21 de fevereiro de 2018

Ação coletiva e militares nas ruas

Falar contra ou a favor do pedido de ajuda às Forças Armadas para auxiliar no combate ao crime no Rio de Janeiro peca quando os argumentos se encaminham para o plano ideológico. Enquanto os "próceres" direitistas de hoje clamam pelo Exército policiando as favelas - por que não Copacabana e o Leblon também? -, alguns esquerdistas como Gleicy Hofmann dizem que vai haver sangue nas ruas se Lula for preso. Deve ser algum tipo de problema menstrual...
Partamos do princípio de que esse remédio já foi tentado e se mostrou ineficiente. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica são corporações de combate. Elas vivem e treinam para a expectativa de um dia terem de enfrentar um inimigo externo. A defesa da paz interna depende das instituições civis - polícias municipal, estadual e Federal - ou militares auxiliares - Polícia Militar, Força Nacional de Segurança, etc. E se nós não conseguimos resultados hoje, isso decorre da total falência da autoridade no Brasil, que nasce nos vereadores de pequenas cidades até a presidência da República.
O combate às drogas só faria sentido de elas não atravessassem as fronteiras. É lá que se deve dar o real combate. Lutar contra o varejista favelado é pouco ou nada eficiente. E a pirotecnia de chamar organismos militares para enfrentarem o problema de improviso só joga para a galera. Isso num Brasil onde é fácil manipular a opinião pública. Sobretudo para tirar o foco dela dos nossos alvos.
Desde sempre o governo federal soube que não iria emplacar a reforma da Previdência contra os carteis e lobistas que dirigem o Estado brasileiro. O economista Mancur Olson, no livro "A lógica da ação coletiva" (Edusp, 2015) nos ensina: "Grupos menores derrotam com  frequência grupos maiores, que deveriam prevalecer na democracia, porque os primeiros são organizados e ativos, e os segundos normalmente não são". Isso é a cara do Brasil.
Agora por exemplo, enquanto deslumbrados de direita aplaudem o "patriotismo" das Forças Armadas e os bobocas de esquerda se insurgem contra o "novo golpe" o governo se prepara para aumentar impostos, aprovar mudanças legais discutíveis e arrochar ainda mais os que vivem à custa do INSS. Claro, eles não são organizados e ativos, como diz Olson: "Como grupos pequenos com frequência se organizarão para agir em apoio a interesses comuns, e grupos grandes em geral não, o resultado da luta política entre vários grupos na sociedade não será simétrico". Como não é.
Só o povo brasileiro, em outubro, comparecendo às urnas para votar certo, pode dar um verdadeiro golpe de Estado no Brasil. E vai caber àqueles que podem formar opinião vender essa ideia. O País do corporativismo, dos lobistas sem limites pode nos levar a todos ao caos.   

5 de fevereiro de 2018

A Ilha da Fantasia de Atibaia

Ainda tranquilo, Lula curte a vida no sítio de Atibaia 

Quando surgiu o escândalo do mensalão, o então presidente Lula parecia navegar por sobre o mau tempo sem ser tocado pelos ventos. Ou pelas marolas. Ouvi em mais de uma oportunidade, de mais de uma pessoa, algumas delas veteranas em política que nada "colava" no poderoso chefão. Acredito tanto em que Lula confiava cegamente nisso que ele não aceitou deixar a Ilha da Fantasia de Brasília trocando-a por um simples novo endereço em São Bernardo do Campo. Era preciso providenciar outra ilha para ser seu pouso durante a velhice. E ele optou por Atibaia.
É uma região linda, por sinal. Eu a conheço embora tenha ido lá uma única vez já faz muito tempo e para não retornar.Mas me ficou a lembrança de um lugar fantástico, refúgio de ricaços, de gente ávida por tranquilidade e por outros que precisavam lavar dinheiro. Como Lula.
Se o indivíduo rouba a vida toda, sobretudo dinheiro público, um dia o rabo fica de fora. Quando, ao final do segundo mandato Lula deixou Brasília seguido por 11 ou 12 caminhões de mudança carregados com sabe-se lá que coisas, tantas eram as "tralhas", que disse comigo mesmo: "ele está viajando com as provas do crime". Hoje muitas milhares delas estão em Atibaia e já foram catalogadas na perícia feita lá pela Polícia Federal. O processo envolvendo o sítio vai ser muito mais pesado que o do triplex, pois o conjunto de provas é fantasticamente maior.
Uma adega monumental agora lhe será tomada pela Justiça
Estranho esse Luís Inácio Lula da Silva. Fenômeno em comunicação de massas, poderia ter entrado para a história como o mais respeitado presidente do Brasil em todos os tempos. Arrogante, prepotente, desonesto, será lembrado como uma imensa mentira, daquelas que são contadas tantas vezes a ponto de o autor acabar acreditando nelas. Vai terminar na prisão por corrupção, desvio de dinheiro público e outras mazelas mais, em vez de aproveitar a aposentadoria tendo à sua porta filas e mais filas de gente que o iria procurar em busca de conselhos ou de apoios. Ou de ambos.
Nunca antes na história desse País um presidente conseguiu arrecadar tanto capital político vindo da base da pirâmide social, retirante nordestino que é. E nunca antes na história desse País um presidente conseguiu atirar sua reputação no balde de lixo com tamanha desfaçatez. Ele conseguiu enganar tanto em sua trajetória que até meu voto levou quando foi eleito para o primeiro mandato de Presidente da República.
Mas só aquele.