Durante o regime militar, incontáveis brasileiros foram mortos pelas forças repressivas a serviço da ditadura militar. Mas, ao menos dentre os que conhecemos até o momento, não havia nenhum Amarildo. E não se trata de um nome tão incomum. Agora, 28 anos depois de o poder ser passado aos civis, acrescentamos esse novo cidadão aos milhares de brasileiros que continuam desaparecendo nas mãos das polícia pagas com nossos impostos para supostamente nos protegerem.
Amarildo, ironia do destino, deve ter sido morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, no Rio de Janeiro. Em certas ocasiões não gosto de humor negro, mas devem ter dado àquele pobre favelado a paz dos cemitérios. Afinal, UPP também pode ser para isso.
Ele não é o primeiro a ser morto nas proximidades de UPPs do Rio de Janeiro. E está longe de ser o único também em cidades onde não há essas instalações policiais militares, pois as de outras denominações existem em quase todos os lugares. Como em Vitória, onde moro. Como onde moram vocês, meus leitores. A ditadura passou mas deixou um rastro fétido dos crimes que eram cometidos (e acobertados) naquela época, mesmo em se sabendo que hoje eles podem ser cometidos, mas não acobertados.
Dias depois do desaparecimento de Amarildo, dois oficiais militares também do Rio de Janeiro foram surpreendidos "plantando" um morteiro no chão para incriminar uma pessoa que participava de protestos contra o Governo. Podia até ser baderneiro, não importa. Polícia existe para fazer com que as leis sejam cumpridas e não para "plantar" provas. E quando isso é feito por oficiais, não fica a menor dúvida de que eles servem de inspiração a seus subordinados.
A chefia da PM carioca disse que vai investigar o acontecido. Investigar o que foi flagrado? Se foi flagrado a prova está no flagrante. Basta pura e simplesmente prender e processar. Oficiais que se prestam a esse tipo de coisa não merecem mais do que a expulsão.
E digo isso por um motivo muito simples: enquanto as autoridades não forem duras com a banda podre da Polícia, ela vai crescer. Crescer e se multiplicar. Amarildo foi morto porque era um favelado, desconhecedor de seus direitos e, pelo menos em tese, confundido com um criminoso que também não poderia ser assassinado. Teria de ser processado para que houvesse um julgamento. E o Brasil abriga milhares de "amarildos" aqui, ali, acolá. Eles vão continuar a morrer se nada for feito.
Afinal de contas, eles não têm direito a embargos infringentes! E nem, muito menos, a consagrados e milionários escritórios de advocacia.
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