24 de outubro de 2023

O massacre do futuro

Que futuro ela tem?

Vejam na foto ao lado o olhar perdido da menina palestina numa Gaza arrasada por bombardeios. Talvez ela nem tenha a exata noção de sua tragédia pessoal e coletiva. Ao contrário das crianças israelenses, que vivem numa sociedade capaz de fornecer aos cidadãos tudo o que eles necessitam, essa garotinha que mora (?) no imenso gueto chamado Faixa de Gaza não tinha quase nada mesmo antes de começarem os bombardeios de Israel contra seu miserável pedaço de terra.

Ela não sabe o que quer dizer Hammas. Ela não entende porque homens e mulheres armados até os dentes vão ou não tomar conta do que restar de sua cidade ao final do projeto determinado pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Talvez nem sequer esteja viva hoje, porque essa foto é do final da semana passada. Durante a I Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, a perspectiva de vida de um piloto de caça era de oito dias. Passou-se mais de um século desse tempo e hoje no amontoado de tijolos onde ficava a casa da garota essa expectativa é provavelmente menor. Que tragédia!

Um dia desses escrevi que o Gueto de Gaza poderia ser comparado ao Gueto de Varsóvia, esse durante a II Guerra Mundial. Alguns sionistas se insurgiram e classificaram a comparação de inadmissível. Não é! Durante o conflito mundial de 1939/1945 a então invencível máquina de guerra da Alemanha nazista massacrou milhões de judeus que não tinham como reagir. Agora - ironia do destino! - a poderosa máquina de guerra israelense subjuga e trucida palestinos que não têm como reagir.

Na ONU, pessoas que nunca foram à guerra discutem o futuro palestino numa situação em que o Estado de Israel é incapaz de reconhecer aquela etnia como um povo digno de possuir seu país, e sequer chegam a um acordo em torno de colocarem no papel que o cessar fogo é imperioso. Os senhores da guerra estão insatisfeitos. Eles ainda podem garantir muitos lucros à sua indústria bélica até as agressões chegarem ao fim e também têm um campo vasto para testar armas novas e capazes de matar a cada dia mais gente que não pode se defender delas. O céu é o limite na luta pelo massacre do futuro!

Bastava que a decisão da ONU de dois povos e dois estados para aquela região palestina tivesse sido comprida em 1948 e nada disso estaria acontecendo. Provavelmente judeus e palestinos viveriam em paz dentro das suas fronteiras e sem querer tomar terra alheia com o uso de força militar. Na foto da menininha que ilustra esse texto ela tem alguma coisa em uma das mãos. Um doce? Um brinquedinho? O que seria? 

Mas que futuro ela tem? Muito menor do que o objeto na sua mão esquerda. 

23 de outubro de 2023

Senhores da guerra


O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder decidiu romper o silêncio e deu declaração afirmando que o governo dos Estados Unidos impediu a Ucrânia de chegar a um acordo de paz que teria encerrado o conflito com a Rússia, isso em março do ano passado. Segundo Schröder, a Casa Branca ligou para Zelensky enfatizando que os ucranianos deveriam "avisar os americanos" sobre tudo o que era discutido com a Rússia. Como todo mundo sabe, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenta destravar no Congresso de seu país uma ajuda militar bilionária tanto para ucranianos quanto para israelenses.

Joe Biden, Volodymyr Zelensky, Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu são os senhores da guerra. E por motivos pecuniários, já que a indústria bélica das maiores potências se alimenta das guerras nas quais as vítimas são sempre crianças que acabam nos braços de pais desesperados como essa da Palestina, em foto feita na Faixa de Gaza.

Quando uma parte do território palestino foi destinado aos judeus em 1948 para nele ser fundado o Estado de Israel, ficou decidido também pela ONU que o Estado da Palestina seria criado quase ao mesmo tempo. Isso jamais aconteceu! E hoje as forças militares mais poderosas do mundo e que classificam como terroristas grupos radicais islâmicos e palestinos, jogam pesado militarmente falando para ajudar Israel a destruir de uma vez por todas os palestinos como etnia e/ou nacionalidade. Obviamente, um ataque como o perpetrado pelo Hammas contra civis de Israel no último dia 07 constituiu crime de guerra e também uma insanidade. Mas ao longo de 75 anos os palestinos e árabes das regiões tomadas a países da região para a criação do Estado Judeu foram alvos de crimes ainda maiores e igualmente cruéis. Exemplos existem às centenas...

E enquanto hoje muitos "intelectuais" de ocasião se apresentam para mostrar falsa sapiência em assuntos ligados ao Oriente Médio e seus problemas, todos se esquecem de dizer que a simples criação do Estado da Palestina nos moldes determinados pela ONU logo após o término da II Guerra Mundial teria evitado todo o banho de sangue que nós vemos diariamente. Mas isso nunca foi aventado, nem mesmo pelos falsos "intelectuais" porque os maiores interesses em jogo são os da indústria bélica e é ela quem sustenta no poder Biden, Putin, Zelesnki, Netanyahu et caterva.

Agora mesmo mais uma tentativa de paz está para ser agendada na ONU e mais uma vez os Estados Unidos deverão exercer seu direito de veto argumentando qualquer coisa. Não importa qual seja. Afinal de contas, armas precisam ser vendidas a preço fechado, não importando quantos possam morrer. Há interesses maiores maiores em jogo. Netanyahu impedir que a Suprema Corte de Israel o condene por crimes financeiros é um deles. E se mais palestinos ou israelenses tiverem que perder a vida em consequência disso, fazer o quê? São coisas do jogo de poder dos senhores da guerra.                    

                 

18 de outubro de 2023

Banho de sangue


Pegue de um lado um presidente comandante da maior força militar do mundo e disposto a tudo para se reeleger e junte a ele um primeiro ministro com medo de ser preso após responder a processos por corrupção. O primeiro quer mais quatro anos de chefia de Estado e o segundo precisa agradar a extrema direita para continuar no poder e castrar o judiciário. Fez isso? O resultado será um banho de sangue.

Nem Joe Biden nem Benjamin Netanyahu estão minimamente preocupados com os palestinos. Que morram todos eles! Netanyahu tem que agradar a extrema direita judaica que quer o extermínio do Hammas e fará tudo para que seu projeto de impunidade sobreviva. Já Biden tem pela frente um Donald Trump que pode apeá-lo do poder nas próximas eleições presidenciais. Ambos jogam um jogo de sobrevivência no qual tudo o mais é mero detalhe. O resultado já é um banho de sangue.

O Hammas fez um favor a ambos atacando Israel no dia 07 último e matando mais de mil pessoas. A imensa maioria era constituída por civis, jovens em uma festa rave e crianças em kibutz. Um crime inominável, que não pode ser explicado. Ou pode?

Uma jovem estudante de medicina da região, que mora na Cisjordânia e tem que estudar em Jerusalém conta ter que atravessar todos os dias vários bloqueios militares para se deslocar de Hebron, onde reside, para a faculdade. Em entrevista à CNN Portugal disse sob pseudônimo que humilhações, agressões e mortes ocorrem há décadas. Completou: "Mas nos últimos anos, com tudo o que Israel tem feito, não vou dizer que me fizeram desistir de uma solução pacífica, mas foi crescendo uma raiva e agora confesso que quero vingança, têm morrido muitos palestinianos e quero vingar-me. Por isso, para dizer a verdade, naquele momento eu não tive pena dos israelitas que morreram. Eu pensei que era merecido. Mas no minuto a seguir veio o medo porque nós sabíamos que Israel iria reagir e atacar a Faixa de Gaza". A entrevista é longa, mas basta esse trecho da fala daquela que em pouco tempo será médica.

São 75 anos de humilhações e violências várias. Com massacres inclusive, como em Sabra e Chatila. Um dia as pessoas explodem. E quando acontece isso na cabeça de guerrilheiros radicais, também explodem foguetes e disparam metralhadoras.

Hoje mesmo, enquanto o presidente do Estados Unidos e o primeiro ministro de Israel, juntinhos, produziam falas para seus públicos, também reforçavam o discurso de afirmação de inocência. Eles juram de pés juntos que a bomba lançada sobre um hospital da Faixa de Gaza que também abrigava refugiados foi um engano de "terroristas do Hammas". Peritos em explosivos afirmam que os foguetes desse grupo não têm esse poder de destruição. Quem tem é a bomba Mark 84 - foto -, de uso das forças armadas israelenses. E quando o hospital explodiu, durante algum tempo Hananya Naftali, "digital influencer" do governo de Israel postou nas redes sociais que o bombardeio havia sido de seu país. Sete minutos depois apagou o post.

Quando duas figuras como Biden e Netanyahu se unem o banho de sangue é imenso. Tão grande quanto as versões que precisam ser construídas depois.

11 de outubro de 2023

"A banalidade do mal"


"...a maldade não se dá por causa da natureza de caráter ou de personalidade, mas sim pela incapacidade de julgar e conhecer as situações, os fatos, as estruturas e o contexto" (Hanna Arendt).

É difícil dizer como e quando vai terminar o atual conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. Talvez quando mais uma carrada de inocentes estiverem mortos sob o solo de Israel ou do que ainda resta da Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza. E talvez nesse dia seja o caso de o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra em Haia, nos Países Baixos, decretar a prisão de Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel. Sim, porque até lá os principais líderes do Hammas, uma organização radical, estarão mortos.

Quando Yitzhak Rabin foi assassinado com dois tiros dados pelas costas na Jerusalém de novembro de 1995 faltavam apenas duas assinaturas - a dele e a de Yasser Arafat - para ser assinado um tratado de paz entre Israel e a Palestina com a criação do Estado Palestino e o reconhecimento de Israel por parte deste. Tudo havia sido costurado com o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e com a presença dos dois chefes de governo. Mas quem matou Rabin? Foi um palestino inconformado e membro de organização criminosa? Não. Foi um terrorista judeu que não queria a paz e o reconhecimento do novo Estado. E ele teve êxito porque tudo naufragou enquanto Yitzhak era baixado à sepultura.

Hanna Arendt, genial filósofa alemã que escreveu muitos livros ainda hoje referências para quem deseja conhecer a alma humana, gerou "A banalidade do mal" após acompanhar o julgamento em Jerusalém do maior criminoso de guerra alemão capturado, isso em 1961. Fez "O julgamento de Eichmann" em seguida a esse júri. Ela não atribuía o mal aos nazistas, mas sim a burocratas zelosos incapazes de pensar por si. Como os de hoje...

Eles existem em todos os lugares. Basta procurar e a gente os encontra fantasiados de Netanyahu, por exemplo. Penso que na tragédia do Oriente Médio existem componentes extras como os 75 anos de destruição sistemática dos lares e da nacionalidade palestina desenvolvida por Israel. Arendt considerava Eichmann um novo tipo de criminoso, um hostil e que se desenvolveria ainda mais em outras pessoas. Para ela, "moralmente falando, não é menos errado sentir culpa sem ter feito alguma coisa específica do que sentir-se livre de culpa tendo feito efetivamente alguma coisa".

A judia Arendt, que morreu do coração enquanto se reunia com amigos, foi criticada em Israel e xingada de todos os nomes por aqueles que não entenderam - ou não quiseram entender - seus princípios. Fica dela nesses tempos sombrios seu pensamento mais famoso em "Origens do Totalitarismo": "A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos".

Nós vivemos novos tempos de banalidade do mal!

9 de outubro de 2023

"Céu de bombas"

Permitam-me iniciar esse artigo com um poema disponibilizado ontem por meu amigo, meu cardiologista e meu confrade de Academia Espírito-santense de Letras (AL), Jorge Elias Neto. O título é "Céu de Bombas":

Por que choras por mim meu pai?

Cumpri com o que me coube

nessa Gaza de feras.

Em cada criança morta , sacrificada,

um objetivo insano.

Despeço-me do dia

sob flashs e bombas.

Uma fome doentia

molhou teu corpo com meu sangue.

Estrelas dos profetas cruzaram os céus

e pulverizaram os créditos de minha infância.

A ambição de poder comeu meu destino.

Com a força, roubaram-me o sorriso.

Meu pai, nem sei perguntar por quê.

Não tive tempo para me nutrir de ódio.

Pensando bem pai,

que às lágrimas partam.

Transpareças a indignação em teu rosto

nas telas indiferentes do Mundo.

Sobretudo, crê pai,

crê no triunfo do olhar de tua filha,

fosco de morte,

 voltado para esse lindo céu,

reluzente de bombas,

nessa noite de domingo de fúria.

Esse poema, feito ontem, é um lembrete. Jorge Elias, o poeta, ficou traumatizado em ver um pai sair de escombros da casa onde morava com o cadáver da filha nos braços. Estavam em Gaza (vejam-na na foto) e isso não aconteceu no ultimo sábado, ontem ou hoje, segunda-feira. É fato passado e se refere a um dos massacres covardes de palestinos perpetrados pelo terrorista Estado de Israel.

Em tempo: foi insano, desumano e sobretudo totalmente despido de inteligência emocional o ataque do Hamas a civis de Israel. Quando faz isso o grupo paramilitar acantonado em Gaza joga uma pá de terra no apoio internacional que sua causa poderia ter ao menos na maior parte das nações, sobretudo as ocidentais.

Mas isso não vai apagar o fato de que Israel, em sua política expansionista, segregacionista e covarde luta para tirar os palestinos de sobre a face da terra. Estou falando de todos os judeus e de todos os moradores de Israel? Não. Apenas do extremismo de direita que hoje ocupa o governo daquele país e tenta até mesmo golpear a Justiça para que um primeiro ministro corrupto se livre das penas por seus crimes.

É preciso que as consciências das pessoas e das nações julguem os horrores perpetrados por israelenses desde o início da historia daquele país até hoje. Antes que os palestinos sejam totalmente exterminados. E antes que a extrema direita judaica se lembre de que só escapou do extermínio nazista porque nasceu ou se se tornou adulta bem depois daquele tempo (não consigo entender como um judeu pode ser fascista!).

O Hamas é uma criação de Israel. Quem, planta, colhe!                               

7 de outubro de 2023

O estado terrorista

Retalhos de "Guernica", obra fantástica de Pablo Picasso, mostra o holocausto palestino em 1982

Nunca haverá paz no Oriente Médio enquanto o Estado da Palestina não for constituído e reconhecido pela comunidade internacional, o que inclui Israel. E também quando, paralelamente a isso, os dois estados fizerem um pacto de não agressão que garanta vida segura às duas comunidades. Até lá teremos que conviver com o inaceitável: uma situação na qual homens e mulheres - o que envolve idosos e crianças - são mortos todos os dias em atos de agressão. E muitos mais do lado palestino, pois Israel possui uma das forças armadas mais modernas do mundo, inclusive com armamento nuclear jamais admitido, mas ainda assim aceito passivamente pela comunidade internacional.

Mas os judeus nunca aceitaram a Palestina independente e Israel promove terrorismo de Estado.

Sempre que penso na situação do Oriente Médio, onde agora mesmo inocentes estão sendo mortos, recordo-me do episódio de Sabra e Chatila, as comunidades palestinas no Líbano massacradas no ano de 1982, entre 19 e 20 de setembro. Eram homens, mulheres e crianças indefesas, mas isso não impediu o ataque. Para resumir, a milícia  maronita de extrema direita liderada por Ellie Hobeika invadiu os campos de refugiados e assassinou cerca de duas mil pessoas - não há números exatos - sem resistência porque o Exército israelense cercava todo o perímetro, apoiando a violência e impedindo a entrada de socorro.

Foi o único episódio? Não. Centenas de outros já foram registrados ao longo dos anos. Em várias dessas vezes colonos israelenses armados mataram civis palestinos, inclusive em cidades e aldeias. Crianças acabaram mortas. Idosos também. Em muitos casos os ataques eram feitos por forças armadas e com o uso do armamento convencional mais moderno que existe, grande parte dele produzido no estado judeu graças a apoio ocidental.

Quando Israel foi criado em 1948, com voto decisivo do Brasil na ONU, ocupou parte do território palestino. Ninguém perguntou a esses se concordavam, nem aos países islâmicos vizinhos. E ao longo dos anos os israelenses sempre somaram ilegalmente territórios à sua pátria dada de presente. De uns 40 anos para cá é comum a ocupação de terras, sobretudo na Cisjordânia, para assentamentos. Todos avançam sobre áreas palestinas e até mesmo a mais inocente das pessoas sabe que os judeus nunca tiveram em mente conviver com a Palestina como estado independente. Ainda mais agora com Nini Netanyahu no poder e cercado por uma extrema direita que quer matar todos os "inimigos".

Sempre que um ataque acontece nem é preciso imaginar de que lado ele vem. Se os jornais, rádios e TVs ocidentais disserem que foram "terroristas" os atacantes, ele veio do lado palestino. Se disserem que foi obra de "radicais", foi praticado por Israel. Isso, obviamente, não acaba com o conflito, mas sim o aguça. Ou haverá naquela região duas bandeiras nacionais tremulando lado a lado onde hoje se mata ou a matança vai continuar.

Não há outra alternativa.                          

4 de outubro de 2023

Meu STF minha vida


O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, chegou a ser cogitado para a vaga da ministra Rosa Weber, que se aposenta por idade. Ficou maleável, "amigo" do presidente Lula até o dia em que o ministro da Justiça, Flávio Dino, passou a ser considerável favorito à vaga. Então Pacheco se aliou àqueles que querem acabar com o "ativismo" do Supremo e passou a apoiar projetos como o do Marco Temporal, mandato para ministros da Corte, etc. O presidente da Câmara, Arthur Lira, pratica outro jogo. Tenta emparedar o governo com a ocupação de cargos de primeiro escalão para o Centrão. Sabe que só chegará ao STF como réu e quer jogar jogo pesado para evitar isso por via indireta.

O objetivo de todos eles é o poder. Só isso. E o presidente Lula erra ao postergar indicações que são suas, somente suas, talvez querendo ver os opostos de digladiarem. É um equívoco. O certo seria nomear logo os sucessores, acabar com as picuinhas em torno de assuntos como também esse da PGR, e se concentrar no que realmente interessa: governar para que o Brasil volte definitivamente, e bem, ao cenário mundial.

Lula também erra ao dar munição para uma oposição vergonhosamente raivosa e mentirosa. Por exemplo, ao permitir que sua mulher, Janja, vá a intervenções de Estado em seu lugar. Ela não tem mandato, gosta de ocupar espaço e se envolver em ações de governo. Também não está certo. Se as decisões sobre indicações fossem rápidas e a "primeira dama" se mantivesse no estrito exercício de suas funções protocolares tudo seria menos difícil para o presidente nesse cenário tóxico dos dias de hoje.

Tudo o que está sendo feito pelo Legislativo para confrontar o Judiciário, por intermédio ou não de Rodrigo Pacheco, é inconstitucional e vai cair mais adiante, Não pode prosperar. A mim parece que o novo presidente do STF quer evitar um confronto direto e tenta fazer chegar ao Legislativo algumas indicações sobre como e onde parar. Caso contrário ele terá de ser parado. Não existe "ativismo" judicial e o Judiciário só age quando provocado, ocupando justamente o espaço da inércia do Legislativo, sobretudo da Câmara, que funciona de acordo com interesses pessoais ou corporativos, fugindo de assuntos "espinhosos". Mas espinhos existem em toda a atividade humana. Em muitas delas são chamados de sapos.

O STF é o sonho da vida de muita gente, mas lá só cabem 11 e com mandato vitalício. Tentar confrontar a Constituição, a história nos mostra, é condenar as ações ao fracasso. O STF não será a vida de Arthur Lira e está na hora de o Executivo enfrentar a Câmara nos sonhos como o de ela ter a Caixa Econômica Federal de "porteira fechada". As porteiras de Lira ele as tem nas fazendas de gado nelore, compradas sabe-se como.

Tudo o mais é luta por mais e mais poder. No nosso Legislativo as goelas são enormes e todos querem o dinheiro do contribuinte. Mas é hora de dizer basta.