
Faz mais de 40 anos que isso aconteceu. Meu pai era dono de uma pequena fundição de alumínio em São Paulo, onde produzia peças para o motor do automóvel Simca. Houve um problema qualquer que ele precisava solucionar colocando a mão na massa e, para não sujar o relógio Rolex de que tanto gostava, tirou-o do pulso e o colocou sobre uma bancada. Nunca mais viu a peça.
Os policiais chegaram a sugerir a ele deixar que os deixasse dar "uma apertada" nos empregados da Termo Flux, a empresa de então, mas papai disse não. Quem iria depois garantir a segurança dele nas idas e vindas ao trabalho? E tortura, mesmo naquela época, início dos anos 60, não era coisa com a qual se convivesse dormindo em paz todas as noites.
Até hoje, passados tantos anos, às vezes a lembrança do relógio vem à mente dele. E ele fala com tristeza do que aconteceu num dia de trabalho. Foi roubado por um de seus empregados, dentro da fundição onde ganhava dinheiro para sustentar a família e pagar salários.
Luciano Huck também tem o direito de ficar revoltado. Eu teria, você teria.
Ninguém tem o direito de tomar de mim o que conquistei trabalhando, com dinheiro ganho e não roubado. Ladrão não é Robim Hood e não se faz justiçaz social às avessas, protegendo quem rouba e condenando "as elites", como diz nosso presidente, sem explicar direito o conceito.
Se um dia construirmos uma sociedade digna, vamos nos indignar todos quando formos roubados. Mesmo os excluídos e "excluídos" de hoje.
Os policiais chegaram a sugerir a ele deixar que os deixasse dar "uma apertada" nos empregados da Termo Flux, a empresa de então, mas papai disse não. Quem iria depois garantir a segurança dele nas idas e vindas ao trabalho? E tortura, mesmo naquela época, início dos anos 60, não era coisa com a qual se convivesse dormindo em paz todas as noites.
Até hoje, passados tantos anos, às vezes a lembrança do relógio vem à mente dele. E ele fala com tristeza do que aconteceu num dia de trabalho. Foi roubado por um de seus empregados, dentro da fundição onde ganhava dinheiro para sustentar a família e pagar salários.
Luciano Huck também tem o direito de ficar revoltado. Eu teria, você teria.
Ninguém tem o direito de tomar de mim o que conquistei trabalhando, com dinheiro ganho e não roubado. Ladrão não é Robim Hood e não se faz justiçaz social às avessas, protegendo quem rouba e condenando "as elites", como diz nosso presidente, sem explicar direito o conceito.
Se um dia construirmos uma sociedade digna, vamos nos indignar todos quando formos roubados. Mesmo os excluídos e "excluídos" de hoje.