23 de dezembro de 2015

Dilma, a "ilibada"

Ouvi atônito o discurso da presidente Dilma Rousseff e no qual ela se proclama pessoa ilibada. O texto está na fofo/ilustração desse artigo. O que é uma pessoa de conduta ilibada? Trata-se de um ser "não tocado; sem manchas; puro; incorrupto". Tudo o que a chefe do Executivo não é.
A compra da Refinaria de Pasadena, que custou prejuízo monumental à Petrobras, foi concretizada com a assinatura dela. A "economia criativa" desenvolvida para levar pessoas, empresas e até mesmo governos a imaginarem que o Brasil atravessava época de bonança no ano passado durante a campanha eleitoral que a reelegeu, foi levada a cabo pelo ministro da Fazenda dela, Guido Mantega, com o intuito de enganar, de ludibriar, de vender a ideia de que estávamos em um País com contas em dia mas que, à época, já naufragava como um Titanic com piloto incompetente. Pessoas ilibadas não permitem disso.
Finalmente, e só para não nos estendermos demais, as "´pedaladas" fiscais representaram dinheiro tomado a instituições financeiras governamentais, sem condição de ser devolvido em seguida, e serviram para abastecer os programas sociais que, em 2014, salvaram o governo de uma derrota eleitoral. Mais uma vez por meio de enganações. Só que nesse caso ficou claramente configurado que a Presidente cometeu crime de responsabilidade. E pode-se ser alvo de impeachment por tais crimes. Isso está previsto na Constituição que, mão colocada acima, Dilma prometeu honrar e respeitar,
Fiquei atônito várias vezes e não apenas uma. Também ao ver um senador contrariar a negativa de aceitação das contas da presidente referentes a 2014 porque, segundo ele, a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite que ninguém governe. Um senador prega o desrespeito às leis. Pasmem.
Fiz essa abertura só para chegar ao ponto que considero fulcral para esse meu último artigo do Blog do Álvaro em 2015: se Dilma e o atual governo continuarem, forem até 2018, tenho convicção pessoal - e milhares de outras pessoas também - de que o Brasil estará falido ao final da etapa,
A presidente não deseja reforma alguma. Seu atual ministro da Fazenda é um dos autores da "nova matriz econômica" que nos está levando à bancarrota. Segundo dezenas de análises de gente da maior respeitabilidade na área econômica, corremos o risco de ter toda uma década perdida, de 2011 a 2020 caso o Brasil não mude. Caso a farra com dinheiro público não cesse. A Operação Lava Jato, sozinha, não vai nos salvar. Para que o Brasil se reencontre com seu futuro, com todas as suas potencialidades, é preciso que os incompetentes que o governam saiam. E que a corrupção seja combatida sem trégua.
O impeachment não é apenas um instrumento legal que agora pode depor uma presidente. Ele é a salvação desse País que nós amamos e eles, ao que parece, não.            

16 de dezembro de 2015

O governo do caos

A agência de investimentos Fitch rebaixou a nota do Brasil. Estamos no último degrau antes de deixar o grau de investimento para ingressar nos patamares especulativos. Isso significa que em breve perderemos muitos investimentos internacionais, sobretudo de ricos fundos. Já havíamos tido nossa nota rebaixada pela agência Standard & Poor's. Agora só falta a última delas, a Moody's.
Vende-se a ideia de que isso ocorre por
irresponsabilidade do Congresso. Unicamente. Não é verdade, embora o Congresso seja irresponsável, sim. Na verdade, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que fez um périplo pelo Legislativo logo depois desse rebaixamento sabe muito bem que nosso País só tem tido resultados pífios na economia por não reduzir o chamado "Custo Brasil".
Temos um Estado mastodôntico e um governo que aposta no caos. Prometeu reduzir os ministérios e seus custos e fez uma simples maquiagem. Prometeu demitir três mil dos 15 mil apaniguados mais próximos do poder e ocupantes de cargos comissionados e não mandou ninguém embora. Prometeu outras ações de redução de despesas e nada fez. O Brasil acumula déficits por não conseguir arrecadar o que gasta. Essa ciranda suicida foi inaugurada no governo de Lula e segue até hoje. Joaquim Levy a conhece não tem força para combatê-la. Ao contrário, insiste em tomar medidas de aumentos de impostos mesmo sabendo que já não suportamos mais isso. Ora, então vá para casa!
Desde que Lula assumiu o poder após as eleições de 2002, o tamanho do Estado inflou. Era preciso dar cargos a todos os companheiros e aos amigos da "base aliada". E haja cargos! Os que não havia foram criados. Salários cresceram fora de controle. E deu-se então a ciranda dos roubos. Chegou-se ao cúmulo de quebrar a Petrobras, o que era considerado impossível.
Não vou falar sobre os escândalos seguidos. Eles estão todos o dias nos jornais e TVs. Nos envergonham, fazem o Brasil virar motivo de chacota internacional e o resultado final é esse. Nossa maior crise financeira de todos os tempos é também reflexo da maior crise ética. Nunca antes na história desse País tanta gente desqualificada frequentou Brasília, viveu lá, deu ordens e roubou.
Nunca antes!
Dona de apenas nove por cento de aprovação, a presidente que aprovou a compra da refinaria de Pasadena, que fez vista grossa - no mínimo - à dilapidação da Petrobras e cometeu várias ilegalidades conhecidas como "pedaladas fiscais" para vencer as eleições do ano passado, não tem condições de prosseguir governando. Ela destruirá o Brasil antes de chegarmos a 2018.
Sim, fomos nós que a elegemos. Isso é correto. Mas a Constituição, Carta Magna desse Brasil assaltado, nos dá também o direito de tomar o poder das mãos dela. Façamos isso enquanto é tempo.

15 de dezembro de 2015

Catilinárias candangas

Cicero ataca Catilina no Senado Romano. Igual ao Brasil
Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes! - 
Marcus Tullius Cicero.
Você, caro leitor, pode substituir o nome Catilina citado nesse discurso pelo Tribuno Cicero em 63 Antes de Cristo por Eduardo Cunha. Por Lula. Por Collor. Por Renan Calheiros. Ou então por tantas outras figuras menores que desonram hoje nosso País devastado por roubos, por escândalos, por repercussões negativas em todo mundo. Nosso País vivendo sua mais profunda crise econômica de toda a história, sua crise moral e ética mais aguda, e ainda correndo o risco de ver tudo isso se agravar com o chegar do ano novo e, talvez um rebaixamento por parte das agências de classificação de risco. Ou que poderá nos deixar ao rés do chão. Literalmente.
E vivemos isso enquanto as únicas ações do governo são as tentativas de aumentos de tributos. Enquanto ele maquia a verdade e anuncia mas não cumpre as promessas de reduzir o custo do Estado pois, sabemos todos nós, esse custo embute milhares de cargos públicos preenchidos por petistas, apaniguados do PT, do PMDB e de outros "partidos aliados" como o PR.
Não temos mais governo. Na prática, enquanto se discute o impeachment de Dilma Rousseff em Brasília e do Oiapoque ao Chui, nada mais acontece nesse País além do agravamento das diversas crises, pois a Chefe de Estado, que comete crimes de responsabilidade um atrás do outro para manter o mínimo de poder, se agarra ao Palácio do Planalto como um mendigo a um prato de comida.
Hoje a Polícia Federal cumpre mais 53 mandados judiciais determinados pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terceiro personagem na ocupação da presidência em caso de impedimentos da Presidente e de seu Vice, teve suas casas invadidas para a busca de provas do cometimento de crimes os mais variados. Sobretudo envolvendo dinheiro público.
Oh tempos, oh costumes!     

13 de dezembro de 2015

O ovo da serpente

18 de janeiro de 2002, Juquitiba, São Paulo. Se você não o conhece, eis o ovo da serpente.
Nós todos, os omisso, estivemos durante anos ajudando a fazer crescer uma grande Máfia. Vou usar

o "M" maiúsculo apenas e tão somente para mostrar o tamanho desse cancro mole da vida do povo brasileiro. Dessa peste que se transformou em poder e que desde 2003 nós somos obrigados a suportar. Graças ao voto não pensado. Inclusive ao meu, dado em 2002.
Celso Daniel não acreditava em "la legge del capo". Deu no que deu. Em Juquitiba.
Você vai ver duas fotos ilustrando esse texto  Na primeira está o corpo de Celso Daniel logo depois de encontrado. Depois vem a de seu velório. Nessa estão figuras notórias. Olhe bem e você vai encontrar nela, na foto, de "Il capo di tutti capi". Aquele que nunca sabe de nada. Olhando bem nessa segunda foto você vai encontrar também um líder guerrilheiro. Aquele que conseguiu prostituir um sonho. Ele está ao lado do caixão. Pesaroso! Contrito! Grande filho da puta consolando a viúva!
Acreditem nos esforços que estão sendo feitos para que isso tudo acabe. Ou então para que o crime organizado - uma das únicas coisas bem organizadas desse País - peca força. Ele se entranhou em todos os cantos, em todas as esquinas da vida nacional. Sempre existiu, sim. Mas se repente se tornou uma politica de Estado. Daquelas que ganham força e que continuam, se reproduzem e não sentem medo de nada. Nem da Operação Lava Jato ou de qualquer outra.
Hoje, a maioria dos grandes empresários de construção civil estão presos. Curitiba, a bela capital dos paranaenses, virou pouso final de um jato negro da Polícia Federal que, vira e volta, leva gente para lá. Gente suja de roupa bonita, quase sempre vestida de seda e outros tecidos nobres. E que precisa depois trocar essa roupinha por uma farda diferente, renunciando ao luxo e ao conforto.
Sim, porque no Brasil grande parte desse luxo, desse conforto, foi adquirido por meios ilícitos. Por roubo de dinheiro público. Do nosso dinheiro. Esse mesmo que hoje condena milhões de brasileiros à vida indigna, à fome, à mendicância. Hoje mesmo, voltando do supermercado, passei por quatro pessoas, talvez uma família inteira, dormindo na calçada aqui no bairro de Jardim da Penha, em Vitória. São sem teto, sem comida, sem dignidade, sem horizontes. Sem futuro, enfim.
São aqueles que acreditaram no governo do povo para o povo.
Os que sonharam enquanto o ovo da serpente era chocado e Celso Daniel terminava assassinado por ter decidido começar a denunciar. Ele teria evitado, se vivo ficasse. até mesmo a Operação Lava Jato. Mas foi assassinado.    

11 de dezembro de 2015

Vidas secas, bolsos cheios

Animais em um trecho da obra. Milhões já foram roubados 
As vidas continuam secas, mas muitos bolsos estão cheios de dinheiro.
Sinhá Vitória é personagem de Graciliano Ramos no livro "Vidas Secas". Pois foi chamando-a de Vidas Secas - Sinhá Vitória que a Polícia Federal deflagrou hoje nova operação de investigações envolvendo 32 personagens em diversos estados, para encontrar provas do desvio de até agora R$ 200 milhões em obras da Transposição do Rio São Francisco. Tem prisão (quatro), condução coercitiva (quatro), além de 24 mandados de busca e apreensão.
O novo esquema de corrupção com dinheiro público envolve gente bandida de Pernambuco (o trecho sob suspeita vai do agreste daquele Estado à Paraíba), Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília. Por enquanto... E o esquema de desvio de dinheiro dos nossos impostos, endêmico nesse País, envolve o descobrimento de um esquema que ainda estava encoberto, mas com personagens velhos, conhecidos sobretudo da Operação Lava Jato.
Como sempre, os arrecadadores são doleiros e atravessadores como Alberto Youssef e Adir Assad. As empresas envolvidas, os mesmos consórcios já identificados em outros esquemas e que têm diretores presos em Curitiba nessa que é a maior investigação sobre corrupção de todos os tempos.
Não creio que o total roubado seja de apenas R$ 200 milhões. Deve ser muito mais. Muito mais mesmo. Afinal, o que está sendo investigado até agora são somente dois de 14 trechos dessa obra megalomaníaca, defendida por Lula e seus sequazes, com já anos de atraso, paralisada em muitos de seus trechos e que infla o custo final a cada dia que passa.
Um dia desses foi dito no exterior que o Brasil tem superfaturamento em praticamente todas as obras públicas aqui realizadas. Deve ser verdade. O costume de roubar dinheiro público através de contratos que vão desde a esfera municipal à Federal é antigo. E se alimenta a cada dia do fato de que é fácil roubar e difícil recuperar o que foi roubado. Ou será que era?
Ontem li textos escritos por gente culta, ao menos por um professor universitário, dizendo que a Operação Lava Jato é um engodo para atingir o governo do PT. Parece delírio. Isso é a defesa intransigente e irracional de um partido que não se está tentando criminalizar coisa alguma. Ele próprio é parte integrante de crimes nunca antes vistos na história desse país. Como diz um imbecil.
Por que perguntei: "Ou será que era?". Porque domar esse monstro, feri-lo de morte e começar a limpeza do Brasil passa pelo esforço que essa Operação Lava Jato desenvolve hoje.
Ela e mais outras.

10 de dezembro de 2015

Nunca antes na história...

Dilma discursa para sua plateia. Ali ela se sente muito bem
Candidamente, com a sinceridade dos culpados, a presidente Dilma Rousseff disse ontem, perante uma plateia organizada a caráter para que ela fosse aplaudida, que está sendo alvo de um processo de impeachment por ter usado dinheiro público, não para si, mas para investir no programa Minha Casa Minha Vida. E olhava para as pessoas como que dizendo: para melhorar as vidas de vocês!
Quanta bondade!
O único inconveniente é que a lei proíbe. E a lei chama a isso de crime de responsabilidade.
Dilma Rousseff cometeu o que ela chama com desprezo de "pedaladas fiscais" durante a campanha de 2014. Ou seja: ela tomou dinheiro de instituições bancárias sobre as quais o Governo Federal exerce controle - Caixa, Banco do Brasil e outros - para, com o incremento de obras do Minha Casa Minha Vida e com a distribuição de pagamentos ao Bolsa Família, conseguir ganhar as eleições. Não era a preocupação para com os pobres o motivo desses atos. Eram votos a serem conquistados das pessoas menos esclarecidas, aquelas que votam com o estômago ou com a concretização de velhos sonhos. O governo que destruiu horizontes, que apagou a luz no fim do túnel, sabe como poucos qual é a fórmula ideal para manter currais eleitorais. Nem velhos caciques políticos eram tão bons nisso.
Além do mais, e hoje ela tem certa dificuldade de falar no assunto, as contas públicas foram maquiadas com a colaboração de Guido Mantega, o Ministro da Fazenda de então. Tentava-se passar aos demais cidadãos e ao exterior a imagem falsa de um Brasil que tinha controle sobre suas contas e que estaria, portanto, com boa saúde no terreno financeiro. Tudo falso, Tudo golpe de eleição. Tanto que hoje estamos às vésperas de novo rebaixamento pelas agências internacionais de classificação de risco. Vamos perder o "grau de investimento". Nossas vidas ficarão ainda mais difíceis.
Além do mais, a presidente continuou a usar dinheiro público de forma ilegal - na prática, como se tivesse pegando empréstimos bancários - mesmo esse ano, em 2015. Ou seja: nem mesmo a recusa de suas contas pelo Tribunal de Contas da União fez com que Dilma sustasse as práticas desonestas.
E ela discursa. Fala a claques montadas com essa finalidade que tudo o que fez foi para os pobres. Para os programas sociais. Para dar comida a quem não tem e teto àqueles que não o possuem.
Nunca antes na história desse País um governo foi tão cínico! Tão cretino!    

9 de dezembro de 2015

Congresso que não nos representa

Era de se prever que o Supremo Tribunal Federal reagiria a qualquer possibilidade de normas legais/constitucionais serem desrespeitadas pelo Congresso. Ele reagiu na figura do Ministro Edson Fachin (foto), como poderia ter feito isso por qualquer outro de seus membros. Se a regra do jogo é voto aberto - aliás, como deveria ser em quaisquer circunstâncias -, não se justifica que a eleição de membros da Comissão Especial de impeachment que vai levar seu relatório a plenário seja feita numa cabine fechada. Nós, os que elegemos esses representantes, queremos conhecer suas posições.
E o que se viu ontem na Câmara dos Deputados foi lamentável. Não adianta à gente querer se consolar dizendo que na Coréia isso já aconteceu, no Japão também e talvez em Tanganica. Até deputado dando cabeçada no outro as câmeras surpreenderam ontem durante os tumultos que definiram a comissão hoje sob apreciação judicial. Isso afora empurrões, tapas, xingamentos, quebra de urnas e outras coisas lamentáveis - para dizer o mínimo. E as imagens correm o mundo todo.
Sabe-se que o julgamento de um impeachment é mais político do que jurídico. Mesmo assim ele tem que se juridicamente construído. A presidente realmente cometeu crime de responsabilidade usando dinheiro público para pagar programas sociais de forma ilegal. Pior: fez isso às vésperas de uma eleição, para influenciar o resultado das urnas. Maquiou a situação lamentável de nossa economia também às vésperas da eleição. E repetiu "pedaladas" esse ano, mesmo depois de saber que o Tribunal de Contas da União poderia recusar suas contas. Não podemos ser democracia de fachada!
Mas ainda assim precisamos respeitar a regra do jogo e sobretudo a Constituição Federal. Ela nos foi dada em 1988, depois de muita luta contra a ditadura militar e impõe regras para impeachments. Esse ritual, que é legal, tem que ser respeitado. De pouco importa que idiotas o chamem de golpe. Até mesmo porque o partido do governo atual foi favorável à instalação de processos de impeachments anteriores a esse e em nenhum momento, nos casos passados, chamou o procedimento de golpista.
Temos um Congresso que não nos representa, apesar de contar com muitos membros dignos. O presidente do Senado está sendo investigado por ilegalidades várias e o da Câmara pode ser cassado de uma hora para a outra por receber propinas e manter conta bancária na Suíça. Acresce a isso o fato de que o Governo Federal desde 2003 nos envergonha, quer seja por seu primeiro chefe de Estado, quer seja pela atual. Os escândalos são tantos e tão grandes que o Brasil virou chacota no exterior.
Infelizmente e diante de tudo isso, o drama que se estende de Mariana a Regência é coisa pouca!  

8 de dezembro de 2015

"Verba volant, scripta manent"

O texto que faz título a esse artigo abre a carta do vice-presidente da República, Michel Temer, endereçada ontem à presidente Dilma Rousseff. É um texto em latim que, em tradução livre, quer dizer: "As palavras voam; os escritos permanecem". Temer queria que sua carta permanecesse e, não por outro motivo, a fez cair nas mãos de todos os jornalistas de Brasília. E do mundo...
Podia dar certo? Não entre o político de carreira e a gerentona 
Não pode existir rompimento mais claro, mais cristalino. De hoje em diante Dilma não poderá mais se referir a Temer como "meu vice-presidente". E nem Temer ao governo como "meu governo". E as consequências desse rompimento poderão significar muito para essa "criação" de Lula.
A gente planta, a gente colhe.
Dilma Rousseff ficou famosa, mesmo antes de ser presidente, pelas broncas desqualificantes que dava em seus subordinados. Algumas pessoas chegavam a chorar. Na presidência, continuou no mesmo tom, levantando a voz e esmurrando a mesa para muitos de seus ministros. Não era uma presidente; era uma gerentona daquelas bem sem educação. Sem classe.
Não recebia políticos. tratava-os com extrema rudeza, com desprezo, com desdém. E os políticos sentiam isso, dos mais pulhas aos honestos. Dilma, muito mais do que Lula, diferenciava "nós" e "eles". E mesmo "nós" éramos tratados à distância. Com muita distância.
É que Dilma não foi atriz política. Não iniciou a carreira pelas urnas nos cargos municipais ou estaduais. Ela foi guindada à presidência por um presidente que queria dela apenas a imagem de um rito de passagem, embora sem saber o que quer dizer isso. Lula queria, desde o dia em que deixou o Palácio do Planalto, voltar para lá em 2018. Continua querendo e vai tentar. Se não for preso até lá.
O impeachment de Dilma, que tem razões jurídicas claras, jamais teria sido pedido se a presidente jogasse o jogo político e tivesse trânsito no Congresso, sobretudo entre as reservas morais que há lá. Mas não, ela não fazia isso. Era muito superior para descer tantos degraus! E agora, Dilma?
Jogo jogado, cartas na mesa, ela terá que salvar o mandato dando aos mãos a quem despreza, cortejando os "inferiores", fazendo acordos com o baixo clero - mesmo para negar depois ter feito isso - e ainda aceitando toda a ajuda que Lula quiser dar a ela.
Para salvar o mandato, Dilma vai ter que descer do trono e sentar-lhe à mesa até com a ralé política. Vai implorar que essa a salve. E implorar sem ter a certeza de que será atendida.

7 de dezembro de 2015

Continue negociando, Presidente

"Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais".
Eis o principal ponto do discurso da presidente Dilma Rousseff quando falou sobre a aceitação, por parte da Câmara Federal, da instalação de seu processo de impeachment. Ela, sua entourage e os militantes do PT apelidaram de "golpe" esse procedimento constitucional, mesmo ele já tendo sido apoiado pelo PT em ocasiões passadas. O que agora parece não contar.
A Constituição de 1988 prevê o impeachment do(a) presidente(a) em casos de crimes de responsabilidade. E a presidente sabe, pois não é burra, que os cometeu, sim, no ano passado e os repetiu esse ano mesmo depois de ter contas recusadas pelo Tribunal de Contas da União.
Ela maquiou dados da economia brasileira, utilizou-se de dinheiro público do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal de forma ilegal e tudo isso com um único objetivo: criar uma ilha da fantasia para garimpar votos sobretudo entre os brasileiros menos esclarecidos. Conseguiu, é certo. Mas à custa do cometimento de crimes que ela agora não pode e não deveria negar.
O fato de a presidente não ter colocado o dinheiro em seu bolso, em sua conta bancária, na Suíça ou escondido no Palácio da Alvorada não a absolve. Ela certamente tomou essas medidas incentivada por seu criador político, pois ele estava desesperado com a perspectiva de derrota na eleição do ano passado. Mas isso também não a absolve. E todos esses fatos embasaram o pedido de impeachment aceito na Câmara e redigido por três figuras ilustres do conhecimento jurídico brasileiro.
Foi uma vingança do Sr. Eduardo Cunha? Certamente. Mas a presidente sabe, eu sei e todos os que estão lendo esse texto sabem também que ela tentou até o fim negociar com Cunha uma troca do impeachment pela absolvição deste no Conselho de Ética ou então uma troca pela CPMF. Não por outro motivo seu criador fez mais de um pronunciamento pedindo ao PT para não ser carrasco de Cunha. Para, digamos, dar uma aliviada. Mas o trato não deu certo, felizmente para o Brasil.
A presidente Dilma Rousseff não está sendo vítima de um "golpe". Ela responde a um processo de impeachment porque cometeu crimes de responsabilidade previstos na Constituição que jurou respeitar. Se vai perder o mandato ou não são outros quinhentos.
Afinal, o Congresso está lá, ávido para negociar com ela.  

3 de dezembro de 2015

Farinha do mesmo saco

Enfim, parece que chegou ao fim o teatro de encenações. Durante meses, subterraneamente, PT, PMDB, Dilma Rousseff, Eduardo Cunha et caterva, tramaram por detrás das cortinas um acordo espúrio que livraria a presidente de um processo de impeachment e ao presidente da Câmara, de um de cassação de mandato. Soterrado o acordo pela lama do Planalto, não muito diferente da que escorreu em Mariana, vem o processo de impeachment e virá o pedido de cassação de mandato.
Executivo e Legislativo, no caso brasileiro e no plano federal, são farinha do mesmo saco.
Disse ontem a presidente: "São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido". Sim, mas não são inconsequentes. Também disse a presidente que não mantém conta no exterior. Até prova em contrário, não mesmo. Mas se a ela interessava defender a moral e a ética no tratar com a coisa pública, porque tramou por debaixo dos panos de seu teatro de encenações um acordo que faria o PT se esquecer isso para salvar Cunha e a ela própria?
Já o presidente da Câmara, terceira pessoa na ordem de sucessão presidencial - vejam bem o tamanho da nossa tragédia - fez questão de enfatizar que o pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel R

eali Júnior estava embasado nas denúncias comprovadas de "pedaladas fiscais" da presidente no ano passado, e repetidas esse ano, mesmo depois de denúncias e contas rejeitadas. Mas ele somente armou esse discurso agora, depois que sentiu ser impossível salvar-se do processo de cassação.
Quem é mais indigno do cargo que ocupa?
Na pratica, pode-se afirmar que ambos não têm como exercer seus mandatos.
O Brasil vai fechar o ano com um déficit oficial que beira os R$ 120 bilhões, rombo esse nascido, amamentado e crescido na decisão do PT de fazer com que sua candidata vencesse as eleições de 2014 custasse o que custasse, Sobretudo, custasse o que custasse em dinheiro público. No caso de Cunha, abriu contas no exterior da mesma forma que centenas de outros, desviando dinheiro público para si próprio em contratos com estatais num esquema criminoso que a Operação Lava Jato está desmascarando aos poucos, dia a dia, tornando o esquema do conhecimento de todos nós.
Não há como falar em inocência. O Pode Legislativo não se justifica comandado e tendo como membros os corruptos que o infestam e que mancham a honra de seus membros honestos. Já o Poder Executivo não tem como comandar o País manchado pela desonra de não respeitar a Constituição, Carta Magna jurada nas cerimônias de posse. Nessa última e nas três anteriores.
Nós, brasileiros, não merecemos isso.