"Ou restaure-se a moralidade, ou nos locupletemos todos"
Quem disse isso, já se vão muitos anos, foi o fantástico Stanislaw Ponte Preta. Ele morreu do coração sem ter visto o mensalão, o petrolão, sem conhecer os processos de escolha de grandes "próceres" modernos de estatais, etc. Talvez tivesse o querido Sérgio Porto produzido pensamento ainda mais contundente. Sim, porque ele não se locupletava mas via como as coisas se davam.
Irônico, mas Stanislaw foi perseguido pela ditadura militar 1964/1985. Não viu a queda desta, a volta da democracia, a Constituição Cidadã, a cassação do mandato de Fernando Collor de Mello nem a ascensão ao poder do PT, depois de anos clamando por moralidade e ética na política. Sem saber que seria vítima de estelionatários políticos, votei em Lula em 2002. Fazer o que? Estava errado.
Imaginava que se roubos houvesse, se danos ao patrimônio público fossem cometidos, eles envolveriam figuras menores da República. Jamais homens que haviam passado pela luta armada durante a ditadura - o que foi um erro - para defender a volta da democracia e a instauração de um governo capaz de redistribuir riquezas, de combater vícios antigos e de livrar o Brasil de seus pecadores contumazes. Mas são justamente esses homens, os "heróis", aqueles que estão à frente de todas as bandalheiras. São eles que cobrem de lama os ideais que eram de tantos outros. E jogaram na lama o termo "esquerda" no dicionário da política brasileira. Conseguiram até ressuscitar figuras senis da ditadura militar.
Hoje (12/12) uma longa reportagem no Jornal Nacional, da Rede Globo, denuncia que uma diretora da Petrobras, funcionária de carreira e muito provavelmente honesta, denunciou várias vezes as falcatruas que ocorriam e ocorrem na empresa. De nada adiantou. Até ameaças sofreu. Colocaram uma arma na cabeça dela. A agora ex-diretora Venina Velosa da Fonseca (a moça da foto), uma geóloga, não tenho dúvidas, corre o risco de ser assassinada. Não seria impossível acontecer um crime.
O que fizemos para merecer isso?
Os crimes são cometidos com a participação do Poder Legislativo. Sempre dele. E até pouco tempo atrás com a mais absoluta impunidade por parte de grandes empresas capazes de roubar bilhões de reais e dividir o butim com deputados, senadores, ministros, partidos políticos como o que ocupa o
poder de Estado faz mais de uma década e, quem sabe, até gente em cargos mais elevados.
Sim, sempre houve roubo de dinheiro público no Brasil. Mas isso não era uma política de Estado. Não se fazia qualquer coisa, rigorosamente qualquer coisa, para conseguir governar com oposição pífia.
Agora o Congresso entra no recesso legal. A Justiça também. Mas o petrolão não pode entrar. A dignidade e a ética também não. Oscar Niemeyer não criou um dos maiores símbolos do poder em Brasília para que ele seja representado como um penico. Embora para essa finalidade venha servindo.
Que 2015 chegue logo. E signifique um novo tempo!