4 de março de 2017

Febre amarela e omissão do Estado

A cada dia que passa, a cada macaco que é encontrado morto, aumenta a aflição do cidadão comum - aquele que não pode se internar no Hospital Sírio Libanês - e a ignorância em relação a esse surto de febre amarela que nos afeta hoje. Os macacos, coitados, que não transmitem febre amarela mas sim morrem em decorrência dela, passam a ser hostilizados pela parcela da população ignorante de como surge e se propaga essa doença. E ela se propaga através do mosquito que inclusive mata os macacos.
Na foto feita por mim e que ilustra esse texto, há a imagem de um bugio. Um lindo primata que surpreendi num sítio de Chapéu, em Domingos Martins, propriedade de um preservacionista, Flávio Nicoletti, e de sua esposa Sílvia.Lá os animais vivem livres e comem banana, mamão e outros frutos todos os dias pela manhã. Alimentos colocados em comedores estrategicamente deixados ao alcance deles, que assim têm um reforço na cota diária de alimentos. E de alimentos naturais!
O surto de febre amarela é um atestado da incompetência dos governantes em gerirem a saúde pública. Essa doença, tida como erradicada há décadas, surgiu do nada. Aliás, do fazer nada por parte do governo. E tudo o que se faz hoje é aumentar o número de postos de vacinação e as enormes filas de pessoas apavoradas, carentes e sem informações básicas acerca da doença.
Fui levado a abrir o site http//agendamento.vitoria.es.gov.br para ver como é fácil (sic!) tomar vacina em Vitória. Ao menos ontem pela manhã em praticamente todos os postos de saúde que eu abria pela internet, na Capital a informação era de que não havia mais como agendar vacinação no local "X". As vacinas tinham acabado. E as filas nas "unidades" criadas no desespero aumentavam.
Algo me diz que os macacos e os homens vão continuar morrendo todos os dias de febre amarela.
Não há uma campanha governamental de esclarecimento sobre essa doença e sobre o comportamento que a população deve ter. A campanha não deveria ter apenas nível municipal, mas sobretudo estadual e nacional. Também não se diz que os pobres primatas são nossos aliados e não inimigos.
Pobre Brasil. Pobres de nós, brasileiros, que precisamos conviver com essas aflições crescentes enquanto no mundo da fantasia dos palácios, os governantes pensam nas eleições de 2018. Promover um Plano Nacional de Saúde pode ficar para depois. 2019, de preferência. Até o ano que vem é imperioso garantir os votos da população. Afinal, uma imensa maioria dela vai sobreviver.