Quando chegaram ao Brasil pela primeira vez os portugueses se apressaram em rezar uma missa católica. Era o início do esforço por modificar a cultura de nossos povos originários, impondo a eles hábitos e costumes totalmente estranhos ao seu comportamento. Pior, isso é feito desde então, desde 1500 como está representado na pintura acima. Hoje a maioria dos que continuam esse esforço são missionários protestantes e todos são levados por um norte: é preciso civilizar os "índios". Não, não é preciso. O que precisamos fazer é respeitar a cultura do "diferente".
O grande estudioso brasileiro Darcy Ribeiro escreveu, dentre outras obras, "O processo civilizatório". Já faz muitos anos - em 1968 -, mas o texto continua atual. Ele fala como nós chegamos ao que se convencionou chamar de civilização. Isso foi bom e ruim e Darcy não viveu para analisar os fatos mais recentes: é justamente essa definição intimamente ligada a nós, os que vivem em conglomerados com comunicação escrita e constituição, para citarmos apena dois itens, o que leva grande quantidade de pessoas a verem os povos originários como seres de segunda categoria e não possuidores de capacidade cognitiva para nos acompanhar. Nada mais falso, nada mais racista.
Tudo se resume a uma questão cultural e à necessidade de respeitarmos a cultura específica dessas comunidades. Somente assim vamos conviver com elas de forma harmoniosa e nos preparando para uma sociedade uniforme, mas "diferente". E a diferença significa justamente o respeito aos valores culturais específicos. É por não aceitarmos as diferenças que somos capazes de reconhecer um indivíduo como inferior a nós, seja por causa da cor da pele seja por causa de fazer parte de populações originárias.
Isso cresceu muito nos últimos anos e agora parece haver um movimento, ainda muito tímido, no sentido de educarmos os que chegam à vida para terem em mente que todos somos a raça humana. E só vamos crescer como nação quando entendermos esse fato. Quando decidirmos que um povo civilizado não elege governantes capazes de dizer que as minorias, ou se adaptam às maiorias ou serão eliminadas.