16 de outubro de 2008

A exoneração do coronel


A Vale, antes conhecida como Companhia Vale do Rio Doce, abriu hoje (16/10/2008) em Vila Velha, região metropolitana da Grande Vitória, mais particularmente no Shopping Praia da Costa, a exposição “200 Anos de Imprensa no Brasil”, com um café da manhã que reuniu convidados e freqüentadores do local em geral.
Composta por vários tubos de plástico que são mantidos cheios por ventoinhas elétricas (veja foto do local), a exposição, de muito bom gosto, traça um perfil superficial mas interessante da imprensa brasileira, sobretudo e principalmente para os que não a conhecem e que, infelizmente, são muitos. Com explicações e reproduções de belas capas.
Mas são 200 nos de história e muita coisa tem que ficar para trás. Nas conversas que surgiram quando da abertura da mostra, entre os jornalistas que estavam presentes, provocou grandes gargalhadas a recordação de dois fatos. De dois jornais tornados humoristicamente célebres.
Na época da composição a quente, quando as letras eram compostas em chumbo, não era de todo incomum alguma cair. E as palavras ficavam incompletas. As revisões eram feitas sobre as páginas montadas e muitas vezes os revisores ou jornalistas encarregados delas deixavam passar os erros. Em comum havia antes, como há hoje, o fato de que jornalistas trabalham correndo muito. E essa correria acaba sendo a mãe de todos os erros.
Quando morreu Pablo Picasso, A Gazeta publicou com destaque: “Morre Picasso, o maior pintor do mundo”. Na hora da revisão, o jornalista e editor do jornal, Nabor Vidigal, não viu que uma letra havia caído do “pintor”. E saiu em A Gazeta: “Morreu Picasso, o maior pinto do mundo”.
Pior ocorreu com O Diário, que não circula mais. Ninguém sabe de quem foi o erro, mas era época dura de ditadura militar e um coronel do Exército, comandante da Polícia Militar, pediu exoneração ao então governador Christiano Dias Lopes Filho, porque sua mulher não havia se adaptado ao Espírito Santo. O governador concedeu a exoneração a pedido.
Em O Diário, o editor escreveu: “Comandante da PM é exonerado a pedido”. Quando o título desceu para a oficina e foi composto alguém deixou cair um “d” de "pedido". Alguém da revisão não viu isso. E no dia seguinte o jornal estampava, em pleno regime de exceção e em letras garrafais o título: “Comandante da PM é exonerado a peido”.
Muita gente teve daquela redação que ficar alguns dias escondida da fúria do coronel e seus auxiliares até que a poeira baixasse. E ela custou a baixar... Na ocasião custava mesmo...

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