Quando assumiu o cargo de primeira dama, se é que isso existe, Michele Bolsonaro se disse incomodada com a existência, no Palácio da Alvorada, de peças sacras que são de propriedade pública. Assim sendo, ela determinou a transferência para o Palácio do Jaburu - segundo consta - de todas elas, inclusive as de motivação católica como duas santas barrocas trabalhadas em madeira. Mas o mais absurdo foi tirar do salão do Alvorada a tela "Orixás", de Djanira (foto), um quadro de valor inestimável e que para ela é apenas "macumba".
Jamais entrou na cabeça daquela senhora e nem na do marido dela, o presidente, que até domingo eles são meros inquilinos do Alvorada, bem como ele tem o Palácio do Planalto como local de trabalho. Então é difícil aceitar que, por exemplo, no início de seu caótico desgoverno, o presidente tenha mandado desmontar a biblioteca do Planalto. Ele queria espaço para o filho Carlos montar o gabinete do ódio, onde passou quatro anos produzindo fake news para enganar os "patriotários" que hoje ainda montam guarda nas portarias de quarteis em boa parte das cidades do Brasil aguardando um golpe militar ou de extraterrestres. Onde estão os livros?
Se eu me hospedo em um hotel não tenho o direito de mudar o mobiliário que lá está, a não ser com autorização expressa da direção. E ao que consta a direção raramente autoriza coisas como essa. O quadro "Orixás", bem como as representações de santos e outras obras de arte do Palácio da Alvorada pertencem ao Brasil, a nós todos, e não apenas e tão somente atendem aos ditames religiosos da mulher do presidente que fica de joelhos vestindo camiseta com o nome "Jesus" diante de manifestantes.
Nos últimos dois meses nós já vimos gente rezando para pneu, gente levantando aparelho celular para convocar extraterrestres, outros ajoelhados diante de portões de unidades militares pedindo intervenção militar e muitas outras idiotices mais. Chega!!!!! É hora de investir minimamente em sanidade, em respeito à escolha da maioria que elegeu um presidente adversário do atual.
Que ele leve para onde bem entender sua motocicleta de madeira entalhada, a estátua também de madeira que o representa e já foi apelidada de "Jumento de Tróia" e mais os demais presentes ridículos que recebeu nos últimos quatro anos, enquanto destruía o Brasil. Pode enfiá-los onde achar melhor. Mas as obras de arte que nos pertencem têm que ser devolvidas intactas.
Um comentário:
Parece um filme de terror estes anos que vivemos. São bárbaros insensíveis que não respeitam nada nem ninguém.
A cultura foi menosprezada e destruída.
Você fala com precisão de um delírio que influenciou um geração de mal educados
Postar um comentário