Pensei em abrir esse artigo listando os episódios de corrupção dos últimos 12 anos, todos ligados às administrações Lula e Dilma. Desisti; a lista seria grande demais. Como diria o autor dessa espécie de mantra, "numa antes na história desse País" tanto dinheiro público foi desviado. Vamos, então, resumir as coisas: fiquemos no Mensalão, que quase provocou o impeachment do ex-presidente Lula, e no Petrolão, que ainda pode render muito para a presidente(a) Dilma Rousseff. Vamos nos esquecer, por exemplo, do caso Celso Daniel, o cadáver que ainda anseia por Justiça do túmulo onde está.
Você gosta de corrupção? Se não gosta, saiba que a presidente reeleita ontem para seu segundo mandato carrega essa marca nas costas. E o motivo de praticamente todos os casos de corrupção do Brasil é um só: o governo, desde a posse de Lula, negocia qualquer coisa, principalmente com o Congresso - mas também com empresas patrocinadoras de campanhas -, para que seus projetos, seus planos, sejam todos aprovados, incondicionalmente. Esse é o preço do dinheiro público e está barato.
Sinto um certo nojo, mas não me canso de recordar um episódio: "O presidente me prometeu aquela diretoria que fura poço e tira petróleo. É essa que eu quero!" As palavras são do ex-presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, em conversa com a então ministra Dilma, em 2005. Lula havia prometido a diretoria a um apaniguado dele. Um "indicado político". Dilma Rousseff tentou argumentar dizendo que se tratava de diretoria de área técnica e não poderia ser negociada (é esse o termo correto?) mas não adiantou. Severino levou o que queria e dinheiro da Petrobras foi roubado. Ora, ninguém sabia?
Negue quem quiser, não importa: nossa maior empresa pública, aquela pela qual os brasileiros iam às ruas faz mais de meio século para gritar "O petróleo é nosso!" está quebrada. Quebrou-a o atual governo.
Os jornais de hoje circulam com a notícia da reeleição da presidente e suas palavras de discurso de final de contagem de votos: "Sem exceção, chamo todos os brasileiros para nos unirmos em favor de nossa pátria, nosso País, nosso povo. Não entendo que essas eleições tenham dividido o País ao meio".
Ora, se ela diz com isso que vai deter os casos de corrupção e governar defendendo antes de mais nada o interesse público, então vai precisar enfrentar as próprias forças que a sustentam. Vai ter que se ver diante das denúncias que hoje tomam conta das manchetes de jornais, revistas, rádios, TVs., internet, etc. Não vai ter forças para tanto. Talvez, nem vontade. O discurso de Dilma, ontem à noite, foi mais uma fala de campanha. Promessa de palanque. Um momento de júbilo. Logo, logo, alguém vai lhe pedir de novo a diretoria que fura poço. Vai levar. E se nada for denunciado, é vida que segue...
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