
Todos aqueles senhores e senhoras possuem longa lista de auxiliares, todos juristas muito competentes. Basta dizer: sou a favor do habeas corpus, portanto busquem subsídios para meu voto. Inclusive com pensamentos de juristas os mais famosos possíveis, de preferência estrangeiros. Ou então: sou contrário ao habeas corpus, portanto busquem subsídios para meu voto. Inclusive com pensamentos de juristas os mais famosos possíveis, de preferência estrangeiros. Resolvido o problema. E é exatamente assim que se faz.
Aliás, é assim que sempre se fez. E a opinião pública passa ao largo das preocupações daqueles senhores. Na última sessão antes dos feriados religiosos a reunião foi encerrada porque uma das excelências precisava viajar para o Rio de Janeiro, onde seria homenageado. Ontem, outro pediu para furar a fila dos argumentos pois tinha viagem marcada para Lisboa onde continuaria participando de um congresso jurídico. Tudo é mais importante do que o interesse público. Temo que um dia, durante um dos julgamentos, o cachorrinho de estimação de alguém tenha uma diarreia séria. O ministro vai sair correndo do plenário e nem precisará trazer atestado médico veterinário na sessão seguinte.
É quase tudo teatro. Talvez alguns dos ministros votem com suas convicções. Mas eles hoje estão mais focados em se exibir para as TVs que cobrem suas reuniões o tempo todo do que com qualquer outra coisa, o que inclui a opinião do cidadão comum.
Um Supremo Tribunal Federal deveria ser formado pelos maiores dentre os juristas existentes no Brasil, sobretudo os pós-doutorados em Direito Constitucional. Mas se admitirmos que nossa corte é formada até mesmo por quem não conseguiu passar em concurso de Juiz realizado em duas ocasiões, podemos chegar à conclusão de que o País vai mal em todos os setores. Sem exceção alguma.
Felizmente ao menos hoje o habeas corpus que era julgado foi negado, o outro cassado e Lula pode ser preso tão logo se esgotem seus últimos recursos em Porto Alegre. Está fraca, quase apagada, mas ainda há um pingo de luz no fim do túnel.
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