Com o conluio do Poder Executivo, o Legislativo do Brasil cometeu um crime essa semana: na definição da LDO 2023 (Lei de Diretrizes e Bases), ele não apenas confirmou a excrecência do "orçamento secreto", mas o tornou impositivo (foto). Isso significa dizer que com a promulgação dessa lei o Poder Executivo não apenas terá de conviver com o orçamento sem nomes e destinos, mas também não terá mais o direito de se negar a cumprir os desejos, grande parte deles obscuros, dos parlamentares.
E por que isso acontece? O atual presidente da República ocupou o poder depois de passar 28 anos como deputado federal sem fazer nada a não ser contratar e dispensar pessoas para seu gabinete e os de entorno, visando acomodar parentes, amigos e parceiros no poder público. Com o nosso dinheiro! Ao chegar à presidência disse que estava gerando uma "nova política". Mas ele só sabia e só sabe fazer a velha, pois é oriundo do baixo clero onde tudo o que se produz visa ao atendimento de projetos pessoais, de grupelhos e troca de favores - escusos ou não - visando a perpetuação do poder.
Quando Bolsonaro tentou colocar o Legislativo sob sua tutela este lembrou-lhe que o jogo era e é jogado da maneira de sempre. Aquela bem conhecida, dos favores que o baixo clero faz no âmbito dos partidos do Centrão tão bem entrosados em inúmeras jogadas políticas envolvendo "rachadinhas", subornos, acordos com milicianos, violência em último caso, lavagem de dinheiro via, por exemplo, lojas de chocolates, compra e venda de imóveis e até mesmo mansões em Brasília, pois quando o esquema reúne uma família inteira sobra dinheiro escuso para muito mais...muito mesmo.
Então o presidente terminou refém do grupo de onde saiu. Subjugado, com medo de perder a reeleição e ter que conhecer a Papuda por dentro, o amante de ditadores, elogiador de torturadores e patética figura nos planos intelectual e de princípios fechou os olhos para o Centrão de agora não tão saudosa memória. Hoje nós brasileiros, distantes do submundo de Brasília, vamos ver todo o ano uma dinheirama imensa obtida via nossos impostos ser drenada para os cofres e favores de deputados federais e senadores para atender a suas "necessidades".
E o povo? Ora, o povo é apenas um detalhe. Incomoda, mas não manda mais nada.