12 de setembro de 2025

Para nunca mais acontecer

Ontem, num fato inédito na história da República Brasileira, oito ex-governantes do país foram condenados a penas duras restritivas de liberdade. Um deles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a 27 anos e três meses de prisão, afora multa, iniciando esse cumprimento em regime fechado. Ainda cabem recursos permitidos pelas leis brasileiras, mas nada que possa cencelar as penalidades. E os recursos serão respeitados apenas e tão somente porque vivemos em uma democracia, onde o corpo de leis é inteiramente observado.

E ontem foi um dia singular. Há 24 anos um atentado matou quase 3 mil pessoas no Word Trade Center, em  Nova Iorque. E há 52 anos o presidente constitucionalmente eleito do Chile foi assassinado num golpe de Estado em seu país. Recusou-se a ceder pela força o poder entregue a ele pelo povo chileno e acabou assassinado no Palácio de La Moneda, em Santiago, depois de a sede do governo ser até mesmo bombardeada pela Força Aérea sublevada e comandada pelo futuro ditador Augusto Pinochet.

11 de setembro tem significado muito especial! Para nós pode marcar o fim dos sonhos de golpes de Estado. Sonhos que nasceram com o advento da República, surgida da deposição pela força do imperador D. Pedro II e, de lá para cá, seguidos por imensa série de conjuras, aquarteladas e outros tipos de conspiração. Tive um tio-avô, o irmão mais novo de minha avó Almerinda, que era general. Foi para a II Guerra Mundial recém formado como médico para ganhar experiência e se apaixonou pela caserna. Na volta, continuou. Era o cardiologista do general Darcy Pacheco de Queiroz no Exército. Um dia em Vitória mostrou sua credencial no hospital onde havia ido ver um irmão e perguntaram a ele: "Qual é sua arma, general?". A resposta foi imediata: "O bisturi" Esse era oficial militar de verdade!

No passado os mesmos Estados Unidos que estiveram presentes quando do estupro da democracia chilena no episódio da deposição do presidente Salvador Allende, tinham vindo ao Brasil em 1964 para ajudar a depor e exilar o presidente João Goulart, inclusive com o envio à costa brasileira de navios de guerra formadores da "Operação Brother Sam". Uma receita que os ianques não abandonam. Agora mesmo navios dos EUA cercam os mares do Caribe para amedrontar autoridades venezuelanas. E agora mesmo o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio promete de novo se intrometer na vida brasileira e, segundo disse a porta voz de Donald Trump, sem medo de "usar meios militares".

Nós também não temos medo!!!!!

Mas, por incrível que pareça os EUA ainda são capazes de arregimentar um exército brancaleone de idiotas adeptos brasileiros como os que abriram sobre o asfalto da Avenida Paulista uma imensa bandeira daquele país. Ou então como o filho do ex-presidente condenado, Eduardo Bolsonaro, vulgo Bananinha, que pediu de maneira clara um ataque dos Estados Unidos ao Brasil para salvar seu papai. Ele e o amigo Paulo Figueiredo já merecem ordem de prisão, com envio dessa determinação à Interpol, faz algum tempo. Quando isso vai  sair? Quando a conspiração à distância será detida?

Os condenados de ontem, nosso mais recente 11 de setembro, têm muito tempo para refletir. E seus apoiadores, para pensar que terrorista é mesmo quem mata e tortura, como prega o cartaz na imagem que abre esse texto. Vamos todos nós, brasileiros, homenagear a democracia. Sou de uma época em que as redações dos jornais tinham uma área onde todos os dias papeletas com ordens do Ministério da Justiça eram afixadas contra a cortiça por pregadores de metal e vindas da Polícia Federal. Era o espaço da censura.

Ele dizia o que podia e o que não podia sair nos jornais. Hoje sai tudo! Sai até mesmo informação dizendo que a defesa do ex-presidente condenado Jair Bolsonaro vai recorrer até a "instâncias internacionais" contra a condenação do genocida inelegível e cometedor de crimes. Recorram. Lutem. Só na democracia vocês podem fazer isso. E, quando perderem, ficarão também sem suas patentes militares e mandatos eletivos, como aconteceu ontem.

Mas até que todos os recursos sejam vistos, negados e os Estados Unidos voltem a arrotar valentia, os cães cotinuarão a ladrar enquanto a caravana passa. O Brasil, se tudo der certo, usou um icônico 11 de setembro para dizer adeus ao golpismo institucional. Com o tempo o brasileiro comum vai aprender que respeitar a regra do jogo é a melhor maneira de exercer a cidadania e a verdadeira liberdade, que se faz com limites claro e legais.                  

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário