8 de março de 2015

De golpes e leis

O assunto mais discutido nos dias de hoje é se a eventualidade de um impeachment contra a presidente Dilma Rousseff seria ou não um golpe. Mais do que isso: um golpe contra a democracia. Antes que a discussão se torne acadêmica, cabe uma opinião ditada pela experiência e conhecimento dos meandros da vida brasileira: tudo o que é feito de acordo com as leis, seguindo os trâmites normais e com os tanques de guerra devidamente guardados nos quarteis, é legal. Não é golpe. Foi assim com Fernando Collor de Mello. Será assim com qualquer outro.
Ontem o senador Lindberg Farias confessou que agiu de "maneira imprópria" mas não ilegal. Reconheceu que recolheu dinheiro das sujas mãos de Paulo Roberto Costa. Como não dava mais para negar, disseram a ele que o melhor seria admitir o fato com versão suave. Ao que tudo indica, com o passar dos dias muitos outros farão isso. Todos meteram as mãos em dinheiro sujo.
Quem não acredita em Papai Noel, Branca de Neve, Visconde de Sabugosa e outros personagens como o Saci Pererê, não acredita também que Lula e Dilma desconheciam que esquemas de desvios de dinheiro público existiam na Petrobras e que esse dinheiro ia não apenas para os bolsos - e cuecas - de diversos personagens de nossa República, mas também para o caixa dos partidos políticos. Apenas para financiar campanhas? Não, claro. Também para engordar cofres particulares dos "próceres" desses partidos. Não há a menor sombra de dúvida de que a montanha de dinheiro desviada da Petrobras seria suficiente para construir uma cidade de Casas da Dinda.
A frágil legislação brasileira, que não coloca limites nos gastos de campanha, permitiu que partidos políticos e empresas se locupletassem durante os últimos anos. Mais precisamente de 2003 para cá. A quebra da Petrobras, fato antes considerado impossível, talvez tenha sido o maior feito da "quadrilha" montada para assaltar os cofres públicos. E ninguém com conhecimento de mediano para cima dos fatos brasileiros tem a menor dúvida de que se essa investigação chegar ao BNDES - para citar só mais um exemplo "de peso" - cai toda a República. Não sobra pedra sobre pedra.
Ora, estamos diante do maior escândalo da história brasileira. Deixem os tanques nos quarteis e sigam investigando. O que vier com base nas leis, legal é. Elas já existem para proteger os poderosos e quando nem isso conseguem fazer mais é porque as coisas estão fora de controle.
Dilma, a madame da foto, sempre soube de tudo. Lula também. Agora é permitir que as prossigam. E que o povo vá às ruas e se manifeste. Como dizia Castro Alves, "a praça, a praça é do povo como o céu é do condor..."
investigações

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