4 de dezembro de 2024

No começo, o Rio Guandu


Quem pensa que o episódio flagrado de um PM lançando um homem em um rio ou vala - como nas imagens acima - é coisa recente está enganado. Quando Carlos Lacerda, o "Abutre", era governador do Rio de Janeiro ele foi acusado de mandar que seus policiais jogassem corpos de moradores de rua e ladrões de então no Rio Guandu, há mais de 60 anos. Negou, mas muitos corpos nunca foram encontrados. Outros acabaram localizados no Guandu, sem identificação. Ontem, como hoje, o desprezo pela vida humana sempre foi a tônica do comportamento de governantes de extrema direita do Brasil, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro e em outros estados da Federação. Basta pesquisar um pouco e os exemplos saltam aos olhos. Uma tragédia que só atinge pobres e negros.

Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo "importado" do Rio de Janeiro é fiel admirador do ex-presidente Bolsonaro. Diz dever tudo a ele e deve ser verdade. Quando empossado, nomeou para a secretaria de Segurança Pública um ex-PM da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) conhecido por sua truculência e letalidade. O tal Derrite. Foi afastado de lá por isso, mas com Tarcísio se tornou chefe de todos os policiais estaduais. O que se poderia esperar de sua atuação? E foi para favorecer esse tipo de comportamento beirando a insanidade que o governador faz o que pode e não pode para tirar as câmeras corporais dos PMs. Elas flagram crimes e combinações de versão. 

A ordem é matar!

Quando se mata um criminoso isso já constitui crime que o policial jamais deveria cometer. Ele é agente do cumprimento das leis e não julgador e executor num país que não tem pena de morte. Mas age assim por ser incentivado a tal por quem o comanda. Quando depois o governador e o secretário dizem estar tomando providências enérgicas, não passam de cínicos, fazem discurso falso. Tanto esse tipo de comportamento pode ser comprovado que a forma como as polícias abordam pessoas nos bairros pobres é uma e nos ricos, outra. Nos últimos o policial ainda chama o abordado de vossa excelência. E se ele estiver usando droga, vai ser admoestado por estar fazendo "coisa feia". Já o pobre é espancado.

A história de nossos criminosos mais conhecidos é cheia de relatos de pessoas comuns marginalizadas e que foram levadas ao crime por violência policial. Ou então aprenderam a matar e cometer outros delitos sérios depois de irem parar no sistema prisional detidos por alguma coisa pequena. Uma banalidade. Alguém aqui conhece rico enviado à prisão por não portar documentos? Certamente, não. Mas história de pobres nessa situação existem aos montes. Esse é o Brasil! E bem provavelmente jogar miserável em um rio deve ter começado antes mesmo do Abutre. O Brasil é desigualmente criminoso!                    

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