30 de junho de 2022

LDO, um crime contra o Brasil


Com o conluio do Poder Executivo, o Legislativo do Brasil cometeu um crime essa semana: na definição da LDO 2023 (Lei de Diretrizes e Bases), ele não apenas confirmou a excrecência do "orçamento secreto", mas o tornou impositivo (foto). Isso significa dizer que com a promulgação dessa lei o Poder Executivo não apenas terá de conviver com o orçamento sem nomes e destinos, mas também não terá mais o direito de se negar a cumprir os desejos, grande parte deles obscuros, dos parlamentares.

E por que isso acontece? O atual presidente da República ocupou o poder depois de passar 28 anos como deputado federal sem fazer nada a não ser contratar e dispensar pessoas para seu gabinete e os de entorno, visando acomodar parentes, amigos e parceiros no poder público. Com o nosso dinheiro! Ao chegar à presidência disse que estava gerando uma "nova política". Mas ele só sabia e só sabe fazer a velha, pois é oriundo do baixo clero onde tudo o que se produz visa ao atendimento de projetos pessoais, de grupelhos e troca de favores - escusos ou não - visando a perpetuação do poder.

Quando Bolsonaro tentou colocar o Legislativo sob sua tutela este lembrou-lhe que o jogo era e é jogado da maneira de sempre. Aquela bem conhecida, dos favores que o baixo clero faz no âmbito dos partidos do Centrão tão bem entrosados em inúmeras jogadas políticas envolvendo "rachadinhas", subornos, acordos com milicianos, violência em último caso, lavagem de dinheiro via, por exemplo, lojas de chocolates, compra e venda de imóveis e até mesmo mansões em Brasília, pois quando o esquema reúne uma família inteira sobra dinheiro escuso para muito mais...muito mesmo.

Então o presidente terminou refém do grupo de onde saiu. Subjugado, com medo de perder a reeleição e ter que conhecer a Papuda por dentro, o amante de ditadores, elogiador de torturadores e patética figura nos planos intelectual e de princípios fechou os olhos para o Centrão de agora não tão saudosa memória. Hoje nós brasileiros, distantes do submundo de Brasília, vamos ver todo o ano uma dinheirama imensa obtida via nossos impostos ser drenada para os cofres e favores de deputados federais e senadores para atender a suas "necessidades".

E o povo? Ora, o povo é apenas um detalhe. Incomoda, mas não manda mais nada.

       

25 de junho de 2022

Pressentimentos...


Tenho o pressentimento de que o presidente Jair Bolsonaro foi avisado pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, de que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, teria seu apartamento em Santos alvo de busca e apreensão por ordem de um juiz federal. Também, pressentimento meu, num gesto de magnanimidade, ele avisou seu ex-companheiro desse desagradável fato. Também aproveitou para pedir a ele para destruir em sua casa documentos íntimos de família, pois isso deve ficar a quatro paredes. E fez tudo isso de Nova Iorque. Que amigão!

Também é pressentimento meu que o ex-ministro fez a limpeza. E depois, quando preso não foi transferido para Brasília e somente para São Paulo, pois ele e os pastores Gilmar e Arilson esperavam uma decisão judicial de relaxamento de prisão. Quanta certeza! Não prestaram depoimento, não cumpriram os trâmites processuais comuns a esses casos, mas isso não tem a  menor importância. Afinal, Arilson não precisou cumprir a ameaça de "destruir todo mundo", como disse em mensagem gravada com autorização judicial.

Tenho o pressentimento de que o governo federal vai continuar protegendo Milton et caterva até onde for possível. Afinal ele é um arquivo vivo, não pode ser eliminado do dia para a noite como ex-servidor da FUNAI, e se abrir a boca em desespero pode, sim "destruir todo mundo". Ele, Gilmar e Arilson. Mais um pressentimento: no Palácio do Planalto deve ter crescido muito o consumo de remédios para dormir. Afinal, ninguém é de ferro.

Jair Bolsonaro brinca com a sorte. Somente de forma pública ele já disse em mais de uma oportunidade que obter informações privilegiadas é algo de que não abre mão. E controlar a Policia Federal, também. Só que a PF é órgão de Estado e não de governo, o que torna crime (de responsabilidade?) a obtenção de informações sigilosas, ainda mais para proteger amigos e familiares como ele faz.

Por último, tenho o pressentimento de que se esse presidente perder a reeleição seu futuro será negro. O seu e os dos principais assessores que, com ordens e pressão dele precisam desrespeitar as leis em vigor no País para agradar ao chefe e manter empregos à custa de suas honras.   

                

15 de junho de 2022

Não tenhamos esperanças


É muito difícil entender como foi possível à embaixada do Brasil no Reino Unido manter contato com os familiares do jornalista Dom Phillips, anunciar o encontro de seu cadáver mais o do indigenista Bruno Pereira para depois tudo ser desmentido porque a viúva de Dom comunicou isso a um jornalista competente, digno e que colocou a notícia no ar em sua emissora. E levou outros a noticiarem o fato, como foi meu caso na crônica anterior. Duas certezas moram comigo no que diz respeito a esse episódio: ordens superiores determinaram o desmentido da embaixada (cabeças vão rolar..) e não existe a menor possibilidade de que os dois desaparecidos em Atalaia do Norte estejam vivos.

Não tenhamos esperanças.

Esse caso nos remete a um passado não muito distante para todos os que acompanharam a história do Brasil recente, pós 1964. Se a gente se recordar da Guerrilha do Araguaia (foto) vai entender como funcionavam as coisas naquela época: prender, julgar, condenar, dava muito trabalho. Sumir com as evidências era mais fácil. Isso foi feito também fora do Brasil porque os métodos são todos oriundos dos Estados Unidos. Por isso Ernesto Che Guevara foi assassinado depois de ter sido capturado vivo na Bolívia. Dar a ele o marketing de um julgamento público, do qual sairia endeusado para muitos, estava fora de cogitação. Era melhor "morrer em combate". Como as PMs fazem no Brasil até hoje quando matam e dizem que o inimigo ou inimigos resistiram à prisão armados. Claro, sem testemunhas.

Na Amazônia é fácil abrir o ventre de um cadáver, colocar um peso dentro dele e afundá-lo no rio mais próximo. Fica praticamente impossível encontrar alguma coisa, até porque a imensa maioria dos peixes são carnívoros. Eles fazem a pior parte do trabalho. Quantos presos políticos até hoje estão desaparecidos no Brasil? Por isso as autoridades insistem em parar com as buscas.

Dom Phillips e  Bruno Pereira, dentre outras coisas, estavam ensinando índios e ribeirinhos a operarem drones para monitoramento e denúncia de garimpo e pesca ilegal, mineração criminosa, grilagem e outros crimes comuns na região. Tinham que morrer pela lógica do crime organizado. Talvez, e isso é uma aposta minha, nunca venham a ser encontrados. Quem sabe tudo são aqueles que deram as ordens superiores.

Mas eles não vão falar...           

13 de junho de 2022

O crime organizado é ele!


Aconteceu o que todos temiam, mas ninguém queria afirmar: a embaixada britânica comunicou hoje à viúva do jornalista Dom Phillips que os corpos dele e do sertanista Bruno Pereira foram encontrados pelas equipes de buscas. Isso ocorreu em seguida ao encontro de uma mochila dos dois desaparecidos e assassinados pelo crime organizado que ocupa praticamente toda a Amazônia. Em seguida a Policia Federal e outros órgãos desmentiram o fato, mas uma informação da embaixada a familiares nunca pode ser descartada como noticia oficial

Jair Messias Bolsonaro é o crime organizado!

Desde que ele assumiu a presidência tem feito tudo para, dentre outras inúmeras coisas, permitir a devastação da Amazônica e o massacre dos indígenas brasileiros. Acabou com os órgãos fiscalizatórios, sobretudo a Funai, demitiu ou exonerou servidores encarregados da fiscalização e controle do meio ambiente e das terras indígenas e muito mais. Bruno Pereira, por exemplo, cumpria seu papel protegendo as áreas onde vivem grupos isolados de índios, esses com pouco ou nenhum contato com os "civilizados", e por isso foi exonerado. E não só ele. Inúmeros servidores dos mais diversos órgãos já foram afastados de seus cargos depois que esse sujeito assumiu a presidência. Até a Polícia Federal terminou atingida porque o presidente pura e simplesmente quer controlar a tudo e a todos, colocando marionetes sob seu comando em postos chaves.

Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos por Jair Bolsonaro. Não por ele pessoalmente - já que diz aos quatro ventos ser capitão de artilharia e o que sabe fazer é matar -, mas pelos esquemas montados para permitir a devastação do Brasil. Esses esquemas incluem fazer vista grossa a crimes que são praticados por garimpeiros, grileiros, madeireiros e outros, o que permite o crescimento das redes de criminosos que atuam na Amazônia à revelia das leis. Como o presidente só sabe agir atropelando nosso arcabouço legal, quem age como ele é seu amigo de fé, irmão, camarada.

Que as mortes de Dom e Bruno nos acordem de uma vez por todas.                          

7 de junho de 2022

A reforma de um só lado


A proximidade da eleição presidencial de outubro está trazendo à baila uma discussão que sempre volta à mesa de negociações de quatro em quatro anos: as relações trabalhistas do Brasil. E agora ela está sendo focada num tema espinhoso: o presidente a ser eleito - quem já tocou no assunto foi Luiz Inácio Lula da Silva, do PT - deve ou não deve revogar a reforma feita pelo atual governo?

Sempre que se discute o assunto toma-se por base a lógica do capital: o custo do trabalhador é muito elevado no nosso país porque os encargos trabalhistas mais do que dobram para o empregador o custo final da mão de obra. Mas a discussão passa por cima de um fator fundamental e que reside no fato de termos dois brasis num mesmo país: o do INSS e o do serviço público. Um é pobre e vive de pires na mão. O outro tem pouco ou quase nada a reclamar e se aposenta com vencimentos integrais depois de, ao longo da vida, ganhar bem mais do que os trabalhadores da iniciativa privada. Sem demissão.

O que foi a reforma trabalhista do atual governo? Apenas e tão somente a vontade do capital. Em nenhum momento o trabalho foi ouvido. Ou muito me engano ou o atual presidente jamais recebeu um líder trabalhista. Nunca ouviu as suas reivindicações. Em momento algum esteve em um sindicato ou outro órgão representativo dos trabalhadores. Mas na "República da Faria Lima" já foi várias vezes.

Só existe justiça social quando se consegue conciliar os interesses do capital e do trabalho. E isso é possível! Uma reforma trabalhista feita de um lado só, além de não conciliar interesses engorda quem já é gordo e torna mais frágil quem já passa necessidades. E basta andar pelas ruas, ver as legiões de moradores em situação de miséria para constatar o que estou afirmando aqui.

Não podemos viver num Brasil onde se desconhece a existência do trabalhador privado. E também onde o servidor público forma uma casta privilegiada. Essa questão tem que ser enfrentada, discutida, vencida. E é claro, isso não vai acontecer com o atual presidente renovando seu mandato. Precisamos ter em Simone Tebet, Lula ou Ciro Gomes uma opção de construção de sociedade mais justa.

Afora a expectativa de um dos três não temos nada na linha do horizonte.