O ministro Flávio Dino, do STF, determinou que o dinheiro sequestrado a todos os brasileiros e usado por parlamentares como emendas - montante hoje chegando aos R$ 50 bilhões no nível federal - tem que ter seus "padrinhos" identificados para poder ser usado em obras diversas, favores pessoais, corrupções as mais variadas, enfim, toda a sorte de destino a ser dado indiscriminadamente a ele por pessoas eleitas por nós para nos representarem e que tomam o mandato parlamentar como profissão a ser renovada a cada mandato para a formação de um patrimônio ao qual o brasileiro comum não tem acesso.
Nós vivemos no país do escárnio consagrado! Em nenhum outro lugar do mundo - repito: nenhum - o Poder Legislativo pode usar dinheiro do contribuinte dessa forma, passando por cima dos demais poderes constituídos e, ainda mais, se dando o direito de usar essa verba bilionária sem que o pagador de impostos possa saber sequer para onde vai sua "contribuição" que, em muitas vezes, ele nem vê porque é descontada no contracheque.
Pior: até ontem o Parlamento brasileiro recusava-se a trabalhar, a votar tetos legais necessários ao funcionamento da máquina pública brasileira antes de ter valores desbloqueados pelo Judiciário. A pressão chegou a tal ponto que o presidente da República, minoritário no Congresso, promulgou sem vetos o texto legal que liberava as emendas, mesmo sem ele atender à obrigação de os deputados e senadores identificarem-se como quem envia o meu, o seu, o nosso dinheiro para o lugar tal para a finalidade tal. Ainda que para roubo, obras desnecessárias e engordar eleitorados seus e de outros atores.
Mas eles são eleitos por nós, não são? Então temos uma enorme parcela de responsabilidade por essa anomalia. Ainda mais porque assistimos, impávidos colossos que somos, até mesmo ao desfilar de mentiras e deboches feitos por essa gente que pode falar o que lhes der na cabeça quando no plenário do Congresso, já que sua imunidade serve tanto para proteger o mandato quanto para perpetuar a canalhice generalizada que toma parte do Brasil de hoje em todos os setores. O sequestro do dinheiro público é patrocinado por nós.
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