18 de outubro de 2023

Banho de sangue


Pegue de um lado um presidente comandante da maior força militar do mundo e disposto a tudo para se reeleger e junte a ele um primeiro ministro com medo de ser preso após responder a processos por corrupção. O primeiro quer mais quatro anos de chefia de Estado e o segundo precisa agradar a extrema direita para continuar no poder e castrar o judiciário. Fez isso? O resultado será um banho de sangue.

Nem Joe Biden nem Benjamin Netanyahu estão minimamente preocupados com os palestinos. Que morram todos eles! Netanyahu tem que agradar a extrema direita judaica que quer o extermínio do Hammas e fará tudo para que seu projeto de impunidade sobreviva. Já Biden tem pela frente um Donald Trump que pode apeá-lo do poder nas próximas eleições presidenciais. Ambos jogam um jogo de sobrevivência no qual tudo o mais é mero detalhe. O resultado já é um banho de sangue.

O Hammas fez um favor a ambos atacando Israel no dia 07 último e matando mais de mil pessoas. A imensa maioria era constituída por civis, jovens em uma festa rave e crianças em kibutz. Um crime inominável, que não pode ser explicado. Ou pode?

Uma jovem estudante de medicina da região, que mora na Cisjordânia e tem que estudar em Jerusalém conta ter que atravessar todos os dias vários bloqueios militares para se deslocar de Hebron, onde reside, para a faculdade. Em entrevista à CNN Portugal disse sob pseudônimo que humilhações, agressões e mortes ocorrem há décadas. Completou: "Mas nos últimos anos, com tudo o que Israel tem feito, não vou dizer que me fizeram desistir de uma solução pacífica, mas foi crescendo uma raiva e agora confesso que quero vingança, têm morrido muitos palestinianos e quero vingar-me. Por isso, para dizer a verdade, naquele momento eu não tive pena dos israelitas que morreram. Eu pensei que era merecido. Mas no minuto a seguir veio o medo porque nós sabíamos que Israel iria reagir e atacar a Faixa de Gaza". A entrevista é longa, mas basta esse trecho da fala daquela que em pouco tempo será médica.

São 75 anos de humilhações e violências várias. Com massacres inclusive, como em Sabra e Chatila. Um dia as pessoas explodem. E quando acontece isso na cabeça de guerrilheiros radicais, também explodem foguetes e disparam metralhadoras.

Hoje mesmo, enquanto o presidente do Estados Unidos e o primeiro ministro de Israel, juntinhos, produziam falas para seus públicos, também reforçavam o discurso de afirmação de inocência. Eles juram de pés juntos que a bomba lançada sobre um hospital da Faixa de Gaza que também abrigava refugiados foi um engano de "terroristas do Hammas". Peritos em explosivos afirmam que os foguetes desse grupo não têm esse poder de destruição. Quem tem é a bomba Mark 84 - foto -, de uso das forças armadas israelenses. E quando o hospital explodiu, durante algum tempo Hananya Naftali, "digital influencer" do governo de Israel postou nas redes sociais que o bombardeio havia sido de seu país. Sete minutos depois apagou o post.

Quando duas figuras como Biden e Netanyahu se unem o banho de sangue é imenso. Tão grande quanto as versões que precisam ser construídas depois.

3 comentários:

Anônimo disse...

O povo JUDEU foi agredido de forma civarde por uma organização de um enorme curriculum de crimes. A vida política de Israel sua economia é todos os fatos além do medo que se instalou no país. Espero que a saída seja qual for ponha um fim na guerra. Mas voto pela solução menos sanguinário que vem sendo provocada desde o dia 07 pelos assassinos do hamas

Anônimo disse...

Excelente análise!

Anônimo disse...


Cenário de desgraças em terreno minado, povoado de desumanos seres que põem em risco a vida do planeta.