23 de outubro de 2017

Quem tem medo das redes sociais?

Sou, antes de tudo e antes de mais nada, jornalista profissional.
Ao mesmo tempo em que acompanho o meu País, leio, vejo e escuto os meios de Comunicação. E a mim causa alguma estranheza o medo que eles sentem das redes sociais. E o esforço que fazem diuturnamente para desacreditas as pessoas e instituições que as utilizam. O existe por trás disso? Simples: essas redes tiraram da mídia tradicional a exclusividade da informação. Mais do que isso: hoje não é mais possível, sobretudo aos grandes conglomerados, decidir o que o cidadão deve ou não deve saber.
Ora, se os gigantes da Comunicação já não podem mais censurar usando outra palavra para esconder essa prática, o que resta a eles? Desacreditar as redes, já que de tanto glorificarem o mantra "liberdade de imprensa", agora não podem pura e simplesmente pregar a censura.
Claro, existem muitos irresponsáveis usando as redes sociais até mesmo para ações criminosas. Mas isso é feito também na mídia tradicional. Não tanto para crimes, mas para a divulgação de fatos e versões que interessem aos detentores do poder. Inclusive do poder de dizer ou não dizer.
Durante a ditadura militar, praticamente todos os meios de Comunicação que hoje defendem as liberdades civis eram os escudos dos governos ilegítimos. E não fizeram isso obrigados, não. Nem por convicção política. Fizeram para enriquecer à sombra do poder.
O que era a Rede Globo antes de 1964? Quase nada. E aqui no Espírito Santo, a Rede Gazeta? Quase nada. O que eles fizeram para crescer? A ditadura tinha que se legitimar, se tornar aceita pela população como representante de um Estado de Direito, mesmo sem que ele o fosse. As grandes redes de Comunicação fizeram isso. Em troca de poder e dinheiro. Muito de cada uma dessas coisas.
Recordo-me como se fosse hoje de meus tempos nas redações de jornais. Havia a censura oficial do Estado, que se corporificava nos comunicados de proibição de notícias que eram contrárias aos interesses da ditadura. E havia também a censura empresarial, através da qual os empresários das grandes redes, nacionais ou regionais, defendiam seus interesses, às vezes escusos, proibindo informações ou então distorcendo-as. Quem era contra eles estava perdido.
Então, vamos agora ao título desse texto: quem tem medo das redes sociais? Resposta: a mídia tradicional. As grandes empresas de Comunicação. E para enfrentar esse "inimigo", elas pregam ao público que só interessa à mídia oficiosa divulgar "fake news". Fazer notícias falsas. E isso esconde o fato de que é nesse meio de divulgação de informações que hoje atua grande parte dos jornalistas que, ao longo dos últimos anos, foram defenestrados da mídia tradicional. Como eu.
Mas importa a eles dizerem que gente como eu atua no Facebook, WhatsApp e outros levando para os computadores os mesmos princípios que defendíamos nas redações? Claro que não.
Eles têm medo de nós.         

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