São recorrentes no Brasil os casos - sempre graves - de inundações, deslizamentos de terra, desmoronamentos e mortes nas cidades e no campo. Em todos os casos, rigorosamente todos, há um culpado e ele se chama Poder Público. É errado culpar o azar, São Pedro ou tentar encontrar outra desculpa esfarrapada. Os responsáveis ocupam os palácios de onde deveriam representar a todos.
Foto minha de uma Vitória parada sob chuva muito forte em via expressa |
Especialistas em questões urbanas são unânimes em dizer que, em casos de cataclismos, temporais longos e que saiam muito do padrão das regiões, não há equipamento urbano capaz de resistir. Danos vão ocorrer. Mas quanto mais as cidades são bem construídas, mais elas defendem seus cidadãos de tragédias. Isso acontece nos países onde os cuidados dessa natureza são praticamente uma norma de administração. Uma obrigação.
No Brasil, muitas vezes demagogicamente, permite-se a construção de casas e outros imóveis em regiões de encostas, onde o risco de deslizamento é grande quando chuvas demoradas encharcam o solo e o tornam instável. O saneamento básico não é feito de forma eficiente. Os sistemas de coleta e escoamento de água, a mesma coisa. O capeamento das vias, sobretudo asfáltico, é de péssima qualidade. Os rios são assoreados e permite-se que as pessoas construam em suas margens. Muitas regiões das cidades costeiras e interioranas, e isso acontece na Região Metropolitana da Grande Vitória, estão abaixo da preamar ou então do nível mais elevado dos rios. Quando uma chuva forte se soma à maré alta ou atinge cabeceira de rios, alaga tudo. E o poder público não constrói estações de bombeamento capazes de impedir ou minorar esses danos. Aqui no Espírito Santo, Vitória e Vila Velha são os maiores exemplos de danos dessa natureza. Mas Cariacica e Serra também sofrem com isso. E só estamos falando da Região Metropolitana, sem relacionar os inúmeros casos do interior do Estado onde às vezes eles são mais graves.
O poder público é, além de demagogo, covarde. Em Vitória, a maior estação de bombeamento de água, capaz de impedir alagamentos, fica em frente ao prédio da Rede Gazeta de Comunicação. Como a região alagava e a empresa jornalística gritava contra isso, ela foi protegida. Os que não têm o mesmo poder de fogo continuam à mercê dos danos que as temporadas de chuvas provocam.
Seria preciso mudar as mentes. Mas de políticos e seus assessores já ouvi várias vezes que o mais importante para eles é sobreviver renovando mandatos. Ainda que isso custe a vida de outros. E custa. No Espírito Santo, hoje, já estamos contabilizando mortos. Desabrigados podem chegar a cinco mil. E a meteorologia indica que até domingo teremos chuvas fortes em todo um Estado já bastante castigado.
Até quando? Até quando o cidadão, indo às ruas, sem a "ajuda" de arruaceiros, conseguirem conscientizar o povo brasileiro de que é preciso mudar, mandando para casa a corja política que nos infelicita - não são todos os políticos, diga-se de passagem. É preciso quebrar blindagens, identificar patifes e fazer políticas públicas que visem o bem público. O conforto e a segurança daquele que paga impostos.
Só isso.
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