
Vamos recuar só um pouquinho. O que fez Dilma Rousseff para tentar dar ao seu impedimento uma característica de golpismo? Repetiu à exaustão uma frase que ainda repete e continuará enquanto viver, pois ela é ao mesmo tempo sua defesa e seu ataque: "Não houve crime de responsabilidade".
O que faz agora Lula quando fala ou quando falam por ele, como foi feito ontem por seus advogados em entrevista coletiva dada em São Paulo ao mesmo tempo em que o cliente era denunciado pelo Ministério Público Federal em Curitiba (foto): "Não há provas".
O mantra de Dilma Rousseff sustenta a tese do golpismo ("Não vai ter golpe") e a coloca como vítima de uma trama diante da qual houve seu impeachment. O de Lula tenta mostrar que ele está sendo alvo da perseguição de um imenso complô que visa destruir sua carreira política ou o que ainda resta dela. Mais uma vez a intenção é clara: a de colocá-lo como vítima.
Dilma sabe que não vai voltar à presidência, até mesmo por que não teria a menor condição de governar. Mas seu discurso contra o golpe é a tentativa de ela se marcar na história como a injustiçada da República. Quem sabe por ser mulher! Lula sabe que sua carreira política está encerrada mas quer, em último caso, se tornar um perseguido político. Só que Dilma cometeu crimes de responsabilidade, sim, e talvez levada a isso por sua empáfia e arrogância. Já Lula foi usufrutuário (usando palavras de Eduardo Cunha) de propinas, marca de seu governo, muito provavelmente levado a isso pela sensação de impunibilidade que o poder provoca.
Os dois, como o PT faz, vivem de mantras e acreditam que a mentira repetida à exaustão surgirá um dia como verdade, ao menos diante dos menos esclarecidos. Eles são discípulos modernos do ideólogo do nazismo Geobbels. Resta saber se consciente ou inconscientemente.