28 de outubro de 2017

O rito de passagem

Um dia desses, pessoa que conheço faz muito tempo publicou texto elogioso a Dilma Rousseff, que ela chama de "Dilmão". Contestei e, claro, não fui compreendido.
Hoje no Brasil há claramente duas correntes de pensamento que pretendem ter o monopólio da verdade nas questões envolvendo política e os inúmeros escândalos que surgiram pelo Brasil afora desde o primeiro mandato de Lula, que se iniciou em 2003. Quem é totalmente contrário a Lula/Dilma concentra fogo neles. Quem é contra Temer, bate no atual presidente. Na verdade, como se pode ver pela alegria da foto, todos faziam parte do mesmo esquema.
No Brasil sempre houve corrupção. Mas de 2003 para cá, por força do projeto do PT de ficar um quarto de século no poder, ela saiu de controle. Como é fácil comprar grande parte dos políticos brasileiros da atualidade, o foco se concentrou neles. Dava-se cargos em troca de votos que aprovassem projetos legislativos. Dava-se e a prática continua.
Os defensores do "lulopetismo", como se costuma chamar, defendem cegamente Dilma Rousseff por um único motivo: por ela ser mulher e a primeira e única mulher presidente da República. Mas as acusações que sofre não são de gênero. Ela é acusada de fazer parte do mesmo esquema que permitiu a Lula corromper o Congresso às última consequências. E que hoje permitem a Michel Temer fazer a mesma coisa para impedir sua queda da presidência antes do final do ano que vem.
Simples assim.
Então porque era necessário que Dilma caísse, tivesse o mandato interrompido no curso deste? Porque havia a necessidade de que o processo de corrupção fosse detido e isso teria de ser feito por algum começo. E ele era Dilma, a presidente que caiu em desgraça, não sabia fazer a boa política e transpirava arrogância da mesma forma que Lula, antes dela, transpirava literalmente.
Temer é apenas um rito de passagem. Um mal necessário para o Brasil não ter que enfrentar dois impeachments seguidos num momento de profunda crise econômica. Esse político que eu chamo de "presidente margem de erro", vai passar rapidamente, sem deixar saudades. Afinal, não tem forças nem para fazer xixi hoje em dia. O problema é o que virá. E existe a possibilidade de não escolhermos o próximo chefe do Executivo de forma correta.       

23 de outubro de 2017

Quem tem medo das redes sociais?

Sou, antes de tudo e antes de mais nada, jornalista profissional.
Ao mesmo tempo em que acompanho o meu País, leio, vejo e escuto os meios de Comunicação. E a mim causa alguma estranheza o medo que eles sentem das redes sociais. E o esforço que fazem diuturnamente para desacreditas as pessoas e instituições que as utilizam. O existe por trás disso? Simples: essas redes tiraram da mídia tradicional a exclusividade da informação. Mais do que isso: hoje não é mais possível, sobretudo aos grandes conglomerados, decidir o que o cidadão deve ou não deve saber.
Ora, se os gigantes da Comunicação já não podem mais censurar usando outra palavra para esconder essa prática, o que resta a eles? Desacreditar as redes, já que de tanto glorificarem o mantra "liberdade de imprensa", agora não podem pura e simplesmente pregar a censura.
Claro, existem muitos irresponsáveis usando as redes sociais até mesmo para ações criminosas. Mas isso é feito também na mídia tradicional. Não tanto para crimes, mas para a divulgação de fatos e versões que interessem aos detentores do poder. Inclusive do poder de dizer ou não dizer.
Durante a ditadura militar, praticamente todos os meios de Comunicação que hoje defendem as liberdades civis eram os escudos dos governos ilegítimos. E não fizeram isso obrigados, não. Nem por convicção política. Fizeram para enriquecer à sombra do poder.
O que era a Rede Globo antes de 1964? Quase nada. E aqui no Espírito Santo, a Rede Gazeta? Quase nada. O que eles fizeram para crescer? A ditadura tinha que se legitimar, se tornar aceita pela população como representante de um Estado de Direito, mesmo sem que ele o fosse. As grandes redes de Comunicação fizeram isso. Em troca de poder e dinheiro. Muito de cada uma dessas coisas.
Recordo-me como se fosse hoje de meus tempos nas redações de jornais. Havia a censura oficial do Estado, que se corporificava nos comunicados de proibição de notícias que eram contrárias aos interesses da ditadura. E havia também a censura empresarial, através da qual os empresários das grandes redes, nacionais ou regionais, defendiam seus interesses, às vezes escusos, proibindo informações ou então distorcendo-as. Quem era contra eles estava perdido.
Então, vamos agora ao título desse texto: quem tem medo das redes sociais? Resposta: a mídia tradicional. As grandes empresas de Comunicação. E para enfrentar esse "inimigo", elas pregam ao público que só interessa à mídia oficiosa divulgar "fake news". Fazer notícias falsas. E isso esconde o fato de que é nesse meio de divulgação de informações que hoje atua grande parte dos jornalistas que, ao longo dos últimos anos, foram defenestrados da mídia tradicional. Como eu.
Mas importa a eles dizerem que gente como eu atua no Facebook, WhatsApp e outros levando para os computadores os mesmos princípios que defendíamos nas redações? Claro que não.
Eles têm medo de nós.