Não me recordo de isso ter ocorrido antes: um presidente da República que ainda não atingiu a metade do mandato - caso de Jair Bolsonaro, que usa máscara cirúrgica na orelha - ser questionado por seu ministro da Saúde, dizer bobagens que ninguém respeita, não falar coisa com coisa e agora ter parte de suas decisões derrubadas pela Justiça ou pelo Congresso. Pior; ainda nos fazer assistir pelas redes sociais à veiculação de informações dando conta de que na verdade ele não governa mais. Quem faria isso seria o ministro general Braga Neto, membro da alta cúpula do Planalto.
Felizmente - ou infelizmente, nem sei - esse tipo de informação não está confirmada. Mas tudo é muito estranho. Hoje é Braga Neto quem comanda todas as entrevistas coletivas de alto escalão em Brasília. O presidente sai do Palácio da Alvorada pela manhã, estaciona diante de uma ridícula aglomeração de macacos de auditório levados lá para bater palmas e fala disparates os mais variados. Gosta mesmo é de agredir jornalistas da maneira mais torpe possível.
É uma triste situação. Como se não bastasse a ameaça do coronavírus, a última moda lançada pelo presidente é o anúncio diário da edição de um decreto no qual seria determinada amanhã a reabertura de todas as empresas comerciais, fabris e rurais, sem exceção. O cavaleiro da triste figura nacional quer combater o vírus na porrada.
Onde reside a sustentação de um governante como esse?
Mantenho comigo, sobretudo no Facebook, alguns contatos de pessoas que o apoiam. "De direita" e em sua grande totalidade grupo formado por indivíduos, alguns cultos, capazes de tudo para não ver "a esquerda totalitária voltar". Renunciam à capacidade de julgamento crítico apegados à convicção de que os governos de Lula e Dilma Roussef promoveram no Brasil todos o danos que o País apresenta hoje e dão apoio a um presidente cujos maiores ídolos são ditadores sanguinários de um passado recente, além da ditadura militar brasileira.
Essas pessoas, inimigas ferozes da "Globo Lixo" e demais empresas de comunicação, se abastecem de informações em redes de "notícias" ligadas ao governo. Até agora foram contados 41 endereços de "jornais" e outros tipos de "informativos" produtores de fake news. Também se "informam" junto a pessoas ligadas ao presidente, ministros mais chegados ou então os três filhos. Sobretudo o segundo, Carlos, um vereador medíocre do Rio de Janeiro, nazista assumido e que, por mais incrível que possa parecer, mantém gabinete no Palácio do Planalto para ajudar o papai.
O Brasil perdeu a capacidade de raciocinar? Que Brasília sofre uma pandemia de comando é público e notório. Mas assustador mesmo é esse vírus de fragilidade mental ter atingido o homem comum. Principalmente porque algumas das figuras mais proeminentes dessa nossa república agora são membros de uma trupe de vigaristas donos de denominações chamadas evangélicas e que mandam e desmandam montados que são em passaportes diplomáticos e acesso direto ao poder de Estado.
O que está havendo conosco?
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