O número é oficial e fechado: no ano passado houve 83 episódios de tiroteios em escolas dos Estados Unidos, com feridos ou mortos. A apuração é da CNN, que faz esse levantamento desde 2008. Já a instituição Gun Violence Archive registrou um total de 488 tiroteios em 2024, sendo que, para eles, tiroteio em massa quer dizer "um evento onde quatro ou mais pessoas são feridas ou mortas". Os números são impressionantes e mostram uma espécie de raio X da decadente sociedade americana dos dias atuais. O ativista de extema direita Charlie Kirk (foto de homenagens póstumas e ele) foi vítima dessa doença.
Os Estados Unidos formaram uma sociedade de culto à violência, o que vem de desde antes da chamada "conquista do Oeste". Dee Brown, escritor e historiador norte-americano escreveu pelo menos dois livros especificamente sobre o extermínio de povos originários de seu país e editados no Brasil: "Enterrem meu coração na curva do rio" e "Massacre" são estudos de pesquisa acadêmica, sendo que o segundo descreve o episódio de Little Bighorn, no qual o general George Armstrong Custer foi levado a uma cilada num vale e massacrado juntamente com seus soldados por indígenas de nações norte-americanas.
Esse foi o único caso de uma vitória militar indígena contra tropas regulares do Exército dos Estados Unidos, na ocasião a Sétima Cavalaria com 261 membros. Eles foram emboscados num vale e atacados de cima para baixo por guerreiros Lakotas e Cheyennes comandados por Cavalo Louco, Nuvem Vermelha e Touro Sentado. No restante dos tempos, as populações originárias foram massacradas impiedosamente para a tomada de terras por parte dos "homens brancos" que as queriam colonizar, roubar para eles.
Em um determinado ano, num forte construído para ataque aos indígenas, militares dos Estados Unidos discutiam sobre matar ou não matar seus "inimigos". Alguém disse que havia "índios bons" na região, no que o general Philip Sheridan completou: "os únicos índios bons que eu conheci estavam mortos". O diálogo foi ouvido fora da casa, passou de boca em boca e gerou o axioma "índio bom é indio morto" hoje transplantado para "bandido bom é bandido morto" e que faz muito "sucesso" lá nos EUA e aqui no Brasil.
Sobretudo em estados como o Texas o cidadão comum dos Estados Unidos usa armas em quaisquer situações. Anda com elas de preferência sob as axilas. Faz isso para "se defender" e, na maioria das vezes, sem saber de quem. Armados eles mataram os indígenas, os negros escravizados ou não, os "fora da lei", estrangeiros e outras pessoas com as quais estivesse havendo divergência. Armas podem ser compradas em quaisquer lojas do ramo, bem como munição. Aprender a atirar é fácil. É banal ter muito armamento em casa. Vai daí, atirar pode ser uma decisão rápida. Assim se mata em escolas e nos diversos outros lugares.
Donald Trump é um defensor do uso quase indiscriminado de armas e isso possibilitou o episódio do Capitólio quando, incentivados por ele, milhares de trumpistas invadiram o Congresso dos Estados Unidos para questionar a vitória de Joe Biden na eleição presidencial que impediu um segundo mandato consecutivo do hoje novamente presidente. Charlie Kirk era defensor do uso de armas, republicano apoiador de Trump, debatedor educado (o que é raro!) e defensor das ideias da extrema direita política como rascista confesso que se mostrava. O fato de não ser um tresloucado no falar e no discutir ideias não o livrou da morte viole nta sob a mira de um atirador desequilibrado. Dos milhares que a sociedade americana gera todos os anos. Agora pode ser condenado à morte, o que está previsto nas leis do estado de Utah. Ele é a colheita da safra de violência que os Estados Unidos plantam desde sua independência.
Vão matar a consequência e deixar a causa à solta.
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