25 de maio de 2025

Eles estão vivos

Talvez as patacoadas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não passem mesmo disso: patacoadas. Mas elas não são o maior problema do Brasil no momento, apesar de o chefe de Estado dos EUA ter sugerido ao seu colega argentino Javier Milei que invada o Chile para ficar com dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico. Há em curso em nosso país um movimento muito mais perigoso e pernicioso do que este e que já alcança voo em direção ao Palácio do Planalto para o ano que vem: a extrema direita e seus candidatos reais à sucessão de Lula. Eles, apesar de divididos, estão vivos, muito vivos. E acordados.

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil já trata como oposição o Supremo Tribunal  Federal, embora embaixadores não tenham que se intrometer nos Judiciários das nações com as quais seus países mantêm relações diplomáticas. Essa segue o modus operandi da administração Trump, que trata como inimigos quem não recita sua cartilha. E isso vai ao encontro dos projetos de nossa extrema direita e seu desejo de voltar ao poder por aqui, de preferência para não mais sair, haja o que houver, custe o que custar.

Ronaldo Caiado, em Goiás, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo, são os projetos prontos e acabados de sucessores de Jair Bolsonaro, pois ninguém a essa altura acredita que esse projeto fracassado de ditador de aldeia possa voltar ao poder ano que vem. Mas seus filhotes bastardos estão aí mesmo. Tanto que Goiás e São Paulo são os estados onde mais se constrói as escolas chamadas "de cívico militares", o modelito preferido do ex-presidente hoje com seus direitos políticos cassados por cometimento de crime de tentativa de golpe de Estado. Na maioria dos outros estados desta Federação, o que inclui o Espírito Santo, onde estou, extremistas de direita de acotovelam nas câmaras municipais e nas assembleias legislativas onde fazem o que sabem: conspiram. Aliás, essa é a única coisa que sabem fazer bem.

É possível que Bolsonaro não desista de seu sonho maluco, o mesmo acontecendo com a mulher Michele e o filho Eduardo - esse declaradamente golpista -, mas ele só terá em breve chances reais de continuar a receber diplomas e outras homenagens de dentro da prisão para onde vai. Até seu apoio a um candidato bolsonarista em 2026 tem peso relativo, pois se vai entregar ao eleito por ele seu peso político, também vai transferir a rejeição imensa que carrega nas costas e que só vem aumentando com o passar dos tempos.

Lula, o único político hoje em condições de enfrentar e vencer a extrema direita disse recentemente em uma entrevista ao canal UrbsMagna.com que só perde para ele mesmo no próximo ano. É apenas meia verdade porque depende do que ele vai fazer daqui para a frente, mas também e principalmente de como vai se comportar o PT, seu complexo partido, até outubro do ano que vem. É difícil as diversas correntes petistas aceitarem um caminho comum e seguirem monoliticamente para a disputa das eleições. Se fizerem isso reelegerão seu candidato. E se não fizerem é aí que mora o perigo.

Não é hora de dormir!    

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