7 de maio de 2014

Democracia à brasileira

Ao que parece, a paciência do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se esgotou. Ele disse que não vai buscar mais a "unidade" e é pré-candidato por seu partido, o PSB, à reeleição apoiando também a chapa nacional de Eduardo Campos. Já o ex-governador Paulo Hartung vai se candidatar ao mesmo cargo pelo PMDB e deve chamar para perto de si no Espírito Santo as forças do PT.Cartas na mesa. Façam as coligações - ou, melhor dizendo, as próximas apostas senhores.
A briga - ou seria melhor dizer "mal estar" - começou com Hartung se dizendo candidato a governador. O ex-governador Gerson Camata, veterano de PMDB, disse que como esse postulador teve dois mandatos seguidos no Palácio Anchieta, agora Casagrande "tem também o direito" a um segundo mandato.
Pirei, pois até hoje pensava que esse tipo de direito era exercido pelo eleitor e somente por ele. Os partidos e seus representantes lançavam-se às eleições, expunham seus projetos, suas ideologias, seus planos quadrienais e, ao final de tudo, o melhor - para os eleitores, claro - era proclamado vencedor.Os perdedores simplesmente deixavam a arena de disputa. O Executivo então governava, o Legislativo fazia seu papel de legislar e vigiar o Executivo e o Judiciário zelava pelo fiel cumprimento das leis.
Ora, isso só pode existir na Democracia real, essa que estou escrevendo com a primeira letra maiúscula. Na democracia de mentirinha, a "unidade" representa o conchavo de bastidores no qual todos combinam concordar com o novo governo em gênero, número e grau, sem esse negócio de analisar coisa alguma, de fiscalizar ninguém. Até porque depois da "unidade" vem a "parceria", outro termo caro a todos os envolvidos na composição. A "parceria" é a divisão do butim político com escolha de cargos (comissionados) e empregos à disposição de cabos eleitorais, parentes e amigos de longa data.
Essa é uma democracia à brasileira. A que se tenta se perpetuar hoje apesar de todos os protestos, de todas as denúncias que são feitas. Mas essa não é a democracia real, a que surge do confronto de ideias.
                           

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