Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética se acusavam mutuamente de imperialistas. E ambos o eram. De um lado havia os interesses imperiais capitalistas e, de outro, os comunistas. A guerra foi fria o tempo todo porque o poder real, aquele representado pelas bombas atômicas, sempre serviu como um resfriador de tensões. Muito mais do que as certezas ideológicas, foram as nucleares as garantidoras da paz.
Nas constantes crises sul-americanas o termo voltou à moda. Seja para que a Venezuela de Hugo Chaves acuse os Estados Unidos, seja para que o Evo Morales da foto mantenha seu frágil poder na Bolívia. E nos dois casos não existe a questão imperial como ela se colocava no passado, como ela deve ser entendida se quisermos estudar o fenômeno à luz de um entendimento político mais claro.
Chavez quer ser o sucessor de Fidel Castro. Poderá até conseguir, isso caso no âmbito do poder em seu país e nas áreas de influência mais próximas. Porque os cubanos vão querer fazer o sucessor de Castro dentro das fronteiras do país deles.
As crises sul-americanas, em cujo ápice hoje se encontra a boliviana, na verdade são uma luta por afirmação, pela imposição e/ou descoberta do papel de cada um no cenário político regional. Sim, porque a Guerra Fria pode até voltar. Mas hoje é passado.
Talvez nosso maior problema resida no fato de que os principais atores políticos sul-americanos da atualidade não conseguem encontrar seu espaço exato de atuação numa América do Sul ainda envolta em vários problemas, tanto econômicos quanto étnicos/culturais.
E enquanto tudo isso acontece à nossa volta, até mesmo com a influência nefasta de bolhas econômicas que levam o terror às principais economias mundiais, qual é o espaço do Brasil nessa arena? Poderia ser um espaço de relevância, se o governo brasileiro o conhecesse. Mas não conhece. Navega nesse mar de incertezas buscando terra firme sem bússola. Porque a gente só encontra os caminhos nessas águas quando sabe onde quer chegar.
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