A manchete de hoje de O Globo diz: "Lava-Jato chega à Caixa e ao Ministério da Saúde". Se Neguinho da Beija Flor fosse chamado para falar, diria: "O BNDES vem aí, gente!"
Hoje pela manhã eu conversava com um amigo com amplo conhecimento no Poder Judiciário. E ele me dizia que o juiz Sérgio Moro não atua sozinho. Há uma equipe auxiliando-o em seu trabalho, e isso com dois objetivos: para conhecerem o maior número possível de fatos e jamais errarem, o que significa estudar todas as vertentes das tortuosas leis brasileiras antes de tomar decisões cruciais. E, como acredito eu e ele também, a atuação do juiz é não isenta de risco. Tanto que muitos não aceitariam esse trabalho, até pelo stress emocional que ele carrega.
O atual momento brasileiro mostra que a vida do País está mudando. O deputado que um dia, sentado à mesa da direção da Câmara, ergueu o punho direito imitando José Dirceu e outros e afrontando a presença ao seu lado do então Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, hoje habita todas as páginas de jornais e imagens de televisão, preso pela Polícia Federal em Curitiba.
Democracia não se faz com falta de respeito. Da mesma forma como um membro do Poder Judiciário não pode jamais afrontar representantes dos demais Poderes, um Ministro do STF jamais deveria ser desacatado em pleno plenário da Câmara dos Deputados. Nem se o autor do desacato, da afronta, fosse um parlamentar honesto, o que definitivamente não é o caso.
Aliás, o Legislativo deve muitas explicações à Nação. Sobretudo e principalmente seus membros que assinaram o pedido de abertura da CPI do BNDES para retirar a assinatura depois. O Governo não diz que é honesto? Não diz que nada tem a esconder? Então por que empresta meu dinheiro em negócios suspeitos e secretos? Como, em tempo de paz, um banco de desenvolvimento, que lida com dinheiro público, pode conceder empréstimos secretos? E, pior do que tudo, ao que tudo indica a ditaduras sanguinárias africanas que atentam contra os direitos humanos. O objetivo principal do BNDES é atender aos interesses nacionais e suprir as necessidades do Brasil.
Quando nosso banco foge a essas diretrizes, torna-se suspeito. E suspeito de fazer parte das coisas que levaram o ex-deputado André Vargas, o citado mais acima, à cadeia. Roubar dinheiro público, sobretudo exercendo cargo público, é crime sem perdão. Quando cometido por um governo de um partido político que pregava a honestidade e a ética, pior ainda.
Estamos tratando da coisa pública como se privada fosse. Tanto no sentido do privado, coisa das pessoas, quanto no sentido de vaso sanitário. Só por isso o Brasil merecia ter outros juízes como Moro, ou outras equipes jurídicas combatendo o crime, como essa.
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