Duas coisas relativas à política atual não se pode negar. A primeira, que o Centrão existe, nunca desistiu de atuar, fecha questão em torno dos seus interesses, representa a velha política e comemora efusivamente todas as suas conquistas como é mostrado na foto que ilustra esse texto. A segunda, que Bolsonaro sempre, ao longo de toda a sua carreira política inexpressiva marcada por 28 anos como deputado federal, foi a imagem pronta e acabada dessa velha política.
Por isso ele se sentiu tão à vontade em receber os representantes dos partidos que formam a, digamos, base, no Palácio da Alvorada. Comemorou sua volta ao ninho antigo com direito a café da manhã e discursos. Agora o Centrão garante a ele uma quase intocabilidade no caso de um processo legislativo por impeachment e, em contrapartida, leva um montão de cargos públicos, inclusive, talvez, o Ministério da Agricultura. É o preço. E Bolsonaro raposa velha da política de troca de favores, sabe muito bem como as coisas funcionam no submundo que ele frequenta.
Claro, não chega a ser um submundo como o das milícias, seus crimes e tráfico de influência. Nem, talvez, tão descarado como o da dança das contratações de parentes e amigos para trabalhar nos gabinetes políticos, muitas vezes em atividades fantasmas. Talvez também nem mais sem vergonha do que empenhar a palavra com as pessoas, subordinados diretos, para voltar atrás depois. Tudo isso é do jogo que o atual presidente da República sabe jogar muito bem. E joga. Fazer um acordo totalmente fora do interesse publico mas com dinheiro do contribuinte, estava nos planos. Como ele não respeita as leis e está muito pouco se importando se seus atos são criminosos ou não, sabia que uma hora, para se salvar, teria que recorrer a quem joga sujo como ele.
Ontem o presidente posou ao lado de seu ministro Paulo Guedes para dizer que este é o homem da economia, quem manda na área do Brasil e ponto final. Mas o "Pró-Brasil", que vai em outra direção, não está sepultado. Mais dia, menos dia reaparece quando Guedes não for mais indispensável como é agora. Não sei se o ministro sabe disso, mas sou capaz de apostar que sim.
O incrível é ele ainda deter cerca de 33 por cento do apoio da população brasileira. Isso se deve em parte a nosso conservadorismo, fruto da falta de informação ou reacionarismo mesmo. Também em parte ao fato de que o PT foi capaz de construir uma imensa ojeriza a ele em parcela imensa da população brasileira ao longo dos últimos 18 anos de exercício do poder.
Mas que ninguém se iluda: Bolsonaro não é apenas a velha política. É o que de pior que ela tem!
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