
Não há nada mais fácil do que criar uma igreja no Brasil. Depois, basta envolver incautos. Em seguida, pedir isenção fiscal total. Então roubar. E roubar muito, preferencialmente. Os escândalos e processos são tantos e as igrejas ou seitas acusadas em tal número que é incrível entender como os fieis dessas denominações continuam frequentando cultos e outras atividades, além de pagar seus dízimos mensalmente.
Mas o pior não é isso. Somos um Estado Laico. Significa dizer que não somos um Estado ateu, mas tampouco temos religião oficial. E isso determina distanciamento entre religiões e poder público, sobretudo e principalmente no que diz respeito a dinheiro. Mas somente no papel. Porque na prática políticos formam blocos religiosos acima dos partidos, defendem abertamente leis que beneficiem as suas igrejas (ou seitas) preferidas, bem como pressionam para aprovar ou vetar leis ao sabor de crenças, de dogmas.
Vereadores, deputados e senadores não têm o menor pudor em destinar às suas "confissões" o dinheiro do contribuinte. Por intermédio das tais emendas parlamentares, direcionam grandes somas de valores que deveriam ser destinados a saúde, educação, mobilidade urbana, geração de emprego e renda, habitação, segurança e outros tantos destinos nobres, ou para essas instituições ou a entidades criadas e ligadas a elas. Não raro esse dinheiro desaparece. Grande parte dele vai parar em paraísos fiscais.

A Maranata tem uma instituição a ela ligada e que, teoricamente, deveria cuidar da saúde dos outros. Chama-se Fundação Manoel Passos Barros. Tem sede imponente no Espírito Santo e recebeu, nos últimos anos, cerca de R$ 1.800.000,00 em dinheiro de emendas parlamentares de quatro deputados estaduais capixabas, mais R$ 300.000,00 do deputado federal Carlos Manato (PDT) e mais R$ 230.000,00 repassados por secretarias de Estado do governo capixaba.
O campeão estadual das emendas é o deputado Elcio Alvares (DEM), membro da "confissão" e convertido em época relativamente recente. Ao longo dos anos, em dois mandatos, desviou para a Maranata R$ 860.000,00 do meu e do seu imposto, leitor (ganhou fácil de Aparecida Denadai, Geovani Silva e Jurandi Loureiro, outros "doadores"). Trata-se de um parlamentar que faz "democracia" com dinheiro alheio. Esse ano, talvez assustado com a repercussão, tirou a seita de sua preferência das próximas transferências de dinheiro público. Agora vai ajudar na construção de campos de futebol...
Está na hora de a Nação reagir. Se somos laicos constitucionalmente, deve ser considerado ilegal, inconstitucional, dinheiro público ser destinado a igrejas e, principalmente, a seitas criadas em fundo de quintal ou como dissidências de outras e que viram meio de vida para espertalhões. O Supremo Tribunal Federal deve ser acionado. Cabe a ele zelar pelo respeito às normas constitucionais.