. E os autores das novas versões não vão ser os canalhas. Serão os dignos.
Blog de variedades. Um pouco de esporte, um pouco de política, um pouco de fofoca, um pouco de mais tudo o que surgir de interessante. Enfim, um pouco de jornalismo na vida de quem gosta de notícias e interpretação de fatos
25 de maio de 2015
9 de maio de 2015
Mujica e a miséria moral do Brasil
"Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens [...] Essa era a única forma de governar o Brasil" - segundo O Globo, esse trecho consta do livro lançado recentemente por José Mujica, ex-presidente do Uruguai e que muitos contatos teve ao longo dos tempos com o também ex-presidente Lula, autor das declarações. Mujica é reconhecido como uma figura digna.
Poucas pessoas não sabem que o Poder Legislativo do Brasil é uma instituição à venda. Conseguir apoio para aprovação de projetos, para governar, é fácil: basta o Poder Executivo distribuir cargos à vontade entre os parlamentares municipais, estaduais e federais. Em troca disso tudo passa. Sem isso, nada. E os cargos geralmente são dados com "porteira fechada", ou seja, o nomeado tem o direito de, a seu único critério, nomear subordinados. A corrupção no Brasil, o grosso dela, vive aí.
Já disse uma vez e repito; ninguém pode ser obrigado a ceder a chantagens ou imoralidades. Ninguém de caráter. Um presidente da República tem à sua disposição cadeias nacionais de rádios e televisão para uso seu, de livre convocação. Pode convocar também entrevistas coletivas sempre que quiser. E denunciar, denunciar, denunciar, apresentar provas, mais provas, mais provas, até o País se levantar contra os imorais os chantageadores. Ir às ruas, avançar contra eles.
Tenho uma convicção íntima: essa prática nefasta, mãe de todas as aberrações políticas de nossa Pátria, só vai desaparecer no dia em que um Chefe de Estado tiver a coragem cívica de enfrentar a situação. Ainda que sofra ameaças, inclusive de impeachment. Sem comprovação de crime de responsabilidade, nenhuma votação de impedimento passa. A Justiça, acionada pela Advocacia Geral da União barraria tudo. Você pode dizer: mas o Brasil pararia com o enfrentamento Executivo X Legislativo. Sim, pararia. Mas por algum tempo, talvez pouco. E depois disso nasceria dessas cinzas infectas uma Pátria Amada, idolatrada, onde valeria a pena vivermos todos nós.
Alguém em sã consciência acha que o ex-presidente Lula lutaria contra as pressões do Legislativo? Claro que não. Ele cederia, como cedeu, dando dinheiro a todos os corruptos. Diz que é honesto, que jornalistas de Época e Veja, enfiados um dentro do outro não chegam a 10 por cento da honestidade dele, mas sabe que está sofismando. E esse hábito, nele, é patológico.
O escândalo da Petrobras é só um exemplo da miséria moral do Brasil. Seus efeitos são hoje de conhecimento mundial e contribuem para que nosso prestígio internacional tenha a estatura de um rodapé. Estamos no fim do poço, ou perto dele. E não há luz no fim do túnel.
Acredito que esse trecho do livro de Mujica reflita a verdade. O que o autor ouviu efetivamente em algum encontro de Estado. E creio que ele nos retrata em toda a nossa vergonha.
Poucas pessoas não sabem que o Poder Legislativo do Brasil é uma instituição à venda. Conseguir apoio para aprovação de projetos, para governar, é fácil: basta o Poder Executivo distribuir cargos à vontade entre os parlamentares municipais, estaduais e federais. Em troca disso tudo passa. Sem isso, nada. E os cargos geralmente são dados com "porteira fechada", ou seja, o nomeado tem o direito de, a seu único critério, nomear subordinados. A corrupção no Brasil, o grosso dela, vive aí.
Já disse uma vez e repito; ninguém pode ser obrigado a ceder a chantagens ou imoralidades. Ninguém de caráter. Um presidente da República tem à sua disposição cadeias nacionais de rádios e televisão para uso seu, de livre convocação. Pode convocar também entrevistas coletivas sempre que quiser. E denunciar, denunciar, denunciar, apresentar provas, mais provas, mais provas, até o País se levantar contra os imorais os chantageadores. Ir às ruas, avançar contra eles.
Tenho uma convicção íntima: essa prática nefasta, mãe de todas as aberrações políticas de nossa Pátria, só vai desaparecer no dia em que um Chefe de Estado tiver a coragem cívica de enfrentar a situação. Ainda que sofra ameaças, inclusive de impeachment. Sem comprovação de crime de responsabilidade, nenhuma votação de impedimento passa. A Justiça, acionada pela Advocacia Geral da União barraria tudo. Você pode dizer: mas o Brasil pararia com o enfrentamento Executivo X Legislativo. Sim, pararia. Mas por algum tempo, talvez pouco. E depois disso nasceria dessas cinzas infectas uma Pátria Amada, idolatrada, onde valeria a pena vivermos todos nós.
Alguém em sã consciência acha que o ex-presidente Lula lutaria contra as pressões do Legislativo? Claro que não. Ele cederia, como cedeu, dando dinheiro a todos os corruptos. Diz que é honesto, que jornalistas de Época e Veja, enfiados um dentro do outro não chegam a 10 por cento da honestidade dele, mas sabe que está sofismando. E esse hábito, nele, é patológico.
O escândalo da Petrobras é só um exemplo da miséria moral do Brasil. Seus efeitos são hoje de conhecimento mundial e contribuem para que nosso prestígio internacional tenha a estatura de um rodapé. Estamos no fim do poço, ou perto dele. E não há luz no fim do túnel.
Acredito que esse trecho do livro de Mujica reflita a verdade. O que o autor ouviu efetivamente em algum encontro de Estado. E creio que ele nos retrata em toda a nossa vergonha.
5 de maio de 2015
Acabou o dinheiro? Os ratos comeram?
O governo federal não vai cumprir a ordem judicial que determina a não interrupção do prazo de novas inscrições de estudantes no FIES, o programa de inclusão de candidatos a curso superior na rede privada de ensino mediante empréstimo a ser quitado algum tempo após a formatura. O ministro, da Pasta da Educação veio a público dizer que não há mais dinheiro. Acabou tudo, tudinho. E, como terminou, dane-se a ordem judicial. Não será cumprida. E como fica agora esse hiato legal?
Acabou o dinheiro? Os ratos comeram? Não sobrou mais nada depois dos vários butins que atingiram órgãos públicos depois do Mensalão, do Petrolão, após os diversos assaltos aos cofres públicos via BNDES - onde o destino do dinheiro da gente é secreto - dos setores elétrico, de transportes e onde mais foi possível roubar de 2003, 2004 para cá?
No País dos inexplicáveis 38 ministérios que servem sobretudo e principalmente à compra de apoio político via nomeações para primeiro, segundo e terceiro escalões, falta dinheiro para a Educação, Saúde, Infra estrutura, Transportes, Geração de Emprego e Renda, Previdência Social, Segurança, etc, etc. Mas sobre para mordomias as mais variadas, também sobretudo e principalmente para as regalias de todos os três Poderes e suas ilhas da fantasia com sede em Brasília.
Os quase 40 ministérios do Brasil custam aos cofres públicos mais de R$ 400 bilhões anuais. O "custo Brasil" é o maior responsável pelo caixa negativo do País, isso depois da roubalheira que está sendo aos poucos desvendada. A verba dos partidos políticos foi triplicada pela presidente que não manda pois ela e seu ministro da Fazenda precisam fazer passar pelo Congresso as leis que penalizam os brasileiros, que nos condenam a pagar as contas da incompetência, da incúria e das mentiras praticadas há mais de sete, oito anos para que o PT atingisse a meta de se perpetuar no poder não importando quais meios fossem usados. Inclusive quebrar o País.
Panelaços que fizeram com que a presidente que não manda deixasse de fazer uso de cadeia nacional de rádio e TV no dia 1º de maio não vai resolver. O povo tem que voltar às ruas com exigências específicas. Precisa mostrar aos governantes dos três Poderes o que nos agride. Pela redução do custo Brasil (com o corte à metade do número de ministérios), pelo combate às mordomias, pelo repensar das medidas que atingem a população, pelo cancelamento dos reajustes seguidos do custo da energia elétrica, pela manutenção das leis trabalhistas até a total recuperação do País. Finalmente, pela abertura da Caixa Preta do BNDES e pelo fortalecimento de todas as investigações do roubo de dinheiro público institucionalizado.
Nós precisamos dessa agenda. Ou ela ou valerá a pena roubar.
Acabou o dinheiro? Os ratos comeram? Não sobrou mais nada depois dos vários butins que atingiram órgãos públicos depois do Mensalão, do Petrolão, após os diversos assaltos aos cofres públicos via BNDES - onde o destino do dinheiro da gente é secreto - dos setores elétrico, de transportes e onde mais foi possível roubar de 2003, 2004 para cá?
No País dos inexplicáveis 38 ministérios que servem sobretudo e principalmente à compra de apoio político via nomeações para primeiro, segundo e terceiro escalões, falta dinheiro para a Educação, Saúde, Infra estrutura, Transportes, Geração de Emprego e Renda, Previdência Social, Segurança, etc, etc. Mas sobre para mordomias as mais variadas, também sobretudo e principalmente para as regalias de todos os três Poderes e suas ilhas da fantasia com sede em Brasília.
Os quase 40 ministérios do Brasil custam aos cofres públicos mais de R$ 400 bilhões anuais. O "custo Brasil" é o maior responsável pelo caixa negativo do País, isso depois da roubalheira que está sendo aos poucos desvendada. A verba dos partidos políticos foi triplicada pela presidente que não manda pois ela e seu ministro da Fazenda precisam fazer passar pelo Congresso as leis que penalizam os brasileiros, que nos condenam a pagar as contas da incompetência, da incúria e das mentiras praticadas há mais de sete, oito anos para que o PT atingisse a meta de se perpetuar no poder não importando quais meios fossem usados. Inclusive quebrar o País.
Panelaços que fizeram com que a presidente que não manda deixasse de fazer uso de cadeia nacional de rádio e TV no dia 1º de maio não vai resolver. O povo tem que voltar às ruas com exigências específicas. Precisa mostrar aos governantes dos três Poderes o que nos agride. Pela redução do custo Brasil (com o corte à metade do número de ministérios), pelo combate às mordomias, pelo repensar das medidas que atingem a população, pelo cancelamento dos reajustes seguidos do custo da energia elétrica, pela manutenção das leis trabalhistas até a total recuperação do País. Finalmente, pela abertura da Caixa Preta do BNDES e pelo fortalecimento de todas as investigações do roubo de dinheiro público institucionalizado.
Nós precisamos dessa agenda. Ou ela ou valerá a pena roubar.
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