25 de dezembro de 2024

A hora é essa!


Arthur Lira, o todo poderosos presidente da Câmara dos Deputados queria dar aos seus cúmplices um Natal gordo esse ano: nada menos que R$ 4,2 bilhões de dinheiro público dos meus, dos seus, dos nossos impostos pagos com o suor do trabalho sem identificação de nome do destinador, sem que a gente soubesse também o do destinatário e nem a quem ou a que propósito se destinava a dinheirama. Mas a caneta do ministro Flávio Dino (foto), do Supremo Tribunal Federal acabou com a festa. Ao menos por enquanto...

A farra das emendas parlamentares, que já chegou a R$ 50 bilhões por ano e os políticos querem fazer com que cresça ainda mais porque para eles o céu é o limite, não tem comparação em país algum. Antes era um montante até razoável para atender aos currais eleitorais de suas excelências. Mas o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao notar que poderia sofrer processo de impeachment durante seu desgoverno resolveu abrir as portas do cofre da Fazenda e entregar as chaves ao Legislativo. Era tudo o que se queria. De uma hora para a outra a farra da verba pública alcançou cifras inimagináveis e o dinheiro dos impostos deixou de ser administrado pelo Poder Executivo, como ocorre na maioria dos outros países. Virou festa em casa de prostituição!

Enquanto o atual presidente Lula, acuado por não ter nem sombra de maioria no Congresso tenta se esquivar de todas as chantagens possíveis e imagináveis, as exigências para liberação de emendas chegaram a um ponto absurdo. Até emenda PIX foi criada. Até dinheiro transportado em avião nós já temos. Até malas recheadas com milhões de reais são jogadas pela janela quando a Polícia chega. E não há mais pudor algum porque Arthur Lira e seus asseclas dizem para todo mundo ouvir que não vão abrir mão de seu "direito" de usar nossos recursos de impostos para roubos os mais variados. Para assaltar os cofres públicos.

O Governo Federal tem que reagir também, e agora. Só Flávio Dino e os meios de Comunicação tradicionais - afora os vendidos à extrema direita canalha - é muito pouco para enfrentar a sanha dos bandidos de mandato. Lula quer entrar para a história como o presidente que enfrentou essa quadrilha e ajudou Judiciário a vencer a guerra pela moralização da vida pública? Se sim essa hora chegou.  

19 de dezembro de 2024

O terminal lagunar


Se depender do presidente da Câmara, Arthur Lira (foto), e de deputados como ele, o sonho de um mandato como senador por Alagoas vai acontecer e para chegar a isso esse parlamentar faz e fará qualquer coisa. Apenas um exemplo de até onde pode chegar o chantagista sabotador que preside uma das casas mais importantes do Poder Legislativo brasileiro: consumiu R$ 960 mil para aprovar uma obra de "terminal lagunar" em Barra de São Miguel, cidade litorânea alagoana que é administrada pelo prefeito Benedito Lira, o Bill, seu próprio pai. Uma repórter foi até a cidade, pediu entrevista ao prefeito e perguntou a ele sobre a obra. "O que?", respondeu Benedito. Ele não sabia de nada parecido com isso por lá. Quando a repórter explicou que se tratava de um projeto do filho, e com dinheiro de emenda parlamentar, ouviu do entrevistado: "Deixa isso pra lá, minha filha!".

Esse político, Arthur Lira, está à frente de várias votações no Congresso. Passou pela Câmara, fica sujeito ao crivo dele, como acontece com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e do ajuste fiscal que impõe limites de gastos ao governo. Lira sabe que desidratar essas leis toca diretamente na governabilidade e nas contas da União, mas faz isso. Incentiva a sabotagem e coloca o Governo Federal contra a parede por um único motivo importante: quer, custe o que custar, que as emendas parlamentares, hoje na casa dos R$ 50 bilhões, continuem a subir de forma desbragada e sem que haja fiscalização alguma por parte do contribuinte que, como eu, paga os impostos geradores de dinheiro do caixa do Governo.

Nesses casos de corrupção confessada e generalizada haverá centenas de outros terminais lagunares espalhados pelo Brasil afora, e em tal quantidade que não será montada investigação suficiente para identificar a todos. Agora mesmo Lira dissolveu as comissões que eram encarregadas de identificar os autores das emendas que seriam liberadas pelo Governo. Enviou tudo ao Supremo Tribunal Federal sem que as exigências constitucionais fossem mais uma vez respeitadas e cumpridas. Isso é um escárnio, ainda mais porque o Congresso dobra a aposta a cada dia para curvar não apenas o Executivo, mas também o Judiciário. Sem que os autores das emendas, sobretudo as chamadas PIX sejam identificadas, não é possível frear a corrupção contida nesse artifício parlamentar.

Os sabotadores do Brasil, os chantagistas do Legislativo, perderam totalmente o pudor, a vergonha. O tal Nikolas Ferreira, deputado federal por Minas Gerais, projeto pronto e acabado de fascista quase mirim, declarou em alto e bom som no Congresso que para ele tanto faz o dólar subir porque sua intenção e da turma que o cerca é ver a moeda norte-americana a R$ 7,00. Dane-se para ele e os demais se os pobres vão sofrer com isso, se uma crise econômica pode se instalar no país. Tirar o PT do poder é o mais importante de tudo. Por esse motivo nunca tive a menor dúvida de que proteger o Brasil não passa pela cabeça da maioria dos parlamentares do Congresso atual, o pior, o mais medíocre e o mais perverso que já foi eleito no Brasil. Pior: ele se elegeu na calda de cometa de um ódio desmedido dos reacionários contra o que chamam de "esquerda" e sem se importarem, esse eleitores, em aquilatar quem estavam elegendo como seus representantes.   

É hora de o Supremo dizer "NÃO" a tudo isso, sobretudo ao que é inconstitucional. Ao enfrentamento. E dar um freio de arrumação definitivo nas manobras daqueles que usam mandatos eletivos para ficar acima das leis. Há lugar na Papuda para todos!                 

17 de dezembro de 2024

Faltou ética à Rede Globo


Trabalhei em imprensa diária durante três décadas e no jornal que mais vendia no Estado. Tinha uma norma de comportamento: jamais invadia pauta especial de concorrente se tomasse conhecimento dela antecipadamente e nunca, em situação alguma, censurava trechos de entrevistas que obtinha com fontes minhas ou de repórteres a mim subordinados, sobretudo quando as falas eram exclusivas. Uma vez um entrevistado, em plena ditadura militar, chamou de "moleque de recados" um dirigente esportivo também deputado estadual da ARENA. Publiquei. No dia seguinte seu Eugênio Queiroz, diretor Presidente da Rede Gazeta me interpelou: "Seu Álvaro, ele é nosso deputado! Moleque de recados?". Respondi: "Perdão, seu Eugênio, mas o entrevistado confiou em mim e eu não podia cortar uma declaração sua que não continha palavrões. Respondo na empresa ou fora dela por essa matéria". Ele sorriu, bateu no meu ombro e encerrou o assunto.

Há um compromisso ético entre fonte e jornalista quando de entrevistas, sobretudo se eu consigo de alguém importante uma fala exclusiva. E foi isso o que a excelente repórter Sônia Bridi conseguiu com o presidente Lula após a alta deste (foto). A Rede Globo colocou um "caco" na matéria editada para defender a Lava Jato e lembrar processo judicial respondido por Lula e simplesmente retirou do ar o trecho da declaração deste na qual defendia a isenção de pagamento de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, bem como criticava os chamados super salários. É uma conduta eticamente imperdoável. Se acontecesse comigo eu nunca mais daria entrevista a esse meio de Comunicação.

E essa não é a primeira vez que tal acontece. Numa das campanhas presidenciais passadas, num debate de Lula com Fernando Collor, a Globo editou os piores momentos do petista e os melhores do outro para passar no Jornal Nacional. Um escândalo e houve explicações posteriores! É possível que o alagoano vencesse a eleição mesmo com uma edição correta do material, mas o meio de Comunicação não tem o direito de agir dessa forma, escolhendo lado em edição de material jornalístico. Outra vez a maior rede nacional de jornal, rádio, TV e internet do Brasil escorrega na casca de banana. Não deve ter sido sem querer...

Muita gente chama de demagógica a promessa de Lula, outros aplaudem e isso é questão de ponto de vista. Também há setores críticos da taxação dos super ricos e estes realmente pagam muito pouco ou quase nada de impostos no Brasil, pois são protegidos por esquemas que envolvem apoio incondicional de setores do Legislativo em uma legislação feita sob encomenda para beneficiá-los. Isso é fato! O mínimo que se pode esperar do jornalismo é que se comporte com isenção e dignidade na produção de material jornalístico. E é bom fazer dessa forma porque depois de um dia de muita luta, de edições de todo tipo de noticiário, a gente chega em casa, vai para debaixo do chuveiro e sai de lá limpo.      

14 de dezembro de 2024

Não alimentem as hienas!


Era 1986 e o Brasil, encerrada no ano anterior a ditadura militar que infelicitou o país durante 21 anos, reatava relações diplomáticas com Cuba, rompidas desde 1964. O presidente Fidel Castro nomeou para o cargo de embaixador em Brasília seu melhor diplomata da época, Isidoro Octavia Marmierca Peoli, que havia sido ministro das relações exteriores cubano. Explicou a ele que a situação no país sul-americano era muito instável, pediu que o nomeado tivesse todo tato do mundo, se abstivesse de declarações públicas e completou: "Comporte-se como uma freira!".

Hoje, passados 38 anos desses fatos, as hienas que Castro temia continuam a postos. Conspiram, planejam golpes de Estado como em 08 de janeiro de 2023 e agora mesmo, nesse final de ano, votam e aprovam no Congresso Nacional leis absurdas, caóticas. Hoje pela manhã o general Braga Neto foi preso. Muito bom! Mas isso não quer dizer muita coisa porque a extrema direita canalha vai continuar conspirando. É tudo o que fazem porque é tudo o que sabem fazer. Para eles essa é uma questão de sobrevivência. E enquanto isso acontece, o que ocorre com o PT, partido do presidente da República? Alimenta a hienas!

Só nos últimos tempos o partido do presidente fez uma festa e tanto! Cinco ministros de Lula colocaram suas mulheres nos tribunas de contas estaduais - cabides de emprego vitalício para todo tipo de picareta do Brasil - com salários gordos: Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração Nacional), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Camilo Santana (Educação). São quase R$ 40 mil que entram nos cofres das famílias todos os meses! E não é apenas isso: em várias outras sinecuras os petistas aparecem com destaque, inclusive em algumas ligadas ao Poder Legislativo. Assim fica fácil os extremistas conspirarem!

Não se pode pedir ao PT, sigla incapaz de fazer autocrítica, que determine a seus membros para agirem como freiras porque seria até mesmo risível. Mas ao menos um mínimo de pundonor - palavra que mamãe adorava! - deve existir. Se é intenção das forças democráticas brasileiras lutarem contra a volta das viúvas da ditadura militar que ainda esperneiam iradas, tem que haver muito cuidado com o exemplo. Da mesma forma que é preciso fazem Gleisi Hoffmann entender que o tipo de socialismo defendido por ela está sepultado nos restos do muro de Berlim. Ainda dá para comprar um pedaço!

Há um país por defender. Eu mesmo convivo dia e noite com hienas disfarçadas no ambiente cultural que frequento e tento ao menos evitar o cheiro ruim exalado por elas. Mas se nós, autores da democracia atual do Brasil, não formos o exemplo para sua manutenção e consolidação, podemos abrir caminho a um retrocesso. Repito: os saudosos da ditadura ainda sonham com sua volta e acampar novamente nas cercanias de quarteis elas aceitam de bom grado. Para eles democracia como a brasileira, é apenas um empecilho aos seus planos e que pode ser eliminado. Afinal, eliminar é com eles mesmo!         


11 de dezembro de 2024

A nova ordem trumpista


Afora o fato de que o mercado brasileiro, esse que manobra o comportamento da economia de acordo com suas vontades e interesses nem sempre confessos faz o possível para sabotar o governo Federal, em um ponto o atual quadro de instabilidade econômica brasileiro tem um fator externo bastante forte: a expectativa geral pela posse, em janeiro próximo, do novo presidente dos Estados Unidos, o extremista de direita Donald Trump. Uma parcela considerável do nervosismo da economia internacional está repousada justamente no fato de não saberem as pessoas até que ponto irá o novo mandatário na concretização de seus arroubos de valentia contra tudo e contra todos.

O filósofo, escritor e ativista italiano Franco Berardi publicou no último dia 08 um artigo intitulado "A desintegração do mundo ocidental" e  no qual ele diz, dentre outras coisas que "somente avaliando o abismo do inconsciente americano podemos decifrar as raízes da ferocidade social que agora está em plena manifestação". Sim, e isso nos atinge em cheio e a todas as democracias ocidentais, sobretudo as que estão hoje sendo arrastadas ao extremismo de direita graças à ascensão ao poder de gente que reza na cartilha do futuro presidente norte-americano. Procurem ver e vocês terão um quadro claro do que pode vir por aí: esses extremistas têm uma única preocupação: a de destruir o que foi construído até hoje para erguer em lugar das democracias atuais e da pretensa democracia dos EUA uma estrutura de poder reacionária, totalitária, próxima de que foi o poder nazista em passado recente.

Fazer isso nos Estados Unidos não é difícil. Dos primeiros presidentes daquele país, sete eram senhores de escravos. Outros que não o foram podem ser considerados como supremacistas brancos. Trump é um deles. Só não abraça descaradamente a Ku Kus Klan (foto) porque isso hoje é ilegal em seu país. Mas acredita nos princípios que essa gente espalha. Seus mentores diretos, Steve Bannon e Elon Musk desejam o fim da sociedade tal qual ela é atualmente, e para tanto o futuro presidente está se cercando de gentalha da pior espécie, a maioria formada por criminosos. Jair Bolsonaro, nosso modelo brasileiro os copia em tudo, mas sem a força que eles têm lá em seu país, onde querem libertar os espíritos animais da sociedade americana.

Os Estados Unidos nasceram de genocídio, deportações e escravatura. Seu processo de enriquecimento está fundamentado dessa forma e por isso Musk tem a pretensão de formar um sistema escravagista de alta tecnologia. Pouco antes de morrer, Paul Auster escreveu no livro "Bloodbath Nation" que o racismo está no cerne do inconsciente americano e por isso Trump é a alma dos Estados Unidos. Vejam como as coisas se fecham! Então o futuro presidente dos EUA é a "erupção psicótica do inconsciente branco".

Os norte-americanos não querem deixar de viver em um império. Mais do que isso, querem esse império controlando e dominando todo o mundo. Por isso é hoje angustiante vermos aos poucos um sintoma de derrocada na União Europeia que deverá ser atacada de todas as formas de fevereiro próximo em diante. Nenhum dos estrategistas atuais norte-americanos que conseguiram incorporar a alma sequestrada de seu país sequer tenta disfarçar. Bannon esteve palestrando recentemente na Universidade de Nova Iorque e disse: "Sou leninista". Quando alguém o questionou sobre o sentido de suas palavras ele completou: "Lenin queria destruir o Estado e esse também é meu objetivo".  Mas Lenin queria destruir o Estado de então em nome de uma justiça futura que jamais foi concebida na prática.

Há como conter esse movimento. Houve no passado, existem meios agora e haverá no futuro. Basta estar alerta. No Brasil a sabotagem do governo Lula em vez de ajudar esse presidente a vencer fragilidades pode abrir a porta para a volta do reacionarismo ao poder, ainda mais agora, com a hospitalização dele. Não é isso que a maioria dos brasileiros quer, tenho certeza. E nos Estados Unidos Trump saberá cavar sua própria sepultura política ou pessoal. Isso já aconteceu com outros no passado. 

4 de dezembro de 2024

No começo, o Rio Guandu


Quem pensa que o episódio flagrado de um PM lançando um homem em um rio ou vala - como nas imagens acima - é coisa recente está enganado. Quando Carlos Lacerda, o "Abutre", era governador do Rio de Janeiro ele foi acusado de mandar que seus policiais jogassem corpos de moradores de rua e ladrões de então no Rio Guandu, há mais de 60 anos. Negou, mas muitos corpos nunca foram encontrados. Outros acabaram localizados no Guandu, sem identificação. Ontem, como hoje, o desprezo pela vida humana sempre foi a tônica do comportamento de governantes de extrema direita do Brasil, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro e em outros estados da Federação. Basta pesquisar um pouco e os exemplos saltam aos olhos. Uma tragédia que só atinge pobres e negros.

Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo "importado" do Rio de Janeiro é fiel admirador do ex-presidente Bolsonaro. Diz dever tudo a ele e deve ser verdade. Quando empossado, nomeou para a secretaria de Segurança Pública um ex-PM da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) conhecido por sua truculência e letalidade. O tal Derrite. Foi afastado de lá por isso, mas com Tarcísio se tornou chefe de todos os policiais estaduais. O que se poderia esperar de sua atuação? E foi para favorecer esse tipo de comportamento beirando a insanidade que o governador faz o que pode e não pode para tirar as câmeras corporais dos PMs. Elas flagram crimes e combinações de versão. 

A ordem é matar!

Quando se mata um criminoso isso já constitui crime que o policial jamais deveria cometer. Ele é agente do cumprimento das leis e não julgador e executor num país que não tem pena de morte. Mas age assim por ser incentivado a tal por quem o comanda. Quando depois o governador e o secretário dizem estar tomando providências enérgicas, não passam de cínicos, fazem discurso falso. Tanto esse tipo de comportamento pode ser comprovado que a forma como as polícias abordam pessoas nos bairros pobres é uma e nos ricos, outra. Nos últimos o policial ainda chama o abordado de vossa excelência. E se ele estiver usando droga, vai ser admoestado por estar fazendo "coisa feia". Já o pobre é espancado.

A história de nossos criminosos mais conhecidos é cheia de relatos de pessoas comuns marginalizadas e que foram levadas ao crime por violência policial. Ou então aprenderam a matar e cometer outros delitos sérios depois de irem parar no sistema prisional detidos por alguma coisa pequena. Uma banalidade. Alguém aqui conhece rico enviado à prisão por não portar documentos? Certamente, não. Mas história de pobres nessa situação existem aos montes. Esse é o Brasil! E bem provavelmente jogar miserável em um rio deve ter começado antes mesmo do Abutre. O Brasil é desigualmente criminoso!                    

3 de dezembro de 2024

O sequestro do dinheiro público


O ministro Flávio Dino, do STF, determinou que o dinheiro sequestrado a todos os brasileiros e usado por parlamentares como emendas - montante hoje chegando aos R$ 50 bilhões no nível federal - tem que ter seus "padrinhos" identificados para poder ser usado em obras diversas, favores pessoais, corrupções as mais variadas, enfim, toda a sorte de destino a ser dado indiscriminadamente a ele por pessoas eleitas por nós para nos representarem e que tomam o mandato parlamentar como profissão a ser renovada a cada mandato para a formação de um patrimônio ao qual o brasileiro comum não tem acesso.

Nós vivemos no país do escárnio consagrado! Em nenhum outro lugar do mundo - repito: nenhum - o Poder Legislativo pode usar dinheiro do contribuinte dessa forma, passando por cima dos demais poderes constituídos e, ainda mais, se dando o direito de usar essa verba bilionária sem que o pagador de impostos possa saber sequer para onde vai sua "contribuição" que, em muitas vezes, ele nem vê porque é descontada no contracheque.

Pior: até ontem o Parlamento brasileiro recusava-se a trabalhar, a votar tetos legais necessários ao funcionamento da máquina pública brasileira antes de ter valores desbloqueados pelo Judiciário. A pressão chegou a tal ponto que o presidente da República, minoritário no Congresso, promulgou sem vetos o texto legal que liberava as emendas, mesmo sem ele atender à obrigação de os deputados e senadores identificarem-se como quem envia o meu, o seu, o nosso dinheiro para o lugar tal para a finalidade tal. Ainda que para roubo, obras desnecessárias e engordar eleitorados seus e de outros atores.

Mas eles são eleitos por nós, não são? Então temos uma enorme parcela de responsabilidade por essa anomalia. Ainda mais porque assistimos, impávidos colossos que somos, até mesmo ao desfilar de mentiras e deboches feitos por essa gente que pode falar o que lhes der na cabeça quando no plenário do Congresso, já que sua imunidade serve tanto para proteger o mandato quanto para perpetuar a canalhice generalizada que toma parte do Brasil de hoje em todos os setores. O sequestro do dinheiro público é patrocinado por nós.                         

28 de novembro de 2024

O mercado e o Brasil


O mercado está fulo da vida com o governo federal. Ele, o governo, foi capaz - vejam só que desplante! - de não acatar as diretrizes dos donos da economia e que chegaram a público via comunicado do Banco Itaú para, dentre outras coisas, fazer cortes no orçamento sem tocar em saúde e educação, manter o salário mínimo umbilicalmente ligado à inflação, anunciar que quem ganha menos do que R$ 5 mil mensais não paga mais Imposto de Renda e, dentre outras coisas, cúmulo dos cúmulos, que lucros e dividendos vão ser tributados daqui para a frente. Mais: quem ganha muito - vê se pode uma coisa dessas! - vai pagar mais IR de 2026 em diante.

O mercado vai reagir! E como? Simples: conspirando, como sempre fez ao longo da história!

O mercado financeiro brasileiro, que prefiro chamar de "Quintada da Faria Lima" sempre pediu ao brasileiro para cortar na carne. Dos outros! De preferência dos mais pobres, já que eles estão acostumados e comer pouco, não ter assistência médica decente, viver sem aceso a educação de qualidade e, dentre muitas outras coisas mais, viver precariamente em favelas cercadas por falta de estrutura básica e em áreas povoadas por marginais.

Se os reajustes das aposentadorias e pensões não tiverem mais como parâmetro o salário mínimo, em muito pouco tempo os aposentados da base da pirâmide social estarão recebendo menos do que esse valor. E hoje essa miséria, mesmo com ganho real, já não permite sobrevivência decente. O que eles poderão fazer contra isso? Nada, já que aposentado nem greve decreta. Já do outro lado, no topo da pirâmide social onde estão os executivos do Banco Itaú e seus companheiros da Faria Lima, o que se pretende é que os milionários juros e subsídios continuem sendo pagos sem tributação alguma e que salários de primeiro mundo recolham o mínimo possível de IR. Claro, senão como manter aviões executivos caríssimos, iates de alcance intercontinental e mansões nababescas? Não vai dar.

Governo rebelde, esse. Merece sem alvo de conspiração! A imprensa representada pelos grandes meios de comunicação, Estado de S. Paulo à frente, já reagiu. Daqui para a frente o alvo será o governo, sem dó, sem piedade e sem trégua, com porradas de todos o tipos. Falhas vão ser encontradas até mesmo no café da manhã servido no Palácio da Alvorada. Num Brasil sem educação básica, fácil de ser influenciado e com tanto pobre de direita, em breve isso vai fazer efeito. Tem que fazer. Senão, em último caso, deve existir guardado na manda do terno de tropical inglês o projeto de dizer que Bolsonaro é inocente e quem tentou mesmo dar um golpe de Estado foi Lula. Vai ver, dá certo!     

26 de novembro de 2024

Nossa noite dos longos punhais

A noite das longas facas, ou então "Noite dos longos punhais" aconteceu de 30 de junho a 1° de julho de 1934, na Alemanha. Adolf  Hitler queria eliminar seus principais opositores, aqueles que deviam algo a ele ou então que não lhe prestavam apoio incondicional. Com execuções extrajudiciais matou a cúpula do "strasserismo", movimento ligado a Gregor Strasser e Ernst Röhm, inimigos de seus maiores admiradores e aliados. Assim acabou com a Sturmabteilug ou SA e fez com que as SS ou Schutzstaffel se tornassem o maior grupamento paramilitar da Alemanha Nazista comandado pelo próprio Hitler além de Hermann Göring, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich. Só nessa noite 85 pessoas foram mortas.

Notem em que o movimento "Punhal verde amarelo" se inspira, de onde ele vem e o que o motivou a nascer e se desenvolver nas Forças Armadas do Brasil que, miseravelmente para todos nós, têm uma longa tradição golpista externalizada com força logo após a queda do Império, no final do século XIX e depois "consolidada" ao longo da República. Sim, senhores, a queda do Império foi um golpe de Estado, talvez o único levado a cabo com total sucesso até hoje no Brasil. Os herdeiros do trono brasileiro sabem disso e por esse motivo ingressaram na política republicana atual apoiando o genocida inelegível Bolsonaro que poderia, quem sabe, dar-lhes um dia apoio ao projeto politicamente arcaico de tentar a volta da monarquia brasileira, ainda que só no papel e sem poder de fato.

É um movimento de covardes esse tal "Punhal verde amarelo". Prostitui as cores da bandeira brasileira, hoje tomadas pela extrema direita política que o genocida inelegível representa e ainda tenta fazer renascer com mais força do que antes, do que no Estado Novo e na Ditadura Militar de 1° de abril de 1964, o golpismo brasileiro. Sem a menor cerimônia esses canalhas hoje ocupando vários espaços na sociedade brasileira, sobretudo em instituições civis dos mais diversos matizes, principalmente as de caráter intelectual, buscam sabotar o Estado Democrático e de Direito através de golpe de Estado clássico travestido de adereços legais, ou então corroendo-o de dentro para fora.

Ao que parece nossa sociedade conservadora e em alguns casos reacionária está aos poucos acordando de seu longo sono em berço esplêndido. As mais recentes pesquisas de opinião pública mostram que o movimento que tentou impedir a posse de um presidente constitucionalmente eleito por meio de violência perde apoio popular. E também que o inelegível genocida Bolsonaro está se exaurindo como força política de extrema direita. Mas isso só não basta. Ainda resta caçar os milhares de filhotes bastardos que ele pariu e hoje andam pelo Brasil tentando retirar do túmulo político onde se encontra esse cadáver de projeto de ditador de aldeia. E essa tarefa será cumprida, mesmo que demore.

Ainda estamos aqui!                              

21 de novembro de 2024

"Qual é a senha?"


A memória do velho meu amigo não permite mais que ele se recorde ao menos do ano em que isso aconteceu. Ela foi muito atingida por torturas. Mas foi no início dos anos 1970, com toda a certeza. A lembrança só é suficiente para trazer-lhe à mente a imagem do dia em que foi preso por agentes da ditadura militar em Vitória, quando chegava à pensão onde então morava. Imediatamente depois disso foi levado a uma delegacia e ficou diante do quadro da entrada do lugar onde estava afixada todos os dias a relação do que havia para o almoço: um quadro negro com, escritos, nomes de alimentos como arroz, feijão, salada, bife, macarrão e outros. Isso variava a cada dia, da mesma forma que em todos os lugares.

- Qual é a senha? - ouviu enquanto era agredido. Tentou explicar que  não se tratava de senha alguma, mas de um cardápio como qualquer outro. De nada adiantou. Espancado, torturado por policiais, foi parar em uma instalação militar da Grande Vitória. Chegou lá com um dos dedos da mão muito machucado pelas torturas e espancamentos. O militar da recepção a ele viu aquilo. "Está machucado?" - perguntou antes de continuar - "Mas vai melhorar!". Ato contínuo imobilizou a mão do rapaz ajudado por outro e, com o cabo do fuzil longo, praticamente esmagou seu dedo contra uma espécie de mesa colocada na sala ou saleta reservada para as torturas dos presos políticos.

Isso foi só o começo. Nos dias que se seguiram esse rapaz, o então jovem repórter fotográfico Gildo Loyola Rodrigues (na foto acima) foi espancado com tanta violência que, ao término de seu suplício, precisou ser internado em uma clínica para tratar a saúde. Viveu para se recuperar e trabalhar por décadas no jornal A Gazeta, de onde só saiu aposentado. Hoje mora perto de Jardim América, em Cariacica, e cuida da mulher, recebe a filha e é paparicado por quatro fieis cachorros que não entendem da política dos seres humanos.

E por que isso tudo? Porque à época em que os fatos se deram Gildo militava em organização política de esquerda. Como todas essas células ditas comunistas eram ilegais ele, que não usava armas nem pregava lutar armada, acabou identificado e preso, sendo supliciado em seguida. Teve a sorte de sair vivo das torturas e de recuperar a saúde em seguida. O mesmo não aconteceu com milhares de brasileiros vitimados pela ditadura, como foi o caso do deputado e engenheiro Rubens Paiva, retratado no filme "Ainda estou aqui" através da obra do filho Marcelo Rubens Paiva, excelente escritor nos dias de hoje.

Eunice e Rubens Paiva com pombos brancos  

Por sinal, segundo estudos sérios as forças armadas brasileiras talvez sejam as únicas do mundo que nos conflitos havidos ao longo da história mataram mais nacionais de seu país do que estrangeiros. Uma tragédia que marca esse Brasil tão possível de chegar ao sucesso, mas ao mesmo tempo marcado por traumas que nascem e se reproduzem justamente nos organismos militares criados para nos proteger de agressões externas. O período vivido entre 1964 e 1985 foram os mais cruéis nesse caso. E, pior, ainda há por aqui legiões de indivíduos que acreditam no fascismo e no nazismo como sendo a solução de problemas. Tanto que até hoje acreditam num sociopata quase expulso do Exército antes de conseguir chegar a presidência da República graças a uma democracia representativa que tenta seguidamente destruir.         

Por todo esse conjunto de fatos nutro ódio e nojo pela ditadura militar brasileira, pela extrema direita canalha que tenta invadir todos os espaços públicos e privados do País como instituições culturais e o fato de seus filhotes bastardos até hoje, passados 60 anos, ainda buscarem emergir dos esgotos fétidos da história para assombrar as pessoas que lutam por um Brasil melhor, livre dos estigmas e traumas do passado. Até promover golpes para tentar assassinar o presidente da República, o vice e um dos ministros do Supremo Tribunal Federal eles imaginam ser possível. Não é, e vão perder novamente. A democracia que temos é obra nossa e não deles.

Rubens Paiva, presente! Gildo Loyola, testemunha! 

19 de novembro de 2024

Kids pretos saudosos


As prisões feitas hoje pela Polícia Federal contra membros do grupamento do Exército conhecido como "Kids Pretos" (foto) é mais um desdobramento das investigações que visam identificar pessoas e instituições que tentaram golpe de Estado em fins de 2022, depois da proclamação do resultado da eleição presidencial. Hoje são apenas cinco os detidos, mas milhares deles devem estar direta ou indiretamente envolvidos. Não foi só uma tentativa, mas várias. A última, a invasão dos prédios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em janeiro no ano passado em Brasília, depois de milhares de pessoas acamparem diante de quartéis militares tentando derrubar um governo constitucionalmente eleito.

Tudo leva a essa gente. O presidente que antecedeu o atual, Jair Bolsonaro, deu diversas demonstrações de sua vocação de ditador. Fez discurso na Câmara dos Deputados tecendo loas a um torturador conhecido, Brilhante Ustra, falou diversas vezes em matar adversários, fez "arminha" o tempo todo, em todos os lugares, modificou a legislação de controle de armas para permitir que seus apoiadores montassem arsenais em casa, buscou cooptar organizações policiais, chegou aos comandos militares com seu discurso de golpe de estado, fez reunião com comandantes pedindo apoio a golpe, tinha fixação em estado de sítio e outras situações extremas como GLO, não respeitava rigorosamente ninguém que não pensasse exatamente como ele, etc. Era e é um pulha da pior espécime.

O projeto dos "Kids Pretos" envolvia o sequestro e assassinato do presidente eleito, Lula, do vice-presidente Alkmin e até mesmo do ministro do Supremo Tribunal de Federal, Alexandre de Moraes, esse uma espécie de fixação de toda a canalhada da extrema direita atuante no Brasil de hoje. Mais: eles procuravam e procuram ocupar todos os espaços possíveis na sociedade com um projeto que envolve até entidades culturais. O que querem é controlar tudo para impor normas depois, estabelecendo censura e fazendo seus projetos de atuação que envolvem todos os segmentos da sociedade civil. Não está dando certo para eles, mas continuam em atividade, insistindo e solapando as instituições que conseguem atingir.

O que está havendo com o Brasil? Ainda tenho comigo meu primeiro título de eleitor, de 1968 em São Paulo. Naquela época votávamos apenas naqueles cargos permitidos pela ditadura militar, e com opções de Arena e MDB. Os únicos partidos legais. Mas mesmo então o que acontecia nas eleições era respeitado. A ditadura esperneou o mais que pode até cair podre em 1985. Vieram então tempos de bonança e parecia que nossa democracia não seria mais atingida por sonhos delirantes de golpistas saudosos dos tempos da ditadura e que não aceitam viver num país onde deve haver respeito pelos resultados das eleições. Querem o golpe, a violência, o assassinato. Que então apodreçam na cadeia.      

14 de novembro de 2024

Anistia, nunca!


Um número grande de pessoas já se reúne para classificar o atentado de ontem à noite na Praça dos Três Poderes, em Brasília (foto acima), como tendo sido apenas iniciativa de um louco que tentava obter 15 minutos de fama. Não foi! Esse Francisco Wanderley Luiz, ou "Tiü França" como era conhecido , é outro fruto do extremismo de direita que emergiu dos esgotos brasileiros a partir do momento em que Jair Bolsonaro venceu a eleição para a presidência da República em 2018, erguido a esse patamar pelo atentado sofrido em Juiz de Fora.

O tal "Tiü França" não era mais doido do que quem ficou meses acampado diante de quarteis militares depois de proclamado o resultado da eleição de 2022, do que quem rezou para pneus no meio da rua, do que quem pediu a ajuda de extraterrestres nos mesmos lugares, do que quem "marchava" em ritmo militar ao som de hinos, etc. Não! Definitivamente, não. Eles são o resultado de um movimento mundial que cresce com as mentiras nas redes sociais e tenta reviver com a extrema direita no poder os anos da primeira metade do século XX, os mais cruéis da nossa história.

Eles, os extremistas, estão em todos os lugares. Hoje mesmo, na Academia Espírito-santense de Letras (AEL) sou obrigado a conviver com essa gente. Um grupelho sem brilho, sem conhecimento intelectual, sem capacidade literária e colocada lá pelo extremismo de direita para que este ganhe maioria nas instituições culturais. E para quê? Vou repetir tantas vezes quantas forem necessárias: para depois disso formarem diretorias e torpedearem a cultura brasileira regional, censurando nossas diversas formas de manifestação intelectual. Então, para depois moldarem todo o conteúdo nacional como tentou Bolsonaro, será só um passo.

A manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) hoje foi exemplar: mostrou que as instituições não vão se render no Brasil em hipótese alguma. Vão continuar a lutar, a permitir que possamos crescer como nação e como povo. Porque povo significa somente pessoas que compartilham cultura ou etnia, enquanto nação é esse mesmo grupamento de indivíduos com identidade comum, senso de pertencimento coletivo. Os que pretendem destruir o Brasil por não concordarem com os outros não são meu povo nem minha nação.

Definitivamente, não pode haver anistia. Todo criminoso que tenta destruir  nosso país precisa apodrecer na prisão. Traidor da Constituição é traidor da pátria, como disse Ulisses Guimarães na promulgação da Carta de 1988!             

13 de novembro de 2024

Ainda estamos aqui!


Na foto que ilustra o texto os atores Selton Mello e Fernanda Torres estão à esquerda e os personagens reais, Rubens e Eunice Paiva à direita

Talvez "Ainda estou aqui", filme maravilhoso de Walter Salles e que conta a história do assassinato do ex-deputado Rubens Paiva leve poucos prêmios internacionais nos tempos de extremismo de direita de hoje. Mas é maravilhoso e capaz de fazer o telespectador ficar em silêncio durante todo o tempo de exibição, além de sair da sala de projeção da mesma forma. Ouvi uma senhora falar com o homem ao lado - possivelmente o marido - um "não acredito que isso aconteceu". Mas aconteceu, senhora. E em milhares de casos.

Rubens foi assassinado de forma cruel, brutal até, muito pouco tempo depois de ter sido preso sem acusação formal, coisa alguma. Acabou seus dias num dos centros de tortura mantidos pela ditadura militar que tomou o poder no Brasil em 1º de abril de 1964. Não foi em 31 de março, certo? Da mesma forma que ele, inúmeros outros morreram ou foram perseguidos ao longo dos 21 anos que durou a noite sem estrelas da ditadura brasileira.

O bom de esse filme estar sendo exibido agora é que sua apresentação coincide com tempos em que uma nova horda de extremistas de direita tenta se erguer no Brasil e no restante do mundo. Temos um Donald Trump nos Estados Unidos e um Javier Milei na Argentina, para ficarmos apenas em dois casos. Mas a tragédia pode aumentar, e muito. Portugal que o diga. Eles entram sorrateiramente país adentro, para tomar corações e mentes desprevenidas. Já se diz que isso é coisa passageira, que logo tomaremos noção do risco que corremos, mas o perigo deve ser bem maior do que pressentimos nós, os mais crédulos.

Eles hoje, os extremistas de direita. tentam tomar praticamente todos os espaços. Não poupam nem academias de letras, onde ingressam pelo medo ou omissão de seus membros. Sorriem, fazem festa, bajulam, mas o objetivo claro é o de tomar as instituições tão logo seus ocupantes estejam em menor número. Um projeto maquiavelicamente simples, de ocupar esses espaços para aprisionar, acorrentar a cultura em seguida.

Temos que estar atentos. Em "Ainda estou aqui" Fernanda Montenegro tem uma apresentação maravilhosa e de poucos minutos, sem pronunciar uma só palavra. Seu silêncio diz tudo. A mim, por exemplo, disse também que essa raça de canalhas derrotada no passado pode ser vencida novamente agora, da mesma forma, por convencimento, depois de seus inocentes uteis irem aos poucos descobrindo uma coisa muito simples:

- Nós ainda estamos aqui!  

6 de novembro de 2024

Guerra sem xeque-mate


No jogo de xadrez o xeque-mate é a rendição do rei. Ele não tem mais como se defender no tabuleiro e o jogador cercado derruba a pedra que o representa. Na vida real essa rendição, sobretudo quando se fala em super potências, é cada vez mais improvável. Uma guerra nuclear não teria vencedor, de modo que faltaria a mão para derrubar o monarca. Então a ninguém mentalmente são interessa esse xeque-mate. 

Digo isso porque a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos em muitos provoca calafrios ligados à guerra nuclear. Bobagem. O presidente eleito é um fanfarrão, mas mesmo assim menos belicoso que Joe Biden. Ele conhece o terreno minado onde pisa e estará cercado por gente capaz de dar conselhos. Além do mais as forças armadas dos Estados Unidos dificilmente seguirão um residente maluco em direção ao abismo.

Trump é negacionista e isolacionista. Mas aqui no Brasil tivemos na chefia de governo até pouco menos de dois anos passados um outro que era filhote dele. Disse até um "y love you" para seu ídolo em encontro pessoal. Declaração de amor respondida com o protocolar "nice tho meet you too". Trump o vê como fã, nada mais. E a América do Sul nunca foi prioridade para a política externa dos EUA. Isso não vai mudar agora.

Trump pode, sim, taxar importações, mas para negociar depois. Isso causa prejuízos e inflação, mas para eles também. Vai continuar a levantar o muro na fronteira mexicana e a chamar os imigrantes de criminosos. Afinal, todo extremista de direita precisa de inimigos. Vive disso, seu pensamento se baseia nisso e o prejuízo para os mexicanos acabará maior do que para os outros. No horizonte próximo continuará a tratar a China como inimiga porque vê nela - e acertadamente - o país que suplantará o seu em breve no campo econômico. Os chineses gastam muito menos dinheiro que os norte-americanos em orçamento militar. Talvez Benjamin Netanyahu não tenha tanto a comemorar. Nem o inelegível por aqui. Mas isso precisamos ver depois. Barbas de molho devem colocar Irã e Ucrânia.

Há uma hipótese pouco avaliada hoje: a de que os remédios do presidente eleito prejudiquem a saúde de quem pretende beneficiar nessa "era de ouro" anunciada para seu povo. Se isso acontecer ele não deverá mesmo ter outro mandato, como anunciou. 

  

5 de novembro de 2024

Podres Poderes 2

Em meados da década de 1980 a revista Placar, da Editora Abril, foi a campo para denunciar o que se convencionou chamar de "A máfia da Loteria", um esquema corrupto de manipulação dos resultados de jogos da Loteria Esportiva para fraudar resultados e enriquecer ladrões. Muita gente ganhou dinheiro com isso, num esquema que construía "zebras" em resultados de jogos de favoritos contra times de menor porte. O jornalista Marcelo Rezende ficou meses levantando dados inclusive em Vitória onde dois goleiros, um do Rio de Branco e outro da Desportiva foram comprados. Seus clubes perderam jogos graças a falhas propositais desses dois sujeitos. Eu, que era correspondente de Placar acompanhei o trabalho no Estado. 

Marcelo veio a Vitória para levantar dados. Ouviu até o presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, FES, na época um picareta. Placar publicou várias vezes as denúncias com um título interno de "Podres Poderes". Ao final o esquema foi desmontado pelo menos em parte. O ruim é que a Loteria Esportiva, muito ferida com o fato, jamais voltou a ser o que era. Marcelo, que tinha planos de prosseguir em seu trabalho, morreu de câncer. E como a revista perdeu parte de sua importância do passado, também não precisava de correspondente em Vitória...

Agora aparentemente tudo está voltando. O esquema das  BETs substitui a corrupção antiga com a vantagem de não precisar mais da Loteria Esportiva. A mão de obra continua disponível agora na figura de jogadores famosos como é o caso de Bruno Henrique, do Flamengo, e outros. São pessoas que não têm uma formação moral sólida e acabam sendo alvos naturais para espertalhões. Aceitam ganhar dinheiro fácil não se apercebendo de que estão sendo desonestos. Ou então fazendo isso com plena consciência do que ocorre.

Essa onda das BETs ainda vai provocar muitos danos ao Brasil, sobretudo porque jornalistas conhecidos e ex-jogadores de futebol feitos comentaristas as divulgam. Muita ilegalidade já foi desmascarada e outras o serão em breve. Pior: milhares de pessoas estão se endividando, caindo no buraco das dívidas de jogos de azar de onde é muito difícil sair. Mais uma vez nosso pais cava um buraco para ele mesmo.

Esporte depende de credibilidade. Se perder isso estará mortalmente ferido.

30 de outubro de 2024

Os traidores da Pátria


É fácil entender porque os extremistas de direita brasileiros, aqui identificados pelo termo "bolsonaristas", não têm apreço algum pela legalidade: para eles a democracia, o Estado Democrático e de Direito e outros conceitos ligados à nossa Constituição nada representam. Habitam o esgoto da ilegalidade e sonham com a volta da ditadura militar, essa mesma que infelicitou o Brasil de 1964 a 1985. Por isso sua insistência em levar à votação uma PEC inconstitucional que prevê, dentre outras aberrações, a anistia aos bandidos que tentaram destruir nosso País em 08 de janeiro de 2023. Sobretudo e principalmente ao bandido/chefe.

No Brasil a anistia nos remete à Lei nº 10.559/2002, e que se refere aos atos ilegais cometidos durante o regime militar brasileiro contra nossos cidadãos. Para ter acesso a benefício a pessoa ou instituição deve peticionar junto ao Ministério dos Direitos Humanos e provar as agressões sofridas. Simples. Por isso os políticos e capachos da extrema direita se referem aos presos do 08 de janeiro como "presos políticos". Eles dessa forma se enquadrariam aos requisitos desse dispositivo legal. Mas não são. Apenas e tão somente foram presos, processados e condenados como criminosos comuns. Bandidos!

Toda aquela horda de gente desqualificada que passou meses acampada diante de quartéis militares para protestar contra o resultado de uma eleição presidencial honesta e pedir golpe de Estado estava do outro lado da história. Elas representam o que motivou a Lei nº 10.559/2002 e não as suas vítimas. São o bandido e não o mocinho. E toda a argumentação das PECs que a CCJ da Câmara pretende levar a plenário é claramente inconstitucional, ilegal, imoral, cafajeste. Portanto,  juridicamente natimortas de acordo com as análises de todos os legistas competentes ouvidos até agora sobre esse assunto. E não há porque isso continuar sendo motivo de tanta discussão e polemica: basta que um dia uma PEC dessas seja aprovada para o Supremo Tribunal Federal declará-la inconstitucional e remetê-la ao balde do lixo.

Em situação normal o presidente da Câmara dos Deputados simplesmente remeteria essa aberração à assessoria jurídica da instituição para que ela fosse declarada inconstitucional. E então bastaria que fosse destinada ao lixo físico e da história. Mas o presidente atual quer fazer seu sucessor e não toma decisão que não seja, além de política, "politiqueira". Então quer constituir uma "comissão" para analisar a excrecência antes de tomar uma decisão. Ouve até mesmo a bandidagem.  Assim trabalha o pior legislativo da história brasileira! E, como um dia disse Ulisses Guimarães, "traidor da Constituição é traidor da Pátria" (acima), Temos nesse instante cerca de três centenas deles habitando o Congresso Nacional.    

27 de outubro de 2024

"Tempo de apostasia"


No mês de agosto de 1991 o "Jornal do Brasil" publicou um texto monumental do filósofo Roland Corbisier - que a morte já tirou de nós -, e que tinha o título de "Tempo de apostasia". Começava assim: "Os leitores da Odisséia, de Homero, uma das obras mais belas e significativas da literatura universal, devem lembrar-se do episódio em que o herói da peripécia, o incansável e invencível Ulisses faz-se amarrar no mastro do navio para  não ser arrastado e seduzido pelo canto das sereias. O episódio ilustra, em termos de metáfora, o aspecto contraditório da condição humana, que obriga Ulisses a amarrar-se, a prender-se, para libertar-se da sedução, ou da tentação, que o impediria de prosseguir na viagem e chegar ao porto que pretendia."

Da mesma forma que Corbisier eu pergunto hoje a vocês quantas vezes a vida humana já foi comparada a uma viagem, a um trajeto que nos leva do nascimento à morte? Às vezes há desvios no caminho... O grande filósofo se referia a um personagem de então que ele chama de "presidente pentatetla" e que pretendia refazer o Brasil como um "caçador de marajás". Esse personagem ainda vive hoje encastelado no Senado, nos esgotos da política, e apoiando um governo passado e antecedente do atual, abastecido pelo mais cruel e inculto extremismo de direita. Acha que faz sucesso!

De 1991 a 2024 são 33 anos e vira e volta o canto das sereias nos tira o sono de novo. Como agora, quando aqueles que negam a ciência e acreditam na cura dos males de pandemia com cloroquina continuam a tentar seduzir as classes menos preparadas do espectro social brasileiro com sustos como o de que estamos em vias de ser invadidos por demoníacas forças do comunismo internacional que vão dividir nossos lares em "X" pedaços. Para isso pretendiam contar com o salvamento de um capitão medíocre e expulso do Exército, admirador do nazi-fascismo, golpista, louco de atirar pedra e seguido até hoje por uma imensa quadrilha de criminosos.

Como em 1991, estamos vivendo uma fase de negação, de não crença e isso se reflete em parte no resultado da eleição municipal de hoje em todo o Brasil, quando o negacionismo obteve um resultado expressivo, embora não o que pretendia. É hora de crer, minha gente, porque vamos virar o jogo! No seu artigo, Corbisier encerra a argumentação da forma como se conceituava socialismo há três décadas e como reproduzo aqui ao final de meu texto: "Quanto a nós, permaneceremos amarrados ao mastro de nossas convicções, resistindo ao canto das sereias, certos de que, apesar de todas as crises pelas quais está passando o mundo socialista, o capitalismo não é a última palavra da História. Embora saibamos que o tempo é um tempo de apostasia".

Nós vamos virar o jogo!                        

24 de outubro de 2024

O direito ao fim com dignidade



Sem alarde, mas exercendo um direito que todo ser humano deveria ter, Antônio Cícero, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) colocou um fim à sua vida num suicídio assistido realizado na Suíça, onde esse ato é perfeitamente legal. Dessa forma disse "não" ao suplício do Mal de Alzheimer que o levaria a vegetar até o corpo finalmente se exaurir sobre um leito. Optou pela morte de forma consciente, de peito aberto, num ato de plena lucidez.

Aqui no Brasil isso é crime. Recentemente deparei-me com dois casos de morte por câncer em hospitais. Um ex-proprietário de torrefação de café, Uriel, e um ferroviário aposentado, José Jorge, não resistiram à doença. O segundo morreu tentando sobreviver. Já o primeiro recusou o tratamento paliativo e se foi também numa UTI, assistido por médicos e aparentemente sem dor. Há um pouco mais de tempo, num terceiro caso, minha dileta amiga Jeanne Bilich faleceu dentro de casa carcomida por um câncer que ela inicialmente se recusou a tentar tratar. Ao final, teve tratamento paliativo.

Coincidentemente fui ontem à tarde ao cinema ver "O quarto ao lado", monumental filme de Pedro Almodóvar. O enredo é simples: uma mulher está morrendo de câncer nos Estados Unidos - onde assistir suicidas é crime - e programa sua morte ao lado de uma velha amiga num lugar paradisíaco, após comprar um comprimido com essa finalidade. O filme é de uma delicadeza e beleza ímpares e ainda conta com atrizes maravilhosas. Toca fundo na gente com sua hora e meia de duração. No cinema, silêncio total.

Aqui no Brasil é crime uma pessoa, sobretudo na área médica, acompanhar um ato de morte voluntária de qualquer outra. Pior do que isso: hoje mesmo a extrema direita política, uma gente retrógrada, pretende tornar mais duras as penas de quem colabora com aqueles que decidem por fim à sua existência de forma lúcida, voluntária. E se a vida é minha e não quero chegar ao final dela sem cérebro e sem a dignidade para viver, tenho sim direito ao fim.

Às vezes sinto pena do Brasil com seus políticos travestidos de religiosos, mas que quando não tem ninguém vendo cometem as maiores barbaridades. Outras vezes sinto raiva. Hoje mesmo um deputado federal eleito pelo Espírito Santo, num ato irracional de outra motivação, entrou com um pedido para que a Polícia Federal investigue o acidente sofrido pelo presidente da República, Lula. Por quê? Por que ele não tirou fotos em cama de hospital fazendo ar de vítima como fazem outros?

Findar a vida às vezes é um ato de coragem. Assim foi com Antônio Cícero. Assim foi com  a história de Pedro Almodóvar que os cinemas estão mostrando. Uma ficção, sim, mas que nos aproxima da vida, da realidade de forma sublime e poética. O Brasil merecia ter mais à sua disposição a lucidez de pessoas que não tentassem prostituir a política levando-a a se transformar em um circo onde bandidos com mandato a usassem de forma vil.

Morrer pode ser opção e tem de merecer respeito.         

10 de outubro de 2024

A Constituição é soberana


"A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram!"

O brado de Ulisses Guimarães, no dia da promulgação da Constituição Cidadã de 1988 ainda ecoa pelo Congresso Nacional. Mesmo nesse Congresso de hoje, formado por uma imensa maioria de pessoas medíocres e comprometidas com o retrocesso político e institucional e que se apequena a cada dia mais quando tenta limitar poderes do Supremo Tribunal Federal (STF). No Estado Democrático e de Direito respeita-se as leis, não se tenta tirar atribuições do Judiciário. Para isso existe o caminho legal do Poder Legislativo, que não pode ser confundido com vinditas ou inconstitucionalidades.

O que a Comissão de Constituição e Justiça fez ontem ao avançar com a tentativa de castrar o Supremo Tribunal Federal foi uma indignidade e que não vai progredir porque, sendo inconstitucional, pode pura e simplesmente acabar ignorada ou derrubada pelo Poder Judiciário. A foto que abre esse artigo é da CCJ reunida ontem. A mesa está formada basicamente por "bolsonaristas raiz", seja lá o que isso queira dizer no terreno da extrema direita política brasileira. Nenhuma dessas pessoas esteve presente à luta pelo restabelecimento da democracia no Brasil depois de 21 anos de ditadura militar. Ou porque ainda não havia nascido, ou porque vestia cueiros ou porque fazia coro com a ilegalidade.

Recordo-me como se fosse hoje da luta pela volta da democracia ao Brasil, das reuniões secretas que fazíamos os membros do então Partidão em endereços que sempre mudavam para não dar pista, da filiação ao MDB, único partido político da oposição consentida e através do qual íamos aos poucos desgastando a ditadura juntamente com as demais forças politicas democráticas e que queriam o Brasil de volta à normalidade civil. Durante todo esse tempo Bolsonaro e seus sequazes viviam nas sombras do baixo clero, conspirando. Tudo o que eles sabem fazer é isso. Nunca trabalharam, nunca lutaram pelo Brasil de todos, pelo país renascido que temos desde o brado de Ulisses Guimarães no Congresso.

Meu país não é dos fascistas e nem se seus filhotes bastardos. O STF me representa.                   

4 de outubro de 2024

Gabinete do ódio capixaba

Ele começou a ser notado em Brasília quando do início do governo passado, aquele do inelegível genocida. Ocupava boa área do Palácio do Planalto e era, em teoria, dirigido por um dos rebentos deste, Carlos. Filho dileto da extrema direita, foi se reproduzindo aos borbotões. Faz cerca de um ano eu soube que já atuava, e muito, na Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) devidamente camuflado, mas operante. Agora o noticiário explodiu, bem às vésperas das eleições municipais. Por enquanto tem sido pouco divulgado, pois nossa imprensa sofre de "pruridos de consciência" sobretudo quando há verba publicitária em jogo.

Estou me referindo ao Gabinete do Ódio, essa espécie de artefato politico de amplo alcance destrutivo e especializado em divulgar notícias falsas, as tais fake news, solapar adversários, pressionar os mais fracos. impedir a divulgação de denúncias e criar uma realidade paralela onde vivem seus adeptos e para onde eles tentam cooptar incautos e mal intencionados ainda relutantes em participar desse tipo de jogo. Aqui como em Brasília e em outros lugares usam de violência, de ameaças e tentam meter medo. A PMV, desde o início do mandato do candidato "nota dez" faz isso. Primeiro, devagar. Depois com muita vontade. Congelou os salários dos servidores para fazer caixa e poder apresentar 'trabalho' às vésperas das eleições.

Eles têm tentáculos poderosos e buscam os mais sensíveis. Posso dizer, sem medo de errar, que por aqui estão conseguindo penetrar com sucesso em pelo menos um órgão cultural, a Academia Espírito-santense de Letras (AEL), para onde levam adeptos por intermédio de acadêmicos com visão politica de extrema direita ou  monarquista, e o intuito é de tomar a instituição, formar maioria, mesmo com medíocres. Usam o medo das pessoas e também suas vaidades para vencer eleições com fantoches ingressando para fazer número. Quando forem maioria já não precisarão mais dos fracos, medrosos ou muito idosos. Terão o prato e o queijo nas mãos. A  AEL sozinha vale uma crônica específica, mas a deixo para depois.

Se você ainda não escolheu um candidato para as eleições de domingo, tome cuidado. O menino "nota dez" usa dinheiro público para fazer campanha, atrai oportunistas em busca de mandato de vereador, oferece cargos comissionados àqueles que colaboram, pode dar de presente até secretarias municipais e cada "edil" eleito com a promessa de apoio incondicional terá direito a "X" lugares na PMV onde o loteamento do serviço público está com as inscrições abertas e vai ampliar o número de vagas se houver segundo turno.

Tudo é crime, mas como diz o grande chefe até hoje chamado de presidente pela gang, isso não vai dar em nada...
                

2 de outubro de 2024

A herança petista

A última pesquisa Genial/Quaest sobre o governo federal trás péssimas notícias para o presidente Lula: houve mais uma queda na sua avaliação perante a opinião pública e agora a popularidade presidencial roça os 50 por cento, o que indica a possibilidade de essa aprovação ficar aquém da metade da população brasileira. Um dos gráficos produzidos está acima.

São muitas as explicações para esse resultado e todas elas tocam na incapacidade de o governo se mostrar com mais segurança para a população. Os empregos estão em alta, uma das agências de classificação de risco aumentou a nota do país, os projetos de apoio à população, sobretudo a mais carente dão resultados e com muito menos do que isso governos passados conseguiram avaliação melhor. Então o que está havendo? Creio que o primeiro fator é a herança que o PT carrega dos muitos escândalos passados nos quais se envolveu ou foi envolvido. Coisas como o Petrolão e outros "grudaram" no governo. A condenação e prisão de Lula também, e embora ele tenha tido suas condenações canceladas, o nome de "ladrão" no qual ele é identificado não se sustenta por fatos e mesmo assim cola como um adesivo politico instantâneo.

Há pontos negativos ligados à política internacional, principalmente quando se fala em Nicolás Maduro. Trata-se de um ditador, a última eleição presidencial venezuelana foi fraudada, mas o presidente Lula não aceita isso. Suas muitas viagens internacionais, a esmagadora maioria delas de caráter necessário ao Brasil, às vezes passam a ideia de gastanças. A primeira dama tem uma presença em deslocamentos internacionais que excede o razoável.

Mas mesmo com tudo isso, trata-se de um ótimo governo. Focado nas camadas mais baixas da pirâmide social brasileira e na luta por dar ao Brasil uma situação econômica capaz de recuperar o pais da penúria em que ele foi deixado pelo presidente anterior, autor de vários crimes contra a economia nacional no seu afã de conquistar um segundo mandato a qualquer custo.

O governo atual tem que se divulgar mais e melhor. Mostrar resultados concretos. Contrapor narrativas da oposição com fatos palpáveis. Uma boa parcela dos meios de comunicação brasileiros são conservadores ou reacionários, mas é com eles que o governo precisa lidar. Ontem, hoje e amanhã.        

21 de setembro de 2024

Israel, estado terrorista!


Na ilustração acima e que abre esse artigo é possível ver com clareza o que aconteceu na Palestina de 14 de maio de 1948, dia em que a ONI criou oficialmente o Estado de Israel, até hoje. Antes de 1948 já se acreditava haver na região cerca de 650 mil judeus, muitos imigrantes sobreviventes da II Guerra Mundial. Havia o dobro em palestinos em um "estado nacional", se posso usar o termo, não reconhecido. Um lobby monumental pró judaico fez com que Israel surgisse já tomando mais da metade do território que seria, mas nunca foi, de dois estados. É que houve apenas uma recomendação nesse sentido, jamais acatada.

O retrato de hoje, com Beirute bombardeada pela força aérea do Estado Judeu, é apenas mais um passo dado pelos israelenses para tomar toda a região, eliminar os palestinos da face da terra e formar a "Grande Israel", como eles interpretam textos bíblicos do Antigo Testamento. Todas as guerras entre judeus e árabes do pós 48 foram provocadas pelos israelenses e suas políticas externas. O projeto de eliminação da Palestina e tomada de todo o território está em curso em seu estágio final, graças aos olhos cegos dos Estados Unidos, que não apenas apoiam esse movimento, mas abastecem Israel de armas dia e noite.

A Cisjordânia já é, na prática, um território israelense. Colonos violentos que ocupam terras com autorização oficial o fazem com direito de matar. São incontáveis os casos de palestinos que voltam para suas casas e descobrem que não as têm mais. Elas foram tomadas por famílias de judeus. Quando autoriza sempre a criação de mais colônias nos territórios ocupados o Estado Judeu avança em seu projeto expansionista. E o faz matando homens adultos, mulheres, crianças e idosos, indiscriminadamente. Os Estados Unidos estão vendo isso, a União Europeia também, mas o dinheiro e o poder politico falam mais alto.

O nazismo matava e ocupava novas terras de seu "espaço vital" por ódio aos judeus, então acusados por todos os males do mundo. Hoje Israel, que aprendeu na cartilha e a usa diariamente, faz o mesmo com ódio aos palestinos. Esse país é o novo nazismo travestido de democracia de extrema direita. O Hamas cometeu um erro crasso, criminoso, no ataque de outubro último. Mas como conviver com um agressor tomando tudo que é seu sem reagir? E sem cometer a mesma violência de que é vítima? A última "tática" israelense foi matar utilizando até mesmo aparelhos de transmissão de mensagens de uso civil. Não há mais regras nessa guerra e isso quer dizer caminho aberto para o genocídio.

Tomara ela não tenha uma escalada planetária. 

16 de setembro de 2024

Bandidos em campanha


Está certo que José Luís Datena errou ao agredir Pablo Marçal com uma cadeirada (foto), e está errado ele não ter dito em sua nota oficial de hoje que se arrependia do ato praticado ontem porque, afinal, o fato se deu num debate transmitido ao vivo pela TV para todo o Brasil. Mas é inevitável dizer que há marginais em campanhas eleitorais brasileiras e isso vem se tornando mais agudo ao longo dos tempos, como acontece agora nas eleições municipais. Marçal, um criminoso condenado, quer ser prefeito da maior cidade do Brasil. Não imagino nada pior.

Mas isso só acontece porque partidos políticos em busca de votos abrem caminho a esse tipo de gente. Pior: também porque as populações das cidades chegam a dar terreno a essas pessoas para que elas tentem cargos de relevância. Isso surgiu e cresceu no Brasil com o advento da campanha do ex-presidente inelegível e genocida que antecedeu o atual. Foi ele quem eliminou das disputas politicas os limites da decência e do bom senso. Os apoiadores desse Marçal são oriundos da ala mais extremista dessa extrema direita apoiadora do cidadão.

E parece que o mal é contagioso! Num dos seus atos de campanha o agredido com a cadeirada disse que o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, era toxicômano. Isso se deu porque um homônimo deste era ou é viciado em drogas e Boulos nada tem a ver o fato. O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, reagiu ontem a um questionamento do adversário com uma pergunta: "Você cheira?" Ele sabia o que estava fazendo e tinha o único propósito de agredir  moralmente seu opositor.

A solução para isso seria simples: fazer legislação dura e capaz de punir com muito rigor esse tipo de crime que envolve a agressão moral, equiparando-a à agressão física ou a tipificando logo abaixo desta. Mas isso passaria no Congresso, a quem cabe fazer e aprovar as leis? Não. A extrema direita brasileira, majoritariamente representada no Legislativo Federal, nasceu com o bolsonarismo, o representa e concorda com os bandidos de hoje.

Vai ser preciso muita luta para mudar esse quadro!         

15 de setembro de 2024

Passagem para a falência


Não conheço a pessoa, a não ser por raros cumprimentos, mas sei que está desesperado. O filho jovem viciou-se em jogos online e gasta tudo com o novo vício. O pai busca saída para a situação, mas é difícil e ele hoje tem que blindar casa, carro e esposa que é mãe do garoto para não permitir que o delírio de jogatina dele envolva toda a família. E essa é a realidade que está sendo de milhares de brasileiros, desde que a jogatina online e com o auxílio dos canais de TV passou a dominar a vida de todos.

Quem tornou legal essa nova febre brasileira foi o ex-presidente Michel Temer, que passou pelo Palácio do Planalto rapidamente. mas em tempo de fazer mal. De lá para a coisa só cresceu. Hoje termos como "Bet" e "Tigrinho", citando apenas dois, povoam o imaginário das pessoas. Na TV uma trupe de ex-jogadores, todos "comentaristas" de futebol vendem as diversas modalidades. Até o Brasileiro está no esquema. Tem de tudo, até alguns tipos nos quais o apostador participa do campeonato apostando. Geralmente para perder dinheiro.

Quando dei meus primeiros e únicos passos nessa área tudo era inocente. Fui um quase fanático pelo "Mário" (olhem o bigodinho na ilustração) e cheguei a ser craque em passar por todos os obstáculos até o fim do caminho. Mas era divertimento e não tinha aposta. O "Tigrinho", segundo quem é expert, pode tirar até a cueca dos apostadores. Isso tudo faz parte de um esquema criminoso que vai desde os influenciadores, na maioria dos casos picaretas que estão ou já estiveram na prisão por crimes diversos até os donos dos esquemas, encastelados no exterior. Eles são os que ganham o dinheiro. Na esmagadora maioria dos casos, os únicos que abocanham boladas.

Os nomes desses jogos de azar aumentam a cada dia. Cresce também o número daqueles que jogam fora o que têm na expectativa falsa de ficarem ricos. São incentivados em grande parte pelos nomes famosos dos vendedores de ilusão como o locutor Galvão Bueno, parte dos esquema e que termina sua participação com uma declaração que beira o cinismo: "Jogue com responsabilidade".

Isso tudo dá muito dinheiro. Tanto que as redes de TV brasileiras querem uma fatia do bolo e já driblam o espírito da lei para entrar em campo. Vamos nos lembrar que nos Estados Unidos, pátria maior da jogatina, foi a máfia que ela enriqueceu em primeiro lugar, e enriquece até hoje. Lá o jogo de cassinos tem regras duras, mas como os criminosos ainda o apoiam isso quer dizer que continua sendo muito bom. Provoca vício, miséria e mortes. Aqui no Brasil, onde as regras ou são muito frouxas ou não existem, o risco é inda mais agudo. Por enquanto os políticos ainda não entraram de cabeça no esquema. Quando e se isso acontecer, estaremos no mato sem cachorro.

Ainda vamos ver e noticiar muitos dramas provenientes dos "inocentes" jogos online, nossa mais recente passagem para a falência. Como não quero ser parte de nada disso, registro: "Tô fora!"                  

11 de setembro de 2024

A anistia não passa!


Fica aqui uma informação bem clara para as diversas quadrilhas de "bostonazistas" de plantão atualmente: uma anistia aos criminosos do 08 de janeiro do ano passado é só delírio. Não será pautada pelo Senado e, caso isso vem a acontecer e haja aprovação no Congresso, ela vai ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) imediatamente. Ponto final! Não há presos políticos no Brasil em decorrência da tentativa de golpe de Estado ocorrida naquele dia em Brasília. Há, sim, criminosos identificados, presos, processados. condenados e agora cumprindo pena em decorrência dos crimes cometidos.

O pior Congresso Nacional da história brasileira não trabalha. Conspira! E faz isso o tempo todo, basicamente usando redes sociais e tentando desestabilizar o governo eleito. Eles, os congressistas da oposição, não querem cumprir suas funções constitucionais em momento algum. Seu propósito é apenas e tão somente o de gerar tumulto e inviabilizar o governo, custe isso o preço que custar em prejuízos para o país. Incentivados por um genocida inelegível que identificam como "presidente" e que atua nas trevas de onde saiu como saudosista da ditadura militar, tentam todos os recursos para mudar a história do Brasil.

Agora o que querem? Votar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e uma anistia ampla. geral e irrestrita para todos os que tomaram Brasília, invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal naquele início do ano passado com o intuito de derrubar o governo e reinstalar o antigo presidente na cadeira de mandatário máximo da República, cancelando sua inelegibilidade. Devastaram a Capital, quebraram tudo e não pouparam sequer obras de arte que, para essa gente, não valem nada.

Ontem, recebendo uma comitiva de deputados e senadores da oposição, aqueles que sempre tentam infelicitar a vida nacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (foto), foi claro: "...político que fica o tempo todo em redor da rede social, saia da rede social, vá trabalhar. Nada de agressão. As pessoas que acham que agredir ministro do Supremo, pedir impeachment de ministro do Supremo, que nunca houve inclusive na história do Brasil, que isso vai ser solução de problema, não. Dê lugar ao diálogo, dê lugar ao respeito que vai ser muito melhor".

Trocando em miúdos: vão trabalhar, vagabundos!                           

8 de setembro de 2024

Como si fuera...

Sílvio Almeida e Anielle Franco num evento no Planalto. Situação normal que ele interpretou mal. 

É incrível um intelectual brilhante como o ex-ministro Sílvio de Almeida, dono de trabalhos de grande relevância no terreno dos direitos humanos e igualdade racial se envolver como autor num escândalo da magnitude do que foi vivido em Brasília semana última. O estrago para ele é de tal dimensão que seria até uma questão de misericórdia o governo Lula deixá-lo em paz agora para lamber suas feridas e tentar ao menos manter o casamento. A ministra Anielle Franco poderia ter sido poupada de envolvimento no caso, já que foi vítima e, ao que parece, não a única. Assédio sexual como o praticado não pode ter perdão.

Mas esse escândalo não é único de Brasília, ao menos em gênero. Durante o governo de Fernando Collor de Mello a ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello e o da Justiça, Bernardo Cabral, tiveram um tórrido romance classificado pelo presidente da época como "nitroglicerina pura". Na festa de aniversário de 37 anos dela, os dois foram flagrados dançando, rostinhos colados e cantarolando "como se fuera esta noche. La última vez". E foi! Tiveram que se separar e ele até deixou o cargo para "preservar o casamento". Meses depois Zélia, prima do chefe do Executivo, fez o mesmo.

A diferença abissal entre os dois fatos é que no primeiro houve um romance real, consentido! No segundo, o de agora, um tresloucado ex-ministro achou que seria de bom tom colocar as mãos entre as pernas de mulheres sem o consentimento delas. Coisa maluca!

Quem poderia imaginar, antes de tal fato acontecer, que um professor, pesquisador e estudioso de tal envergadura se poria numa situação como essa, arrastando consigo ministra de área vizinha? Ninguém, creio. Nem outra vítima, a esposa do ministro e mãe de um filho de um ano. Sob todos os aspectos que se olhe, esse fato é extremamente lamentável. E difícil de ser explicado, embora o desmentido de Sílvio seja sua tentativa desesperada de sair do caso com danos controlados. Tentativa vã, creio.

Infelizmente isso aconteceu. Triste é vermos que, na calda de cometa desse drama, uma ex-ministra medíocre e que costuma ver Jesus no pé de goiaba tente tirar proveito da situação em beneficio próprio, rasteiro. Pobre Sílvio de Almeida, em que buraco você foi se meter! Talvez por burrice, talvez por não saber controlar seus impulsos, acabou entrando numa caverna escura "como di fuera esta noche. Lá última vez". E também foi, só que muito mais dolorosa. Será marca, cicatriz moral em sua vida pelo resto de seus dias depois de ter traumatizado mulheres que confiavam em você.