
As últimas eleições municipais brasileiras deixaram mais uma vez à mostra uma aberração que permite os acordos mais espúrios possíveis e imagináveis: o tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita - ou seria melhor obrigatória? Em busca de um tempo de exposição que é importante e pode ser a distância entre vitória e derrota, os candidatos a cargos majoritários fazem qualquer coisa. Até mesmo negociar alianças com políticos reconhecidamente corruptos, de partidos políticos de aluguel, para conseguir mais um minuto de exposição diante do público eleitor.
O desgaste do político brasileiro é evidente. Tomando-se somente Vitória, a Capital do Espírito Santo como exemplo, aqui, em números redondos, o candidato eleito prefeito teve cerca de 98 mil votos. O segundo colocado, 88 mil. E nada menos que 67 mil pessoas ou anularam os seus ou não votaram em ninguém. E o pior é que esse fato extremamente grave passou quase desapercebido.

Acabaria com salvadores da Pátria e também com aqueles que imaginam governar numa democracia sem a estrutura dos partidos políticos, pois eles são a base dessa mesma democracia. Porque, paralelamente a todos os problemas que já temos, se um chefe de Executivo eleito tem a coragem - ou insensatez - de vir a público dizer que vai governar sem seu partido, ou ele é um novo tipo de demagogo dos mais baratos ou tem uma miopia política que só a decepção do eleitor poderá comprovar.
Difícil fazer uma reforminha como essa sugerida para o horário gratuito? Claro que não. Basta o Congresso ter com essa questão a mesma disposição que têm seus membros quando se trata de decidir normas e textos legais em benefício próprio.
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