É tão grande a perda com o incêndio do Museu Nacional que ela não pode ser mensurada. O impacto da destruição daquele acervo de 20 milhões de itens chocou tão profundamente as pessoas que muitas até agora estão em estado de choque. O fato ocorrido domingo repercutiu no mundo todo. O pasmo é total. Até o presidente de Portugal, constrangido, falou sobre o assunto. Afinal, muito do que havia lá tem origem nos cuidados culturais que Dom João VI sempre demonstrou.
Agora notem: o Ministério da Cultura passou todos os anos que viveu desde a sua criação patrocinando shows de artistas famosos. Muito do nosso dinheiro foi gasto com espetáculos de grupos internacionais. Durante os governos Lula e Dilma o BNDES patrocinou uma verdadeira orgia de gastos de recursos públicos destinando-os a obras realizadas em países estrangeiros e cujo retorno nunca se dará. Foi tudo entregue a fundo perdido por razões demagógicas aos amigos e aos "pobres". A cultura do Brasil, que é expressa em museus, universidades e outros, jamais foi levada em consideração.
Político adora shows em palanques, sobretudo em épocas de campanha eleitoral. Isso dá voto. E na maioria esmagadora das vezes os preços são superfaturados para que uma parte deles entre no bolso do promotor do evento. Sempre foi assim. Só esse ano, com a nova legislação, a prática está sendo mais ou menos contida.
Que autoridades da República foram até agora à Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, para ver o resultado da tragédia anunciada? Ao que parece só o presidente do IPHAM. Nenhum ministro, nenhum deputado federal, nenhum senador, nenhuma outra autoridade de relevância (será que ainda existe isso no Brasil?) esteve presente ao triste espetáculo da morte anunciada do nosso maior patrimônio cultural. Minto; ao que parece o prefeito do Rio, um "bispo" passou lá para dizer que essas coisas acontecem. Uma riqueza com mais de 200 anos de idade se perdeu sem que os responsáveis pelos destinos do Brasil saíssem de suas tocas mal cheirosas.
Aliás, na festa dos 200 anos do Museu Nacional, não havia lá autoridades de primeiro escalão da República. O presidente Temer, como sempre, estava ocupado com a política rasteira, desonesta, que marca seu governo. Estava lutando para sobreviver. Museu? Isso para ele não importa.
Somos órfãos no nosso País do qual ninguém cuida. As preocupações daqueles que dirigem o Estado passam longe do patrimônio cultural de valor inestimável que nós deixamos ser destruído todos os dias, todas as horas, diante de nossos olhos perplexos. Diante de nossa impassividade.
O Museu Nacional foi consumido pelo fogo porque museus não dão votos. E esse é o Brasil.
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