28 de maio de 2018

Abaixo a Belíndia

Um belo dia, comentando a distância que existe no Brasil entre o país que ganha bem e o que ganha mal o economista Edmar Bacha criou o termo Belíndia. Temos aqui uma pequena parcela que vive na Bélgica e uma outra, imensa, habitando a Índia. A nossa Índia talvez seja pior do que a real.
No caso da Justiça, tenho os números mais recentes do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2016 a corte recebeu R$ 544.750.410,00, abaixo do pedido originalmente. Da fortuna, R$ 206.311.277,11 gostou-se em pagamentos dos ativos. R$ 131.300.522,83 aos aposentados. No total, são 1.216 servidores, o que dá a média de 222 por ministro (se todos forem trabalhar ao mesmo tempo não cabe e o prédio pode desmoronar). Ainda há estagiários (306) e terceirizados (959). O incrível é que 19 dos servidores são jornalistas (?????). Tem mais: 29 deles são encadernadores, 116 trabalham  na limpeza, oito são especialistas em saúde bucal. Há 12 auxiliares em desenvolvimento infantil, 58 motoristas. E vai por aí. A relação completa envergonha qualquer um.
O Poder Legislativo é um caso à parte. O custo anual com todos os parlamentares do Brasil é de R$ 11.021.236.800,00. Sim, estamos falando de bilhões. Já se forem  somadas verbas de gabinete, indenizatórias e outros benefícios, os números chegam a R$ 145.000.000.000,00. E eles ainda nos roubam e invadem cargos públicos. As verbas atuais dos ministérios da Saúde e da Educação, somadas, não alcançam esse patamar.
Quem pode fazer críticas éticas e morais aos caminhoneiros? Quem pode tentar apedrejar em praça pública quem não ganha para pagar suas despesas? Certamente não o governo zumbi de Michel Lulia, que conspirou para ganhar o poder mas ao menos o tirou da dupla Lula/Dilma. O pior é que ele está tão atolado na lama da Lava Jato quando seus antecessores.
O Brasil só terá saída no dia em que os privilégios forem eliminados. É certo que alguns cargos são mais importantes do que outros, mas nada justifica o que a gente vê. E mudar isso, eliminar a Belíndia em vive em cada um de nós terá de passar pelo Legislativo, sob pressão do Executivo e do Judiciário. Só mesmo com uma crise de grandes proporções e a vontade expressa de toda a sociedade os brasileiros alcançarão essa vitória. Mas lutar por ela vale a pena.
O que conspira contra nós são os compromissos corporativos ou impossíveis de serem explicados e que ocupam as agendas de nossas classes dirigentes, sobretudo e inclusive as grandes corporações de Comunicação. Enquanto elas não encamparem esses ideais e continuarem a chamar quem discorda de seus pensamentos de populistas ou demagogos vai ser ainda mais difícil chegar lá.
Mas o Brasil há de alcançar esse patamar e os meios de Comunicação virão a reboque da vontade popular. Como aconteceu durante os protestos contra a já moribunda ditadura, quando a maior de todas as corporações jornalísticas do nosso País acabou tendo que cobrir os comícios das "Diretas Já" depois de desconhecer os primeiros deles. Era cobrir ou ser engolfada pela maré montante.