30 de dezembro de 2016

Quando fevereiro chegar

Traumático para todos nós, 1968 foi chamado de "o ano que não acabou", inclusive na literatura. Foi nele que tivemos o AI-5 e o recrudescimento da violência da ditadura militar que nos infelicitou durante 21 anos, de 1964 a 1985. Agora temos em 2016 outro ano que promete seguir em frente. Pelo menos até fevereiro quando, muito mais do que carnaval, os brasileiros viverão novos desdobramentos da Operação Lava Jato com as denúncias de elementos da Construtora Odebrecht.
A lama que nos emporcalha atinge a quase todo o espectro político. É como se a propina tivesse se tornado uma prática tão frequente, comum, que as pessoas recebessem dinheiro público, via caixa dois ou não, na serena convicção de que se todo mundo faz, crime não é. Ou então, se gente tão poderosa usa desses artifícios, quem as meterá na cadeia? E se eles não vão, os pequenos não irão também. Mas de repente, não mais que de repente, o Brasil acordou com outra realidade.
E é essa realidade que não se aceita. O juiz Sérgio Moro, símbolo maior da Operação Lava Jato, passou a representá-la e a ser alvo de todo o ódio dos até agora atingidos. Eles não conseguem ver que esse magistrado é apenas uma peça de uma engrenagem hoje muito maior do que ele mesmo e muito mais poderosa do que a soma de todas as reações contra ela. O processo de limpeza do Brasil, acredito eu, vai até o final das investigações. E dessa faxina poderá nascer um novo País, muito mais forte, muito mais capaz de representar efetivamente os anseios de sua população.
Quando fevereiro chegar, junto com esse mês começarão a ser colocadas na mesa novas provas de envolvimento de muitas pessoas, sobretudo dos poderes Executivo e Legislativo, nos casos de corrupção que marcam a vida nacional faz décadas e que passaram a ser política de Estado não confessada desde 2003, com a chegada do PT e de Lula "et caterva" ao poder.
Os petistas odeiam isso, mas é verdade. Foi esse partido político anunciador de novos tempos, de combate à corrupção e distribuição de trabalho e renda a instituição que se tornou a maior prostituta política da história recente do Brasil. No barco petista embarcaram o PMBD - principalmente - e muitas outras agremiações. As delações da Odebrecht, as chamadas "delações do fim do mundo", vão nos trazer muitas surpresas para lá de desagradáveis mas extremamente necessárias.
Quando fevereiro chegar a crise vai prosseguir. Pois ela precisa ir até o fim.