Marina Silva foi agressiva no seu primeiro debate de televisão como candidata à presidência da República. Tentou, quem sabe, fazer a diferença. Aécio Neves, o mais claro e calmo, mostrou seus projetos de forma mais, digamos, didática. Dilma Roussef, de branco, mostrou-se o que é: a dona da Ilha da Fantasia e de cujas fantasias as pessoas aos poucos se afastam. Pessoas de vários espectros políticos e sociais. Até o Bolsa Família vaza votos...
O fator Marina Silva é vital nessa eleição. Substituindo Eduardo Campos ela mostrou ter muito capital de voto. Sua imagem a ajuda: politicamente é uma pessoa imaculada. Será muito difícil construir acusações contra ela fora do universo da radicalização que se inicia no agronegócio e termina no messianismo. Se os que a cercam, como estão cercando na foto do intervalo do debate enquanto os assessores de Aécio Neves fazem o mesmo com ele, conseguirem que ela reconheça méritos na necessidade da produção do agronegócio sustentável e o respeito ao Estado é laico, creio eu que a montanha de votos poderá crescer.
O que diferencia Marina de Lula? Simples: ambos eram pobres, ambos vieram de regiões carentes de tudo, ambos chegarem às cidades em carrocerias de caminhões. Lula se imiscuiu em movimentos sindicais e tornou-se um profissional demagogo da área. Com o tempo, um mentiroso, um comerciante de cargos, um comprador de apoios políticos. Um falastrão, um boquirroto. Marina se alfabetizou aos 16 anos, estudou, teve malária, quase viu Chico Mendes ser assassinado. Cresceu como pessoa, como ser ideológico, como defensora intransigente de seus pensamentos e crenças. Talvez intransigente demais. Mas suas mãos podem ser mostradas limpas. Não mandou pagar mensaleiros, não colocou dinheiro sujo nem na cueca nem na calcinha de ninguém.
O capital político de Aécio vem do PSDB, da família Neves, do nome de Tancredo e de suas passagens competentes pelos poderes Legislativo e Executivo. É um homem preparado, mas vai ser atacado até o final da campanha. Sua arma será a calma e os argumentos sólidos. Se conseguir...
O fator Marina Silva vai decidir a eleição. Hoje ela já fala no Jornal Nacional. Justo, pois o antigo candidato está morto. Hoje ou ela começa a se mostrar alternativa de peso ou alguém que ataca demais e às vezes fala de forma difícil de as pessoas comuns entenderem. Isso no Brasil é péssimo.
Hoje o fator Marina Silva se mostra de novo. No Palácio do Planalto pernas vão tremer. Um fantasma chamado segundo turno entre Marina e Aécio já deve ter sido enxotado a vassouradas. A tiros de canhão. Mas esse fantasma começa a existir. E pode se materializar, embora agora raras pessoas pensem nele. Tanto que a pesquisa do Ibope para o segundo turno das eleições desconheceu essa hipótese. Mas as próximos pesquisas podem encontrar-se com ela.
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