7 de junho de 2022

A reforma de um só lado


A proximidade da eleição presidencial de outubro está trazendo à baila uma discussão que sempre volta à mesa de negociações de quatro em quatro anos: as relações trabalhistas do Brasil. E agora ela está sendo focada num tema espinhoso: o presidente a ser eleito - quem já tocou no assunto foi Luiz Inácio Lula da Silva, do PT - deve ou não deve revogar a reforma feita pelo atual governo?

Sempre que se discute o assunto toma-se por base a lógica do capital: o custo do trabalhador é muito elevado no nosso país porque os encargos trabalhistas mais do que dobram para o empregador o custo final da mão de obra. Mas a discussão passa por cima de um fator fundamental e que reside no fato de termos dois brasis num mesmo país: o do INSS e o do serviço público. Um é pobre e vive de pires na mão. O outro tem pouco ou quase nada a reclamar e se aposenta com vencimentos integrais depois de, ao longo da vida, ganhar bem mais do que os trabalhadores da iniciativa privada. Sem demissão.

O que foi a reforma trabalhista do atual governo? Apenas e tão somente a vontade do capital. Em nenhum momento o trabalho foi ouvido. Ou muito me engano ou o atual presidente jamais recebeu um líder trabalhista. Nunca ouviu as suas reivindicações. Em momento algum esteve em um sindicato ou outro órgão representativo dos trabalhadores. Mas na "República da Faria Lima" já foi várias vezes.

Só existe justiça social quando se consegue conciliar os interesses do capital e do trabalho. E isso é possível! Uma reforma trabalhista feita de um lado só, além de não conciliar interesses engorda quem já é gordo e torna mais frágil quem já passa necessidades. E basta andar pelas ruas, ver as legiões de moradores em situação de miséria para constatar o que estou afirmando aqui.

Não podemos viver num Brasil onde se desconhece a existência do trabalhador privado. E também onde o servidor público forma uma casta privilegiada. Essa questão tem que ser enfrentada, discutida, vencida. E é claro, isso não vai acontecer com o atual presidente renovando seu mandato. Precisamos ter em Simone Tebet, Lula ou Ciro Gomes uma opção de construção de sociedade mais justa.

Afora a expectativa de um dos três não temos nada na linha do horizonte.              

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