Nenhum dos ex-líderes de esquerda da época da ditadura hoje condenados por crimes envolvendo dinheiro público merece perdão. E isso justifica, ao menos em mim, a ojeriza que tomei pelo PT.
Em fins de 1968 estava em São Paulo e, como um então militante do PCB, participei de várias manifestações contra a ditadura militar brasileira. O Partidão não aderira à luta armada por não crer que ela fosse a solução de nossos problemas, mas sabotava essa ditadura via sobretudo o MDB, passeatas, greves e outras manifestações públicas à época ilegais. Lembro-me de um dia ter até esbarrado num jovem estudante que liderava as manifestações da UNE. Chama-se José Dirceu.
Hoje a gente sabe que em 1996 só pagava Imposto de Renda quem recebia mais de nove salários mínimos. Hoje basta ganha pouco mais de dois para pagar. Antes não havia fator previdenciário achatando aposentadorias do INSS e hoje existe, agudizando-se a cada ano. São heranças malditas do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e não sei se hoje ele se arrepende delas. Mas em 2002 votei em Lula. Acreditava que a esquerda corrigiria esses erros e faria ainda mais pelo Brasil.
Ledo engano.
Nunca esperei nada de Lula, pois o sabia, como sei, intelectualmente um pobre diabo, embora carismático e capaz de arrebatar multidões. Mas esperava tudo daqueles que o cercavam, oriundos que eram da época da luta pela redemocratização do Brasil. Quando estourou o escândalo do mensalão, caí de costas. Depois vieram outros, mais outros, processos, prisões e de nada adianta sair de casa para a penitenciária com o punho levantado e fechado. O dinheiro estava na cueca. Finalmente, o último episódio conhecido, esse da Petrobras, me fez ter a convicção de ter ajudado a colocar uma quadrilha no poder. E de nada adiantou fazer propaganda contra depois disso. As demagogias desenvolvidas para ganhar e sustentar os votos dos miseráveis, como as tais bolsas, formaram um enorme contingente de eleitores. Os incultos pobres votam pensando no estômago.
O fator previdenciário permaneceu e ganhou fôlego. O Imposto de Renda a cada ano envolve mais gente. Em 2014 vivemos uma farra de dinheiro público e hoje um Brasil quebrado assiste ao réquiem desse grupo que, além de todos os pecados, ainda é incompetente. A "esquerda" de Joaquim Levy e Kátia Abreu é o que resta hoje do sonho de 13 anos passado. E só resta isso porque o mais foi rapinado para comprar parlamentares e roubar dinheiro de empresas públicas via empreiteiras.
Nenhum desses ex-líderes merece perdão. Nem hoje nem nunca.
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