11 de maio de 2025

O lixo está mais à direita

Vamos partir do seguinte princípio: tudo o que Jair Bolsonaro odeia tem que ter, obrigatoriamente, algo de bom. E a Rede Globo, hoje chamada por muitos de "Globo Lixo", não deve ser exceção à regra, apesar dos muitos "mas," com os quais ela pontua seus comentários, agora sobre atos e fatos do governo Lula, o que está no poder.

Sempre que penso na chamada "grande imprensa" aceito o fato de que ela é de propriedade de grandes grupos empresariais que representam o capital e não o trabalho. Simples, não? Os jornalistas que fazem o dia-a-dia desses meios de Comunicação têm que trafegar entre a necessidade de dar as notícias com ênfase para a verdade factual e, ao mesmo tempo, observar as "normas de redação" feitas com base nas crenças desses grupos empresariais. Vai daí a necessidade de, em material opinativo, os profissionais observarem o que pensa o patrão. Isso é uma realidade da qual ninguém fugia, foge ou fugirá.

Lembro-me dos meus tempos no jornal A Gazeta, da Rede Gazeta de Comunicação. Principalmente durante a ditadura militar era preciso tomar muito cuidado com o que se escrevia porque, como um dia disse o ditador João Figueiredo em outro contexto, a gente estava na época do "prendo e arrebento". No início, todos os grandes empresários do setor apoiaram a ditadura, chamada de "revolução de 31 de março", embora tendo acontecido em 1º de abril, um dia bem mais apropriado. Depois disso a coisa mudou. A Folha de São Paulo, sempre fascista, ficou ao lado da extrema direita o tempo todo, inclusive cedendo recursos financeiros e operacionais para que a opressão matasse até mesmo jornalistas. O Estado de S. Paulo disse "não" aos atos ditatoriais e foi alvo de censura dentro mesmo da redação, onde os encarregados de vetar notícias entravam armados. O Estadão não colocava outras notícias no lugar das censuradas. Optava publicar poesias ou receitas: "uma colher de açúcar, dez quilos de sal", etc. Era uma ironia e um deboche aos mesmo tempo.

O Globo, dirigido por Roberto Marinho - que era jornalista -, negou-se a seguir a cartilha dos generais. Pela redação do jornal carioca passaram muitos militantes políticos de esquerda, sobretudo do PCB. Bastava que todos se lembrassem de que quem mandava era o chefe. Isso não elimina o fato de que a TV do grupo cometeu desatinos de antijornalismo no Jornal Nacional para eleger Fernando Collor quando ele se tornou presidente, nem em outros episódios anteriores e posteriores. Seguia a cartilha do capitalismo e nada mais. A mesma do "mercado", que só existe para defender seus próprios interesses. Então os que faziam e fazem notícias lutavam de todos os modos e meios para produzir o melhor. Diariamente. O jornalista é um artista do drible!

Não era diferente em A Gazeta, onde o conhecido Zé Costa, também chamado de José Antônio de Figueiredo Costa, tinha a função de policiar as matérias jornalísticas que eram feitas para publicação no jornal. E fazia isso com delicadeza e muita vaselina, chamando a todos de "meu filhinho", mas atendendo à censura do Estado e da empresa. Essa era a sua tarefa diária na redação e vinha das salas da diretoria, onde trabalhavam muitas pessoas que deixaram saudade, como Cariê Lindenberg e o general Darcy.

É preciso entender: afora na imprensa alternativa, na outra mandam os interesses dos donos, ou seja, do capital. Nunca uso e nem vou usar o termo "Globo Lixo". Ele não cabe. Vivo a certeza de que o lixo está mais à direita, na extrema direita política, onde pontua a antiquíssima Jovem Pan, a Velha Piranha, e mais uma vasta legião de "jornais" online nascidos e alimentados para fazer pontuarem sempre as figuras decrépitas de pessoas de passado anoitecido, presente sombrio futuro negro como Bolsonaro e seus asseclas.  

Nenhum comentário: