Deve ser desconfortável para o delator do Mensalão, Roberto Jefferson, ficar numa prisão onde ele não poderá comer salmão defumado, geleia real e sucos com água de coco. Muito desconfortável. O advogado dele já avisou que são recomendações médicas. Então ele não poderá ir para uma prisão comum, terá de ser outra, incomum.
Conta-se uma anedota acerca de um chefe de estado que mandava que tudo em seu país fosse construído com material da pior qualidade. Era um tal programa tipo Minha Casa Minha Vida Que se Dane. Mas um dia ele chamou às pressas o ministro do setor de obras no Palácio do Entardecer e disse a ele que o projeto da nova penitenciária estava errado. Era tudo uma porcaria. A penitenciária deveria ser construída como aquela que existe em Mônaco. O ministro perguntou o motivo e o presidente respondeu: "A gente nunca sabe do dia de amanhã!"
Roberto Jefferson está acordando para o dia de amanhã. Ele é delator, dedo-duro. Na Papuda, mais 15 presos também acordam. Um deles, José Genoíno ainda está em casa com "graves problemas de saúde". Outro futuro preso, mais valente, João Paulo Cunha, já se comparou a Nelson Mandela: "Se ele ficou 27 anos na prisão posso ficar também." E é uma ótima ideia.
É possível que o Brasil esteja finalmente acordando para uma realidade com a qual ele já teria de ter ficado frente a frente faz muito tempo: não se pode ter um País onde habitem ao mesmo tempo os Roberto Jefferson e as pessoas desesperadas que aparecem nas TVS todos os dias chorando porque as chuvas fortes das últimas 48 horas destruíram suas casas, seus móveis, seus sonhos. Notem uma coisa: a esmagadora maioria delas não tem dentes. Esse é o Brasil da Papuda. Ao menos até agora.
Ainda sonho ver o Grande Chefe lá também.
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